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SANTAELLA, Lucia. Desafios da Aprendizagem Ubíqua para a Educação. In: __.

Comunicação ubíqua: Repercussões na cultura e na educação. São Paulo: Paulus, 2013.


cap 14, p. 285-307.

Qual o significado do vocábulo ubiquidade? É algo que está praticamente na maioria


dos lugares, é sinônimo de onipresença. O capítulo quatorze, Desafios da Aprendizagem
Ubíqua para a Educação, do livro Comunicação Ubíqua: Repercussões na cultura e na
Educação, de Lucia Santaella, trata especialmente da questão das diversas formas de
aprendizagem para a educação, seus desdobramentos e também suas consequências.

Encontramo-nos em um estágio de conexão contínua. Para Santaella, este estágio é


constituído por pessoas e tecnologias em constante mudança que afetam diretamente as formas
de ensinar e aprender. Isso possibilita um acesso à informação de forma livre e contínua e
também muitos desafios relacionados as formas de como será a adaptação do ensino-
aprendizagem com essas novidades.

Segundo Santaella (2007, p. 286-288), as cinco gerações de tecnologias de linguagem,


tecnologias do reprodutível (advento do jornal, da fotografia e do cinema), da difusão (rádio e
a televisão), do disponível (tecnologias de pequeno porte, ou mesmo gadgets), do acesso
(computador) e da conexão contínua (telefone móvel) afetam nossas percepções e ações e
ajudam-nos a avaliar as transformações socioculturais e psíquicas pelas quais a humanidade
vem passando.

A autora afirma que o processo de aprendizagem consiste na interação do indivíduo


com o meio, o que o faz incorporar um conhecimento ainda não adquirido a um conhecimento
prévio, já adquirido. Buscar e receber informações momentâneas não implica aprendizagem,
pois são memórias de pouca duração; na aprendizagem, por sua vez, as informações retidas na
memória são aplicadas em situações futuras. Não há conhecimento sem aprendizagem, e essa
aquisição precisa de interatividade, sobretudo com os ambientes de aprendizagem as quais as
redes digitais intensificam.

Mas, então, o que é a aprendizagem ubíqua e quais seus benefícios? Santaella (2007,
p. 291) alega que a aprendizagem ubíqua é aquela que podemos encontrar em todos os lugares,
hoje, mais facilmente devido a flexibilidade, a velocidade, a adaptabilidade e o acesso aberto à
informação que nos possibilitam as tecnologias. Tudo isso nos permite compartilhar e resolver
problemas de forma colaborativa, fugindo da lógica do conhecimento individual e autoral. A
aprendizagem ubíqua, surge a partir do momento em que a evolução tecnológica foi se
estabelecendo e junto com ela um tipo de aprendizado aberto, seja ele individual ou grupal,
podendo ser obtido em quaisquer circunstâncias e não se confunde com nenhuma forma de
aprendizagem existente até hoje.

Diante de todo esse processo, Santaella diz que é imprescindível não citar a chegada
dos dispositivos móveis, pois foram eles que tornaram a informação, a comunicação e a
aquisição de conhecimento livres e, portanto, possíveis de serem acessadas de qualquer lugar.
Os dispositivos móveis são também mídias comunicacionais, pois facilitam e instigam a
formação de grupos informais de interesses comuns. Quando compartilhados, unem as pessoas
e desenvolvem nelas um estado de empatia, constituindo um aprendizado em grupo, mais
comunicativo e significativo.

Conforme a autora, ainda temos a conectividade individualizada e personalizada que


intensifica a colaboração em tempo real e acentua a interatividade, aumentando o sentido de
orientação e direcionalidade dos usuários. São cinco os benefícios apresentados por Churchill
que potencializam a aprendizagem: a portabilidade (mobilidade), a interatividade social
(permite a colaboração com os demais usuários), a sensibilidade contextual (concede o encontro
de dados reais ou simulados), a conectividade (permite conexões à rede) e a individualidade
(auxilia no processo de investigação do aprendiz).

Como consequência das mudanças na sociedade, hoje, Santaella admite que a


aprendizagem ubíqua vem trazendo muitos desafios para a educação em todas as suas
modalidades. Há a educação formal, a informal e a não formal. Na primeira, a forma de ensino-
aprendizagem consiste naquela que é desenvolvida nas escolas; a segunda decorre dos
processos naturais e espontâneos que acontecem na vida do indivíduo; e a terceira tem como
objetivo criar ou buscar determinados objetivos fora da instituição escolar. É importante que
consigamos perceber a grande contribuição das tecnologias dentro de cada uma dessas fases.

Mesmo essa divisão facilitando a diferenciação das formas de educação, há autoras


que ainda se limitam às formas tradicionais de educação. Segundo a autora temos os princípios
operativos, que são: a potencialidade educativa de uma nova mídia, que, na prática desmente-
se; o aparecimento de novas mídias, que, modifica o uso daquelas já existentes e a real
apropriação de uma mídia em nível pedagógico. Cada novo estágio tecnológico introduz um
modelo educacional e processos de aprendizagem que lhe são próprios como os processos
baseados na tecnologia do livro, a educação a distância, o e-learning (aprendizagem em
ambientes virtuais) e o m-learning (aprendizagem móvel).

Santaella diz que os recursos computacionais introduziram mudanças no processo


pedagógico devido as conveniências da acessibilidade e flexibilidade, o que ocorre com mais
bloqueio na transmissão via presencial. A autora cita Behar quando diz que as mídias
computacionais permitem que o usuário tenha controle sobre o fluxo de informações, lidem
com informações em excesso ou descontinuadas, façam parte de comunidades virtuais,
articulem ideias de forma muito rápida e desenvolvam o pensamento crítico.

O ápice de modelo educacional é, segundo Santaella, o m-learning compreendido


como recurso para a educação, que pode fazer o aprendizado chegar a quaisquer lugares. Como
princípios que regem o m-learning configuram alguns aspectos como a simplicidade, a
adaptação, a individualidade e a comunicabilidade, e são propostos cinco estágios para conduzir
os aprendizes ao domínio de novos conhecimentos: a recuperação (estabelece o domínio das
fronteiras e assegura a atenção no conhecimento a ser recuperado), a agregação (estágio em que
o conhecimento relevante pode ser encontrado), a análise (ajuda na compreensão do
conhecimento demandado), a construção (adquirido através do desempenho de tarefas de
aprendizagem prévia) e a gestão do conhecimento (compartilham e gerenciam os
conhecimentos).

A autora afirma que aprendizagem ubíqua é informal, sendo essa informalidade


também uma informalidade ubíqua, pois é plurilocalizada e instantânea. Essa forma de
aprendizagem, assim como as outras, apresenta potenciais e limites que lhe são próprios. Ela
complementa-se às demais tornando o processo educativo muito mais rico. Uma coisa sabemos,
quem ganha com essa complementariedade é o ser humano em formação pelo acréscimo de
possibilidades que a ubiquidade lhe abre, sem abdicar da experiência pessoal e da conversação
face a face, que exigem novas estratégias para a integração entre as mídias e a educação formal.

Diante de todas essas informações sobre a aprendizagem ubíqua, seus desafios e


benefícios para a educação é possível perceber que devemos nos adaptar e capacitar,
principalmente a esses recursos tecnológicos, para fazer do processo de ensino/aprendizagem
algo prazeroso e cada vez mais interativo e inovador tanto para o aprendiz quanto para o
educador.

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