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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Engenharia Civil

Diógenes Marques
Leonam Reis Calatrone
Rafael Lemos dos Santos

ESFORÇOS DE VENTO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

Teófilo Otoni
2018
Diógenes Marques
Leonam Reis Calatrone
Rafael Lemos dos Santos

ESFORÇOS DE VENTO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Civil da


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como pré-requisito para a obtenção de créditos.

Professor: Breno Alcântara

Teófilo Otoni
2018
SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................. 5
2 Importância de se considerar as ações de vento nas estruturas .............................. 6
3 Ações dos ventos nas edificações .......................................................................... 7

3. 1 Força de arrasto ................................................................................................ 11

4 Considereção finais .............................................................................................. 12


Referências ................................................................................................................. 13
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1 INTRODUÇÃO

O concreto é o segundo material mais consumido pela humanidade, atrás apenas da


água (ABCP). A sua presença pode ser notada em construções que datam até 3000 anos A.C e não
é possível imaginar uma sociedade moderna sem a sua presença. Este material é composto
basicamente por cimento, areia, água e agregado graúdo.
O concreto armado é a composição do concreto com barras de aço. Ele surgiu como
solução ao concreto convencional, que resistia de maneira eficiente apenas aos esforços de
compressão. Esta técnica, entretanto, só ganhou notoriedade no começo do século XIX, quando
Monier aperfeiçoou as técnicas de produção e execução desde material, sendo possível vencer
grandes vãos, construir estruturas esbeltas e obter formas arquitetônicas mais arrojadas (LAPA,
2008).
As primeiras construções em concreto armado no Brasil aconteceram apenas no início
do século XX, em Copacabana, Rio de Janeiro. Nesta época os projetos eram calculados no
exterior, e os projetos eram oferecidos de maneira gratuita pelo engenheiro François Hennebique
(GONÇALVES, 2015).
Atualmente no Brasil, as estruturas de concreto armado seguem as diretrizes
preconizadas pela NBR 6118:2014 - Projeto de Estruturas de Concreto: Procedimento. Em seu item
14.4.1.2 é estabelecido o seguinte:

“Os esforços solicitantes relativos à ação do vento devem ser considerados e


recomenda-se que sejam determinados de acordo com o prescrito pela ABNT
NBR 6123, permitindo-se o emprego de regras simplificadas previstas em
Normas Brasileiras específicas”

Sendo assim, os esforços devido ao vento em estruturas de concreto são estabelecidos


com o auxílio da NBR6123:1988-Forças devido ao vento em edificações. Ela é aplicada para o
cálculo tanto de esforços estáticos e dinâmicos, entretanto é excluído de seu escopo edificações
cujas dimensões e localização não se enquadrem na normalidade.
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Segundo Souza e Ripper (1998), os ventos são agentes físicos externos que podem
gerar patologias durante a utilização das estruturas, seja por má avaliação de suas cargas ou pelo
seu alto poder de erosão. Em alguns casos mais graves, solicitações imprevistas, causadas pelo
vento podem levar ao colapso das estruturas, em outros as vibrações podem gerar desconforto ao
usuário ou estado elevado de fadiga.
Este trabalho apresenta as premissas de cálculo à cerca das ações provocadas pelo
vento, que devem ser analisadas no dimensionamento de estruturas de concreto armado, bem como
a importância de sua consideração, exemplificada através de sinistros e colapsos de estruturas
causadas pela ação do vento.

2 IMPORTÂNCIA DE SE CONSIDERAR AS AÇÕES DE VENTO NAS


ESTRUTURAS

Atualmente, muitas normas de projeto já contemplam procedimentos para a previsão


das respostas dinâmicas. Podem-se citar como exemplos a NBR-6123/88 no Brasil, o NBCC/85 no
Canadá e o AS1170.2-1989 na Austrália, que estipulam, entre outras coisas, que estruturas com
frequência natural de 1 Hz ou menos devem ser projetadas através de análise dinâmica.
A NBR 6123/88 fixa as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação
estática e dinâmica do vento, para efeito de cálculo em edificações. O vento é a principal carga
incidental que age sobre as construções. Portanto, seu efeito em edifícios deve ser sempre
considerado, devendo o mesmo ser avaliado desde o início da concepção da estrutura
(GONÇALVES, 2015).
O vento é a principal carga acidental que age sobre as construções. Portanto, seu efeito em
edifícios deve ser sempre considerado, devendo o mesmo ser avaliado desde o início da concepção
da estrutura.
O vento não era um problema em construções baixas e pesadas de paredes grossas, mas
passou a ser, e em medida crescente, quando as construções iam se tornando mais esbeltas, e as
estruturas usando casa vez menos quantidade de material, percebeu se a grandes influências dos
ventos sobre as estruturas e a necessidade de considera-lo como força atuante na estrutura
(MIGUEL, 2003).
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A necessidade de projetos mais econômicos, o surgimento de novas técnicas e materiais de


construção assim com o aprimoramento do dimensionamento causado pelo surgimento de
programas computacionais foram os principais responsáveis pelo aparecimento de construções de
alturas elevadas e com massa reduzida, que são muito mais suscetíveis aos problemas causados
pela ação do vento. As oscilações geradas pelo carda dinâmica exercida pelo vento na estrutura
quando acima de certos níveis, geram desconforto aos seus usuários e até mesmo gravíssimos danos
estruturais, que é o que se procurar extinguir. Portanto, é responsabilidade do engenheiro prever
essa situação e ser capaz de aplicar seu conhecimento técnico para evita-la. Ainda é análogo que a
importância dos efeitos do vento nas construções está intimamente ligado ao desenvolvimento da
tecnologia dos materiais, e da ciência e técnica das construções, bem como a um melhor
aproveitamento dos terrenos, coma construção de edifícios cada vez mais altos (MIGUEL, 2003).
Para que se garanta total segurança nas estruturas é necessário que a carga dinâmica imposta
pela ação do vento seja considerada no dimensionamento estrutural, ainda, são necessários estudos
para que a concepção realizada seja embasada em testes previamente efetuados.

3 AÇÕES DOS VENTOS NAS EDIFICAÇÕES

As forças aplicadas pelas ações do vento dependem de direção, sentido e velocidade. Os


fatores que influenciam a velocidade do vento são:
* Local da edificação (situação geográfica);
* Tipo de terreno (rugosidade, presença de obstáculos);
* Geometria e altura da edificação (velocidade, aerodinâmica);
* Tipo de ocupação (segurança após tempestades).
A velocidade característica do vento (Vk) é corrigida com três coeficientes conforme a equação
abaixo.
Vk= Vo.S1.S2.S3
Onde:
Vo = velocidade básica do vento ( ver isopletas);
S1 = fator topográfico;
S2 = fator de rugosidade do terreno e de dimensões da edificação;
S3= fator estatístico.
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A velocidade básica do vento pode ser medida de três maneiras diferentes:


* Equipamentos e procedimentos normalizados;
* Anemômetros (figura 1) em terrenos planos sem obstrução posicionados a 10m de altura
* Informações de várias estações metereológicas (em suma maioria em aeroportos)

Figura 1: Anemômetro digital (TERMOTHIN - https://www.thermodin.com.br/seguranca-do-trabalho/anemometros)

A definição da velocidade básica Vo é baseada nas seguintes premissas: período de retorno


de 50 anos (vida útil em geral da maioria das edificações), probabilidade de 63% de ser excedida,
pelo menos uma vez, em 50 anos, altura de 10m e terreno plano, em campo aberto e sem obstruções.
A partir dessas premissas e um tratamento estatístico, chegou-se as isopletas contidas na NBR
6123:1998, conforme figura 2.
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Figura 2: Isopletas da velocidade básica em m/s (adaptado de NBR 6123, 1988)

O fator topográfico S1, leva em conta as variações do relevo do terreno, podendo ser
classificado em três condições:
1) Terreno plano ou fracamente acidentado (S1=1,0);
2) Taludes e morros (S1 é dependente da inclinação, diferença de cota entre topo e base do talude
e localização da edificação no talude);
3) Vales profundos protegidos por ventos de todas as direções (S1= 0,9).
A figura a seguir ilustra as condições descritas acima.
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Figura 3 : Fator topográfico S1 (adaptado de ALVA, 2017)


O fator S2 considera o efeito da combinação de rugosidade do terreno, da variação da
velocidade do vento acima do terreno (fig. 4) e das dimensões da edificação, ou parte de incidência
do efeito.

Figura 4: Variação do vento com a altura ( ALVA, 2017)


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O fator S2 pode ser calculado com a equação abaixo.


S2 = b.Fr.(z /10)p
Onde:
b = parâmetro meteorológico;
Fr = fator de rajada;
z = altura acima do nível do terreno;
p = parâmetro meteorológico.
Fr, b e p são dependentes da categoria do terreno e classe da edificação.
O fator S3 está relacionado com a segurança após tempestade destrutiva e do tipo de
ocupação da edificação, variando de 0,83 para edificações provisórias até 1,10 para edificações
cuja ruína total ou parcial coloca a segurança e ou possibilidade de socorro de pessoas após
tempestade destrutiva.

3. 1 Força de arrasto

A força de arrasto (Fa) é a componente da força global na direção do evento. O seu cálculo
é interessante para o projeto estrutural de edifícios de múltiplos andares. A força de arrasto é dada
por:
Fa = Ca.q.A
Onde:
Ca = coeficiente de arrasto (coeficiente aerodinâmico);
q = pressão de obstrução na área analisada;
A = área analisada.
O coeficiente de arrasto é determinado em ábacos na NBR 6123:1988 para edifícios com
seção constante ou fracamente variável. Em edifícios de planta retangular, é dependente da relação
entre as dimensões (planta e altura) e das condições de turbulência. As condições de turbulência
estão associadas aos obstáculos que o vento encontra, onde vento não turbulento é caracterizado
pela ausência de obstáculos (ou pouco) e vento turbulento normalmente encontrado nas grandes
cidades (categorias IV e V).
Para ser considerado vento turbulento, deve ser atendida a seguinte condição de que a altura
do edifício analisado deve ser menor ou igual a duas vezes a altura média dos edifícios da
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vizinhança. O valor da distância mínima (dmin) varia de 500m a 3000m para edifícios de 40m a
80 m de altura.

Figura 5: Condições mínimas para vento turbulento (ALVA, 2017)

O vento não turbulento gera coeficientes maiores que o vento turbulento, logo quando não
se tem estudos mais aprimorados, por questão de segurança é recomendado que se considere a
situação com vento não turbulento.

4 CONSIDEREÇÃO FINAIS

As considerações dos esforços de vento são de extrema importância para as edificações


de concreto, podendo levar ao não atendimento dos ELS e ELU. As suas especificações são
indicadas pela NBR6123/88, e os principais fatores de dimensionamento dependem das dimensões
da edificação, sua posição topográfica, urbanização ao redor e da velocidade básica, que pode ser
determinada através de estudos ou pelas isopletas determinadas pela norma.
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REFERÊNCIAS

ALVA, G. M. S. Ações horizontais em edifícios. Universidade Federal de Santa Maria,


disponível em <http://coral.ufsm.br/decc/ECC1008/Downloads/Aula_Vento_Desaprumo_
2sem14.pdf> . Acesso em 27 de janeiro, 2017.

Associação Brasileira de Cimento Portland – ABPC. Básico Sobre Cimento. Disponível em: <
http://www.abcp.org.br/cms/basico-sobre-cimento/basico/basico-sobre-cimento/>. Acesso em:
31/01/2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas


de concreto: procedimentos. 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6123:Forças devido ao vento


em edificações. 1988.

LAPA, J.S. Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto. Trabalho de Conclusão
de Curso. Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG. Belo Horizonte, 2008.

GOLÇALVES, E. A. B. Estudo de patologias e suas causas nas estruturas de concreto armado


e obras de edificação. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Rio de Janeiro-
UFRJ. Rio de Janeiro, 2015.

MIGUEL, Leandro Fleck Fadel. Estudo teórico e experimental de um edifício alto submetido
à ação dinâmica do vento, 2003.

SOUZA, V. C.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São


Paulo: Pini, 1998.

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