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N/M “ZEN HUA 27”. Embargos de Declaração ao Acórdão de fls. 1.409 a 1.439.
Embargante: Shang Wei, Comandante do N/M “ZEN HUA 27”. Embargada:
DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S.A. Conhecer dos Embargos de
Declaração apresentados para lhe negar provimento, por não haver a contradição
alegada, mantendo na íntegra o Acórdão atacado.
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(Continuação do Acórdão referente aos Embargos de Declaração no Processo nº 25.280/10.........)
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O presente Recurso é tempestivo e cumpre o previsto nos artigos 113 e 114,
devendo ser conhecido.
Cabe razão à Embargante ao usar o recurso de Embargos de Declaração para ver
solucionada qualquer dúvida que lhe pareça conveniente, como previsto na LOTM, Lei nº
2.180/54, não devendo, a priori, ser taxada de procrastinação ou de via ilegal.
No presente caso, entretanto, não assiste razão quando a Embargante alega
“contradição”, requerendo a alteração das penas aplicadas “porque o entendimento da maioria
dos Juízes foi no sentido de que houve maior grau de culpa do Prático pelo acidente em pauta”,
pois há outros elementos a serem considerados na aplicação das penalidades, sendo o “grau de
culpa” um deles, mas não o único.
O ora Embargante transcreveu apenas um dos parágrafos do Acórdão, o que poderia
induzir a interpretação errada e dar a idéia de que a pena está restrita a esta ponderação, como,
aliás, a PEM também se manifestou ao transcrever apenas em parte o art. 127, da Lei nº
2.180/54, “cabe ao Tribunal, atendendo, dentre outros fatores, à intensidade do dolo ou ao grau
da culpa, determinar a pena aplicável”, mas é fundamental a ponderação destes “dentre outros
fatores”, como expressamente consta no citado art. 127, em especial “das circunstâncias e
consequências da infração”.
LOTM - “Art. 127. Cabe ao Tribunal, atendendo aos antecedentes e à personalidade
do responsável, à intensidade do dolo ou ao grau da culpa, às circunstâncias e consequências da
infração: I - determinar a pena aplicável dentre as cominadas alternativamente;”.
No Acórdão, no parágrafo seguinte ao que o Embargante trouxe em seu Recurso
para alegar a “aparente contradição” consta: “A manobra do Prático, guinando para bombordo
(20º) e aumentado a rotação (para toda força adiante), desfazendo em parte a guinada para
boreste, foi correta e afastou a popa do navio o que diminuiu sensivelmente os danos ao navio e
ao “FB-24”, mas não o suficiente para evitar o acidente, porém, acabou contribuindo para mais
adiante abalroar as duas lanchas fundeadas na margem esquerda”.
No Acórdão, no parágrafo anterior ao trazido no Recurso temos: “Todos os fatos
pontuados acima se encontram no Laudo de Exame Pericial do IAFN e nos Pareceres Técnicos
juntados ao Processo, o que leva a concluir que o navio erradamente navegou todo o trecho até o
primeiro acidente muito próximo da margem esquerda (a que ficava a bombordo do navio) e ao
guinar para boreste, com maré vazando forte, aconteceu o previsível, ou seja, a popa do navio foi
de encontro ao “FB-24” que estava atracado na margem esquerda, evidenciando um erro de
planejamento que levou ao erro de navegação cometido pelo Prático e não questionado pelo
Comandante, que só o fez quando já estava muito próximo do local do acidente, o que demonstra
a imperícia do Prático e a imprudência do Comandante, devendo ser acolhidos os termos das
Representações e responsabilizar a ambos os Representados, pelos acidentes da navegação
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(Continuação do Acórdão referente aos Embargos de Declaração no Processo nº 25.280/10.........)
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tipificados no art. 14, letra “a” (abalroamento, colisão e naufrágio), da Lei nº 2.180/54.
Sintetizando o que está fundamentado nas conclusões do Acórdão, no dispositivo do
voto consta “considerando as circunstâncias, as consequências e as atenuantes, com fulcro nos
artigos 121, incisos I e VII, 124, incisos I e IX, 127 e 139, inciso IV, letras “a” e “d”, todos os
artigos da lei nº 2.180/54, condenar a ambos às penas de multa de R$ 1.000,00 (mil reais),
cumulativamente com a pena de repreensão. Custas divididas”.
A pena máxima aplicável ao caso concreto, pelo art. 124, da LOTM, em tese, seria a
de suspensão por até doze meses (§ 1º, do art. 121, LOTM), cumulativamente com a pena de
multa. A pena de suspensão que incorrer à tripulação de embarcação estrangeira seria aplicada
somente em relação ao exercício de suas funções em águas sob jurisdição nacional (art. 129,
LOTM).
No Acórdão, na fundamentação, foram ponderadas as circunstâncias e
consequências dos acidentes e, além dos artigos 121, 124 e 127, que dão suporte à condenação,
constam as atenuantes previstas no art. 139: “Serão sempre circunstâncias atenuantes da pena: IV
- ter o agente: a) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o acidente
ou fato da navegação, minorar-lhe as consequências”, o que está destacado no Acórdão, no
parágrafo seguinte ao trazido pelo Embargante no seu Recurso, que expressamente socorreu o
Prático.
A outra atenuante, prevista no art. 139, inciso IV, letra “d” confessado,
espontaneamente, a autoria do fato.”, socorreu o Prático e o Comandante, haja vista que ambos,
com seus depoimentos e demais provas trazidas aos autos, ajudaram a esclarecer os acidentes, o
que também foi ponderado nas “circunstâncias” para aplicação das penas.
Por todo o exposto, tendo em vista que ambos os Representados, Comandante e
Prático, ajudaram a esclarecer os acidentes (atenuante prevista no inciso IV, letra “d”, da
LOTM), que o Prático foi considerado com maior culpa, mas também foi aquele que teve a ação
no sentido de corrigir e diminuir as consequências dos acidentes em pauta (atenuante prevista no
inciso IV, letra “a”, do art. 139, da LOTM), pelas circunstâncias e consequências, por não haver
agravantes e considerando as citadas atenuantes, eles tiveram suas penas dosadas no mesmo
nível, havendo a correta ponderação na aplicação das penas, devendo ser conhecido o presente
Recurso para lhe negar provimento, mantendo na íntegra o Acórdão ora atacado.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por maioria, nos termos do voto do
Exmo. Sr. Juiz Relator: a) quanto à natureza e extensão do acidente/fato da navegação: x x x; b)
quanto à causa determinante: x x x; c) decisão: conhecer dos Embargos de Declaração
apresentados por Shang Wei, Comandante do N/M “ZEN HUA 27”, nos autos do Processo nº
25.280/10, contra o Acórdão de fls. 1.409 a 1.439, para lhe negar provimento, por não haver a
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contradição alegada, mantendo na íntegra o Acórdão atacado, sendo acompanhado pelos Exmos.
Srs. Juízes Geraldo de Almeida Padilha, Sergio Bezerra de Matos, Marcelo David Gonçalves e
Maria Cristina de Oliveira Padilha. O Exmo. Sr. Juiz Nelson Cavalcante e Silva Filho, em voto
próprio, dava provimento aos Embargos de Declaração no sentido de determinar o retorno dos
autos ao Exmo. Sr. Juiz Relator para que esclareça ambiguidade e contradição do Acórdão, que
aplicou pena igual aos representados, mas afirmou haver diferença na culpa, esclarecendo que
mantém seu entendimento no sentido de que ambos representados devem ser exculpados das
acusações contra as quais se defenderam, sendo vencido.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 15 de agosto de 2017.
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COMANDO DA MARINHA
c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A1, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
2018.02.06 10:23:56 -02'00'