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31/03/2018 A ESCOLA E O ENSINO DE HISTÓRIA

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Elza Nadai é Mestre e doutora em história social pela USP, foi professora de
prática de ensino de história da USP. É também orientadora de várias
resenhas de alunos que estão publicadas na internet. Ela inicia seu texto
com uma citação ao Murilo Mendes (1935), na qual ele absorve os alunos
por se valerem da cola nos exames de história, devido à história que lhes é
ensinada, causando-lhes ódio.

Realmente, ao se perguntar para um estudante do Ensino Médio o que ele


sente pela disciplina História, apesar de alguns já serem simpatizantes,
muitos responderão que não gostam ou que não acham interessante e não

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sabem para que ficar estudando Grécia e Roma, se nem ao menos sabem o
que isso acrescenta em suas vidas.

Nadai para analisar esse contexto, percorreu a história do ensino de


história no Brasil, partindo de sua adoção, influências, metodologias e
intervenção pelo regime militar.

No século XIX, o IHGH (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) dominou


as pesquisas e ideologia para o ensino de história no Brasil. A ideologia do
IHGB era a de criar uma identidade nacional, ou seja, era necessário que a
população do território tivesse noção do que é ser brasileiro. Para isso, eles
adotaram o modelo tradicional de história desenvolvido por Leopold Von
Ranke. Este modelo ficou conhecido como rankeano ou tradicional de se
fazer e ensinar história, tendo como suas características principais a
exaltação do indivíduo, sempre
da elite, e também a criação de heróis para que houvesse uma
identificação popular. Além da influência de Ranke, o ensino e produção
histórica do Brasil também foram influenciados pelo conceito francês de
civilização e pelo evolucionismo, colocando assim as nações européias
como modelo a serem seguidos, por isso os privilégios para Grécia e Roma,
que seriam de onde se iniciou a civilização européia.

Segundo a autora, a introdução do ensino de história não se deu de forma


pacífica, tendo como destaque pela oposição o senador Paulo Egídio de
Oliveira Camargo. Este não considerava a história uma ciência, devido a
sua concepção de ciência ser somente as exatas e mesmo com esta e
outras oposições, a história passou a integrar o currículo após a elaboração
do artigo quinto do Primeiro Regulamento dos Ginásios do Estado (decreto
293 de 22/05/1985) sendo este ensino focalizado nos fatos políticos, com
ligeiras incursões sobre a religião e a arte de alguns povos no ensino da
Antiguidade e sendo estudados ainda os períodos conhecidos como: Idade
Média, Moderna e Contemporânea.

As produções e ensino de história desta época, final do século XIX,


procurou divulgar uma harmonia inexistente dentro do país, que foi a boa
relação entre os que vieram da Europa, África e os Índios, o propósito
ideológico era o de uma nação resultante da mistura das três “raças” dando
a idéia de equilíbrio social e inexistência de quaisquer conflitos. Com isso o
ensino do país buscou mascarar as desigualdades, coisa que considero
impossível, pois se ainda nos dias de hoje muitas pessoas sofrem com
racismos e preconceitos, naquele período deveriam ser muito mais grave e
a história que deveria combater esse tipo de coisa, fazia justamente o
contrário.
As produções históricas, durante muito tempo foram escritas desse modo,
mascarando as desigualdades e o professor que deseja estar atento à isso
e dar uma boa aula de história, precisa estar antenado “antenado” as
novas tendências de ensino, através de uma aproximação com a academia.

No discurso da mídia e de alguns partidos políticos de esquerda, se ouve


dizer que com a democracia o povo tem uma arma na mão que é o voto.

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Mas o que se deve levar em conta é que esta é uma arma que o povo não
sabe usar, devido ao tempo em que o ensino positivista e elitista dominou a
educação brasileira. Pode-se comparar a povo à uma criança que encontra
a arma do pai em casa e resolve usar, achando que o sabe fazer por ter
visto em filmes ou
novelas e termina atirando no próprio pé ao invés do alvo que mirou para
acertar. O povo não
foi ensinado a votar, assim como a criança à atirar, não sabe quais as
funções de um vereador, deputado ou até mesmo do presidente, sendo
assim a democracia, ainda não esta sendo exercida de forma igualitária,
pois uns votam com consciência, a elite e a massa não sabe o que faz.

Segundo Nadai, tentou uma mudança, esta procurou outras possibilidades


de ensino, após a introdução do pragmatismo de Jonh Dewey, que
influenciou muitos pensadores da primeira metade do século XX. Vejamos
um relato do professor Paschoal Lemme, que ensinava neste período
comentando como funcionava a educação brasileira antes da influência de
Dewey:

“As poucas escolas públicas existentes nas cidades eram freqüentadas


pelos filhos das famílias de classe média. Os ricos preceptores, geralmente
estrangeiros, que ministravam aos seus filhos o ensino em casa ou os
mandavam a alguns poucos colégios particulares, leigos ou religiosos,
funcionando nas capitais, em regime de internato. Muitos desses colégios
adquiriram grande notoriedade”.
“Em todo o vasto interior do país havia algumas precárias escolas rurais,
em cuja maioria trabalhavam professores sem qualquer formação
profissional, que atendiam as populações dispersas em inúmeras áreas:
eram as substitutas das antigas aulas, instituídas pelas reformas
pombalinas, após a expulsão dos jesuítas, em 1763”. [...]

(Ghiraldelli 2003)
Após a influência de Dewey, que inclusive foi professor do baiano Anísio
Teixeira, os pioneiros da então chamada escola nova fizeram um manifesto,
que foi redigido por Fernando de Azevedo, que é outro grande nome da
educação brasileira. Segundo esse manifesto, “a “escola nova’ teria por
base a atividade espontânea, alegre e fecunda, dirigida a satisfação das
necessidades do próprio indivíduo”. (Ghiraldelli 2003)

Com isso, não só outras disciplinas mas também a história foi beneficiada,
pois sua pratica pedagógica e ensino também foram discutidos e
reavaliados, pois para a nova tendência este ensino não poderia continuar
da forma em que se encontrava. Segundo Nadai, defendeu-se a
necessidade de os alunos “adquirirem os hábitos de investigação, de
análise, de juízo, de generalização, de raciocínio lógico, de crítica, em todos
os quaes a memória irá entrar com o valor positivo de instrumento
utilíssimo, indispensável, mas um só e mero instrumento na função
conjuncta e complexa de todo trabalho mental” (Nadai 1993)

No ano de 1934, foram instalados os primeiros cursos universitários de

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formação do professor, segundo a autora, as principais contribuições foram


de cientistas franceses. Naquele momento o Brasil teve uma chance de se
tornar um país mais igualitário, apesar do positivismo do Instituto Histórico
e Geográfico de São Paulo.

Nos anos sessenta, foram testados currículos, métodos de ensino,


conteúdos e práticas pedagógicas; inovações direcionadas para a
interdisciplinaridade e pela aceitação do aluno como co-responsável pelo
seu processo educativo. É uma pena que após a implantação da Ditadura
Militar em 1964, isso foi interrompido, pois neste momento não era
interessante para as forças dominantes se formar uma nação pensante e
crítica.

“O ensino superior, no Brasil pré-1964, já significava cada vez mais, a


chance de alguns setores ascenderem socialmente e de outros, a de não
descerem tão rápido.” (Ghiraldelli 2003)
O governo ditatorial foi um atraso a democracia do país, pois a partir desse
momento as elites queria tornar o ensino superior restrito à elas. Vejamos
o que disse o ministro Roberto Campos, referente ao assunto:

“O Ensino Médio deveria atender a população em sua maioria, enquanto o


Ensino Universitário fatalmente deveria continuar reservado às elites”.
(Chiraldelli 2003)

Surpreendentemente, nessa época segundo a Nadai, a produção história do


país foi se renovando com o emprego da dialética marxista como método
de abordagem e também os temas de pesquisas tornaram-se mais
abrangentes e direcionados para o social, os operários ao homossexual, o
negro, a mulher, os camponeses, etc. (Nadai 1993)

Os responsáveis por esse novo olhar para a sociedade foram os


historiadores da terceira geração da Escola dos Annales, eles interessaram-
se por temas pertencentes ao domínio da cultura e o questionamento do
primado até então conferido, ao estudo das conjunturas econômicas ou
demográficas. (BURKE 1991)

Muitos textos falam da oposição entre a escrita marxista e a da Escola do


Annales, porém Georges Duby diz que “parece-lhe incontestável que tudo o
que se fez de sério na escola histórica francesa parte de esquemas de
análise que derivam muito directamente das teorias marxistas. (DUBY)

Com essas influências sobre o ensino e produção histórica do pais, regime


militar passou a intervir no ensino de tal forma, que até Karl Marx que já
estava morto há tempos, eles procuraram para prender, pois sua literatura
os estavam incomodando. (WILIANS, Jean. Mini-Curso: Ditatura Militar e
Globo e Você 2004)

Eles propugnavam a formação de cidadãos dóceis, obedientes e ordeiros,


além do esvaziamento do lado crítico e contestador.(Nadai 1993)

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Com o fim da Ditadura Militar, ainda segundo Nadai, ocorreu a emergência


de novas propostas curriculares. Desde 1985 até os dias de hoje tivemos
cinco presidentes no Brasil, estando o quinto em plena regência, porém por
incrível que pareça, apesar de maior liberdade e respeito pelos setores
sociais, a concentração de riquezas no país aumentou de forma
assustadora e o ensino continua excludente. As classes baixas não tem as
mesmas condições de colocarem seus filhos em boas escolas particulares,
já que o ensino público a cada dia esta com o nível mais inferior, enquanto
que os filhos da burguesia preenchem as vagas nas universidades públicas
do país.

Se o sistema político do país pretende ser mais democrático é preciso


investir na educação e no ensino e produção de história, de formar a criar
um futuro melhor, com toda a população sabendo utilizar o poder do voto.

Referência Bibliográfica:

• GHIRALDELLI, Paulo. Filosofia e História da Educação Brasileira. São


Paulo, Manole 2003.
• DUBY, Jorge. A História: Um divertimento, um meio de evasão, um meio
de formação. In: Le Goff, J.(org). A Nova História. Lisboa, Edições 70,
s.d.,p.41-44
• BURKE, Peter. A Revolução Francesa da Historiografia: A escola dos
Annales,1929-1989.São Paulo: UNESP, 1991.

Leandro de Assis

Enviado por Leandro de Assis em 09/03/2010


Código do texto: T2128133

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Sobre o autor

Leandro de Assis
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