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contemporaneidade. Coordenação: Anna Paula Uziel (IP/UERJ e CLAM/IMS/UERJ, Brasil) e Florência Herrera
(Universidad Diego Portales, Chile)
Marcelo Miranda.
UFSC – Santa Catarina – Brasil.
1. INTRODUÇÃO
Desta maneira, este paper focará sua atenção num gênero da produção televisiva
relacionado ao entretenimento que são as telenovelas brasileiras. Pois, é nessa relação
da TV, e de modo particular, das telenovelas com o público que se constroem, de
maneira específica, um espaço simbólico onde são reforçados e ou atualizados
sentimentos, valores, emoções e fantasias da vida cotidiana.
É neste espaço com suas tensões e limites que iremos nos debruçar sobre novelas
que tratam da visibilidade de masculinidades homossexuais (América, 2005; Páginas da
Vida, 2006; Paraíso Tropical, 2007). A princípio optaremos por novelas que abordem a
questão das identidades homossexuais masculinas sem, necessariamente repetir jargões
e caricaturas estereotipadas quando tratam de representar sujeitos que têm
relacionamentos afetivos com parceiros do mesmo sexo.
Optamos por esta pesquisa devido a dois motivos: o primeiro diz respeito à
televisão e suas telenovelas que têm um importante papel na construção dos imaginários
no Brasil, enquanto meio de comunicação que é, simultaneamente, recebido por milhões
de telespectadores que as abrigam na intimidade de seus lares; e o segundo está
implicado com a realização de um mapeamento de como são construídas as identidades
de homossexuais masculinos. Tal procedimento possibilitará a verificação de como
estes sujeitos homossexuais que são estigmatizados por serem identificados como
“minorias” sexuais estruturam e re-estruturam estratégias, sentidos e representações
simbólicas nas suas maneiras de interagir com a sociedade da qual eles fazem parte.
Assim, pergunta-se
2. OBJETIVOS
[...] Desejos homossexuais são socialmente produzidos como são também produzidos desejos
heterossexuais. Para nós [antropólogos] um, ou outro ou ambos têm o mesmíssimo valor e
devem ser vistos com a mesma perplexidade ou normalidade [que é] apenas reservada para a
homossexualidade. Como estamos conscientes da historicidade dos próprios conceitos de
“homossexualidade” e “heterossexualidade” [...].
Vale a pena ressaltar, segundo alguns teóricos (Bozon 2004; Giddens 1993) que
as mudanças ocorridas sobre afetividade dos casais homossexuais faz parte de
transformações mais gerais na sociedade contemporânea sobre o amor e a sexualidade.
Essas modificações são percebidas por meio de uma substituição de ideologias coletivas
para a individualização, dos projetos de vida, da separação entre reprodução e
sexualidade, da ênfase dada na conjugalidade ao prazer e menos à procriação e por
novas formas de conjugalidades (de semi-coabitação e não coabitação) dentre outras.
Assim, para completar essa compreensão as representações de casais gays nas
telenovelas e sua recepção pelo mesmo seguimento social em foco estudado,
utilizaremos o campo dos estudos de mídia.
Os Estudos de Mídia
Elaborar um problema teórico que envolva os estudos de mídia, antropologia,
gênero e sexualidade constitui um desafio, mas também se faz necessário, uma vez que
“os discursos televisivos são profundamente influenciados pelas representações de
gênero e sexualidade” (RIAL, 2005: 130). Esses discursos, por sua vez, são mais que
instrumentos para o lazer e a diversão, eles influenciam a formação dos imaginários
coletivos da vida cotidiana dos indivíduos de uma sociedade que se identificam com as
produções de sentido de gênero e sexualidade desembocando, desta forma, em práticas
socioculturais (HALL, 2003; MARTÍN-BARBERO, 1997).
[...] O princípio básico consiste em lhe apresentar tanto as necessidades como tais, que podem
ser satisfeitas pela indústria cultural, quanto por outro lado organizar antecipadamente essas
necessidades de modo que o consumidor a elas se prenda, sempre e apenas como eterno
consumidor, como objeto da indústria cultural. Esta não apenas lhe inculca que no engano se
encontra a sua realização, como ainda lhe faz compreender que, qualquer modo, se deve
contentar com o que é oferecido.
4. METODOLOGIA
O Processo de Pesquisa
GIL, Antônio. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994.
SCOTT, Joan. Gênero: Uma Categoria Útil de Análise Histórica.Recife: SOS Corpo,
1996.
TREVISAN, João S. Seis Balas num Buraco Só: A crise do Masculino. Rio de
Janeiro: Record, 1998.
_________________”O Espetáculo do Desejo: Homossexualidade e Crise do
Masculino”. in Homens: Comportamento, Sexualidade e Mudança. São Paulo:
SENAC, 1997.