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Consequências por Mauro Nadruz

O Estado do Espírito Santo viveu momentos de total caos na segurança e funcionalidade da sociedade, digno de um
filme apocalíptico hollywoodiano, com direito a roubo de viatura para os ladrões “passearem” pela cidade. Em Natal, a
total ausência de controle do Estado, deixa até agora inúmeras mortes dentro e fora dos presídios, mostrando as
mazelas de uma péssima gestão pública e falência judicial. No RS, os ladrões amarraram até refém no capô de um carro
e no último assalto a banco, na cidade de Redentora, o único policial relata o cenário como 'cangaço à moda antiga'.
"Isso aqui parece o cangaço à moda antiga. Os caras atiram para tudo quanto é lado. É zunido de fuzil pra cima e pra
baixo. Não tem Brigada [Militar] e estou sozinho na delegacia".

Diariamente escutamos ou presenciamos situações como as


descritas acima em nosso país. São assaltos, arrastões e morte
nunca antes vistos, demonstrando que falhamos como
sociedade que preserva a ordem. Ficamos acuados e enjaulados.
Fomos tomados pela inépcia aceitando o inaceitável, torcendo
para que não sejamos a vítima da vez, desejando que roubem o
mercado da esquina por que ele tem mais a oferecer. Não
possuímos qualquer possibilidade de defesa própria pela
limitação de aquisição de uma arma legal e nem do Estado, que
vem desmantelando as polícias há anos, carente de
investimentos e recursos.

As leis foram distorcidas, interpretadas por magistrados que deveriam cumpri-la com o argumento de que as cadeias
estão cheias e assassinos reincidentes são vítimas da sociedade, apoiados por um segmento que acredita no
politicamente correto e nos direitos humanos, para os desumanos. Sim, aqueles que vivem a margem da lei, que
preferem ganhar seu sustento através da violência, da comercialização milionária das drogas e contando com o total
apoio da impunidade, do amplo suprimento de armamentos pesados e uma segurança pública dilapidada. Ora, mas
quem deveria prover oportunidades iguais com o auxílio da educação universal e saúde ao alcance de todos? Mas é em
nós que a culpa recai. Aqueles que pagam os impostos, que são sobretaxados por um sistema incompreensível para a
maioria dos países sérios. Chegamos a pagar mais de 20% de imposto em bens de consumo de 1ª necessidade: comida!
E isto lá na ponta, não contabilizamos o restante já cobrado do produtor, do transporte, do combustível que o
transporte utilizou etc., etc. Não acredita? Olhe em suas notas de consumo. Existe uma linha que dispões esses valores,
principalmente nas de supermercado e combustível. Nos demais serviços como água, luz e telefonia, já constam
descriminados. Então, nos faltam recursos? Somos um dos países mais ricos do planeta e um dos piores em gestão
pública.
Na década de 1980, a média dos 10 anos, atingiu 14,3 de índice da criminalidade. Na década seguinte, 18,7. De 2000 a
2010, 30 e o último dado, já em 2017 aponta para um índice sete vezes maior: 70,62 segundo uma compilação de varias
fontes e apresentado na Wikipédia¹ e no site Numbeo². Com toda esta falência, a ONU – Organização das Nações Unidas
– recomendou em 2012 que as polícias militares no Brasil fossem extintas e, em visita ao Brasil (2015), a relatora
especial da ONU sobre Questões das Minorias, Rita Izsáck, reforçou o pedido do fim do Polícia Militar e dos casos de
mortes por autos de resistências (mortes praticadas por agentes do Estado) como forma de promover a igualdade social
e a defesa de suas minorias no país. No entanto, em nenhuma vez mencionam a quantidade absurda de policiais
assassinados em enfrentamentos ou, simplesmente, por descobrirem um, a paisana, dentro de um ônibus e voltando
para sua casa, índice incomparável em outros países
Brasília age como se fosse um reino, com direito a rei e rainha, lordes e súditos paparicadores, divididos em sub- reinos
(Estados) restando a nós vassalos, apenas tentar trabalhar e gerar alguma riqueza para sustentá-los. E isto vem de
muitos anos, mais ou menos desde que o país se tornou república, apenas com alguns períodos de melhora. Entretanto,
a total falência nas duas últimas décadas é visível. Foi quando começaram a desmontar os pilares e valores de nossa
sociedade. Caminhávamos até então para uma maior compreensão, cada vez mais incentivado pelo respeito e o
aperfeiçoamento das regras, não importando seu credo, cor ou preferência sexual. Porém, em algum momento, houve
uma quebra nesta tentativa de evolução. As pessoas foram induzidas a “respeitar” na marra a opinião dos outros, não
importando o quão estapafúrdia fosse a idéia, desde que se encaixasse no politicamente correto. O diálogo foi trocado
pela incompreensão de argumentos. O País foi dividido entre os contra e os a favor. Não há mais acordos, só a tentativa
de sobreviver, enquanto poucos gozam de direitos e recursos nababescos.
Até quando o Brasil irá agüentar?
¹(https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_intentional_homicide_rate_by_decade)
²(https://www.numbeo.com/crime/rankings_by_country.jsp)
Mauro Nadruz - Gestor em Segurança da Activeguard, pós-graduado em gestão estratégica da segurança, analista e professor.

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