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Amigo oculto «a © Carlos Gustavo Tamm de Araujo Moréira Problema Seja uma brincadeira de “amigo oculto”’, na qual n pessoas escrevem seu nome num pedaco de papel e o depositam num recipiente, de onde cada um pega aleatoriamente um dos pedacos de papel. Qual a probabilidade de ninguém pegar seu préprio nome? Solugao: Numeremos as pessoas 1, 2, ..., 2. Um sorteio de nomes nada mais ¢ do que uma funcao f: (1, 2,...,2} > {1, 2, ...,”} bijetora, que associa a cada pes- soa 0 seu amigo oculto. Dizemos que x é um ponto fixo para uma fungio f: A + A see 86 se S() = x. Um sorteio no qual ninguém pega o seu préprio. nome é, simples- mente, uma /: {1, 2, ...,2} — {1, 2, ..., 2} bijetora e desprovida de pontos fixos. Seja X x co mimero de bijegdes de um conjunto de n elementos em si mes- mo, com k pontos fixos. x? A probabilidade pedida é mt Para calcular X® apresentamos 3 solugées (0 leitor pode tentar achar mais): Solagaio 1 Temos Xk = Ck. xo, (miimero de escolhas dos & pontos fixos e per- mutacio dos m—k restantes sem ponto fixo). Temos, naturalmente n Dd) Xk = nt (Lemos nt bijerdes) = k=0 REVISTA DO PROFESSOR DE MATEMATICA. 15 37 : 7 = >) CEx® =m xeant— SY cexe ank K=O kal onde X9= 1, pois X7 = C7X9. Como X" =" = 1, X9= 1. Assim, determina- se X° por Tecorréncia. Solucio 2 Seja f(l) = k. Teremos (~1) possibilidades para k. Seja f() = 1, hd X®_, formas de permutar os n-2 elementos res- tantes sem ponto fixos. kK__________ se (ky # 1, temos X°_, formas de ‘Aeésima casa arrumar os elementos {1, ..., K~1, K+1, ..., 7] nas casas 2, 3, ..., 7. Assim, podemos concluir que X® = (n—-1) (X9_, + X8_,), com Xo le x?=0 Solugao 3 Usaremos aqui como lema um resultado devido ao matematico portugués Daniel Augusto da Silva (nascido em 16-5-1814 e falecido em 6-10-1878), re- sultado esse que é conhecido como Teorema de da Silva, Principio da incluséo e exclusdo ou Férmula do crivo. n Lema: card ( o Aj) = x card A; — >) card (A;NA) + ist iget ish a >) card (4;N.A; Ay) — oe (= 1 card (Ay, M.A, if km dL A jwkti Demonstragao: Seja @ um elemento que pertencaa k es6.a k conjuntos. @ écontado C} vezes na soma dos cardinais dos conjuntos, CE ‘vezes na soma dos cardinais das interseegbes tomadas 2a2, -» C4 vezes na soma dos cardinais das intersecgdes tomadas k a k. Assim @ é contado roc ~ytick=c®_@_¢! pcs = Cen Ch tt DEI CE = CO - CL - Ch + + (HF CD = Cl -0= Cl = 1 vez Seja A, o conjunto das bijegdes de A em A com /(k) = Assim, vemos que 0 conjunto das bijegdes com ponto fixo é o Ay. =1 38 SOCIEDADE BRASILEIRA DE MATEMATICA Calculando seu cardinal pelo lema, usando o fato de que existem ck inter- secdes k a k, eocardinal decadaumaé (7-4)! (pois fixam-se k pontos, permutando os m—k restantes), temos que Do card 0 Ay = Ch ~ BY = Anna fay iy eons el - dai = AytAy . Assim, temos card o A) = YD (1 Ann Como el n 2 X0 = n! — card Ww A), temos X° = al — S$) (- Dt! Anni ecomo a! = A,,, temos X29 = 5) (-1) Ann» OU Seja, imo 1 L 1 1 xem m( — or tap 7 gr tet Conclusao: xo ae . n_ il 1 1 «iy A probabilidade pedida é Sr Tc tore ta xe E interessante observar que lim =r =e} = 0,37 neo At (pois eattxt Se Say, NR: Carlos Gustavo nos enviou, posteriormente, uma carta, dizendo “‘... podemos notar que obti- vernos trés resultados de formas diferentes. Parece interessante unificar algebricamente esses resul- tados, para que 0 leitor se convenca gue so, de fato, iguais”’. E acrescentou a demonstrasdo da igualdade das 3 solugdes que a RPM deixa de publicar por falta de espaco.

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