You are on page 1of 12

“O segredo é combinar forma e conteúdo” – entrevista com Nick

Zangwill

Por Rodrigo Cássio

Nick Zangwill já passou duas temporadas a trabalho no Brasil, mas em


nenhuma delas teve a chance de apresentar suas ideias sobre estética na
universidade. A entrevista que o filósofo nos concedeu da China, onde está
trabalhando no momento, deixa ver a oportunidade que perdemos.
Catedrático da University of Hull, no norte da Inglaterra, Zangwill publicou
em 2001 o livro The Metaphysics of Beauty, e desde então se tornou uma das
maiores referências sobre o formalismo, uma corrente do pensamento estético
que se tornou marginal pela influência das tendências pós-modernas e
“desconstrucionistas” na filosofia.

O mercado editorial acadêmico ainda deve obrigar os leitores brasileiros a


uma longa espera pela tradução de The Metaphysics of Beauty ao português.
Pior para nós. A proposta de um “neformalismo moderado”, concebida por
Zangwill, já se consolidou na estética contemporânea como uma passagem
obrigatória para quem se interessa pelo tema. Ao revisar autores como Clive
Bell e Roger Fry, a teoria de Zangwill demonstra que os excessos do
formalismo ortodoxo eram bem mais razoáveis que o relativismo engajado do
atual mundo acadêmico.

Na conversa abaixo, realizada a partir do interesse que a obra de Zangwill


suscita no GEFAT (Grupo de Estudos Forma, Arte e Tecnologia, da
Universidade Federal de Goiás), pudemos ouvi-lo sobre a sua trajetória
acadêmica, as diferentes maneiras de fazer filosofia na universidade, o papel
da crítica e dos curadores e, é claro, os principais aspectos da sua reflexão
original sobre o formalismo.

Rodrigo Cássio - O formalismo é geralmente considerado um ponto


de vista teórico envelhecido. Mesmo assim, em seu trabalho, você
escreve em sua defesa na atualidade. Como você desenvolveu este
interesse?

Nick Zangwill – Eu não acredito que alguém deva se preocupar com o que é
novo ou velho. Nas Humanidades, pode haver um valor duradouro em visões
antigas. Beethoven está na moda? Esta não é uma boa questão.

Como cheguei ao formalismo? Eu praticamente não estudei estética quando


era estudante de graduação ou de pós-graduação. Entretanto, como uma
pessoa razoavelmente inteirada, aproveitei várias atividades de natureza
estética. Após terminar meu doutorado sobre metaética e começar a lecionar
filosofia, eu descobri a estética filosófica. Fiquei surpreso com o consenso
antiformalista, especialmente nos Estados Unidos. Então comecei a articular e
defender o formalismo, que eu considerei a perspectiva mais sensata.

O antiformalismo parecia cego para aquilo que é obviamente importante.


Além disso, os argumentos dos antiformalistas não eram tão bons como eles
imaginavam. Na verdade, eram gritantemente petições de princípio ou
argumentos de força limitada. Acredito que não ter feito meu doutorado em
estética me deu um tipo de liberdade que me permitiu seguir na direção
contrária da que alguém seguiria, se tivesse sido escolarizado (submetido a
uma lavagem cerebral, alguém diria?) no modo de pensar que é concedido aos
estudantes de graduação.

Ademais, há o risco de você perder contato com os fenômenos quando está


imerso na “literatura”. Você pode se tornar incrivelmente competente, mas
enfadonho. Melhor ir ao encontro dos fenômenos com o olhar fresco.

Rodrigo Cássio – Na sua obra, Clive Bell e Roger Fry são criticados
por suas posições sobre a “forma”, ao passo que Clement
Greenberg, embora rejeitando o nome de formalista, é
considerado um pensador sutil deste conceito. Como você
classifica Greenberg?

Nick Zangwill – Bell e Fry, a despeito de suas virtudes, foram longe demais ao
restringir a significação estética a questões formais. Este é um erro menor do
que negá-las completamente, como fazem os antiformalistas. Em todo caso,
há beleza na representação que está além da beleza formal das linhas e cores
em uma superfície, e além da beleza formal das formas plásticas
tridimensionais. É isso que nos diz o senso estético comum e a experiência.

Possivelmente, a emergência do formalismo em Bell e Fry coincide com o


movimento modernista na pintura no começo do século XX. No entanto, eles
fizeram afirmações de caráter mais universal. Eu penso que as afirmações de
Greenberg foram restritas à arte significativa ou interessante de uma área
particular. Greenberg provavelmente não estava fazendo afirmações
universais, mas apenas dizendo que a melhor arte de seu tempo tinha
preocupações e valores formais dominantes.

Muito se objeta que essa análise não se adequa ao surrealismo ou à pop art.
Mas talvez isso seja pior para o surrealismo e a pop art (que, afinal, podem ser
muito triviais). Greenberg foi um crítico hábil que podia trazer à tona as
virtudes formais da pintura em seus escritos. Mas eu diria que Greenberg
pode ser demasiado voltado para os EUA: o que dizer de Dubuffet e Richter na
Europa? Eles não entraram na narrativa americanista e triunfalista de
Greenberg.

Rodrigo Cássio – Em The Metaphisics of Beauty foram publicados


seus artigos sobre estética produzidos em um período de dez anos
(1991-2001), incluindo a discussão sobre o formalismo. Você
poderia explicar a sua proposta de um formalismo estético
moderado?

Nick Zangwill – O formalismo moderado foi concebido para ser uma visão
sensata e bastante desempolgada, que reconhece os valores formais suscitados
pelos aspectos não representacionais da forma [design], a configuração
espacial das cores e linhas na superfície, mas também outros valores estéticos
que dependem de conteúdo representacional, ou ainda de outras funções não
estéticas, como a história da produção [das obras].

O antiformalismo extremo tinha se tornado tão dominante, negando qualquer


valor estético que emergisse da forma sem o conteúdo, o contexto ou a
história, que o meu ponto de vista foi tido como como radical e até mesmo
perverso. Eis o poder do paradigma.

Imagine a configuração de um texto na arte gráfica. As letras podem se


adequar de maneira melhor ou pior ao espaço que há em torno delas, o que
pode dar origem a uma grande arte, como no leste da Ásia ou na caligrafia
islâmica. A adequação correta é o teste a ser feito. O que se chama de kerning
na impressão de palavras significa que um “i” e um “m” ocupam diferentes
quantidades de espaço. Sem o ajuste do kerning, um texto impresso parece
horrível. O significado das palavras, embora possa estar relacionado com a
forma das letras, é outro assunto. Ainda assim, questões relativas à pura
forma visual são inevitáveis, mesmo se houver algo além da obra de arte
visual. Se você tenta ver as pinturas simplesmente como artefatos de
significado, ignorando sua visualidade, isso é algo muito pobre, é seguramente
um desastre. As abordagens pós-modernas, é claro, são particularmente
desastrosas, pois trazem à frente o significado, e isso bloqueia qualquer outra
coisa.

Eu mudei um pouco a maneira como caracterizo este tema. No livro de 2001,


The Metaphisics of Beauty, enfatizei propriedades sensoriais, tais como as
disposições das cores e dos sons. Agora eu gostaria de enfatizar propriedades
sensíveis, vistas de uma certa maneira (ver meu artigo Clouds of Illusion in
the Aesthetics of Nature, na revista Philosophical Quartely, de 2013). Penso
que toda beleza depende da aparência, do modo como algo se mostra para a
visão ou se dá a ouvir. Algumas vezes, outras funções e significados são
combinados com as aparências para produzir uma beleza complexa. Mas sem
a aparência não há beleza. Nisso, estou em desacordo com o Platão de O
Banquete. Não há uma beleza superior à beleza sensível. Gostaria de
recomendar o livro Visuality for Architects, de Branko Mitrovic, sobre esse
assunto.

Rodrigo Cássio – Qual a relação entre os conceitos de beleza e


forma?

Nick Zangwill – Bem, as palavras e conceitos, aqui, são um tanto maleáveis.


Eu prefiro usar “beleza” para uma ideia abrangente do valor estético. Se eu
uso o termo “forma”, trata-se dos elementos visuais imediatamente
disponíveis, que estão no nível mais básico de responsabilidade pela beleza ou
fealdade. Aquilo que está disponível imediatamente à visão não inclui e
tampouco é informado por fatos como a história do objeto ou a sua relação
com distintos objetos. De fato, alguém pode experimentar a aparência de um
objeto, mesmo sabendo que ele não é como parece ser.

Rodrigo Cássio – Ultimamente, tem-se a impressão de que a arte


contemporânea está se tornando cada vez mais anti-formalista.
Para vários críticos e curadores, o conteúdo é muito mais
importante que a forma, especialmente quando questões políticas
estão envolvidas. Por exemplo, a 32a Bienal de São Paulo enfatizou
o aquecimento global e a extinção das espécies. Como o formalismo
moderado pode contribuir para a crítica contemporânea e as
atuais práticas curatoriais?
Nick Zangwill – As artes visuais podem ser mais ou menos formais e mais ou
menos significacionais. Eu não sou contra o conteúdo na arte, pois podem
existir interessantes combinações de forma e conteúdo. O problema começa
quando você tem uma arte política pregadora e didática, do tipo que você
provavelmente está descrevendo, e que, em geral, é politicamente superficial e
tediosa de se ver. Aí se presume que os artistas tentam vender o seu trabalho
vinculando-o a alguma causa política da moda. O radical chique é, com
frequência, uma boa estratégia de marketing. Desde Elvis Presley, os
empresários inteligentes já tinha entendido que a rebelião pode ser
comercializada. O “Efeito Elvis”, como poderíamos chamá-lo, pode assumir
vida própria, assim como as pessoas internalizam a sua atitude (o que também
é conhecido como “falsa consciência”).

Quando estas obras superpolitizadas não possuem valores formais


interessantes, então você tem um duplo fracasso. Mas algumas delas são, de
fato, formalmente interessantes. Elas podem ser belas. Então alguém pode
desculpar o conteúdo, do mesmo modo que se desculpa uma ópera com
grande música, mas que possui uma história boba. O verdadeiro segredo é
combinar forma e conteúdo de maneira convincente. Há muita coisa
formalmente interessante na arte contemporânea. Por exemplo, os trabalhos
de Anish Kapoor e Cornelia Parker têm beleza formal.

A crítica de arte formalista não deve ter medo de abordar a obra como forma
visual, independente do contexto, do conteúdo, da história, das posturas
políticas, dos papos pseudo-intelectuais dos seus vendedores e assim por
diante. Todo mundo, na verdade, reconhece as qualidades formais da arte,
especialmente os artistas, mas você não espera que falem delas – é como
quando levantamos para ir ao banheiro. Fale sobre a forma como crítico, e as
pessoas ficarão felizes por ter esse importante aspecto da experiência
reconhecido e valorizado.

Além disso, curadores já levam em consideração a forma quando fazem


escolhas entre obras similares com significados similares. O problema é que é
difícil falar sobre a forma tão bem, como Greenberg fazia. Nós ainda
deveríamos tentar, uma vez que isso é realmente importante para quem
consome e faz arte.

Rodrigo Cássio – No GEFAT (Grupo de Estudos Forma, Arte e


Tecnologia/UFG), estamos interessados em cinema e arte
tecnológica. Como você caracterizaria uma abordagem formalista
dessas artes?

Nick Zangwill – Formalismo no cinema e na arte tecnológica! Uma


interessante questão. Isso não é algo sobre o que eu já tenha escrito ou
pensado muito a respeito. Lamento! Mas alguns dos filmes que gosto têm uma
dimensão de forma visual: Ida, por exemplo, ou o meu filme favorito, Medea,
de Pasolini. Mas haveria aí uma questão sobre como os valores formais estão
integrados com a narrativa. Você se importa se eu não disser mais que do
isso? Precisaria pensar por um ou dois anos.... Ou talvez o seu grupo, GEFAT,
traga-nos alguma coisa! Berys Gaut tem escrito sobre este tema. Eu
recomendo seus trabalhos.

Rodrigo Cássio – No Brasil, os comentários sobre os teóricos


continentais ainda prevalecem na pesquisa acadêmica em filosofia.
Um dos poucos autores analíticos da estética traduzidos no país foi
Arthur Danto, e apenas recentemente os livros de Roger Scruton
vêm sendo publicados. Autores como Monroe Beardsley ou Frank
Sibley são muito raros na maior parte das discussões. Você poderia
descrever as contribuições mais importantes para a estética
produzidas pela abordagem analítica nas últimas décadas,
particularmente sobre o tema do formalismo?

Nick Zangwill – A maior parte da estética no Brasil não é produzida no estilo


claro e argumentativo da língua inglesa, e tem sido deixada para o nonsense
pós-moderno e o “discurso” político doutrinário de origem francesa e alemã.
Isso é uma vergonha, principalmente porque é irrelevante para a experiência
com a arte e a criação atuais, a não ser, como observei antes, como
publicidade. Vomitar uma nuvem de confusão e de vocabulário difícil
raramente é sinal de profundidade, e costuma ser a tentativa de evitar clareza,
na esperança de que os ouvintes não o vejam de maneira transparente.

Fico feliz que as pessoas no Brasil estejam lendo Roger Scruton. Beardsley e
Sibley não escreveram para um público amplo, mas são pensadores
importantes dos anos 1950 e 1960. Em um exemplo, Sibley se interessou por
saber como a elegância da pintura está relacionada aos elementos que a geram
(ver o artigo Aesthetic/Nonaesthetic, na Philosophical Review, 1965). Ele
argumentou que se trata de um tipo de dependência que não nos permite
generalizar para outros casos. Não há regras para a descrição estética.
Beardsley discordou, apresentando um número determinado de princípios. O
trabalho de Sibley nos permite levantar problemas sobre o formalismo.

A questão é: o que é responsável pela elegância e a beleza? Os elementos


responsáveis por ela incluiriam, alguma vez ou sempre, a história ou o
contexto do objeto, assim como a sua natureza física e aparência? Se sim,
algum tipo de antiformalismo está correto. Se não, o formalismo está correto.

Rodrigo Cássio – Você já viveu no Brasil como professor visitante.


Como foi essa experiência para a sua pesquisa?
Nick Zangwill – Eu estive duas vezes no Brasil como professor visitante, uma
no Departamento de Música da Universidade de São Paulo, e outra no
Departamento de Filosofia da Unicamp. Intelectualmente foi muito
estimulante. Apresentei vários trabalhos pelo país, principalmente sobre
metafísica e epistemologia da lógica, mas nenhum sobre estética. Em Porto
Alegre tive o privilégio de conhecer o grande lógico brasileiro Newton da
Costa.

Há boa filosofia no Brasil, mas parece que somente na parte da lógica, da


metafísica e da epistemologia, ao passo que as value areas [ética, filosofia
política, estética etc.] são deixadas para a tradição continental. Eu acredito
que isso vai mudar. Vejo alguma mudança na área de ética, mas não ainda em
estética e filosofia política.

Embora eu tenha inclinação para a chamada filosofia “analítica”, eu realmente


penso que Nietzsche é interessante (e alguém deve se lembrar de que ele era
crítico de várias coisas na Alemanha, em vez de ser mais um na linha dos
filósofos pós-kantianos). Fiquei satisfeito ao ver como ele é popular no Brasil,
e que você pode comprar seus livros nas máquinas do metrô.

Eu vivi um grande tempo quando estive no Brasil. Tenho um amigo no Rio


que me levou a rodas de samba maravilhosas. Aproveitei as caipirinhas e
dancei forró. Também viajei para Buenos Aires a fim de conhecer tango e o
divino bife de lomo. Eu sonhava em conhecer Brasília, o que finalmente fiz. Eu
me lembro de ficar olhando as imagens dos seus prédios quando era criança.
Oscar Niemeyer é maravilhoso. Lina Bo Bardi também é impressionante.

Minha piada filosófica sobre o Brasil é que os seus fundadores criaram o lema
nacional errado. Eles erraram ao escolher a constante lógica “e”, em vez de
“se, então”. O lema atual diz “Ordem e Progresso”, quando deveria dizer “Se
Ordem, então Progresso”. Eu adoraria voltar ao Brasil para aprender mais
sobre este imenso país e sua população diversa, além de participar da sua vida
intelectual.

Rodrigo Cássio – Formalism is generally considered an old


theoretical point of view. Nevertheless, you wrote in defense of
formalism today. How did you develop this philosophical interest?

Nick Zangwill – I don’t think one should worry about what is old and what is
new. In the humanities, there may be a lasting value in old views. Is
Beethoven fashionable? It is not a good question.
How did I get to formalism? I studied almost no aesthetics as an
undergraduate or as a postgraduate student. However, as a reasonably
rounded person, I enjoyed various aesthetic pursuits. After I finished my
doctorate on metaethics and I started teaching philosophy, I found out about
aesthetics. I was surprized by the anti-formalist consensus, especially in the
USA. So I started articulating and defending formalism, which I thought the
more common sense view. Anti-formalism seemed to have a blindness to what
is obviously important. Moreover, the arguments were not as good as the anti-
formalists thought they were. Indeed, they were mostly blatantly question-
begging or of limited force.

I believe that not having done my doctorate on aesthetics gave me a kind of


freedom to go against the grain that one does not have if one has been
schooled (“brainwashed” one might say?) to take a way of thinking for granted
as a graduate student. Also, there is a danger that you lose touch with the
phenomena as you get immersed in “the literature”. You make yourself
impressively competent but boring. Better to come at it with a fresh eye.

Rodrigo Cássio – In your work, Clive Bell and Roger Fry (The
Bloomsbury Group) are criticized for their positions about “form”,
and Clement Greenberg, although he rejected being called
formalist, is considered a subtle thinker of this subject. How do
you classify Greenberg?

Nick Zangwill – Bell and Fry, despite their virtues, went too far in restricting
aesthetic significance to formal matters. That is less of an error than denying
them altogether, as anti-formalists do. Nevertheless, there is beauty in
representation that goes beyond the formal beauty of lines and colours on a
surface, and beyond the formal beauty of the three-dimensional “plastic”
forms. Or at least so says aesthetic common sense and experience. Perhaps the
emergence of formalism in Bell and Fry coincides with the modernist
movement in painting at the beginning of the Twentieth Century.
Nevertheless, they made claims with a more universal scope. I think
Greenberg’s claims were supposed to be restricted to the significant or
interesting art of a particular era. Greenberg was probably not making
universal claims, claiming merely that the best art of his time had dominant
formal concerns and values.

Many would object that his analysis does not fit surrealism or pop art. But
perhaps, so much the worse for surrealism and pop art (which, after all, can be
very trivial). Greenberg was a skilful critic who could bring alive the formal
virtues of paintings in his writings. But I would say that Greenberg can seem
too USA-centric: what about Dubuffet and Richter in Europe? They do not fit
Greenberg’s somewhat USA-triumphalist narrative.
Rodrigo Cássio – In The Metaphysics of Beauty your articles on
aesthetics produced in ten years (1991-2001) were published,
including the discussion about formalism. Could you explain your
moderate aesthetic formalism proposal?

Nick Zangwill – Moderate formalism was supposed to be a rather unexciting


sensible view, which recognizes the formal values thrown up by the
nonrepresentational aspects of design, the spatial layout of colours and lines
on a surface, as well as the other aesthetic values that depend on
representational content, or other non-aesthetics functions, or the history of
production. So dominant was the extreme antic-formalism that denied any
aesthetic value emerging just from form apart from content, context or history
that my view was taken to be radical or even perverse. Such is the power of
paradigm.

Think of the layout of wording in graphic art. The letters may fit into the space
around them better or worse, which may rise to a great art in East Asian or
Islamic calligraphy. The test is that it looks right. What is called kerning for
the printed word means that an “i” and an “m” take up different amounts of
space. Without kerning, a printed text looks horrible. The meaning of the
words is another matter, although that may interact with the design of the
lettering. Nevertheless, matters of pure visual design are inescapable, even if
there is more to a work of visual art. If you try to see paintings just as artifacts
of meaning, ignoring their visuality, that is impoverished, indeed it is a
disaster. Postmodern approaches, of course, are particularly disastrous in this
way by foregrounding meaning so that it blocks out anything else.

I have moved a little on how I characterize the issues. In the 2001 book, The
Metaphysics of Beauty, I emphasized sensory properties, such as colours and
sounds, and the arrangement of these. But now I would emphasize
appearance properties, such looking a certain way. (See my “Clouds of Illusion
in the Aesthetics of nature”, Philosophical Quarterly, 2013.) I think that all
beauty depends on appearances, the way thing look or sound. Sometimes
other functions and meanings are combined with appearances to produce a
complex beauty. But without appearances there is no beauty. On this I
disagree with Plato in the Symposium. I think that there is no higher beauty. I
would recommend Branko Mitrovic’s book Visuality for Architects, on these
issues.

Rodrigo Cássio – What’s the relationship between concepts of


beauty and form?
Nick Zangwill – Well the words and concepts here are quite malliable. I prefer
to use “beauty” as an all-embracing idea of aesthetic value. As I use the word
“form”, it is a matter of the immediately visually available elements at the
most basic level that are responsible for beauty or ugliness. What is
immediately visually available does not include, and is not informed by, facts
about the thing’s actual history or its relation to distinct things. Indeed one
can experience a thing’s appearance despite knowing that the thin is not how
it appears.

Rodrigo Cássio – In the last times, it seems that contemporary art


is being more and more anti-formalist. For many critics and
curators, content is much more important than form, especially
when it involves certain political issues. For example, the 32a
Bienal of São Paulo emphasizes global warming and extinction of
species. How can moderate formalism contribute for
contemporary criticism and curatorial pratices?

Nick Zangwill – Visual art can be more or less formal and more or less
meaningful. I am not against content in art, for there can be interesting
form/content combinations. The trouble comes when you get preachy and
didactic political art of the sort you are probably describing, which is usually
tedious to look at as well as politically superficial. But then the artists are
presumably trying to sell their work by tying it to some fashionable political
cause. Radical chic is often good marketing. Since Elvis Presley, clever
business people have understood that rebellion can be marketed. The “Elvis
Effect”, as we might call it, can take on a life of its own as people internalize
the attitude (otherwise known as “false consciousness”).

When these over-politicized works also have no interesting formal values,


then you have a double failure. But some of such works are in fact formally
interesting. They may be beautiful. Then one excuses the content, as one may
excuses an opera with a silly story but with great music. The real trick is to
combine form and content in a convincing way. There is a lot of formally
interesting contemporary art. For example, much of Anish Kapoor and
Cornelia Parker’s work has a formal beauty.

Formalist art criticism should not be afraid to address the work as visual
design, irrespective of context, content, and history, political postures,
pseudo-intellectual sales-talk and so on. Everyone in fact recognizes formal
qualities of art, especially artists, but you are not supposed to talk about it, like
going to the toilet. Talk about it as a critic, and people will be happy to have
this important aspect of the experience recognized and valued. Moreover,
curators do take form into account when choosing between similar works with
similar meanings. The trouble is that it is hard to talk about form well, as
Greenberg does. Still we should try, since it is in fact important to those
consuming and making art.

Rodrigo Cássio – In GEFAT (Formalism, Art and Technology


Studies Group/UFG-Brazil) we’re interested about cinema and
technological art. How would you describe a formalist approach to
these arts?

Nick Zangwill – Formalism about cinema and technological art! An


interesting question. It is not something I have written about, or even thought
about very much. Sorry! But many of the films that I like have a formal visual
dimension: Ida, for example, or my favourite film, Passolini’s Medea. But then
there is a question about how the formal values are integrated with the
narrative. Do you mind if I say no more here? I need to go and think about it
for a year or two. Or perhaps your group, GEFAT can come up with
something! Berys Gaut has written on this topic. I recommend his writings.

Rodrigo Cássio – In Brazil, the “continental” studies still prevails


in the academic research on philosophy. One of the few analytic
philosophers of aesthetics translated here was Arthur Danto, and
just recently Roger Scruton’s works are being publicized. Monroe
Beardsley and Frank Sibley are virtually unknown. Could you tell
us about the most important contributions for aesthetics produced
by analytic approach in last decades, and particularly for the
subject of formalism?

Nick Zangwill – Aesthetics in Brazil is mostly not done in the clear and
argumentative English-speaking style, and has been left to post-modern
nonsense and doctrinaire French and German political “discourse”. This is a
shame since it is mostly irrelevant to actual art creation or experience, except,
as I noted before, as advertising. Throwing up a cloud of confusion and
difficult vocabulary is rarely a sign of profundity and is usually the attempt to
avoid clear light in the hope that others cannot see through you.

I am glad that people in Brazil are reading Scruton. Beardsley and Sibley did
not write for a general audience, but they are important thinkers from the
1950s and 1960s. Sibley was interested in how the elegance of painting, for
example, relates to the elements that generate it (see his
“Aesthetic/Nonaesthetic”, Philosophical Review, 1965). He argued that it is a
kind of dependence, one that does not allow us to generalize to other cases.
There are no rules for aesthetic description. Beardsley disagreed. He came up
with a limited number of principles. Sibley’s work allows us to raise issues
about formalism.
The question is: what is responsible for elegance and beauty? Do the
responsible features sometimes or always include the history or context of the
thing as well as its present physical nature and appearance. If so anti-
formalism of some kind is correct. If not, formalism is correct.

Rodrigo Cássio – You’ve already lived in Brazil as visiting


professor. How was this experience?

Nick Zangwill – I have twice been Visiting Professor, once in the Music
Department at Sao Paulo University (USP) and once in the Philosophy
Department at Unicamp.
Intellectually it was very stimulating. I gave many papers around the country,
mostly on metaphysics or epistemology or Logic. I did not give a single
aesthetics paper. I had the privilege of meeting the great Brazilian logician
Newton Da Costa at Porto Alegre.

There is some very good philosophy in Brazil, but it seems that it is mostly on
the logic, metaphysics and epistemology side of thing, rather than in the value
areas, which are left to the continental traditions. I hope this will change. I see
some change in ethics, but not yet much in aesthetics and political philosophy.

Although I lean towards so-called “analytic” philosophy, I do think that


Nietzsche is interesting (and one should remember he was a critic of many
things German, rather than yet another in a line of post-Kantian German
philosophers). I was pleased to see how popular he is in Brazil – so that you
can buy his books in the metro book machines.

I had a great time in Brazil, in many ways. I had a friend in Rio who took me
to some wonderful rodas de samba, and I enjoyed caipirinhas and even tried
dancing forró. I also travelled to Buenos Aires for Tango, and the divine lomo
beef. Also, I always dreamed of visiting Brasilia, which I finally did. I
remember looking at pictures of those buildings as a child. Oscar Neimeyer is
wonderful. Lina Bo Bardi is also impressive.

My philosophical joke about Brazil is that the founders of the nation got the
national moto wrong. They chose the wrong logical constant: “and” rather
than “if…then”. The motto actually reads “Order and Progress”, whereas they
should have chosen “If order then progress”. I would love to return to Brazil,
to get to know more of the huge country and its varied people, and further
participate in its intellectual life.

Rodrigo Cássio Oliveira é doutor em Estética e Filosofia da Arte pela UFMG e


professor adjunto da Universidade Federal de Goiás. Confira mais ensaios sobre
arte, estética e comunicação em www.rodrigocassio.com

You might also like