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Série Manuais Académicos - Psicologia social ‘Aroldo Rodrigues; Eveline Maria Leal Assmar e Bernardo Jablonski - Pratica de texto para estudantes universitdrios Carlos Alberto Faraco e Cristovao Tezza - Oficina de texto Carlos Alberto Faraco e Cristovao Tezza ~ Pesquisa social - Teoria, método e criatividade Maria Cecilia de Souza Minayo (org,); Suely Ferreira Deslandes e Romeu Gomes Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP) (CAmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Faraco, Carlos Alberto Pratica de texto para estudantes universitarios / Carlos Alberto Faraco, Cristovao Tezza. - Petrdpolis, RJ : Vozes, 2016. (Série Manuais Académicos) | Bibliografia ISBN 978-85-326-5201-0 1. Portugués ~ Estudo e ensino 2. Portugués - Redacio 3. Textos 1. Tezza, Cristovio. 92-1747 CDD-808.046907 Indices para catdlogo sistematico: 1. Pratica de texto : Portugués : Estudoeensino —808.046907 capitulo 9 Texto de informagde ~ Il atividade 1 ides de um bom texto a ‘As qualidac ergunta: qual € primeira qualidade de um bom texto? S¢ p¢, or uma P ; é 0 que nds somos! ~ cm io leon ‘comum de todos os dias ~ que, afinal, ‘ ° ” ae leeal ele talyey gui ‘numa palavra: a clareza, Todos gostam de entender 0 q ! respondesse pecialistas em letras, aos professores chatos« ao di to somente aos ¢5} reza nao diz respeito So) s i ; ¢ s ‘ sass Veja esse trecho de um artigo de jornal sobre manuals de instrucao; ‘Ao melhor manual de instrugao para uso de produtos elétricos € eletroeletrénicos falta ie rdetalhe decisivo: 0 técnico para traduzi-lo. Esses manuais S80 capazes de tra alegria natural de quem chega em casa com umn produto novo ¢ quer colocé-lo em fu cionamento. A industria ja percebeu que este € mals um dos seus pontos fracos eadmite que, além de seus técnicos e redatores dos departamentos de marketing, ninguém msi consegue deciftar as instrudes, So pegas confusas, mal esritas,repletas de exes sbes em inglés ou conceitos técnicos inacessiveis aos legos. “Quando nao so omisss, dao margem a interpretacoes erradas”, diz o onbudsman da Associacao Brasileira da Indistria Eletroeletronica (JB, 3/2/92). No manual de instrugées ¢ mais imediatamente visivel a importancia da clareza de um texto — mas essa deve ser uma qualidade fundamental de qualquer texto, independente mente de sua fungio ou objetivo. A questdo é que a clareza nao ¢ uma qualidade univers, abstrata - cada tipo de texto, cada género, tem 0 seu modo especifico de ser claro, a suz estratégia de conquistar o leitor. Num manual de instrugées, as vezes um desenho ilustrativo bem-feito substitui as palavras. Num romance policial, o autor em geral oculta informagies no inicio, poe pistas falsas, cria suspense, ou o leitor vai se desinteressar... JA uma noticia de jornal tem a obrigagao de dizer tudo que se sabe a respeito do assunto. Enfim, um po to-chave é pensar no leitor e colocar-se no lugar dele para escrever um texto bem-sucedido. aos jorn Mas, afinal, o que é um texto “bem escrito’? me ete on te como ja pudemos perceber ao longo dos capitulos anterior’ Cama dea 3 aspectos que ultapassam os lites do que se costuma chan s* ieee oa asta que 0 texto obedeca as regras de uma gramatica normative: cjam corretamente grafadas, que as leis de concordancia-padra0 $i" seguidas etc, Porqui entre dois (ou lea ° fexto em si ndo é nadal Ele é, de fto, uma FO - ae . A organizacio i re lacdo & organizacio externa do enuacinde neo imerna do texto s6 tem sentido co” r Arios, a qualidade > . and fe seus ust os a i de um texto escrito s6 pode ser medida com relagio a funeit de quem escreves 20 wniverso de quem Ié-¢ a0 assunto de que se fala ee ir nosso jul; . experimenta jJulgamento, Nos textos abaixo, assinal A i sao mal escritos. assinale os que sao bem escri- em Bagda virou dia. Um dia assusta se pase ms pte dee ee ge sei sss € POE fim quase que se curvando dliante da fatalidade da marcha da Historia. Sobre 0 ber- ja evilizagao, a Mesopotamia fértl dos livros de escola a Babilénia dos delirios de poder de sonarcas dO passado, de grandes batalhas e vicios inconfesséves, a primeira guerra qpente do ado pos-Cuerta Fria comesou pouco antes das 3 horas da madrugada de quinta-feira no Golfo go. Uma guetta pos-moderna, como nunca se viu antes fora ds telas do cinema e dos moni- ‘ogame. Uma guerra com nome de filme — Tempestade no Deserto -, assistida ao vivo destinada a dobrar um ditador de opereta, mas sanguinrio. , sresce vide peaeleisio e Jexto2 Dentro da Casa Branca porém, a hist6ria era outra, segundo 0 assessor € 0 Ministério da Defesa. O mesmo foi uma das principais pecas na desmontagem das operagdes secretas definanciamento dos contras nicaraguenses, onde nem sabiam nem tinham recebido arma ‘4 tinha falado sob a falta de legalidade da transferéncia de dinheiro para o escri- nenhuma. J tirio de Oliver North, enfrentando a teimosia do presidente e convenceu ele para que devia suspendera ajuda militar aos contras. Texto 3 Jogo amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lil que nao amava ninguém. Jodo foi para os Estados Unidos, Teresa para 0 convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que nao tinha entrado na historia. ee ceeeeeeee SE VOCE NAO SE CUIDAR AAIDS VAITE PEGAR Texto 5 Sy Presidente Tancredo Neves fez duas operasdes cin gicas. Uma no intestino, supos- ‘ente para resolver uma diverticulite aguda. Outra em ‘Sao Paulo, onde se concentrou Mas, apesar disso, 0 velho regime ‘ar & maio, r ee A . z, says gee dos politicos para discutir a sucesso. Na desabando, _ Texto 6 conhecida como 3G, serg ben itas i n mensalmente, muitas ideias em decor.” "i toda a aparéncia de um apartamento, lhor seu espaco. Na cobertura da guerra dente estava ao telefone quandg Anu i A tao esperada terceira geracao da telefonia celular, que um simples telefone. Decorative traz, vocé dar personalidade a uma casa, mudar beleza de intimeros detalhes e aproveitar m bateu primeiro a porta da ABC, cujo correspon “um cenario de fantasticos clarées” Texto 7 Cheque Mac - Que tal encarnar o Kasparov e desafiar o seu iMac para uma parti, 4 xadrez em 3D? Gratuito, o Sigma Chess Lite 4.0.2 € bem profissa. Tem banco de dados 4 finalizagdes, biblioteca de jogadas e um visual 3D que reprodu tabuleiro e pecas com realismo, Dé para optar por varios niveis de dificuldade. Selecione um bem fraquinho, ter a sensagio de vencer o bicho. wy loa Oy Maing SOpra Roteiro de leitura Agora que vocé jd separou os textos bons dos textos maus, responda: 1.0 que ha de errado nos textos que vocé considerou mal escritos? 2. Em cada um dos textos, é visivel a intengao com que eles foram escritos? 3. Dentre os textos que vocé considerou mal escritos, algum deles tem solucao? 4. Voce é capaz de imaginar uma situacdo em que todos os textos lidos, sem que se my: dasse uma virgula, seriam bons? Observacio: 0 texto 3 ¢ o poema Quadrilta, de Carlos Drummond de Andrade, Atividade 2 Cortestio e adequacao O critério de corregdo do texto, isto é, a qualidade de seus aspectos técnicos com relacio ao dominio da lingua padrao escrita, depende muito da adequagao da linguagem escolhids ao que se pretende dizer ao leitor. Nesse sentido, o texto 2 6 um mau texto; a intencao de informar se perde em meio a sua ambiguidade, resultado do mau dominio do padrio esti to da lingua. © emprego confuso das palavras mesmo e onde, (convenceu ele) num registro que nao aceita tais formas etc,, tudo isso “espanta’ o leitor. i texto 5, embora sem erros desse tipo, é destruido por um tinico problema, como voct deve ter percebido. Mesmo assim, seria talvez um bom texto, se a intencdo fosse o humor! O texto 3 teria tudo para ser um péssimo texto, digamos, informativo, pela repetisi0 oragbes relativas (“que amava”), E como poema, 0 que voce achou? O texto 4 tem ui & gramatical, segundo a gramitica escolar mais conservadora: a mistura de “voce” com" ‘Mas, pensando como uma chamada publicitaria de saiide publica destinada a populasio® Bera, o texto é mau? As oragées do texto 6 ndo tém nenhum erro, segundo a gramético™” © uso de formas da oralidate va. Mas da para diz er que © Conjunto ¢ pot 8 CUEE ARE © Conjunto & 2 ohana aatengio? c um “texto”? E Eno texto 7, que aspecto da lingua- nocd de unidade iaesa altura, Voc’ J deve ter Percebido que tod ode intensio, assunto elinguagem. Na verdade, ot ¢ m texto tem unidade, isto &, um equili- ir que seja bem-sucedido, exto escri ‘dido. Ao contrévio da lingua “Mo escrito ria a sua propria unidade Mia” sem que necessariamente uma coisa tenha av gem oral, em que “uma coi st a er wa actor ese gual et ruptura denen “com outra (a simples presenga fisica = qual : 0 texto escrito &b: i ere que.o leitor nfo sof a ito é bastante exigente nest spel ; a Seem nee Ou nao jogue fora o que escrevemos ji mas rime’ 7 aie relagdes entre as partes estejam visiveis, : nos sjam imediatamente compreensiveis, * 4 que pelo menos sejam para fins didaticos, podemos dividir essa unidade interna do texto escrito em di 7 a) Unidade temdtica. Um texto bem escrito delimita com clareza o seu saumoceneal b) Unidade: estrutural. Um texto bem escrito estabelece uma sequéncia légica de informagoes Sabemos que a unidade temdtica (isto é, o texto deve tratar do mesmo assunto) ea wnidade estrutural (isto é, 0 texto deve obedecer a uma sequéncia coordenada de informagdes) sto elementos fundamentais de grande parte dos textos escritos por uma raz4o muito simples: ks facilitam a vida do leitor. Fotexto literdrio? ‘Mas hd um tipo de texto que nao se enquadra necessariamente nessas exigéncias, pelo me- nos nao de um modo imediatamente visivel: 0 texto literario. Nés sentimos que as coordena- das do texto literdrio sao outras. Eis ai uma boa questao a se discutir! Siga o roteiro, tomando como referéncia os romances, contos e poemas que vocé tem lido. a) Com que intengdo se escreve um texto literario? (Lembrete: os autores deste material diditico nao sabem a resposta! Observe que a intengéo especifica de um género literario qualquer - um romance policial, por exemplo, que pretenda apenas entreter o leitor, ou um Tomance-reportagem que tenha por objetivo denunciar mazelas sociais z nao esgota de modo algum o universo da linguagem literéria. Em geral, o texto literrio no tem uma natureia wtilitdria...) b) Vocé certamente jé escreveu pelo menos um poema na vida. Qual era a sua intengao? ©) muito facil julgar a qualidade de um texto de informagio ou de opiio. pete etn ‘idadio razoavelmente bem informado ¢ nao entendeu o que um ain 7 jr in bad zt, mesmo. depois de ler 0 texto trés vezes, com certeza ele nao presta! Com 0 ss aacao do \eltGr? *ontece a mesma coisa, ou ele exige algum grav de especializagno do eid outras lingua- 4) A linguagem literdria é, frequentement® um territ6rio de ane fe lanirte Bets. Nesse sentido, pode representar também uma subversio‘ ae a ee cag consebe de drao ~ aliés, essa parece ser a regra geral da boa literatura. ‘is na literatura? ‘idade a que nos referimos acima também podem ser subver ou 0 poeta, cle nao inventa a linguager i riando-as, transformando-as, submetende it € Sel Os; meat a literatura Pode ser referengy ta fo que vem antes? @) Por mais original que seja o romancist pa se alimenta das inguagens Ne © rodeiam 4 ‘go seu proprio universo. Nesse contexto, em 4 a ingua padrao eserita® us mals simplesmente: pratica de Texto estamos discutindo, escreva um pequeno texto literdrio: um Poem, a, Para voce sentir 0 que historia curta. o inicio de um romance, uma Atividade 3 unidade tematica e unidade estrutural Vamos agora aprofundar um pouco mais a novao de unidade. Leia o texto que se segue. Texto 8 ‘Turista ocasional le jd foi visto por aqui 24 vezes, apavorando pescadores ¢ banhistas. ‘Mas parece preferir dguas mais frias. Marina Moraes ‘Temido como poucos animais do mundo, ¢ tido como um “devorador de homens, oy bardo branco vive mais da fama do que de um histérico violento de fato. Sua imagem sen guinaria, a gigantesca mandibula aberta com dentes pontudos ou a nadadeira em meia-lua ganzando na agua & procura de carne humana, ganhou mundo no rastro do filme Tubaro, a déeada de 70, € nio saiu mais de cena, Apesar de frequentador apenas esporiico do nosso litoral, esse personagem sombrio dos mares povoa a imaginacao de muitos peste aes ates ebashstas que, vra€ mexe, se sobressltam com Sua possve presen po perto, Otto Bismark Fazzano Gadig, especialista em tubardes ¢ professor de biologia marth da Universidade Santa Cecilia, em Santos (SP), ha oto anos pesquisa o assunto. O capitulo que assina no livro Great White Sharks, langado nos Estados Unidos em 1996, trata exata- mente da ocorréncia e distribuicao da espécie no Brasil. De acordo com Otto Gadlg, os padres migatéros do tubardo branco no Atlantico Sul ainda so desconhecidos, wo st cman ents ‘ A 4 ” : SE ee ean ech oenenndunss petiscando aqui por acaso, Sua distribuigio esta SE ec resaised e igdo esté mais restrita as Sul e Sudeste do pals em especial o litoral norte do Rio de Janeiro, ond isa Fam i seek tant! lea ressurgéncia é comum em determinadas Spdin sattlleadg 2h regen tados pelo professor Gadig, desde o fim do século passido rium rio que val da costa do Cea de aparecimento de tubardes brancos n0 literal brsié? ceu em abril de 1998, ard a do Rio Grande do Sul, O episédio mais recente #0" quando um exemplar de aproximadamente 3 metros foi capturadeP™ 130 rr gngrupe de poacadores Laban a costa, no sul do estado de Santa Catarina, A maioria dos jabarees Bracos encontrados no Brasil até hoje media mais de 4 metros. As aparigbes desses gigantes marinhos podem ocorter tanto em oceano aberto quanto gn areas costeiras. Acredita-se que fazem incursdes & costa quando identificam presenga de focas ¢ le0es marinhos, seu principal alimento, © movimento de pessoas ¢ embarcagbes também é um atrativo para a espécie, que pode nao sé nadar na superficie como mergulhar S100 metros de profundidade. Ao contrario do que acontece na California ou na Australia, ataques contra pessoas sio ra rosno Brasil. Apenas dois casos foram registrados no pais. O primeiro, em fevereiro de 1981, aconteceu em Cabo Frio, Rio de Janeiro, quando um mergulhador foi mordido no bragos © qutro, em Buzios, também litoral norte do Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1997, quando 0 windsurfista Joao Pedro Portinari, de 22 anos, foi mordido na perna. Na hora do acidente, Jojo Pedro nao percebeu que havia sido atacado por um tubario, Garoto de praia ¢ ligado as questoes do mat, ainda na mesa de cirurgia pediu que fossem tiradas fotos dos cortes para queum especialista pudesse examinar. Otto Gadig foi chamado e imediatamente identificou amordida de um tubarao branco. “As marcas deixadas por ele so caracteristicas’, diz Gadig. “Notam-se claramente as perfuragées individuais que correspondem 4 agao de cada dente triangular, largo e serrilhado.” Apesar do tamanho do agressor (calcula-se cerca de 4 metros € | tonelada de peso), 0 garoto salvou-se, porque o tubarao branco, por ser uma espécie muito seletiva do ponto de vista alimentar, apenas mordeu a perna dele e a largou, provavelmente por ter percebido que nao se tratava de uma de suas presas habituais. Ainda assim, Jodo Pedro levou mais de 250 pontos. ‘Aauséncia de grandes quantidades de focas ¢ ledes-marinhos é também um fator limitan- tepara a presenca desses animais no nosso litoral. “Mas isso nao deve ser a explicagao basica, porque, na Argentina, hd coldnias de ledes-marinhos e, na regido Sul do Brasil, temos alguns grupamentos desses animais’, lembra Gadig. Nas suas rapidas passagens por aqui, os tuba- res provavelmente se alimentam de outros grandes mamiferos marinhos, como golfinhos e baleias pequenas. O tubardo branco capturado em Cananéia, litoral sul de Séo Paulo, em dezembro de 1992, um gigante de 5,3 metros de comprimento, trazia restos de golfinho em seu estimago. “Infelizmente, a maioria dos tubardes brancos capturados no Brasil nfo teve 0 estémago analisado’, conta 0 bidlogo. Por ser tio cercada de mistérios e esteredtipos, a espécie é frequentemente procurada por mer- guihadores, que se protegem em gaiolas antitubardo para fotografé-la ou filmé-la de perto. Essas siuac6es arifcialmente criadas, com pessoas em gaiolas e embarcagées jogando grandes quantida- des de carne e sangue, acabam causando um exagerado estimulo sensorial e estresse no animal. E 0 resultado quase sempre é 0 comportamento agressivo, nervoso, apreciado pelas cameras. Curiosamente, apesar de registrada & exa branco ainda é pouco conhecida. Gadig salienta a brasileiros para a divulgagio de suas descobertas a0 nisso: a maior parte das informagdes sobre o tubara Tunicacdo nao corresponde & realidade ou tende ao esperado pelo public e tio wusto em imagens, a histéria natural do tubarao falta de oportunidade dos pesquisadores paiblico. “A midia tem responsabilidade 1 branco divulgadas pelos meios de co- sensacionalismo’, afirma. importancia desse any Jo brasileira nao est4 educada para entender a importancia desse anima , “A pop tla ae one oje considere o tubarao branco em vias de extingdo, com bacy wet ‘ambiente. Ha quem hoje cond em pontos como a Australia ea Africa do Sul, Apes, 8 inio populacior crescente declinio p . ‘ ater’, nta Gadig. 0, tle ainda mantém esse estigma de mau-caréter’, Jame ie: National Geographic Bras, aig a Roteiro de leitura a 1. Para avaliar a qualidade do texto lido, vamos comegar de basico: gre tem unig, temdtica? Para conferir, escreva um resumo do texto empregando enwre €30 Palavras 2, Segundo aspecto a considerar: o texto tem unidade eseraturale avd Notando en, topicos 0 assunto de cada pardgrafo. Em seguida, cons idere se ° paré a os edecem a sequéncia coordenada de informagdes. Sublinhe, no inicio de cada um deles, 0s relator, 6, as palavras e expressdes que relacionam o que foi dito com o que se vai dizer em Seguid, fazendo a costura do texto. 3. Todo texto bem escrito estabelece um sistema de referéncias que situa oleitor no Univer. sodo que se le. Parece que esta é uma regra universal; mesmo o texto literério mais fantisig estabelece, para o leitor, um mundo possivel. Por exemplo: em A metamorfose, célebre noygy do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924), o personagem central se transforma “numa ey. pécie monstruosa de inseto” logo no primeiro paragrafo. Ora, as pessoas nao se transformay em insetos, mas nés aceitamos a informagao de Kafka de imediato e passamos a ler o lity dentro desses parametros. Entretanto, se léssemos na pagina de politica de um jornal sétip que o ministro Fulano de Tal néo compareceu a ceriménia porque se transformou subita. mente num ornitorrinco e esta sendo examinado por uma junta médica... bem, alguém fc louco na redagao, e nao foros nés! ‘ade Em O turista ocasional, como se estabelece esse sistema de referéncias? Assinale as infor magoes concretas que imediatamente nos levam a acreditar no que o autor diz. Observe, nesse aspecto, como sio de fundamental importancia as informagdes que o leitorjé tems cabeca quando comega a ler o texto. £ para um leitor especifico que © texto se dirige. Est texto poderia ser publicado na Suécia, por exemplo, exatamente como est4? Outro aspect relevante: onde o texto se encontra? A propria revista jé estabelece uma expectativa deleiturs isto é, coloca o leitor num universo familiar, Previsivel, de informacées. 4. Considerando 0 assunto do texto ¢ a intengao com que foi escrito, vocé diria que as linguagem (vocabulério escolhido, estrutura e extensio das oragées, registro gramatica adequada? 5. Somando todos os aspectos, O turista ocasional é um bom texto? Atividade 4 Os relatores ‘ ' Vamos agora aprofundar a questi dos relatores, que so uma espécie de espinha dor é qualquer texto bem escrito. Considere as palavras sublinhadas no pardgrafo seguinte! 132 outer de homens’, 9 ee ‘lento de fato. Sua ima- Pontudos ow a nadadeira = leira Sanhou mundo no rastro do ‘edpresenga por perto. Otto Bsn ‘ebiologia marinha da Univers am com sua poss mark Fazzanc ano Gadig, ¢ : idade Sant 1B especialistae . ‘it . ita Cecil em tubar e es “ossunto, © capituld que assina no lyny Gea Sanlos (SP), hicto anos pa fessor esquisa fem 19%, trata exatamente da o . ite Sharks, correcin edistibucan ge nos Estados Unidos ie no Brasil. De acordo com Otto Gali 08 padres migratérios do a desconhecidos, mas seu aparecimento quase tubardo branco no Atlintico Sul ainda sio a dgoa fia aflora para a superficie, confirm ee em locais de ressurgéncia, em que queda pee tempero| brasileiro e sé acaba petisean “ona - esse animal nao tem muita maisestita as regiesSuleSudese do pas, em epee Scns onde a ressurgéncia é comum em determinadas fpocas do at norte do Rio de Janeiro, observe queas palavras em negrito, isoladamente, nada significa; é relagio que estabelecem entre uma informacio e outta Alger sane que ene et eos ete Iguns aspectos que devern ser «num texto bem escrito, eles ndo permitem ambiguidade. Por exemplo, | sua imagem sanguindria refere-se exclusivamente a “tubario branco Seo itor es seentender que imagem sanguindria refere-se a*homens’enéo"tubaréo brane! ote tocomecaria mal... hd duas importantes distingdes entre a oralidade e a escrita. A primeira nés ja vimos: a oralidade dispde de recursos extralinguisticos que resolvem qualquer ambiguidade (um gesto, um dedo apontado, uma informagio presumida porque voce jé conhece © interlocutor etc). A segunda é o fato de que alguns relatores passaram a ser usados ex clusivamente na escrita, Por exemplo, considere as express6es seu e sua, no texto acim. Na linguagem oral, elas se transformam quase sempre erm dele e dela (formas que tam- bém podem ser perfeitamente usadas por escrito). Veja que se eu lefo a oragao Fulano foi para a sua casa, nao ha diivida de que a casa é do proprio Fulano; mas se eu digoa alguém Fulano foipara a sua casa, o meu interlocutor pode entender que Fulano foi para acasa dele, interlocutor, e nao dele, Fulano.. + Finalmente, lemibremos que, se nao houves i Veja como ficaria um trecho sem eles: (0s padrées migratorios deere ae re Atlantico Sul ainda sao desconhecidos, mas © aparecimento do tata ra ate lusivo em locais de ressurgéncia (nos locals deressurgenciaa agua fi aster ranconaotemmuitaqued pelo eMPe do tubardo branco est fice), confirma a tesede queo tubardo ri F A distribuigao €56 acaba petiscando no Atlantico Sul por caso. terete do RO de saneira. mur em determi- mmaisrestita as regies Sule Sudeste do Bras” et No ltr norte do Rio de Janeiro aresugencla chia Nadas épocas do ano. 133, se relatores, a escrita seria insuportavel. ito em trés grupos prin, iti elementos em negri os Para fins diditicos, podemos separar 0 i ae it 1. Elementos de referéncia textual. S40 aqueles que ad a aera : . Palavras do proprio texto, e s6 tém sentido proprio em fungao dess e ie am relatore, geralmente apontam para palavras que jé foram eset (00 nicio da reso oragdo anterior, no pargrafo anterior), mas podem eT a P' Para palavtas que venham depois (Confira: 0 problema é este: que fazer? in és ‘macional. S40 aqueles que “apontam’ para informacges 2, Elementos de referéncia situacional. Sa0 24! on ea Heid estio fora do texto, na cabeca do leitor. Observe o subtitulo do texto: Sey4 Joi vst poy aqui 24 vezes... Pergunta: aqui onde? — 3. Elementos de relagao ldgica. Si0 aqueles que estabelecem uma relagio légica entre s) € outra (ou outras). Ainda no sup, uma informacio (ou conjunto de informag6es ‘nif “mas”? titulo, veja: Mas parece preferir dguas mais frias. O que signilice esse “mas! Observe também que todos esses relatores podem estar presentes no texto apenas imp}. citamente ~ a elipse. Confira a abertura do pardgrafo 4: “Ao contrario do que acontece ng California ou na Australia, ataques contra pessoas sao raros no Brasil’. Tomada isoladamente, essa oragao parece indicar que ha poucos assaltos no pais... Mas, no conjuunto do texto, &dbvio que os ataques de que se fala so os do tubarao branco, embora isso nao esteja explicito, Exercicio 1. No pardgrafo transcrito acima, assinale a que grupo de relatores pertencem as palavras em negrito. 2, Reescreva os grupos de oragées abaixo em um tinico periodo, empregando relatores ¢ eliminando as repetigdes. a) O Brasil tem problemas. Os problemas do Brasil nao acabam mais. Os problemas do Brasil se arrastam. Os problemas do Brasil parecem insoltiveis, Existem solucdes para os pro- blemas do Brasil. € preciso que haja vontade politica de resolver os problemas do Brasil. b) E necessario tomar precaugées na 4rea dos combustiveis. As precauges tomadas na drea dos combustiveis nao podem ser precipitadas. As precaucdes tomadas na drea dos combustiveis nao podem ser excessivas. Com decisées atabalhoadas, o que se conse- gue € provocar altas attifciais de precos. Com previsdes exageradamente otimistas 0 que se consegue é provocar altas artificiais de precos. ©) A guerra no Oriente Médio pode durar meses. No Oriente Médio se concentram as maio- res reservas de petréleo do mundo. Os paises ocidentais dependem das maiores reser vas de petréleo do mundo. 3. Como reforco, sublinhe os relatores e localize a referéncia de cada w Elas sio mintisculas, medem cerca de 2 milimetros de comprimento, mas si0 Pr" tagonistas de uma faganha inédita nos anais da zoologia: a construcao de un for- migueiro gigantesco, provavelmente o maior do mundo, com mais de 965 ¥i® metros de extensao, no Estado americano da Califérnia, As responsiveis pels 0" io as infatigaveis formigas do agiicar - aquelas miudinhas, comuns nas cots brasileiras -, que chegaram aos Estados Unidos no século XIX, a bordo de n#¥° 134 mesma espécie mas de colénias di ida e espago. Elas identi de genética € tdo pequena que as form jliar, Isso decorre do fa fami ato de serem todas descendentes de um grupo de imi jigrantes ito reduzido, Em vez de defender tertitérios distintos, as formigas portal it ti se comy o se estivessem em uma tinica colon com ma Unica colonia. Utilizando a mesma té * écnica empregada nos sxames de DNA, os cientistas conclu etade da om ncluiram que a formiga na California tem met rsidade genética de sua parente argentina. O resultado é impressionante: elas con- fe: elas con- em comida mais i segu depressa e esto vencendo a guerra com as formi i Veja, 1662 Pratica de Texto bse um breve feo de informagao, em dois paragrafos e cerca de 20 linhas, sobre o sur- nto de um animal estranho e desconhecido. Use a imaginacao! Se quiser, use 0 roteiro: 1. Comece descrevendo 0 animal, 0 local de seu aparecimento, a data e as condi¢ées da descoberta (quem descobriu, e como). 2. No segundo pardgrafo, descreva a reacao das pessoas e o interesse da imprensa. Feche o texto com a opiniao de um especialista (diga quem é, e transcreva sua fala entre aspas). Lingua padrao Vamos observar agora alguns tépicos gramaticais de um bom texto de informacio. Texto & A margem do tempo '™ TV nem despertador, a rotina de uma comunidade de descendentes de escravos que hé 200 anos se isolou na Mata Atlantica Vinicius Romanini, de Ivaporunduva um terreno montanhoso, uma \olada pelas éguas do rio, envolta numa mata fechada, em ida pelo pais que se desenvol- te : yeutt@ Comunidade permaneceu por mais de 200 anos esque talados em casas de pau a pi- tag ; Ua volta, Seus habitantes moram no meio da floresta, ins .ssenta familias que tiram seu Wee ase nio ta ta’ d¥8se nao tém contato com o mundo externo. Formam s* se _ Nao tém carro, nao assistem a televisio tent bag, ‘da caca, da pesca e da agricultura primitiva. ’ ‘je, misturam o portugues com algumas palavras de dialetos africanos e outras em 135

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