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Sanny S. da Rosa
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Versão na íntegra: Anexo D, p. 173.
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maioria são jovens de até 25 anos. Dentre as entrevistadas, cinco estão nessa faixa
etária, sendo que as outras duas têm entre 26 e 35 anos.
Cinco entrevistadas são alunas da Pedagogia, sendo que uma também fez o
Magistério; duas estão se formando neste ano, duas estão no terceiro ano do curso e
uma no segundo; duas entrevistadas são das Licenciaturas, dos cursos de Letras e
História, e a aluna da História também fez o magistério e um curso técnico em
enfermagem. Ambas estão no quarto ano do curso. Uma das alunas da Pedagogia é
formada em Administração pela USP.
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4.1.4. Quanto ao local onde viveram a infância no período de 0 a 12 anos:
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muito vasto e rico de brincadeiras:
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Anexo B, p.171.
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É interessante o fato de todas elas tiveram o que chamei de “infância
estendida”, ou seja, todas brincaram até 12, 14 anos, sendo que uma aluna revela que
brincou até os 16 anos:
...eu acho que você sente isso de fora, mas também você
acaba querendo entrar nisso para ser aceito num padrão
de fora ... eu tinha priminhos pequenininhos e a gente
sempre brincava junto. Só que daí eu comecei a crescer
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eu olhava o meu tamanho, olhava para eles ... eu queria
até brincar, às vezes eu começava a brincar, e me dava
conta “espera aí”, olhava assim ... “não, eu não posso
brincar mais”.
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4.3. Análise de dados a partir da 2ª categoria: Lúdico e formação
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A importância de atividades inerentes à formação mediada pelo lúdico é
explicitada pela entrevistada a partir de sua experiência de vida. Sua percepção
evidencia duas dimensões significativas do trabalho desenvolvido no MEB – uma de
natureza sociocultural e outra para a formação humana e inter-relacional:
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movimentos muitas vezes “espalhafatosos”, que não se adecua bem a espaços fechados
nem à discrição e ao pouco ruído. Ao contrário, é um brincar com movimentos de
correr, pegar, pular, rodar, cantar, que pressupõe uma emoção aflorada coletivamente.
Articulado à dimensão da formação humana e pedagógica, esse brincar contribui para
que o adulto, a partir da conecção (e da releitura) com a infância e da releitura do adulto
enquanto possível brincante, supere o hiato que existe entre ser criança e ser adulto,
entre o brincar em oposição à concepção de responsabilidade e seriedade, passando a
brincar de uma maneira diferenciada, não mais agindo com a postura de um adulto que
brinca, mas como um adulto tão sujeito da brincadeira quanto uma criança:
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Esse resgate da experiência lúdica promove uma percepção da brincadeira
como algo que também pode fazer parte da vivência do adulto, a partir da valorização e
da integração dessa experiência como parte significativa da sua formação.
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Oficina “Brincando brinquedos e brincadeiras tradicionais: alegria e prazer do lúdico”, oferecida pela
equipe do MEB na Semana da Educação 2004 da Faculdade de Educação.
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Ao mesmo tempo, falta a dimensão vivida da experiência lúdica:
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institucional, legitimasse a priori as brincadeiras entre um grupo de adultos, por
exemplo, no saguão da faculdade. Ocorre que o espaço da universidade como um
espaço institucionalmente tradicional, em grande parte de sua constituição calcado nas
relações mais formais, parece interferir nas relações humanas de forma a inibir a atitude
lúdica enquanto padrão adulto de ser:
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Profa. Dra. Marina Célia Moraes Dias.
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para você; eu achei legal porque no museu a gente teve
tudo aquilo na prática, foi tudo envolvido com a prática,
e refletindo sobre a prática, pensando, questionando
sobre aquilo e tirando o máximo que a gente podia
daquilo. Então eu acho extremamente importante, para
mim está sendo muito importante e eu considero isso
como algo de estar trabalhando o lúdico na minha
formação inicial.
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peguei tudo no começo, foi no primeiro semestre da
faculdade, o meu olhar quanto às matérias que vão vir, a
gente já vai estar com um olhar bem diferente quanto à
Educação, quanto ao lúdico, ao lúdico na Educação, e
pessoalmente falando.
...outra coisa que eu achava muito legal era isso, não é?,
que assim, eu entrei aqui na faculdade, eu tinha aquela
noção de professor e aluno, por mais que o discurso seja
outro, mas de que é aquela coisa assim, o professor, o
aluno, o educador, o aluno [faz um gesto colocando uma
mão em cima e a outra embaixo, separadas por uma
distância]. Você vai fazer estágio ou alguma coisa na
faculdade, é o educador e o aluno, entendeu?, aquela
coisa assim. E no museu, no começo às vezes até a
gente ficava perdido porque não tinha isso, você não
sentia, isso aí eu acho legal falar porque eu sempre
comento isso com o pessoal.
...tudo isso que a gente tem hoje ... eu acho que é crédito
de todo o processo, era um processo, não foi só chegar e
reunir os adultos lá e brincar, não, tinha toda uma coisa,
não, vamos pesquisar, aí a gente..., tinha aquela relação
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de brincadeiras, agora vamos ler, não foi uma coisa
assim feita do nada...
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clareza e de conseguir fazer as coisas, as estagiárias
também entraram, aí de ter outras pessoas, essa coisa da
formação, aí meu, mudou completamente.
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Profa. Dra. Marina Célia Moraes Dias.
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Como a atitude lúdica não é uma prática comum nos cursos de formação de
professores, os dados mostram estranhamento em relação a essa prática, evidenciando
que a percepção do ser professor está fundamentada na visão tradicional do professor,
com uma atitude mais distante, mais hierárquica, enfim, despida de ludicidade:
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Referência à disciplina “Brinquedos e brincadeiras na educação infantil” e à professora Marina Célia
Moraes Dias.
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Referência à disciplina “Brinquedos e brincadeiras na educação infantil” e à professora Marina Célia
Moraes Dias.
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da percepção do outro e das relações pedagógicas por meio da vivência partilhada no
brincar:
Uma questão importante nesse contexto é que não existe uma articulação
substancial entre as disciplinas que oferecem a dimensão do lúdico na formação e os
espaços da FEUSP que trabalham com essa abordagem, seja, o MEB e o Labrimp:
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dizem respeito à estrutura que envolve o desenvolvimento das atividades no MEB, a
saber:
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