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hot rods # 135

ISSN 1808-9399
ano 11 #135
R$ 19,90

limousine ford 1930: casamenteira


picape chevrolet 1951 - limousine ford 1930 - ford mustang 1968

Chevy rural
Picape 1951 ganha mecânica 6cil
www.cteditora.COM.BR

para embalar “espírito fazendeiro”:


3º encontro de autos antigos - águas de lindoia (SP) influência gringa e tempero brasileiro
Original: Mercury Cougar 1967, o primo rico do Ford Mustang Cultura Hot: Viva Las Vegas chega à 19ª edição
História: A evolução da roda em 100 anos de história do automóvel Garage Tech: Saiba como estancar vazamentos
Editorial

Um atrás do outro
Águas de Lindoia, Curitiba Motor Show, Santa Catarina Custom Show, Viva Las
Vegas: os eventos que movimentam a cena Hot Rod no Brasil e no mundo
Ademir Pernias e Ricardo Kruppa - editores

C
omo prometido neste espaço na Cultura Hot Rod. E como o tempo não que chega à sua 19ª edição e tem
edição anterior, este mês publica- para, no próximo mês traremos uma mais uma vez destaque no Car Show.
mos a cobertura do 3º Encontro reportagem sobre a última edição do Este ano, o colaborador Victor Rodder
de Autos Antigos de Águas de Curitiba Motor Show realizada no Autó- foi acompanhado da fotógrafa Mel
Lindoia (SP), já considerado um dromo de Curitiba. Gabardo e do rodder brasileiro Sergio
dos mais importantes encontros do E para quem quer se preparar para Liebel, de Curitiba, que fala sobre suas
segmento. Além de um evento de lazer o próximo evento de peso, Hot Rods impressões sobre o encontro.
para os aficionados por carros antigos, lembra que, nos dias 11 e 12 de junho, Tudo isso, além das colunas sobre
originais, customizados e hot rods, o vai acontecer o Santa Catarina Custom história dos hot rods, passo-a-passo de
encontro de Águas de Lindoia é um Show, em Itajaí, que, em sua 6ª edição, serviços e um artigo sobre uma alternati-
relevante motor de negócios envolven- já é uma referência em kustom kulture. va para as pistas de sal de Bonneville e
do não apenas os carros, mas também Este mês, além da reportagem sobre El Mirage, nos EUA, aqui no Hemisfério
uma infinidade de peças, acessórios Águas de Lindoia, trazemos uma maté- Sul, na Bolívia.
e objetos relacionados ao universo da ria de peso sobre o Viva Las Vegas, Boa leitura e até a próxima.
Sumário

picape chvrolet 1951

46 Veículo ganha mecânica 6 cil para embalar “espírito” fazendeiro; influência partiu de um
modelo norte-americano, mas há muita brasilidade no projeto

Hot Rods
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encontro - águas de lindoia limousine ford 1930

06 3ª edição do Encontro de Autos Antigos


na estância hidromineral vira referência 22 Entusiasta une duas carrocerias em projeto
inusitado e recria clássico para casamentos

viva las vegas ford t roadster

30 19ª edição do evento é a primeira para um


dos mais importantes rodders brasileiros 58 Construção do modelo dois lugares finaliza
a lataria; próxima etapa é a pintura

técnica mustang 1968

64 Brasileiro planeja “transferir” corridas de


velocidade dos EUA para a América do Sul 74 Com bloco 289 V8, Mustang é diversão
garantida nas mãos de qualquer marmanjo
3º Encontro Brasileiro de Autos Antigos

Hots em Lindoia
Hot Rods 6

3ª edição do Encontro Brasileiro de Autos Antigos reúne


mais de 500 carros no interior de São Paulo
Texto e fotos: Ricardo Kruppa
Hot Rods 7
5º Santa
3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos

E
ntre os dias 21 e 24 de abril, a
Praça Adhemar de Barros, em
Águas de Lindoia, interior de
São Paulo (167 quilômetros da
capital), recebeu a 3ª edição do
Encontro Brasileiro de Autos Antigos.
Atualmente, o evento é considerado o
maior encontro de carros antigos de
todo o país.
A revista Hot Rods, mais uma vez,
esteve lá. Foram mais de 500 carros
expostos, sendo 250 apenas na parte
de vendas, além de cerca de 350 ven-
dedores de peças antigas.
A feira de peças era muito rica em
opções, sendo que praticamente toda a
frota de carros antigos era contemplada
com acessórios: desde diferentes tipos
de Fusca até modelos mais antigos
extremamente raros.
O encontro contou também com a pre-
sença em massa do Curitiba Roadsters,
bem como de outros clubes nacionais
e internacionais, com destaque para a
visita de representantes da FIVA do Uru-
guai e da Argentina.
Além dos hots mais usuais, foram vistos por
lá também veículos clássicos das décadas
de 20, 30, 40 50 e 60: Ford T, Ford A,
Studbacker, Lincoln, Dodge, Galaxie e
uma grande quantidade de Mavericks.
Durante os quatro dias de evento, as
noites foram reservadas para a premia-
ção, no Espaço Burle Marx, que contou
com a presença dos renomados pilotos
Wilson Fittipaldi Jr e Bird Clemente.
Após o sucesso na edição 2016, é hora
de já começar a preparar novos projetos
para a confirmada edição de 2017.
Hot Rods, como sempre, estará lá!
Hot Rods 8
No destaque,
Hot Rods 9

Ford 1940 no estande


da Marin Olds
5º Santa
3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos

Grande número de Maverick no entorno da praça Adhemar de Barros


Hot Rods 10
Hot Rods 11
5º Santa
3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos
Hot Rods 12
Espaço reservado para os hot rods.
À esquerda, Ford 1932 da
VFort Pneus

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5º Santa
3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos
Hot Rods 14
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5º Santa
3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos
Hot Rods 16

No alto, integrantes da coleção de Ferretti Studebaker


Abaixo, os estandes de vendas de peças e acessórios

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3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos
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5º Santa
3º Encontro
CatarinaBrasileiro
Custom Show
de Autos Antigos
Hot Rods 20
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Limousine Ford 1930
Hot Rods 22
Até que a morte
nos separe!
A pedido da mãe, entusiasta reúne duas carrocerias
em projeto inusitado e recria um clássico que faz os
noivos atrasarem na entrada da igreja...
Texto: Bruno Bocchini::Fotos: Mel Gabardo

Hot Rods 23
5º Santa
Limousine
Catarina
FordCustom
1930 Show

A
lguns casais, mais modernos, qual automóvel irá levar a noiva à porta toda noiva tem como regra atrasar na
apenas somam escovas de dente, da igreja. Chevrolet conversível 1947, hora da cerimônia, com a Limousine
outros – tradicionalistas – preferem Citröen 1951, Cadillac 1937, Rolls serão os noivos a chegarem atrasados
Hot Rods 24

costurar o amor em um matrimô- Royce ou Buick. As opções são vastas, (afinal, qual marmanjo não fica de quei-
nio. Os preparativos começam mas nada como um grande clássico xo caído ao olhar um carro como este?).
com antecedência e vão além dos para "raspar as latinhas no asfalto". Este Sergio Liebel, rodder e entusiasta de
trâmites para a união civil, festa, "mimos" modelo Limousine 1930 não apenas Curitiba (PR), atua no segmento de restau-
para convidados e, claro, a viagem de carrega a proposta de ser um "carro de ração e customização de antigos há mais
lua de mel. É preciso checar a previsão noiva", como também permite contar de 30 anos. Apaixonado pela linha Ford
do tempo para o grande dia e decidir a própria história. Há quem afirme: se da década de 30, ele é reconhecido por
exibir grandes projetos, não apenas para duas carrocerias de quatro portas que
si, mas também para amigos e clientes vieram em um lote de carros que havia
que procuram seus serviços na oficina comprado em Porto Alegre. Já havia cons-
Bancos de couro, tape-
Hot Rods 25

Hot and Rusty. Liebel é proprietário desta truído outros hots apenas com pedaços
Limousine e, mais que isso, não abre da carroceria e achei que poderia trans-
mão de ser também o motorista exclusivo. formar aqueles pedaços que sobraram çaria em tons claros e
"Minha mãe, que acompanhou todos os em um carro para noivas. Então decidi
projetos, um dia me pediu que fizesse um que chamaria esse modelo de Luci, em tela de 24” no interior
carro para noivas. Pedido dela é ordem homenagem à minha mãe. E também, é
para mim. Lembrei-me de pedaços de óbvio, virei o motorista", conta.
5º Santa
Limousine
Catarina
FordCustom
1930 Show

Reunir características de dois automó- Estados Unidos. Após "transportar" as com eixo original, rebaixado, de duas
veis distintos em um mesmo projeto não medidas para a própria Limousine Ford polegadas). A carroceria foi alongada
é tarefa fácil. Mas, segundo Liebel, ele – somadas a sete anos de trabalho – Lie- aproximadamente em 90 cm divididos
não imaginava o trabalho que haveria bel conseguiu um resultado satisfatório. por todo o carro em proporção. O
pela frente. "Consultei meu parceiro de Fruto de paciência, horas de atuação e jogo de rodas escolhido foi do ano de
projetos Sidney Lindbek, que sempre dedicação. "Viajei duas vezes aos EUA 1934, aro 16 com pneus 6.50- 16.
topa qualquer parada. Eu tinha dois para acompanhar detalhes e comprar Grade, faróis e para-choques são do
desafios pela frente, um deles era trans- peças faltantes para o projeto. Existe um modelo 1932 e volante do Ford 1937.
formar um carro que Henry Ford inven- misto de peças de anos diferentes de "Inicialmente ia utilizar dois estepes nos
Hot Rods 26

tou para ser popular em um estilo sofisti- toda linha Ford, mas procurei encontrar para-lamas, mas ao montar achei o
cado. E o outro foi alongar o carro sem um visual mais clássico", conta. visual muito carregado e acabei optan-
perder as curvaturas, encontrando as Quem paga é sempre o pai da noiva? do por suporte de estepe traseiro com
proporções sem deformá-lo", explica. No começo do serviço, Liebel conta porta-bagagens junto", define.
Para seguir com o projeto, o rodder que já queria utilizar rodas raiadas e Para a concepção do chassi, Liebel
estudou uma Limousine Buick norte-ame- sem freios a disco para manter o visual contou com a ajuda do amigo de
ricana que estava em um evento nos original da suspensão (que manteve infância Emersom Luiz, o Emo, que
A modelo Luana Malinoviski, de noiva, na Limousine de Sergio Liebel
desenvolveu um novo modelo para o rias – estava diante do espaço interno. cromados com madeira. Queria tam-
carro com estrutura para que supor- "Como nos Fordinhos o espaço é sempre bém a parede divisória com uma tela
tasse o dobro do peso que pretendia. um problema e eu queria utilizar ar-con- embutida de 24 polegadas, sistema de
"Não era a ideia focar no desempe- dicionado, optei por colocar as saídas multimídia para passar arquivos forneci-
nho, mas sim na segurança e estabili- do ar na divisão motorista-passageiro, dos pelos pais dos noivos após a ceri-
dade. Chamei também o Haroldo Fro- que inclusive tem vidro separador como mônia. Tudo deu muito mais trabalho do
ma para ajustes de caixa de direção, nas Limousines mais sofisticadas". que imaginava, mas ficou muito bom",
pois para um carro alongado eu pre- "Mimos" a Limousine Ford 1930 esban- comemora Liebel.
cisaria um sistema que tivesse grande ja sem piedade. Há campainha para o A cor externa do carro dividiu opiniões.
Hot Rods 27

área de giro", argumenta. passageiro chamar o motorista, televi- Liebel diz que amigos diziam para ele
O responsável por embalar o trajeto até sor, sistema de som, suporte para bebi- pintar a Limousine de preto, mas ele
a igreja é o bloco Chevrolet 4 cilindros, das e taças, banco com revestimento acreditava que poderia sugerir um carro
pelo fato de manter bom torque e manu- em couro, além de pinstripes, que dão fúnebre. Foi nessa fase que o entusiasta
tenção fácil para uso diário. E, se por o toque refinado ao interior do clássico. decidiu fazer uma enquete só entre o
um lado a mecânica foi facilitada, outro "Tinha o foco de misturar o estilo nostal- público feminino. "Mais de 80% das
problema – além da junção das carroce- gia com o moderno utilizando detalhes mulheres achavam legal usar branco.
5º Santa
Limousine
Catarina
FordCustom
1930 Show

Limousine Ford 1930


Mecânica
Bloco Chevrolet 4cilindros

Interior
Bancos de couro, tapeçaria clara, aca-
bamento em madeira, tela de 24 pole-
gadas, sistema multimidia, suportes
para taças e garrafas de bebida, deta-
lhes em pintura pinstripe e campainha
para chamar o motorista

Exterior
Jogo de rodas originais do Ford 1934
aro 16, pneus 6.50-16, grade, faróis e
para-choques do modelo 1932, pintura
em branco amarelado e suporte de
estepe traseiro com porta-bagagens

Quem fez?
Projeto Hot and Rusty – Sergio Liebel
e Sidney Lindbeck - (41) 3254-7178;
Elétrica - Rei Davi Art Elétrica – (41) 8524-
9540; Estofamentos Polaco – (41) 9155-
0996; Pintura – João Duarte – (41) 3254-
7178; Escapamentos Erasto – (41) 3356-
2969; Pinstripes Guga Airbrush – (41)
9855-3475; Chassi e adaptação mecânica
- Emersom Luiz (41) 9971-1281; Acertos
da caixa de direção e tornearia - Haroldo
Froma – (41) 3605-0110
Agradecimentos: Fotos - Mel Gabar-
do – (41) 3018 2772 e modelo Lua-
na Malinoviski.

Elas que mandam. Optei por um bran- para qualquer casal. A cada evento dirigir. Respondo sempre que ele confia
co mais amarelado que acabou ficando acabo descobrindo novos detalhes que totalmente em minhas habilidades.
mais delicado e sofisticado". podem melhorar e facilitar o uso. Para Acho que tenho cara de motorista mes-
Após ter as ações concluídas, a Limou- hot rods é a mesma coisa. Nunca está mo", brinca.
sine teve estreia com um casal especial pronto. Sempre melhorando ou reade- Os convidados até podem sair recla-
Hot Rods 28

para Liebel. "Levei minha mãe, Luci e quando alguma coisa", comenta. mando da festa de casamento, mas
meu pai, Jayme, inspiradores para esse Uma das curiosidades que Liebel se certamente do carro não terão o que
projeto e que me apoiam nas loucuras, diverte ao vivenciar está com relação dizer – e quem duvida que não haverá
para passear. Já fiz também alguns casa- aos curiosos que observam a Limousi- casal querendo casar pela segunda
mentos e o carro tem feito muito sucesso ne. "Como eu sempre sou o motorista, vez só para desfrutar de um passeio
em estilo e fotografa muito bem para as pessoas acabam perguntando se na Limousine? Renovar os votos vai ser
as memórias que são muito importantes o dono do carro confia em me deixar mais comum do que nunca...
Hot Rods 29
Cultura Hot

“Meu primeiro Viva!”


19ª edição do Viva Las Vegas Rockabilly Weekend é a primeira
para um dos mais importantes rodders brasileiros.
Confira a opinião de Sergio Liebel sobre o evento
Texto: Victor Rodder:: Fotos: Mel Gabardo
Hot Rods 30
Hot Rods 31
Cultura Hot

F
alar sobre o “Viva” é sempre um
desafio para mim, pois se você já
lê minha coluna há algum tempo,
sabe que sou fã incondicional des-
se Festival, que, para mim, sempre
foi o melhor de todos. Hoje, sem dúvida,
o Viva Las Vegas Rockabilly Weekend,
que acontece na cidade de Las Vegas,
em Nevada, nos Estados Unidos, é o
maior festival de música e cultura dos
anos 50. Mas começou mais modesto,
em 1998, 19 anos atrás.
Em 2001 foi quando tentei ir pela
primeira vez. Mas foi bem no ano da
Hot Rods 32

queda das torres gêmeas e negaram meu


visto. Fiquei bem chateado, como vocês
podem imaginar, e só consegui ir para lá
em 2008, quando, em todo o Festival, reunindo tudo que possa se relacionar à ano o festival se torna maior e melhor.
éramos apenas três brasileiros! E, desde “cultura rock” dos anos 50: bandas, sho- Nesta edição, que tive o prazer de acom-
então, fui praticamente todos os anos. ws, moda, carros, motos, filmes, apresen- panhar de perto na companhia da fotó-
Durante os últimos 19 anos, o “Viva” vem tações de burlesco e muito mais. E cada grafa e eterna namorada Mel Gabardo,
Hot Rods 33
Cultura Hot

foram seis dias intensos, contando com


a festa “pré-Viva”, que rolou na quarta-
-feira na casa de Ronny Weiser, da Rollin’
Rock Records, os quatro dias “oficiais” do
festival e o churrasco da ressaca, na casa
do querido Lee, que reuniu boa parte do
Brazilian Crew na segunda-feira!
E, por falar em Brazilian Crew, neste
ano o time canarinho foi representado
nos palcos do VLV pela competente Old
Stuff Trio, que saiu de Vegas diretamente
para o “Rockabilly Hall of Fame” (Yeah-
hhh!), além do DJ Ricieri Cash. Já os line
ups do evento, atrações musicais de
mais renome, foram Dick Dale Brian Set-
zer, que se apresentaram no palco mon-
tado em meio aos carros do Car Show.
O Car Show é uma das muitas atrações
do Viva. Mas, sem dúvida, a mais
popular. É um encontro que dura ape-
nas um dia, não tem tantos carros como
alguns Good Guys, mas reúne cerca
de 1.000 veículos, em sua maioria
Kustoms e Leds leds. Mas pessoas de
todos os lugares comparecem. E todos
os anos eu tento resumir como foi. Desta
vez vou fazer diferente, e pedi para um
amigo nosso, também colaborador da
revista, dar seu depoimento. Sergio Lie-
bel é de Curitiba (PR), figura carimbada
no meio rodder, um dos mais conceitua-
dos construtores de hot rods do Brasil e
que foi pela primeira vez ao Car Show
do Viva Las Vegas em 2016. Veja o
que ele achou do evento:
Hot Rods 34
Car Show do Viva: um mergulho na
cultura das décadas de 50 e 60

Hot Rods 35
Cultura Hot

Meu primeiro “Viva”


“Sou apaixonado por hot rods e pela cul-
tura que envolve esses carros e também
um maluco por encontros de automóveis
que se formam em volta desta cultura.
Participei de vários encontros no Brasil
e nos EUA. Evidentemente os encontros
americanos, em termos de diversidade
e quantidade, não têm comparativo em
nenhum outro lugar no mundo. Faltava
em meu currículo o “Viva Las Vegas”.
Tive o prazer de participar em abril deste
ano. Para quem veio de outros estilos de
encontros, com número maior de carros,
a primeira impressão, devido ao peque-
no espaço, menor volume de carros, é
Hot Rods 36

um pouco estranha. O melhor a se fazer


é simplesmente entrar, deixar o foco dos
automóveis um pouco de lado e mergu-
lhar na cultura. Daí muda tudo! Pessoas
mega- estilosas. Digo “mega” porque Uma das mais populares atrações do evento em
“muito” não consegue definir esses per-
sonagens. Pin-ups maravilhosas de todas Las Vegas, Car Show recebe muitos visitantes
Hot Rods 37
Cultura Hot
as cores e estilos, gente com visuais total-
mente direcionados à cultura. Vivem isto
com todas as forças. Brilhantina, acessó-
rios masculinos e femininos de todos os
tipos dentro do estilo próprio. Músicas e
shows durante todo o evento. O Viva Las
Vegas é realmente um dos encontros que
devem ser incluídos na vida de todo o
rodder que ama a cultura. Conseguiu um
espaço na agenda e juntou uma grani-
nha extra... Viva Las Vegas!”.
Confira agora através das fotos de Mel
Gabardo um pouco do que foi o Viva
Las Vegas! E lembrem que ano que vem
será uma edição histórica: 20 anos de
VLV! Tem muitas surpresas vindo por aí!

Diversidade de estilos
marca o evento, que
está em sua 19ª edição
Hot Rods 38
Hot Rods 39
Cultura Hot

Reparem nas lanternas traseiras!

SLED!
Hot Rods 40

Este aqui foi quem ganhou o prêmio de “Best Custom”. É um Chevy Fleetline Candy Tangerine de Beto Rojas,
do “Gatos Car Club”– 9 lives Baby!
Uma das muitas opções de almoço Audrey DeLuxe e Tom Ingran durante Angelique Noire, Tony Medina
durante o Car Show era esse suculen- o Concurso de Burlesco, e Doris May Day durante
to BBQ, onde eu estacionei e fiquei! no sábado à noite o Car Show!
Deu até saudades agora...

Nesta foto, durante a Pool Party, no


domingo, Angelique Noire,
Mais Pool Party Marie Devilreux
The Black Pin-up!
Hot Rods 41

Mais Marie Devilreux ao lado deste fantástico Chrysler “badass” com placas da Califórnia que diziam Gothmmm! O carro é de Pati
Monroe Fairchild, que literalmente põe a mão na massa! Procurem por ela no Face e confiram o trabalho dessa customizadora!
Cultura Hot

Dixie Rebelle e Georgean, Miss Victory Violet, a australiana que


Miss Boston Bombshell
durante o Car Show ganhou o título em 2015!

Shannon Brooke, a conceituada fotó-


grafa de pin-ups que estava
autografando seu livro “Girls”
Tom Ingran, o Mr. Viva! Rockwell Devil
duramente o Viva!
Hot Rods 42

Dita Von Teese... essa dispensa apresentações! Dick Dale


Hot Rods 43
Cultura Hot

Tera Misioux e Ashlyn Coco Eu e meu amigo “Gary Sax”

“It’s not a fucking Rat Hod.


Brian Setzer durante o Car Show
It’s not finished”!
Hot Rods 44

The Burlesque show


Hot Rods 45
Picape Chevrolet 1951

Ela é grande no sertão


Picape ganha mecânica 6cil para embalar “espírito” fazendeiro; influência
partiu de um modelo norte-americano, mas há muita brasilidade
Texto: Bruno Bocchini::Fotos: Fabiano Guma e Luiz Ricardo Silveira
Hot Rods 46
Hot Rods 47
Picape Chevrolet 1951

Q
uem observa a picape Chevrolet ramente, o padrão de vida sertaneja tudo me encantou muito e serviu de refe-
Hot Rods 48

1951 de Fabiano Rabelo, 41 – inspiração para Fabiano customizar o rência para montar a minha", conta.
anos, morador de Joinville (SC), modelo. "Pesquisei na internet e vi uma Transformar automóveis em verdadeiros
pode lembrar facilmente de picape Chevy que participou de um dos clássicos recheados de história é parte
Riobaldo, jagunço e narrador- eventos do Kansas, nos Estados Unidos. fundamental de qualquer entusiasta
-personagem do livro 'Grande Sertão Aquele modelo me deixou apaixonado hot rod. Por outro lado, somar carac-
Veredas', de João Guimarães Rosa. e logo defini que minha picape seria terísticas e influências em um projeto
O estilo rústico da picape lembra, cla- igual. A cor, o jeito 'barn find', as rodas, requer cuidado redobrado. Ainda mais
Tanto o exterior quanto
a parte interna ainda
aguardam modificações

quando se trata de uma picape (tradi- a estética muito semelhante à que tem Fabiano conta que foram necessárias
Hot Rods 49

cionalmente com vocação para carga agora, porém, ela não tinha condições algumas alterações (fora do padrão
e, fatalmente, com pouco conforto). "Ini- de andar, estava com a mecânica bas- original) para que a Chevrolet 51
ciei as buscas pelo modelo em 2004 e tante defasada, mas com muitas carac- alcançasse o vigor pleno. As mudanças
após dois anos encontrei esta, por meio terísticas originais. Uma das melhorias somaram freios a disco da Silverado
da indicação de um amigo de Curitiba, que fizemos foi retornar o câmbio para nas rodas dianteiras, uma vez que os
mas só em 2006 efetivei a compra. cima, no volante, como era original- originais a tambor estavam em más
Quando comprei a picape ela já tinha mente", descreve o proprietário. condições, além de mudanças pontuais
Picape Chevrolet 1951

no interior do modelo. "Outra grande criações e cultura de hots e antigos. Tempos


melhoria feita foi no interior, pois as mais tarde, com a chegada da internet, e
condições eram precárias, a tal ponto até hoje, fico horas e mais horas", afirma.
que minha mãe, que gosta de antigos,
disse que não entraria no carro naquele Diadorim de Fabiano
estado. Assim, motivado pelo estilo Assim como a relação entre Riobaldo e
americano dos rat rods, resolvi restaurar Diadorim – personagens de 'Grande Ser-
a pintura e o estofado (original) do inte- tão Veredas' – que se coloca nos limites
rior. Com essas melhorias minha mãe entre a amizade e o relacionamento afe-
Hot Rods 50

aceitou entrar no carro", brinca. tivo de um casal –, Fabiano e a picape


Influenciado desde a infância em Braço 1951 parecem, eventualmente, discutir
do Norte, no sul de Santa Catarina, o a relação. "Meu falecido tio morava na
entusiasta garante que a família (incluindo, mesma cidade em que nasci e ele tinha
sobretudo, a mãe) carrega paixão por auto- uma picape deste mesmo modelo, mas
móveis antigos. "Quando era jovem com- naquele período ele a colocou à venda.
prava revistas americanas para admirar as Eu era muito jovem e também não tinha
Hot Rods 51
Picape Chevrolet 1951

À direita, Fabiano e família, com a Chevy 1951: companheira de passeios


dinheiro para comprá-la. A partir dessa mente foi meu pai, Geraldo Rabelo, mas dianteiros são da Silverado, adaptados à
memória eu sei que minha vontade em também tive grande influência de Sergio suspensão original com feixe de molas na
ter um modelo como o dele foi aumen- Liebel, da Hot & Rusty, Alexandre Benevi- frente e atrás com freios a tambor originais
tando. Hoje há uma forte relação entre des, da HCB, e os parceiros Nilo Fedo- e também feixe de molas.
mim e essa picape", garante Fabiano. rovicz e Adriano Domingues de Oliveira, O interior foi pintado na cor dourada,
Recentemente desligado da antiga ativi- da N&A Garage. Esses foram grandes que se assemelha a uma das opções de
dade de comprador em uma empresa do orientadores e inspiradores", reforça. cores originais. Ainda na cabine, o ban-
ramo plástico, Fabiano decidiu comprar co é inteiriço e original, revestido com
outra picape e fazê-la para vender. "É um "Espírito" rancheiro curvin cinza (que ainda será modificado
sonho antigo, montar carros e customizá-los A mecânica utilizada na picape é original para uma cor que combine com a pintu-
Hot Rods 52

para vender e transformar a R1 Garage e conta com um motor Thrift Master 216, ra do interior), com botões e instrumentos
(rancho onde são feitas as alterações e tra- de 6 cilindros em linha (refrigeração líqui- originais e acabamentos cromados.
balhos da picape). Estou confiante", revela. da, capacidade cúbica de 3.550 cm3, As peças cromadas, como grade,
O projeto da 51 também foi caseiro, mas bloco de ferro fundido, compressão de espelhos, emblemas laterais, frontais de
contou com a ajuda de profissionais dian- 6,6:1 e potência de 92 cavalos a 3.400 capô, e lanternas traseiras em LED foram
te da construção efetiva, segundo conta o RPM). O câmbio também é original de três importadas. Essas aquisições, como os
proprietário. "O principal envolvido direta- marchas na coluna de direção e os freios acessórios do interior, eram caracterís-
PICAPE CHEVROLET 1951
Mecânica
Motor Thrift Master 216 de 6 cilin-
dros em linha, refrigeração líquida,
bloco de ferro fundido, compressão
de 6,6:1, potência de 92 cavalos a
3.400 RPM, câmbio de três marchas
na coluna de direção, freios diantei-
ros da Silverado, suspensão original
com feixe de molas na frente e atrás
com freios a tambor originais

Interior
Pintado em dourado, banco inteiriço
original em curvin cinza, botões e
instrumentos originais e acabamen-
tos cromados

Exterior
Grade, espelhos, emblemas laterais,
frontais e lanternas traseiras em LED
cromadas, rodas de seis furos, calo-
tas originais cromadas aro 16, pneus
faixas brancas Dunlop 215/65/R16
na dianteira e Wrangler Goodyear
255/65/R16 na traseira

Quem fez?
Fabiano e Geraldo Rabelo

ticas do projeto com a ideia, segundo ar-condicionado, pois este modelo deixa por baixo em eventos e incontáveis horas
Fabiano, de não aparentar um "carro a cabine muito quente, principalmente no de trabalho com grande ajuda de meu
velho e relaxado" andando nas ruas. verão. Outra melhoria que quero fazer é pai – que já trabalhou em oficina mecâni-
A estética da picape é ovacionada pelas substituir as madeiras da caçamba e con- ca no passado – para conseguir deixá-la
rodas de seis furos, calotas originais feccionar suportes para transportar minha baixa e estável com dirigibilidade", relata.
cromadas aro 16 com pneus Dunlop réplica de Board Track 1912 que aparece Fabiano só conseguiu rodar com a
215/65/R16 na dianteira e Wrangler em algumas fotos”, detalha. picape pela primeira vez em 2012,
Goodyear 255/65/R16 na traseira, com Diante das dificuldades encontradas com quando o carro apresentou condições
as clássicas faixas brancas. Mesmo diante a proposta para a Chevrolet 51, Fabiano de andar, ainda sem o trabalho da
de tantos detalhes, que fazem do modelo lembra dos desafios ao montar a suspen- suspensão. Portanto, seis anos após
Hot Rods 53

um carro "especial à moda do rancho", são. "O que deu mais trabalho foi conse- a compra. Nessa fase ele afirma ter
Fabiano ainda prevê alterações. "Já proje- guir manter a suspensão dianteira original passado diversas noites de trabalho e
tei algumas mudanças. O revestimento do (feixe de molas) e rebaixá-la ao ponto que várias horas de estudos para acertar
banco será feito em outra cor e em couro está. Para chegar neste ponto foram inú- o clássico – que hoje leva a esposa
para dar um ar mais "nobre" e limpo, com- meras horas de pesquisas na internet, em e duas filhas de Fabiano em passeios
binando com a cor da pintura interna da projetos e fóruns americanos, muitas vezes ao finais de semana. Sempre com um
cabine. Ainda pretendo também instalar deitado ao solo olhando outras picapes "cadin" de carinho e muito entusiasmo.
Garage Tech

Vazamento vermelho Acompanhe a solução do problema de vazamento de fluido


do câmbio automático
Texto e fotos: Norberto Jensen

S
e há uma coisa que irrita e preocupa os proprietá- vez é no cárter do câmbio automático, cujo óleo é de
rios de carros é ver uma mancha de óleo no chão cor avermelhada, o que o diferencia do óleo de motor
da garagem. Nesta edição, vamos acompanhar ou de freio.
a execução de um reparo que pode acabar com Dúvidas e sugestões, escreva para suporte@hotcustoms.
esse problema. O vazamento a ser sanado desta com.br. Até a próxima edição.

01 02
Hot Rods 54

Nesta imagem podemos ver a junção do cárter com o câmbio Coloque o carro em um elevador ou apoiado em cavaletes de forma que
umedecida de óleo, o que confirma a origem do vazamento fique seguro o seu acesso ao câmbio. Solte o bujão para escoar o óleo
03 04

Comece soltando os parafusos de fixação do cárter Retire os parafusos e faça apoio para o cárter não cair

05 06

Hot Rods 55

Solte o cárter da junta ou cola para desprender do câmbio Retire o cárter com cuidado por causa do óleo em seu interior
Garage Tech

07 08

O cárter retirado. Veja que a junta está totalmente contaminada Solte a junta, caso esteja colada, com uma espátula
com óleo e, portanto, deverá ser substituída

09 10

Retire a junta do cárter Retire todo o resíduo de adesivo, sujeira ou restos de juntas antigas

11 12
Hot Rods 56

A junta nova a ser instalada Faça o mesmo procedimento de limpeza na superfície do


câmbio, onde haverá contato com a junta
13 14

Com a junta nova instalada e o selante, vamos recolocar o cárter Verifique que a junta não saia do lugar ao se encaixar ao câmbio

15 16

Recoloque os parafusos de fixação do cárter Coloque todos os suportes e periféricos que eram
originalmente fixados lá também

17 18 Hot Rods 57

Aperte os parafusos do cárter, mas sem amassar a lata Pronto, basta recolocar o óleo até o nível e
rodar com tranquilidade
Projeto Hot Rods

Feito em casa! parte 4


Lataria e toda a parte externa de nosso Ford T Roadster 1927 são finalizadas.
Acompanhe nosso projeto passo-a-passo
Texto e fotos: Ricardo Kruppa
Hot Rods 58

N
osso projeto de restauração e custo- e traseira. Também começamos a trabalhar a fixação desta lata. Finalizamos toda a
mização de um Ford T 1927 segue na estrutura da lataria traseira do Roadster. estrutura interna e desenvolvemos a tampa
a pleno vapor. Na edição anterior, Esse serviço incluiu a finalização da estrutu- traseira do porta-malas, as laterais e o cock-
foram instalados os freios em um siste- ra de abertura do porta-malas do modelo. pit traseiro (que fica atrás do banco).
ma de disco de Opala na dianteira A partir de então, nosso foco voltou-se para O próximo passo será o início do trabalho
Com a finalização da lataria, próxima fase inclui pintura e reparação

Hot Rods 59

no assoalho, para que então possamos nos


dedicar à reparação e pintura. Acompanhe
em nosso site o vídeo com o resumo do que
foi feito em nosso Ford 1927 durante estas
últimas semanas.
História

Em círculo!
Acompanhe a evolução da roda em 100 anos de história do automóvel.
Modelo mais recente remete à década de 1920!
Texto: Aurélio Backo::Fotos: Divulgação

H
á mais de cem anos o automóvel O Benz 1879 foi considerado o sempre usaram rodas feitas com madei-
povoa as estradas mundo afora. primeiro carro produzido. O modelo ra. Esse tipo de roda era empregado
Inicialmente era apenas uma utilizava rodas raiadas calçadas com desde o tempo dos egípcios. Para
simples charrete sem cavalos e pneus de borracha maciça. Essas evitar o desgaste prematuro, elas eram
evoluiu para modelos nos quais o rodas pareciam com as de bicicleta e, revestidas externamente com uma lâmi-
estilo é tão importante quanto seu desem- como tal, não muito robustas. Com a na de metal. Num automóvel, o aro
penho na estrada. Apesar disso, um ele- evolução do carro foram necessárias externo, onde eram instalados o pneu e
mento com grande importância no estilo rodas mais fortes e o material escolhi- a câmara, também era feito de metal.
dos carros permanece por mais de cem do para fazê-las não parecia o mais Metal também era empregado no miolo
anos com a mesma forma: as rodas. apropriado: a madeira. da roda. A madeira era usada nos
raios e eventualmente na base externa.
A madeira extraída da nogueira era a
mais usada, pois era dura e resistente.

Rodas raiadas

Roda de madeira

O primeiro carro produzido por Henry


Hot Rods 60

Ford, em 1896, dentro da sua própria


casa, usava rodas raiadas de metal. Roda do Ford 1928
Já o primeiro carro produzido por
sua fábrica, em 1903, a Ford Motor
Company, utilizava rodas com raios No final da década de 1920, os fabri-
Roda raiada do Benz 1879 de madeira. As carroças, até então o cantes começaram a ofertar a opção de
meio de transporte utilizado por todos, rodas metálicas raiadas, mais leves que
as similares em madeira. A Ford passou Rodas de metal estampadas com cinco parafusos num diâmetro maior
a oferecer essa opção em 1926, e o que o padrão usado até 1935. Em
pneu usado era o mesmo do aro de 1940 as rodas dos Ford voltaram a usar
madeira, de 21 polegadas. A partir do a mesma furação de 1935, uma calota
modelo de 1928, a Ford descontinuou menor e não tinham furos. Essa roda de
os aros de madeira. Os Ford foram 16 polegadas equipou os Ford até 1948
equipados com aros raiados apenas até e veio a se tornar a roda padrão dos hot
1935. Por sorte estes últimos modelos rods na década de 50. E esse modelo
eram aros de 16 polegadas de diâme- continua sendo extremamente popular até
tro. Esse aro, do Ford 1935, se tornou hoje, na versão de 15 polegadas.
nos anos seguintes muito popular entre
os rodders, pois havia uma boa oferta
de pneus nessa medida.

Roda “disco” de Packard 1926

Em 1927, o comprador de um luxuoso


Cadillac podia escolher entre três opções
de rodas. A primeira opção, seis rodas
com raios de madeira, custariam 200
dólares. Duas rodas eram os estepes,
montados nas laterais do carro, em um
nicho na parte traseira dos para-lamas Roda raiada do Ford 1936
dianteiros. Se a escolha fosse por seis
rodas raiadas de metal, o valor cairia
Roda raiada esportiva: presa apenas para 175 dólares. E a terceira opção, a
por uma enorme porca central mais barata, eram rodas de metal estam-
padas, que custariam 25 dólares o jogo
com seis unidades. O desenho dessas
Outra faceta das rodas raiadas é a rodas era quase plano, todo fechado e
associação com carros esportivos. sem calota, por isso eram chamadas de
Modelos de Ferrari da década de 70 rodas "disco". Apesar de mais em conta,
ainda eram equipados com este tipo as rodas estampadas só "decolariam"
de roda. Diferentemente das rodas de vários anos depois.
Hot Rods 61

um Fordinho, as rodas esportivas eram Rodas de metal estampadas se tornaram


feitas com materiais de primeira quali- o padrão nos Ford de 1936. Diferen-
dade e com sistema de engate rápido. temente das rodas "disco", essas rodas
Nesse sistema, a roda era presa aos tinham partes vazadas e usavam uma
eixos por uma enorme porca central do calota grande para esconder os parafu- Roda de metal do Ford 1936
tipo borboleta. sos. Essa roda era fixada nos tambores
História
o trabalho da suspensão. O alumínio e o
magnésio têm melhor condução térmica
que o ferro, e o calor gerado pelos freios
seria melhor dissipado. Por fim, o processo
de fabricação por fundição permite a cria-
ção de qualquer desenho de roda.
Esse modelo de roda apareceu pela pri-
meira vez no Bugatti Type 35 de 1924,
bem na época das rodas de madeira.
Pelo maior custo, ficava restrito a carros
de competição de velocidade. O primei-
Roda de metal do Ford 1940: padrão ro carro americano de linha a usá-las foi
nos hot rods da década de 50 a Cadilac 1955, mas apenas o miolo da
roda era feito de alumínio.
Rodas de ligas leves Nos hot rods as rodas de liga se tornaram
populares por conta da empresa norte- Roda de liga leve “Torq-Thrust”, da
-americana American Racing Equipment, American Racing
com o lançamento da roda "Torq-Thrust", no
começo da década de 1960. Com um
desenho simples e elegante, esse modelo
continua sendo fabricado e equipando hot
rods mundo afora (no Brasil esse desenho é
conhecido como "roda palito").
Outra versão das rodas de liga são as
rodas "billet". Essas rodas são feitas a
partir de um bloco maciço de alumínio,
que é "esculpido" por uma máquina
Roda de alumínio do Bugatti 1924 controlada por um computador (torno
CNC). Este processo permite a fabrica-
ção de peças únicas e personalizadas.
O americano Boyd Coddington foi o
pioneiro na fabricação dessas rodas, Roda de alumínio “billet” da Boyd
que se tornariam uma febre nos hot
rods no começo da década de 80.

Rodas de fibra de carbono


O atual "estado da arte" em rodas são as
feitas em fibra de carbono, material mais
leve e resistente que o metal. A fibra de
carbono foi desenvolvida em 1958 e foi
empregada pela primeira vez pela indús-
Roda com centro de alumínio do tria aeronáutica em 1969. O primeiro
Cadillac 1955 carro de produção a utilizar rodas com
este material foi o Ford Mustang GT350
Hot Rods 62

Fundidas em alumínio ou magnésio, as 2015. Cada uma dessas rodas de fibra


rodas de liga leve viriam a se tornar, a par- são 6 quilos mais leves que as similares
tir do começo da década de 60, a roda em alumínio. Portanto, logo teremos essas
padrão de um hot rod. Sua única desvan- rodas em algum hot. E veja que descon- Roda de fibra de carbono do Mustang
tagem seria o maior custo de fabricação. certante: essas rodas de última geração 2015: o mesmo desenho básico das
Já as vantagens seriam várias. A principal têm o mesmo desenho básico das pionei- rodas de madeira da década de 20!
era o menor peso, que facilitaria, e muito, ras rodas de madeira.
Hot Rods 63
Técnica

Hot rods na
terra do condor
Pela primeira vez no Hemisfério Sul o ronco dos motores de competição será
ouvido a mais de 3.600 metros de altitude, no meio da Cordilheira do Andes
Texto: Manoel G. M. Bandeira::Fotos: Ricardo Kruppa

S
omos todos movidos por um desejo confiável, mais, mais, mais... É isto que desafios, viram nos tanques adicionais
enorme de conquistar coisas impos- move um rodder: o descontentamento de combustível – que eram utilizados nas
síveis, ultrapassar limites, quebrar com o usual, a vontade de inovar, criar, asas dos aviões cargueiros de guerra
barreiras, vencer os mais variados melhorar e mostrar seu conhecimento e para aumentar sua autonomia – a carro-
desafios. Está dentro de nós uma sua determinação. ceria perfeita para vencer a aerodinâmi-
Hot Rods 64

determinação ilimitada de competir e Movido por este sentimento o rodder ca nas corridas de velocidade plena nos
vencer, quebrar recordes, deixar a nossa André M. Rodrigues decidiu um dia lagos secos de Bonneville e El Mirage.
marca pessoal em algo grandioso. construir um Belly Tank. Belly Tank era Porém, o velho espírito aventureiro que
Essa motivação move a maioria dos um tipo de carro construído na década nos move entrou em ação novamente
rodders mundo afora, desde o primeiro de 1950 por alguns jovens recém- e construir apenas uma réplica do
automóvel até os dias de hoje. Fazer -chegados da Segunda Guerra Mundial. pequeno carro de corridas não parecia
o carro mais rápido, mais bonito, mais Eles, sedentos por velocidade e novos um desafio à altura das ambições do
rodder. Ele queria mais, e assim seguiu secos acima da linha do Equador, decidiu dividir seu sonho também com o
por uma, duas, várias vezes em viagem deveria também existir algo semelhante clube. Afinal de contas, pessoas que têm a
aos EUA para acompanhar de perto, abaixo dela. O rodder André, quando coragem de construir carros praticamente
não só as corridas de velocidade em foi contaminado pelo vírus incurável da do nada, também devem ser loucos o bas-
Bonneville, mas também para aprender velocidade, já havia pensado na ideia tante para enfrentar um desafio destes.
e principalmente entender como as coi- de realizar uma corrida de velocidade A prova está marcada para outubro de
sas funcionam por lá. plena no Hemisfério Sul e, pesquisando 2016 e será a primeira prova de velo-
a geografia da América do Sul, encon- cidade plena em lago de sal do Hemis-
Encontro decisivo trou o salar de Uyuni, na Bolívia. fério Sul. Portanto cada categoria, cada
A mão decisiva do destino entrou em As ideias movem o mundo. Tudo que está carro que correr, estará estabelecendo
ação e colocou em seu caminho nada à nossa volta um dia foi uma ideia na o primeiro recorde de sua categoria. É
mais, nada menos do que a maior len- cabeça de alguém, alguém que teve a um evento que irá entrar para a história
da viva das corridas nos lagos de sal, determinação necessária para transformar do automobilismo mundial. Em pleno
Jack Costella, que intrigado com aquele essa ideia em realidade. Um desafio século 21 pode estar começando um
brasileiro enxerido, querendo saber de destes, promover uma prova em caráter novo capítulo na história dos hot rods. E
tudo, encontrou nele um amigo. A partir mundial em um país da América do Sul nós vamos ajudar a escrevê-lo.
do primeiro contato o interesse passou que não tem tradição alguma no automo- Prepare seu coração. Pela primeira vez
a ser mútuo. Enquanto André pergun- bilismo, parecia mesmo algo inatingível. no Hemisfério Sul, pela primeira vez na
tava tudo a Jack sobre as corridas Sonho que se sonha só é só um sonho, América Latina, o ronco dos motores
nos lagos secos, sobre os carros e os mas sonho que se divide com outras de competição será ouvido a mais de
macetes, Jack queria saber igualmente pessoas pode se tornar realidade. André 3.600 metros de altitude, no meio da
tudo sobre o Brasil e sobre os hot rods dividiu seu sonho com Jack, que há mais Cordilheira do Andes, onde voa o con-
brasileiros. Foi assim que um dos carros de um ano não pensa em outra coisa. Inte- dor e voarão também agora os sonhos
de Jack passou dos 300 km por hora grante do Clube Curitiba Roadsters, André dos homens.
exibindo em sua carenagem um adesi-
vo do Clube Curitiba Roadsters.
Entre uma conversa e outra, Jack, do
alto dos seus mais de 60 anos de
experiência, se disse desanimado com
as condições em que se encontrava a
pista de Bonneville. O sal estava dete-
riorado pelas condições climáticas e
pelo constante uso nas corridas anuais.
Alguns carros, e principalmente motos,
estavam proibidos de correr, já que as
condições do piso não ofereciam mais
a segurança mínima exigida.
Infelizmente o tempo das corridas de
velocidade máxima em Bonneville e
El Mirage parece estar com os dias
contados. E isso é muito triste para uma
pessoa que dedicou toda uma vida a
este esporte.

Salar na Bolívia Velocidade máxima: de


Hot Rods 65

O planeta Terra tem uma peculiaridade.


As condições climáticas e a geografia
têm uma enorme similaridade se tomar-
Bonneville e El Mirage
mos a mesma distância para cima e
para baixo, partindo da linha do Equa-
para Uyuni, na Bolívia
dor. Sendo assim, se existiam lagos
Vitrine

Segurança com estilo Pedaleira de alumínio Holley na America Parts


O destaque da Veloparts é o cinto de A sugestão da Art Billits é o kit de A sugestão da America Parts aos
segurança de 5 pontas Latch & Link pedaleiras Billit.O acessório possui leitores da Hot Rods é o carburador
Simpson, disponível em várias cores. formato retangular, é fabricado em Holley quadrijet 650 cfm 4777s,
O produto é fabricado em náilon, com alumínio usinado em CNC e tem mecânico com afogador manual. O
fixação no assoalho e inclui cintos para acabamento escovado. item tem aplicação universal.
abdômen, ombros e anti-submarino. Informações: Tel. (41) 3657-9299 ou Informações: americaparts.com.br ou tel.
Informações: www.veloparts.com.br ou artbillits.com.br (11) 2647-1496.
tel. (51) 3593-8881

Redonda
A sugestão da VFort Pneus é a roda modelo Smoothie, disponível em 15” e
furação 5x114,3/120mm.
Informações: Tel. (41) 3254-5222 ou www.vfortpneus.com.br

Wiseco na Pro-1
O destaque da Pro-1 é a linha de pistões
da marca norte-americana Wiseco, no Expert em comandos
mercado desde 1941. A Wiseco aplica
o que há de mais moderno em termos A preparação de alguns motores requer muita Dupla da gringa
de material, usinagem e tecnologia na dedicação e atenção por parte do preparador, A Cosmos Wheels destaca dois modelos
Hot Rods 66

produção de seus pistões. A Pro-1 possui devido à grande quantidade de itens que precisam de roda. A US Wheels 620 Sport (15x5,5”
uma linha de pistões exclusivos fabricados ser revisados durante o trabalho. O comando de - 5x205) está disponível no acabamento
sob encomenda para os motores VW AP, 6 válvulas é um dele. Consulte a Sobe Comandos chrome. Já a Autobahn (15x5,5” - 4x130)
cil Chevrolet e V8s Ford, Chevy e Mopar. para obter os melhores resultados. vem no acabamento polished.
Informações: www.pro-1.com.br ou tel. Informações: www.sobeocomandoesperto.com.br Informações: www.cosmoswheels.com.br
0800-771-7761. ou tel. (11) 4584-1734. ou tel. (41) 3367-4844
Hot Rods 67
mustang 1968:
Hot Rods 68

força e design Mercury Cougar 1967


Hot Rods 69
Original

O primo rico
Conheça o Mercury Cougar 1967,
versão mais sofisticada do esportivo Mustang
Texto: Aurélio Backo::Fotos: Divulgação

Mercury Cougar 1967

C
om o sucesso avassalador do
Mustang, a Ford Motor Com-
pany percebeu que poderia
ganhar alguns dólares a mais
lançando uma versão mais
sofisticada do seu esportivo. Esse
seria destinado a um público com
maior poder aquisitivo e não seria
um Ford, seria um Mercury! E se cha-
Hot Rods 70

maria Cougar. Símbolo do carro era um “cougar”, a nossa onça parda


Na década de 1960 essa montado-
ra era formada por três divisões, a
básica Ford, a intermediária Mercury entre as divisões. Mesmo guardando Origem do nome
e a luxuosa Lincoln. Os preços dos semelhança com o Mustang, o fato de O nome "Cougar" foi emprestado de um
modelos eram escalonados de tal o Cougar ser da divisão Mercury já o felino natural das Américas. No Brasil
forma que não houvesse "competição" posicionava em um patamar superior. nós o chamaríamos de "onça parda".
Os faróis ocultos pela grade As luzes direcionais acendiam sequencialmente

Quem não gostou dessa escolha foi a 1967. E sua semelhança com o Mus- os quatro faróis. Na traseira, a lanterna
inglesa Jaguar. A Jaguar também tinha no tang ficava apenas nas proporções, pois também ocupava toda a largura do carro,
emblema um felino, pois seu nome signi- ambos compartilhavam a estrutura inter- exceto pela placa. Essas eram decoradas
fica "pantera". E a Mercury tinha como na, plataforma, teto e um painel traseiro. com frisos verticais com desenho seme-
público alvo também os compradores de Externamente o elemento mais chamativo lhante ao da grade dianteira. As luzes do
Jaguar nos Estados Unidos. A publicidade do novo carro era a grade dianteira, que pisca-pisca eram sequenciais, uma moda
da própria Mercury enfatizava que o ocupava toda a largura do carro, escon- na época. Os três blocos acendiam em
Cougar tinha um "toque" europeu. dendo os faróis. Ao ligar as luzes, parte sequência, do centro para a extremidade,
O Cougar de estreia foi o modelo da grade levantava, deixando expostos "apontando" a direção do carro.

Hot Rods 71

O interior era monocromático e em vinil Volante com detalhe em madeira


Originais

Cougar GT 1967: equipado com motor V8 de 320 HP

O interior era todo em vinil e o volante As versões com pequenos emblemas "GT" nos
tinha um toque bem ao estilo dos carros Na hora de comprar um Cougar, o para-lamas dianteiros. Já a versão XR7
europeus, com detalhes em madeira. interessado poderia optar por duas era escolhida por quem queria um auto-
Mecanicamente o Cougar era 100% versões mais exclusivas – o Cougar móvel mais sofisticado. Internamente
americano. Seu motor padrão era um GT ou o Cougar XR7. O GT era uma era mais requintado e tinha um inserto
V8 de 4,7 litros e 200 HP, ou 225 HP opção para quem queria um automóvel de madeira no painel. Externamente a
se equipado com o carburador de cor- com melhor desempenho e estabilida- versão era identificada por emblemas
po quádruplo. Para quem queria mais de. Era equipado com o motor V8 de "XR7" nas laterais do teto.
potência, havia a opção ainda mais 6,4 litros e 320 HP, rodas mais largas
"americana" de um enorme V8 de 6,4 e suspensões dianteira e traseira mais Cougar x Mustang
litros e 320 HP. firmes. Externamente era identificado O preço de um Cougar básico era
Hot Rods 72

Juntos, os primos Cougar e Mustang de 1967


2.851 dólares, quase 16% a mais O Cougar fechou 1967 com 150.893 437.031 unidades produzidas nesse
que os 2.461 dólares de um Mus- unidades produzidas, um excelente núme- período. Com o modelo 1971 se per-
tang. Para termos uma ideia de quan- ro, mesmo parecendo pouco contra os deu o charme dos faróis escondidos
to significava essa diferença, imagine- 472.121 Mustangs. O Cougar atraía um atrás da grade e a carroceria ficou
mos que um Mustang custasse o preço cliente que procurava algo mais luxuoso maior. A produção continuou até 1997,
de um Ford Focus 2016, cerca de 60 e, portanto, não "roubava" os comprado- totalizando sete gerações. De todas as
mil reais. Neste exemplo, para com- res de Mustang. Ponto para a Ford! gerações, a primeira foi a mais elegan-
prar um Cougar seriam necessários A primeira geração do Cougar durou te e aristocrática, e também a mais fiel
mais 9.000 reais. Valia? até o modelo 1970, totalizando ao nome "felino" da marca.

Hot Rods 73

Mercury Cougar 1967


Original - Ford Mustang 1968
Hot Rods 74
It is bad, but sweet
Hot Rods 75

Com bloco 289 V8, Mustang resgata década americana de ouro: diversão a
bordo de um carro “malvado”, mas que parece doce nas mãos de marmanjo
Texto e fotos: Bruno Bocchini
Original - Ford Mustang 1968

S
intonia entre a força bruta de na garagem outros modelos, como que o clássico estava em fase final de
um V8 e o design que instiga. uma F100 1979 placa preta, uma pintura e o antigo dono ficou com o
É assim que qualquer entusiasta Rural 1971 em fase de restauração, modelo por mais de vinte anos. “Disse-
define o clássico Mustang. O um Fuscão 1972 e um Jeep 1978, ram-me que ele nunca foi restaurado. Eu
som que surge do escape ao Márcio exibe um sorriso diferente ao apenas concluí a pintura em vermelho,
acionar a ignição, as cantadas de falar do esportivo. “Este carro não não mudei nada, também não mexi na
Hot Rods 76

pneu em pequenas manobras e a per- tem explicação, não importa quantas mecânica. Até penso em colocar um
cepção mais larga e baixa ao dirigir vezes ando com ele, parece que é a câmbio manual e mudar a carburação,
são características inconfundíveis do primeira, é de arrepiar, muito boa diri- mas ainda não cheguei a um pensa-
modelo. Márcio Cruz, 44 anos, arqui- gibilidade, estável, e o ronco do 4x1 mento definitivo”, comenta.
teto e engenheiro de Ribeirão Pires é incrível”, afirma. O Mustang 1968 trabalha com bloco
(SP), tem a sorte e o prazer de acelerar Há três anos, Márcio comprou o mode- 289 4.7L V8 com alimentação carburada
esse clássico de 1968. Apesar de ter lo após um amigo oferecê-lo. Ele conta que gera 200 cv e câmbio automático de
Hot Rods 77
Original - Ford Mustang 1968

três marchas. O coletor de escape 4x1 é abertura do porta-malas (localizado Geração com mais “mimos”
o responsável por expulsar os gases e pro- abaixo do acesso à chave). Os modelos de 1968 foram produ-
duzir o efeito sonoro que deixa qualquer No interior, simplicidade, coerência e zidos a partir de janeiro daquele
marmanjo chorando de emoção. fácil manuseio para emplacar qualquer ano. A fase incorporava cintos de
Hot Rods 78

Por fora, além da clássica grade fron- movimento e, claro, reforçar a voca- ombro (que tinham sido anteriormente
tal cromada que carrega o emblema, ção esportiva do clássico. Os bancos opcionais, em modelos 67-68), em
há rodas Mangels calçadas em bipartidos em couro preto somam ao oposição aos cintos de segurança
pneus Cooper Cobra que norteiam painel escuro com instrumentação subabdominais padrão. A opção de
a diversão com estilo. Os detalhes original, rádio AM, saídas de ar-con- ar-condicionado foi totalmente integra-
também podem ser conferidos pelos dicionado, emblema e volante com da no tablier e os alto-falantes com
cromados na traseira e o tampão de “pegada” fina. sistema estéreo foram atualizados.
À época, as marcas rivais tiveram de
responder rapidamente ao Mustang,
sob risco de comerem ainda mais
poeira em vendas e em moral junto
Hot Rods 79

ao público. A General Motors mostrou


seu Pontiac Firebird, seguido pelo
Chevrolet Camaro. A Chrysler apostou
no Plymouth Barracuda e no Chrysler
Challenger (mantendo nomes de carros Motor 289 V8 4,7 litros com carburação, câmbio
que antes eram mais espaçosos do
que fortes). A AMC mostrou o Javelin. automático de 3 marchas e coletor 4x1
Original - Ford Mustang 1968

Márcio e seu Mustang


1968: “ronco do 4x1
é incrível”
Até a japonesa Toyota, já de olho no
mercado norte-americano, respondeu
ao Mustang com seu Celica.
Dos tempos em que o Ford Mustang 1968
GT Fastback alcançou status de ícone
depois que foi destaque no filme Bullitt,
estrelado por Steve McQueen, aos raros
clássicos esportivos que circulam em ruas
brasileiras, o esportivo move corações e
ensurdece. Márcio Cruz sabe disso e se
deixa levar como todo bom entusiasta.

Ford Mustang 1968


Mecânica
Bloco 289 V8 4.7L com carburação,
câmbio automático de três marchas,
coletor de escape 4x1

Interior
Bancos bipartidos em couro preto,
painel com instrumentação original,
rádio AM original (com gravação
de estações norte-americanas), ar-
-condicionado, volante original,
emblemas originais

Exterior
Pintura em vermelho, grade croma-
da, frisos cromados, rodas Mangels
e pneus Cooper Cobra

Quem fez?
Ortega Blindados e Reparações
Automotivas: desenvolvimento do
projeto por Marcelo Ortega; prepa-
Hot Rods 80

ração da lataria por Valdemar Grizio;


regulagem da mecânica por Rodrigo
Vilares e acabamentos finais por
Rodrigo Bazan. - www.ortegablinda-
dos.com.br
Hot Rods 81
JUNHO 03/07 - Encontro Mensal de Fuscas Antigos e Derivados de Mandirituba (PR)
05/07 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
04/06 - Encontro de Carros Antigos de Fortaleza (CE) 09/07 - 12º Encontro de Carros Antigos de Capivari (SP)
05/06 - Confraria Fifty Riders & Garagem Motors – Londrina (PR) 10/07 - Encontro Mensal de Carros Antigos da Fundação Santo André - San-
05/06 - Encontro Mensal de Fuscas Antigos e Derivados de Mandirituba (PR) to André (SP)
05/06 - Encontro Mensal no Parque da Luz - São Paulo (SP) 12/07 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
05/06 - Evento Fixo Encontro no Largo Epatur - Porto Alegre (RS) 16/07 - 19° Encontro de Carros Antigos de Araraquara (SP)
05/06 - Encontro Mensal de Carros Antigos - Bento Gonçalves (RS) 17/07 - Encontro Mensal de Automóveis Antigos, Clássicos e Especiais –
07/06 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP) Guaxupé (MG)
11/06 - Santa Catarina Custom Show – Itajaí (SC) 17/07 - Encontro do Clube do Galaxie - São Paulo (SP)
12/06 - Encontro Mensal de Carros Antigos da Fundação Santo André - 17/07 - Trancas Old Cars Club Guarulhos (SP)
Santo André (SP) 19/07 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
14/06 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP) 24/07 - Encontro Hot Rods Brasil - São Bernardo do Campo (SP)
19/06 - Encontro Mensal de Automóveis Antigos, Clássicos e Especiais – 24/07 - Encontro de Carros Antigos - São Paulo (SP)
Guaxupé (MG) 26/07 - Auto Show Collection – Sambódromo – São Paulo (SP)
19/06 - Trancas Old Cars Club Guarulhos (SP) 31/07 - Evento Mensal do Clube V8 & Cia – Campinas (SP)
19/06 - Encontro do Clube do Galaxie - São Paulo (SP) 31/07 - Antigomobilistas de Interlagos - São Paulo (SP)
21/06 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
26/06 - Evento Mensal do Clube V8 & Cia – Campinas (SP) AGOSTO
26/06 - Encontro Hot Rods Brasil - São Bernardo do Campo (SP)
26/06 - Antigomobilistas de Interlagos - São Paulo (SP) 02/08 - Auto Show Collection – Sambódromo – São Paulo (SP)
26/06 - Encontro de Carros Antigos - São Paulo (SP) 06/08 - Encontro de Carros Antigos de Fortaleza (CE)
28/06 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP) 07/08 - 3º Encontro Anual de Veículos Antigos & Clássicos de Cerquilho (SP)
07/08 - Encontro Mensal no Parque da Luz – São Paulo (SP)
JULHO 07/08 - Confraria Fifty Riders & Garagem Motors – Londrina (PR)
07/08 - Evento Fixo Encontro no Largo Epatur - Porto Alegre (RS)
02/07 - XV Encontro AVA de Veículos Antigos - Juiz de Fora (MG) 07/08 - Encontro Mensal de Carros Antigos - Bento Gonçalves (RS)
02/07 - Encontro de Carros Antigos de Fortaleza (CE) 07/08 - Encontro Mensal de Fuscas Antigos e Derivados de Mandirituba (PR)
03/07 - 26º Encontro de Veículos Antigos de Rio Claro (SP) 09/08 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
03/07 - Encontro Mensal no Parque da Luz - São Paulo (SP) 14/08 - Encontro Mensal de Carros Antigos da Fundação Santo André – San-
03/07 - Confraria Fifty Riders & Garagem Motors – Londrina (PR) to André (SP)
03/07 - Evento Fixo Encontro no Largo Epatur - Porto Alegre (RS) 16/08 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
03/07 - Encontro Mensal de Carros Antigos - Bento Gonçalves (RS) 21/08 - Encontro do Clube do Galaxie - São Paulo (SP)
21/08 - Encontro Mensal de Automóveis Antigos, Clássicos e Especiais –
Guaxupé (MG)
21/08 - Trancas Old Cars Club Guarulhos (SP)
23/08 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
28/08 - Encontro de Carros Antigos de Jaú (SP)
28/08 - Encontro Hot Rods Brasil - São Bernardo do Campo (SP)
28/08 - Evento Mensal do Clube V8 & Cia – Campinas (SP)
28/08 - Antigomobilistas de Interlagos - São Paulo (SP)
28/08 - Encontro de Carros Antigos - São Paulo (SP)
30/08 - Auto Show Collection – Sambódromo - São Paulo (SP)
Hot Rods 82
Hot Rods 83

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