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Introdução

O termo “espaço não formal” tem sido utilizado atualmente por pesquisadores
em Educação, professores de diversas áreas do conhecimento e profissionais que
trabalham com divulgação científica para descrever lugares, diferentes da escola,
onde é possível desenvolver atividades educativas.
No intuito de buscar uma definição para espaço não-formal, é importante
conceituar o que é espaço formal de Educação. O espaço formal é o espaço escolar,
que está relacionado às Instituições Escolares da Educação Básica e do Ensino
Superior, definidas na Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. É a
escola, com todas as suas dependências: salas de aula, laboratórios, quadras de
esportes, biblioteca, pátio, cantina, refeitório.
É importante ressaltar que, embora seja de censo comum que a Educação
não-formal é diferente da Educação formal, por utilizar ferramentas didáticas
diversificadas e atrativas, isto nem sempre é verdade. Há muitos exemplos de
professores que adotam estratégias pedagógicas variadas para abordar um
determinado conteúdo, fugindo do tradicional método da aula expositiva
nãodialogada. E também há exemplos de aulas estritamente tradicionais e
autoritárias sendo realizadas em espaços não-escolares.Alguns espaços não-
formais de Educação têm se constituído como campo para diversas pesquisas em
Educação que buscam compreender principalmente as relações entre os espaços
não-formais e a Educação formal no Brasil.
O critério de classificação utilizado por José Carlos Libâneo para diferenciar
educação formal, não-formal e informal refere-se à intencionalidade. Como
intencionalidade o autor entende “processos orientados explicitamente por objetivos
e baseados em conteúdos e meios dirigidos a esses objetivos” (LIBÂNEO, 2010, p.
92). Ele divide a educação em duas modalidades distintas: a educação não
intencional (informal) e a educação-intencional, que se desmembra em outras duas
formas: a educação formal e a não-formal. Como educação informal Libâneo
entende todas as influências que atuam de alguma maneira sobre o indivíduo,
ocorrendo de modo não intencional, não sistemático e não planejado. O fato desse
processo educativo não incidir sobre o indivíduo de maneira intencional não significa
que ele não tenha consequências efetivas na formação da personalidade, valores e
hábitos do mesmo, mas antes que estas consequências são mais dificilmente
percebidas como tais. A educação não intencional na visão do autor, porém, não
pode ser confundida com a totalidade do processo educativo.
Em nosso país, o aspecto religioso sempre foi muito influenciador, e continua
sendo. Quando há o cruzamento de religião e gênero, muito pode ser discutido.
Quando aí se inserem questões étnicas e de classe, mais questões surgem e, no
universo das religiões afro-brasileiras, todos esses pontos estão entrelaçados.
A religião de matriz africana foi considerada para o povo escravizado uma das
formas de resistência cultural e em defesa da continuidade de seus valores éticos e
culturais. Revivendo e recriando contos, lendas, mitos, e recriando o patrimônio
civilizatório africano na Diáspora africana.
O Candomblé que faz parte dessa religião, contou com a participação das
mulheres negras, que viam na sua ancestralidade a espiritualidade religiosa uma
forma para, por meio de mitos, símbolos e rituais, lutar contra o jugo colonial, a
escravidão e o racismo. Retiraram da religião estratégias diversas de
insubordinação, simbólica ou real, o que lhes oferecia a possibilidade de criar
mecanismos de defesa para a sobrevivência e conservação de seus traços culturais
de origem.
Levando em consideração a mulher dentro da religião apresenta papel
importante historicamente falando, pois em 1830 (Candomblés da barroquinha) após
se reunirem em Salvador perceberam que suas raízes estavam se perdendo já que
os negros quando aqui chegavam eram batizados nas igrejas católicas e obrigados
a irem as missas. Dessa forma estava se perdendo as raízes religiosas, algumas
dessas mulheres faziam parte da Irmandade da Boa Morte dentre as que estavam
ali reunidas estavam as que mas se destacariam as que fundaram os primeiros
terreiros de candomblé em Salvador as irmãs Adetá, Iyakalá, Iyanassô vindas da
cidade de Keto que fundaram o Terreiro da Casa Branca, Os Gantois e o Ilê Axé
Opô Afonjá.
Com isso o presente projeto propõe uma analise critica sobre a construção da
aprendizagem em processos sociais coletivos, participativos, onde a aprendizagem
não é gerada em estruturas formais de ensino escolar, mas sim no campo da
educação não formal mas precisamente a educação não formal dentro do espaço
sagrado dos terreiros e como seus ensinamentos são passados através da oralidade
sobre sua maior parte com a influência da mulher negra dentro da nação Jeje dentro
deste processo.

JUSTIFICATIVA

O candomblé viajou na diáspora africana e foi recriado em terras brasileiras,


sua tradição é mantida e resinificada no cotidiano dos terreiros, seus saberes são
transmitidos no conviver do dia a dia assumindo um papel importante na construção
da identidade de seus praticantes e também na sua formação integral. Com forte
tradição oral, os seus conhecimentos, preceitos, rituais e mitos que norteiam as
ações e a fé do povo de santo são transmitidos e preservados por meio da
oralidade, que é a modalidade de uso da língua utilizada na educação dos adeptos e
nos ritos de fé que também é utilizada para proteção dos terreiros, conservando a
tradição. O terreiro se constitui como espaço social, nele há festas, rituais,
problemas, conflitos, que abarca a sociabilidade humana nas mais variadas
composições, sem negar o sagrado, a vivência e a experiência humana num espaço
provedor de identidade e alteridade, além de um campo fecundo de conhecimentos
particulares que podem subsidiar práticas educacionais.
Desta forma o estudo busca analisar como os terreiros se constituem em
espaços de preservação da cultura e sua identificação, atraves de praticas iinformais
de educação. É preciso investigar também nas pessoas a diversidade de
informações repassadas pela escola para que não reproduzam uma identidade
etnocêntrica e não racista referente à educação existente nos terreiros de
Candomblé. Colocando também em evidência o papel da mulher que foi de suma
importância na sua criação e continua sendo nos dias atuais.
Em pleno século XXI podemos perceber, de modo geral, a relação
assimetrica que a mulher desempenha com relação ao homem, diferença essa
traduzida nas questões salariais, na ocupação de cargos em empresa, nos trabalhos
desenvolvidos, no lar, etc. No entanto, no Candomblé essa situação é modificada, as
mulheres se destacam como administradoras de seu Ilê( Casas) como Iyalorixás(
Mães de santo), à frente de movimentos contra intolerância religiosa, como
educadoras, etc, bem diferente do papel desempenhado no mundo patriarcal.
Historicamente a mulher negra ficou exposta a condições mais adversas
possíveis. Podemos considerar os quilombos, mas também as irmandades
religiosas, focos da resistência, manutenção e adaptação das diferentes tradições
africanas.
As Irmandades religiosas foram instituídas pela igreja católica, oficialmente
liberada e estimulada entre a população negra. Nestes espaços é contagiante a
presença das mulheres, que puderam ocupar importantes posições hierárquicas. As
irmandades que mais se destacaram no Brasil foram: Nossa Senhora do Rosário, da
Boa Morte, São Bento, Nossa Senhora dos Remédios, Senhor Jesus dos Martírios,
São Benedito dentre outras. As irmandades religiosas realizavam atividades como
procissões, festas, casamentos, coroação de reis e rainhas, atividades sociais como
ajuda aos necessitados, assistência aos doentes, visitas aos prisioneiros, concessão
de dotes, proteção contra maus tratos dos escravocratas e auxílio para a compra de
cartas de alforrias, garantia de enterro para os escravizados. Propiciavam a
população negra momentos de lazer, diversão e convívio social.

HIPÓTESE
As mulheres interveem na religião do candomblé na nação Jeje desde o seu
surgimento, ao longo dos anos ocupam cargos de liderança e representatividade,
transformando estes espaços sagrados em espaço não formal de educação
passando seus ensinamentos através da oralidade.

OBJETIVO GERAL

Analisar o papel das mulheres e suas colaborações dentro do processo de


aprendizagem no candomblé da nação Jeje, levando em consideração este espaço
como um espaço de educação não formal e seus ensinamentos passados de forma
oral desde sua chegada até, os dias atuais.
OBJETIVO ESPECÍFICO

Conhecer e compreender como se dá o aprendizado na vida cotidiana do


candomblé de forma a Identificar os elementos essenciais na convivencia em
comunidade e como eles são percebidos pelos sujeitos. De modo a identificar as
práticas educativas desenvolvidas nos terreiros e como isso contribuirá para o
melhor entendimento de como a religião de matriz africana constroi e valorização da
identidade negra.

FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Construindo este projeto dentro de uma pedagogia libertadora de Paulo Freire


que tem por princípio a certeza de que a educação é um ato político, de construção
do conhecimento e de criação de outra sociedade mais ética, mais justa, mais
humana, mais solidária. A educação deve ser uma busca permanente em favor das
classes oprimidas, luta pela liberdade e igualdade.
As proposições teóricas sobre a história do Candomblé quanto às suas
origens associando-as especialmente à liderança das mulheres nas cerimônias e
rituais constitui um cenário de debates à luz das ciências sociais e humanas, ainda
que seja inegável a relevância do papel delas dentro da religião, dando visibilidade
às suas atribuições e conhecimentos, tornando-as poderosas dentro do ilê ou roça,
essas afirmações podem ser observadas no livro de Edison Carneiro – Candomblés
da Bahia 2008.
Sendo assim, quando discutimos os conceitos sobre as origens do
Candomblé, estamos tratando dos estudos, pesquisas e teorias da história, cultura,
antropologia, sociologia e política e seus diálogos com os cultos africanos trazidos e
aqui adaptados para a realidade brasileira. A discussão teórica em gênero
fundamenta-se na investigação que tem como temática a questão da invisibilidade
social e visibilidade religiosa das mulheres do Axé, buscando entender o
comportamento desse grupo no convívio com situações distintas na sociedade e na
religiosidade.
Dessa forma, o lugar ocupado pela mulher negra ainda hoje na sociedade
brasileira faz com que voltemos o olhar para uma obra (Casa-Grande e Senzala de
Gilberto Freyre) que foi ativa na produção de uma identidade nacional. Ainda que
saibamos, que no cotidiano esta categoria ainda é desvalorizada e muitas vezes
alocada em lugares de subalternidade. Assim, o desejo de valorizar a ação das
mulheres negras que vivenciam discriminação no mercado de trabalho, a partir das
categorias: raça, classe e gênero. No projeto pederá se compreender como o autor
tratou ou identificou o cotidiano das mulheres no período colonial, ajudando a
entender o cotidiano atual, além de fornecer os subsídios para uma leitura
historiográfica no espaço escolar. Ao favorecer que esta temática adentre a escola
cria-se a possibilidade de valorização e conscientização dos alunos através das
multiplicidades de atividades que foram desenvolvidas.
A educação formal na sua construção e validação pela sociedade cientificista
no ensino fundamental na Bahia revelou-se como espaço de negação, de
representação e silenciamento das experiências culturais produzidas pelos
educandos no mundo “extramuros” escolar, principalmente das crianças
afrodescendentes na sua diferença. Na Bahia, de população predominante
afrodescendente, ou seja, negra, é difícil compreender que na escola, ela produz
conhecimento distanciado de sua experiência principalmente a experiência cultural
produzida no interior das comunidades de tradição africana.

METODOLOGIA

Atraves de uma pesquisa qualitativa e revisando a bibliografia de autores que se


debruçaram sobre a temática proposta, que a presente pesquisa será executada. A
ideia central é analisar como a mulher se encaixa nessa mudança contemporânea,
onde o espaço sagrado não é apenas para cultuar a religião, mas também propulsor
de uma educação não formal onde a religião se compartilha oralmente.
A pesquisa trará em seu cerne as vivências de várias mulheres que de maneira
informal educaram crianças e adultos pela religião
REFERENCIAS

LIBÂNEO J. C.Pedagogia e pedagogos: inquietações e busca, Disponível em


http:<//www.scielo.br/pdf/er/n17/n17a12.pdf>Acesso em: 01 de nov.2017

CAPUTO, Stela Guedes. Educação nos terreiros e como a escola se relaciona


com crianças de candomblé, Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 1998

PRANDI, Reginaldo. Deuses africanos no Brasil. In: PRANDI, Reginaldo.


Herdeiras do Axé. São Paulo, São Paulo, Hucitec, 1997, p. 1-50. Disponível em:
Acesso em:
CARNEIRO, E. Candomblés da Bahia - 9ªed – São Paulo:Wmf, 2008. 169p

RODRIGUES, RN. Os Africanos no Brasil [online] – Rio de Janeiro: Centro Edelstein


de Pesquisa Social, 2010.

AMADO, J. Tenda dos Milagres – São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 308p

BARBIERI, R; LEONARDI, V: Atlântico Negro Na Rota dos Orixás [Documentário]


Produção Vitor Leonardi, direção de Renato Barbieri. Brasília, Instituto Itaú Cultural e
Videografia, 1997. 53min. 41seg.

GOLDMAN, A; SCOTT, R: 1482 A Conquista do Paraíso [Filme aventura /drama]


Produção Alain Goldman direção Ridley Scott. Estados Unidos, Paramount Picture.
1992 142min.

VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do trafico de escravos entre o golfo e o Benin


e a Bahia de todos os santos dos Séculos XVII a XIX, Ed. Corrupio 4º edição
Revista 2002.

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