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procura se agarrar
escorre pelos olhos
e volta pela boca
não há cheiros
não há carícias
não ha nada além de fotografias espalhadas pelo chão.
te construirei
galho por galho
tua colcha de retalhos
pra que possas repousar em nosso ninho.
aquieta o peito!
voa bonito, mas voa baixo,
cá embaixo do meu lençol.
Cansado do fardo de ser homem
nasceram-me, a duras penas,
um par de asas.
Não demorou para que eu estivesse
dentro de uma gaiola,
os olhos furados
para cantar a dor.
Não experimentei nem sequer a liberdade do voo.
Mesmo pássaro,
canto a dor da violência dos homens.
tenho uma bolsa de moedas
e treze bilhetes de apostas.
não me dê as costas!
aceite essa partilha,
economiza nosso amor.
não faça troça!
houve linguagem,
mas linguagens gastam.
vê as rachaduras nas palavras?
houve silêncio,
mas o silêncio não se entende.
vê quanta dor muda?
há ausência!
os nossos beijos
em nós, pequenos
tantos olhares
dores nos lares
tantos segredos
vai coração...
escuta agora a última batida do meu pandeiro
respira e sufoca o pó que sobe
e o bandolim que chora baixinho
meu samba de ir embora