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Sempre houve extremo rigor no combate aos crimes sexuais no Brasil. Nas
Ordenações e Leis do Reino de Portugal ou Código Philippino, apesar de os
delitos estarem disposto de forma diferente da atual, sem ser dividido em
capítulos e títulos, a violência com o propósito de satisfazer os prazeres sexuais
constava no Quinto Livro, sob a rubrica do Título XVIII: “Do que dorme per força
com qualquer mulher, ou trava dela, ou a leva per sua vontade”.2[2]
1[1] BONESANA, Cesare (Marquês de Beccaria). Dos delitos e das penas. Trad. Flório de Angelis. Bauru,
Edipro, 1993, p. 16.
2[2] MARCOCHI, Marcelo Amaral Colpaert. Violência real e ficta nos crimes contra os costumes. Jus
Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov.2002. Disponível
em:<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3404>. Acesso em: 01 mai. 2003, p. 2.
3[3] MARCOCHI, Marcelo Amaral Colpaert. Violência real e ficta nos crimes contra os costumes. Jus
Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov.2002. Disponível
em:<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3404>. Acesso em: 01 mai. 2003, p. 2.
Mais tarde, o Código de 1890 repreendia a violência com fim da satisfação
sexual, sob a rubrica do Título VII, Capitulo I, a saber: “Da violência carnal”.4[4]
Nas Cartas Penais citadas acima, o crime de estupro era punido inicialmente
com pena de morte, posteriormente foi cominada pena de prisão de três a doze
anos acrescido do pagamento de dote. Logo depois, a punição aplicada era de
prisão de um a seis anos. Atualmente, a pena é de reclusão de seis a dez anos.
6[6]
4[4] MARCOCHI, Marcelo Amaral Colpaert. Violência real e ficta nos crimes contra os costumes. Jus
Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov.2002. Disponível
em:<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3404>. Acesso em: 01 mai. 2003, p. 2.
5[5]MARCOCHI, Marcelo Amaral Colpaert. Violência real e ficta nos crimes contra os costumes. Jus
Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov.2002. Disponível
em:<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3404>. Acesso em: 01 mai. 2003, p. 2.
6[6] LOMBROSO, Cesare. A legião do crime. In Jornal do Comércio – Rio de Janeiro 22. 08.1965,
Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov.2002. Disponível em:
<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3404>. Acesso em: 01 mai. 2003, p. 2.
7[7] MARCOCHI, Marcelo Amaral Colpaert. Violência real e ficta nos crimes contra os costumes. Jus
Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov.2002. Disponível
em:<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3404>. Acesso em: 01 mai. 2003, p. 4.
Importante saber se essa presunção é relativa ou absoluta. Entende-se que
presunção absoluta ou juris et juris é aquela que não cabe prova em contrário e
presunção relativa ou juris tantum é aquela que é cabível prova em contrário.8[8]
Cada vez mais cedo devido a essa influência as meninas tendem a mostrar
seu corpo ou usar a sensualidade com mais freqüência imitando o que é
transmitido através da mídia como “marketing” para vender produtos. Esses
produtos são baseados na fantasia que o mundo da mídia cria.Essas fantasias
se configurariam em novelas, filmes, minisséries, teatro, músicas, revistas, show
que tornam as atrizes poderosas exercendo um certo poder de sedução e
atração perante e “diante” dos homens, ou melhor, conseguindo despertar o
desejo masculino. Percebe-se, então, que existe todo um conjunto de
antecedentes que são necessários observar antes de avaliar a maturidade
sexual, uma presunção absoluta no caso em discussão seria no mínimo inviável.
A primeira grande falha acolhida pelo nosso Código Penal é que o Direito
Penal de culpa não se adequa com presunções fáticas. Tendo em vista que cada
um deve ser culpado pelo que faz conforme sua culpabilidade e intencionalidade
(ou seja, pode-se culpar o autor por uma coisa que ele não tenha feito, acabando
8[8] GOMES, Luiz Flávio. Presunção de violência nos crimes sexuais. São Paulo: RT. 2001, p. 19.
9[9] GOMES, Luiz Flávio. Presunção de violência nos crimes sexuais. São Paulo: RT. 2001, p. 16.
10[10] GOMES, Luiz Flávio. Presunção de violência nos crimes sexuais. São Paulo: RT. 2001, p. 16.
assim com o princípio que cada um é inocente até que se prove o contrário
“presunção de violência”).11[11]
Deve ser acima de tudo apurada a verdade real dos fatos, defender o
princípio constitucional da presunção da inocência, no qual ninguém é
considerado culpado antes da sentença final transitada em julgado, não devendo
presumir fato que não existe, nem culpar ninguém em razão de tal presunção.
11[11]GOMES, Luiz Flávio. Presunção de violência nos crimes sexuais. São Paulo: RT. 2001, p. 19.
parceiro, daí ocorre a presunção legal da violência, pois esse consentimento
estaria maculado pela inocência da criança.12[12]
12[12] PIERRE, Vayer; ROCIN, Charles. Psicologia atual e desenvolvimento da criança. Trad. PERILLO
ISAAC, Maria José; GUROVITZ, Berta Halpern. São Paulo: Manoele Dois, 1990, p. 31.
13[13] PIERRE, Vayer; ROCIN, Charles. Psicologia atual e desenvolvimento da criança. Trad. PERILLO
ISAAC, Maria José; GUROVITZ, Berta Halpern. São Paulo: Manoele Dois, 1990, p. 31.
14[14] MCKINNEY, John Paul; FITZGERALD, Hiram E; STROMMEN, Ellen A. Psicologia do desenvolvimento –
O adolescente e o adulto jovem. Trad. CABRAL, Álvaro. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p 15.
15[15] MCKINNEY, John Paul; FITZGERALD, Hiram E; STROMMEN, Ellen A. Psicologia do desenvolvimento –
O adolescente e o adulto jovem. Trad. CABRAL, Álvaro. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p 15.
16[16] MCKINNEY, John Paul; FITZGERALD, Hiram E; STROMMEN, Ellen A. Psicologia do desenvolvimento –
O adolescente e o adulto jovem. Trad. CABRAL, Álvaro. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p 15.
A sociedade possui todo um conjunto de crenças, idéias, rituais e práticas
que marcam a entrada das crianças na adolescência. Essas condutas são
essencialmente culturais variando de povo para povo, que produz uma mudança
de status nas crianças que a partir daí serão vistas de formas diferentes,
integrando–se ao seu grupo social também de uma forma diferente que era
anteriormente.17[17]
17[17] MCKINNEY, John Paul; FITZGERALD, Hiram E; STROMMEN, Ellen A. Psicologia do desenvolvimento –
O adolescente e o adulto jovem. Trad. CABRAL, Álvaro. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p 17.
18[18] MCKINNEY, John Paul; FITZGERALD, Hiram E; STROMMEN, Ellen A. Psicologia do desenvolvimento –
O adolescente e o adulto jovem. Trad. CABRAL, Álvaro. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p 17.
da cultura poderá sofrer variações, podendo ser aceitos ou não pelos indivíduos.
Muitos conflitos sexuais surgem da não aceitação dos tabus que a sociedade
criou sob a sexualidade humana, gerando uma certa dificuldade para passarmos
sobre o que poderia ser considerado como normal ou como patológico, em uma
relação sexual. Assim a convivência humana é determinada pela cultura, mas ao
mesmo tempo, o ser humano, também interfere e a modifica. Portanto, a
sexualidade é um conceito cultural dinâmico que está em constante mutação, ou
seja, a sociedade estabelece um padrão cultural, tanto sexual como em outras
áreas do comportamento humano, exemplificado pela área afetiva e emocional,
mas existem pessoas que podem sair deste padrão e estabelecer um
comportamento próprio avançado ou além do seu tempo, como também existem
pessoas que tendem a amadurecer mais rápido através das experiências vividas
em seu meio social. Ocorre dessa maneira quando a criança é abandonada
pelos seus pais e fica perambulando pelas ruas, ou orfanatos ou até mesmo na
casa de seus parentes, sendo obrigada a cuidar de se mesma desde cedo,
adquirindo assim uma larga vivência, muitas vezes tornando–se rude.19[19]
Nunca o adolescente teve tanto acesso a informação como está tendo nos
dias atuais, ao mesmo tempo, paradoxalmente, os adolescentes estão com
índices alarmantes de gestações indesejadas e abortos clandestinos.20[20]
Fenômeno que se repete tanto no Brasil como em outros países mais
desenvolvidos.
19[19] MCKINNEY, John Paul; FITZGERALD, Hiram E; STROMMEN, Ellen A. Psicologia do desenvolvimento –
O adolescente e o adulto jovem. Trad. CABRAL, Álvaro. Rio de Janeiro: Campus, 1983, p 17.
20[20] As informações obtidas pelos adolescentes através dos meios de comunicação, por um lado faz uma
prevenção quanto às doenças sexuais, informando sobre os métodos de precaução destas, e por outro lado
estimulando e induzindo a prática do sexo.
entre pais e filhos, mas também entre comunidade médica ou escolas com os
pais e adolescentes.
24[24] Como hoje em dia, o pai e a mãe trabalham para sustentar a família (antigamente isso era
responsabilidade exclusiva do pai), não têm tempo para a convivência diária com os filhos, chegando em casa
apenas à noite, de modo que as crianças por sentirem a solidão desde cedo, vão buscar apoio e conforto nos seus
conhecidos da rua.
Porém, é claro, não há que se esquecer que o País é de imensas terras e que
não se pode contar com a acessibilidade da informação trazida pela imprensa
por todos. Não se pode dizer que todos os adolescentes menores de quatorze
anos têm um nível de informações que possibilita um consentimento válido, pois
isso, seria excluir os que não têm acesso a essas informações (o que não se faz
tão raro assim). Não se pode, pois, comparar um adolescente que vive em
grandes centros, como as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, com mesmo
adolescente que mora no sertão nordestino. Esse, por muitas vezes não sabe
sequer ler.30[30]
Para que se possa afirmar que nos casos de violência ficta os princípios da
Vitimologia possam ser usados, necessário se faz demonstrar que em muitos
casos uma menor de quatorze anos pode dar um consentimento válido. Isso se
mostra imprescindível pois, se restar provado que, em nenhuma hipótese, a
menor anteriormente mencionada é capaz de dar o seu consentimento, não há
que se falar em comportamento provocador dessa vítima.34[34]
42[42] Idem, p. 9.
I – absoluta:
II – relativa:
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
GOMES, Luiz Flávio. Presunção de violência nos crimes sexuais. São Paulo:
RT. 2001.