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Sabina Loriga – O pequeno X da biografia à história

Capítulo 1 – o limiar biográfico

Desde a Antiguidade, a biografia existe como gênero misto, de fronteiras turvas, aponta Loriga,
habita entre a verdade literária e a verdade histórica. Sabina Loriga traça um panorama das
principais funcionalidades e interpretações acerca da função e “epistemologia” biográfica; ao
longo do XVIII a biografia se desenvolveu no eixo dos santos e reis e no eixo crescente dos
poetas, soldados e criminosos (adotando um tom mais intimista). Ao longo do XIX cresce o
número dos dicionários biográficos, entretanto, o caráter científico da mesma, “imparcial”,
apesar de começar a se demonstrar, não era necessariamente homogêneo – escrevia-se em
demasiada frequência biografias moralizantes e parciais. Há uma discussão da existência de um
“eu mais profundo”, como afirma Proust em relação aos poetas, que não pode ser captado pelo
simples traçar da vida dos homens. Contudo, esse “eu profundo” proustiano se transmuta no
século XX, torna-se, para o desgosto de Loriga, mais imparcial. Esvazia-se, aos olhos da mesma,
a subjetividade dos homens por traz da vida, “como se uma obra de arte pudesse se produzir
sozinha”; desaparece os sentimentos e a personalidade dos biografados; renuncia-se o
indivíduo, mata-se o autor. A critica dos romancistas à biografia repousa na falta de estrutura
desta última, fiel aos fatos, a biografia achata a vida e reduz a vida a uma série de ações. A
biografia romanceada, afastava, portanto, tanto historiadores quanto romancistas no geral. Na
relação com a história, a biografia também tem sua fronteira turva, pois questiona-se o próprio
caráter de verdade científica. Algumas aproximações foram feitas entre esses dois gêneros,
como na frase: ‘a biografia nada mais é do que a história observada de perto”.

Loriga afirma que quando a história alcança o seu apogeu, a sua relação com a biografia é
influenciada por três forças: (1) a política, no qual a biografia ganha um caráter elitista, (2) a
filosófica, no qual o homem guia a história para o seu fim e (3) a científica, no qual há o perigo
das outras disciplinas sociais lutando pelo se caráter científico – sociologia, que atesta a morte
do livre-arbítrio e a ascensão das causas sociais para a tomada de alguma ação.

Capítulo 2 – A vertigem da história (thomas Carlyle)

Thomas Carlyle vive meio a um período de crise, que é a Inglaterra do século XIX; essa agitação
política levanta vários questionamentos em Carlyle. A história, para o inglês, existe como
fundamento verdadeiro de todo conhecimento geral. Não por coincidência, Loriga aponta que,
para T. C. a história universal era sinônimo da coletânea da biografia dos grandes homens,
Könning, pois são eles que agiram nessa terra, moldaram-na, conduziram-na, os iniciadores de
tudo que os humanos já produziram, e, por isso, é que o culto aos heróis é a chave para se
reconstruir todo esse processo humano. Carlyle critica o ceticismo e a “simplificação” para com
homem construído pelo racionalismo e a lógica oitocentista, há, para o inglês, uma negligência
e objetificação da subjetividade e singularidade do homem. S. Loriga explicita a postulação de
Carlyle, na qual, se a sociedade é fruto de todas as vidas individuais, o processo histórico é um
continuum infinito de pensamentos, emoções, sensações, etc. – um feixe de milhares de
energias vitais. (Enquanto o homem vê as coisas de forma sucessivas, as forças históricas
universais se dão de forma simultânea, não é uma sequência de causas lineares, mas um tecido
de coisas – a História não se dá da forma que se dá na história escrita, é um Caos do Ser. O Caos
do passado é sem limites, como a duração humana. A vida humana e, por consequência, a
história tem um destino desconhecido.

Capítulo 3 – O drama da Liberdade

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