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Transporte Público Urbano

DISCUTIR PRINCÍPIOS DO TRANSPORTE PUBLICO URBANO, ENFATIZANDO O MODO RODOVIÁRIO.

Importância do Transporte Urbano


O transporte está diretamente relacionado a facilidade de deslocamento de pessoas e mercadorias, bem

como ao ao nível de desenvolvimento econômico e social. Quanto mais adequada for tal mobilidade, maior

o desenvolvimento de um país. Deve-se salientar que, no Brasil, mais de 85% da população vive nas cidades

– e, segundo Ferraz e Torres (2001), cerca de 136 milhões utilizam os sistemas de transporte urbano.
920 municípios brasileiros com mais de 30 mil habitantes possuem sistema de transporte público, ou seja,
os serviços estão disponíveis para mais de 120 milhões de pessoas, sendo considerado um sistema essencial

para a população, pois cerca de 40% dos deslocamentos são feitos com o transporte público. (ANTP,2002)
Os custos do transporte urbano não tratam somente da operação dos veículos, mas incluem uma cerca de

custos públicos, tais como o investimento, a manutenção e a operação do sistema viário, etc., bem como das
vias específicas de transporte público e de todos os veículos públicos e privados. Os mesmos autores

apontam que o custo do transporte público coletivo em algumas grandes cidades supera, às vezes em muito,
o custo de outros serviços públicos básicos.

Modos de Transporte
Quando discutimos os modos existentes para o transporte público, é necessário fazer algumas distinções
referentes ao uso – passageiro ou carga, tais como:passageiros: a pé, bicicleta, motocicleta, carro, peruas,

ônibus, bonde , metrô e trem suburbano.

Carga: caminhões, caminhonetes e peruas. Também são utilizados automóvel, carreta rebocada por trator,
carroça puxada por animal, carriola empurrada por pessoa,etc.

Também cabe uma classificação quanto a propriedade, que talvez seja uma das mais importantes para o

estudo da mobilidade urbana:

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Privado ou individual - o veículo utilizado no transporte pertence à pessoa que está dirigindo. Há completa
liberdade de caminho e horário de viagem. O número de passageiros pequeno e o deslocamento é porta a
porta. Exemplos típicos: a pé, de bicicleta, motocicleta, carro etc.
Público, coletivo ou de massa - veículo utilizado por muitas pessoas simultaneamente, sendo que pertence
a uma empresa ou outra pessoa. Os itinerários e os horários são fixos, e as viagens não são porta a porta.
Exemplos típicos: ônibus, metrô, pré-metrô, bonde e trem suburbano.
Semipúblico são os modos que apresentam características intermediárias entre os modos privado e
público. Por exemplo: táxi, lotação, ônibus fretado etc.
A tabela 01, traz um comparativo entre automóveis, motocicletas e Ônibus no que tange a energia

necessária para locomoção, emissão de poluentes, custo e área ocupada.


 

                             INDICADORES COMPARATIVOS ENTRE ÔNIBUS, MOTOCICLETAS E AUTOMÓVEIS


                                    

               ÍNDICES RELATIVOS POR PASSAGEIRO/KM1

MODO        Energia2          Poluição3               Custo Total4           Área de Via

Ônibus                1                    1                          1                         1 

Motocicleta             4,6                 32,3                     3,9                      4,2

Automóvel            12,7                  17,0                   8,0                      6,4 

                                                                    Tabela 1- Comparativo Modal. ntu(2002)

 
Fonte: ANTP Associação Nacional de Transporte Públicos - Desenvolvimento Urbano, Transporte e Trânsito

no Brasil. Propostas para debate. São Paulo: ANTP, Julho de 2002. p11.
1 Ocupação de 50 pessoas por ônibus, 1 por moto e 1,3 por automóvel
2 Base calculada em gramas equivalentes de petróleo (dieses e gasolina)
3 Monóxido de carbano (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP).
4 Custos totais, fixos e variáveis.
O transporte público tem como importância o número de pessoas que transporta, simultaneamente, em um

mesmo veículo, visto que acessível às pessoas de baixa renda, bem como uma alternativa para quem não
pode dirigir ou prefere não dirigir.

Ferraz e Torres (2001) apontam que o uso massivo do transporte público é uma ocupação e um uso mais
racional do solo urbano, contribuindo para tornar as cidades mais humanas e mais eficientes. E é
imprescindível para a vitalidade econômica, a justiça social, a qualidade de vida e a eficiência das cidades

modernas.

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O modo de transporte público utilizado é fortemente influenciado pelo tamanho das cidades, ou seja, os

municípios pequenos ou médios, optam por veículos sobre pneus, como o ônibus, por exemplo. A medida
em que as cidades crescem, o uso do transportes sobre trilhos passa a ser fundamental em função da maior

capacidade de passageiros que acomoda, bem como a velocidade.

Planejamento, Gestão e Operação


A operação do transporte público nas cidades é realizada tanto por empresas privadas quanto públicas,
sendo que, a gestão, é do poder público local. A falta de planejamento e gestão compromete a eficiência e a

qualidade do transporte coletivo, o que acarreta, consequentemente, na qualidade de vida da população.

Qualidade e Eficiência
Tais parâmetros devem apresentar uma visão holística do sistema de transporte, ou seja, contemplar todos
os atores envolvidos: usuários, comunidade, governo, trabalhadores do setor e empresários do ramo.

A realização de uma viagem por transporte coletivo urbano engloba, em geral, as seguintes etapas:

percurso a pé da origem até o local de embarque no sistema, espera pelo coletivo, locomoção dentro do
coletivo e, por último, caminhada do ponto de desembarque até o destino final.
Muitas vezes, para realizar a viagem por completo, o usuário é ainda obrigado a efetuar uma ou mais
transferências entre coletivos.

Ferraz e Torres apresentam algumas variáveis, na tabela 01, referentes a qualidade no transporte público
por ônibus nas cidades.
                                                      

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Fatores Parâmetros de Avaliação Bom Regular Ruim

Distância de caminhada no início e fim da


<300 300-500 >500
viagem (m)

 
Acessibilidade Declividade dos percursos não
Deixa a
exagerada,passeios em bom estado e Satisfatório Insatisfatório
desejar          
segurança na travessia das ruas
      

Frequência Intervalo entre atendimentos (min) <15 15 - 30 >30

Tempo de Relação entre tempo de viagem por


<1,5 1,5-2,5 >2,5
viagem ônibus e por carro

Lotação Taxa de passageiros em pé (pass/m2) <2,5 2,5-5,0 > 5,0

Viagens não reaizadas com adiantamento


Confiabilidade < 1,0 1,0-3,0 > 3,0
> que 3 min e atraso > 5 min

Índices de acidentes (acidentes/100.000


Segurança < 1,0 1,0 - 2,0 > 2,0
km)

Entre 5 e 10
Menos de 5 Outras
anos e em
anos e em Situações
Idade e estado de conservação bom estado
bom estado  
 
   
 
Características
dos ônibus 3 portas e 2 portas e Outras
Número de portas e largura do corredor
corredor largo corredor largo situações

Deixa a
Altura dos degraus Pequena Grande
desejar

Deixa a
Aparência Satisfatória Insatisfatória
desejar

                                          

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Fatores Parâmetros de Avaliação Bom Regular Ruim

Falta em Falta em
Sinalização Em todos
alguns muitos

Falta em
Cobertura Na maioria Em poucos
Características dos muitos
locais de parada
Falta em
Bancos para sentar Na maioria Em poucos
muitos

Deixa a
Aparência Satisfatória Insatisfatória
desejar

Sim,
Folhetos com itinerários e horários
Sim porém Não existem
disponíveis
precário

Sim,
Sistemas de
Informações adequadas nas paradas Sim porém Não existem
informação
precário

Sim,
Informações e reclamações (pessoalmente ou
Sim porém Não existem
por telefone)
precário

Transbordos (%) <15 15 - 30 >30

Sim,
Integração física Sim porém Não existem
Conectividade precária

Integração tarifária Sim Não Não

Tempo de espera nos transbordos (min) <15 15 - 30 >30

Motoristas dirigindo com habilidade e Deixa a


Satisfatório Insatisfatório
cuidado desejar

Comportamento dos Motoristas e cobradores prestativos e Deixa a


Satisfatório Insatisfatório
operarios educados desejar

Vias pavimentadas e sem buracos, lombadas Deixa a


Satisfatório Insatisfatório
e valetas e com sinalização adequeada desejar

                      
                                                    Tabela 2- Valores de qualidade no TPU. Ferraz e Torres (2001)

Eficiência Econômica
A eficiência econômica está relacionada aos insumos necessários para a produção de um serviço - no caso o
transporte - e o que foi gasto para tal. A figura 01 apresenta
Transporte tal relação.
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Todavia, quando falamos de transporte público, não podemos tratar somente de custos, e sim, do custo para
gerar o serviço com um determinado padrão de qualidade.
Os principais fatores que afetam a eficiência econômica dos sistemas de transporte público urbano por
ônibus, segundo Ferraz e Torres(2001),são:

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tamanho dos veículos;
estado das vias utilizadas;
distância entre paradas;
tipo de prioridade nas vias;
aproveitamento da frota;
configuração da rede de linhas;
traçado das linhas;
programação da operação;
aproveitamento da mão de obra;
sistema de bilhetagem;
competência administrativa;
morfologia e topografia da cidade etc.
Para avaliação da eficiência econômica da operação do transporte público por ônibus são utilizados os
seguintes principais indicadores:

Índice de quilômetros por veículo (km/veíc/dia)


Índice de aproveitamento da frota (%)
Índice de passageiros por quilômetro (pass/km)
Índice de passageiros por veículo (pass/veíc/dia)
Custo por quilômetro (R$/km)
Custo por passageiro (R$/km)
Relação entre o valor efetivamente arrecadado e o valor previsto por passageiro transportado (%)

Planejamento e Programação da Operação


A operação do transporte público envolve a definição dos seguintes parâmetros frota de veículos e horários
em cada linha. Assim como nos estudos de capacidade de vias, é necessário conhecer a variação horária da
demanda ao longo do dia, para poder identificar em cada período o maior volume de passageiros.
Para determinação da frequência e da frota necessária, faz-se necessário definir o intervalo máximo e
mínimo entre veículos sucessivos. Também deve-se conhecer os parâmetros: volume de passageiros

transportados - total e no período de maior volume, capacidade dos veículos, entre outros.

Custos e Tarifas
Os projetos de transportes envolvem investimentos em veículos, mas principalmente, na infraestrutura
viária do município.

A operação de transportes, abriga custos como: Custos Variáveis, Custos Fixos.


A partir da composição do custo total da operação, é possível definir o custo unitário do serviço, obtido
considerando o total de passageiros que utilizam o sistema.
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O custo unitário é diferente da tarifa, que é o valor cobrado dos usuários pelo transporte. A tarifa muitas
vezes é subsidiada pelo poder público local, que arca com parte do custo do sistema. Este susidio pode ser

direto, através da transferência de recursos direta, ou indireto, através da eliminação de impostos e taxas.
Existem vários métodos para o calculo da tarifa, sendo que o final de vários, é

                                     

Onde o passageiro equivalente considera os usuários que pagam meia passagem, os isentos, etc.
Também existe, em municípios que contam com integração tarifária, a câmara de compensação tarifária,
para que possa ser feito o repasse dos valores equivalentes ao uso de dois ou mais veículos - modos - do
sistema.

ATIVIDADE FINAL

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  920 municípios brasileiros com mais de 30 mil habitantes possuem

sistema de transporte público, ou seja, os serviços estão disponíveis


para mais de 120 milhões de pessoas, sendo considerado um sistema
essencial para a população, pois cerca de 40% dos deslocamentos são
feitos com o transporte público. (ANTP,2002) O projeto de transporte
envolve, em geral, investimentos em infraestrutura e veículos, ou seja,
na maioria dos municípios os custos de infraestrutura ficam com o
poder público, e os referentes aos veículos, com a empresa operadora,

visto que, exceto algumas capitais, o sistema de transporte público é


realizado por ônibus. Com relação aos custos de operação de sistemas
de transporte por ônibus, pode-se afirmar que:  
I - Os custos variáveis  são aqueles que variam com a qualidade do
transporte realizado (quilometragem percorrida). Os principais custos
variáveis são: depreciação, remuneração, pessoal (salários e encargos)
administração e tributos. 

II - Custos fixos  são aqueles que praticamente independem da


quilometragem percorrida, estando mais associados ao tempo. Os
principais custos fixos: são combustível, lubrificantes, peças/acessórios
e rodagem.
III - O custo unitário do serviço de transporte público é obtido rateando
o custo total entre os passageiros que utilizam o sistema. 
IV - A tarifa é o preço cobrado dos usuários pelo transporte. Nos
sistemas de transporte público urbano nem sempre reflete o custo real

do serviço.
São verdadeiras as afirmativas apresentadas em:
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A. Somente I e II.
B. Somente I e III. 
C. Somente I e IV.
D. Somente II e III. 
E. Somente III e IV. 

REFERÊNCIA
ANTP ¿ Mobilidade Urbana. Disponível em: <Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP >;
FERRAZ, A. C. P.; TORRES, I. G. E. Transporte Público Urbano. São CArlos: Editora Rima, 2004;
HOEL, Lester A. GARBER, Nicholas J.; SADEK,  Adel W. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma

integração multimodal. São Paulo: Cengage, 2012;


Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana ¿ Caderno de Referência para Elaboração de Plano
de Mobilidade Urbana. 2007;
VASCONCELLOS, E. A.(2000) Transporte urbano nos países em desenvolvimento ¿ reflexões e propostas.
São Paulo: Annablume, 284 p;

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