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Introdução:

No diálogo “Ménon”, de Platão, Sócrates coloca: “Mas que a


opinião verdadeira e o conhecimento são coisas bem distintas é algo que me
parece muito mais que uma simples conjetura. E se há, aliás, algumas coisas
que eu creia saber de fato – e não sei muitas – essa é uma delas”.

Tem Platão, que opinião está entre a ignorância e o conhecimento.

De acordo com Arcângelo Buzzi (1980), citado por Urbano Zilles


(1998, p.153 e 154), por haver várias maneiras de representar o ser, surgem
vários níveis ou tipos de conhecimento. Destacando:

O conhecimento ordinário ou comum;O conhecimento mítico;O


conhecimento da fé;O conhecimento filosófico; e o conhecimento científico.

Para o senso comum: conhecimento é alguma coisa que se tem,


porém o processo de conhecimento se dá desde o nascimento até a morte
passando por um longo caminho de aquisições, é ir e vir, é um contínuo,
acumulativo, evolutivo e mutável. Existem conhecimentos que podem ser
alterados pela realidade de indivíduos das diferentes sociedades, portanto nem
sempre serão duradouros verdadeiros ou inalteráveis.. Vai depender de forma
e dos sentidos adquiridos e como isso é absorvido pelo sujeito.
O conhecimento pode ser adquirido através das informações
dadas, relações familiares, sociais, pois conhecer é uma capacidade inerente
ao ser humano, de fato, somosos únicos capazes de elaborar nossos
conhecimentos. E para tanto utilizamos três premissas, o sujeito, o objeto e a
imagem da realidade. Logo o homem necessita conhecer seu mundo para
poder sobreviver nele. E nele desenvolvere aplicar seus conhecimentos
O Conhecimento em uma perspectiva Psicossocial

Quando discutimos conhecimento por uma perspectiva da


psicologia social devemos levar em consideração que este conhecimento nãoé
qualquer conhecimento é sim o conhecimento como relação e como forma de
exercício simbólico; sendo ele, resultante de possibilidades ou não de ação e
de expressão.Sendo concretizado por complexas redes de vias informacionais
conectando sujeitos individuais-coletivos-institucionais.
Para podemos redesenhar um novo mapa de conceitos, onde as
velhas dicotomias entre o estudo do conhecimento e da cognição sejam
superadas, seria necessário um caminho em direção a um campo
interdisciplinar de conhecimento e para isso buscaríamos apoio na construção
da ecologia cognitiva., teríamos assim a possibilidade de pensarmos a unidade
sistêmica como a via informacional ao invés da ideia de organismo versus
meio. Fazendo com que participem efetivamente da ecologia cognitiva, além da
mente individual as instituições e as tecnologias. Ao vincular o conhecimento,
àscondições sócio históricas de sua produção, é que esta proposta se inscreve
na Psicologia Social Contemporânea.
A ecologia cognitiva constitui um espaço de agenciamentos, de
pautas interativas, de relações constitutivas, no qual se definem e redefinem as
possibilidades cognitivas individuais, institucionais e técnicas. É nesse espaço
de agenciamentos que são conservadas ou geradas modalidades de conhecer,
de formas de pensar, de tecnologias e de modos institucionais de
conhecimento. A geração de um novo instrumento de conhecimento, que pode
ser definido como uma tecnologia intelectual possibilita como diz Piaget (1982),
do ponto de vista instrumental, construir relações e correspondências novas.
São propriamente estas relações que, ao transformar os objetos e os sujeitos
do conhecimento, reconfiguram as bases da ecologia cognitiva.
Segundo Lévy,(1992) “A ecologia cognitiva é o estudo das
dimensões técnicas e coletivas da cognição”. Sendo os dispositivos técnicos,
parte integrante da desconstrução do individuo e a formação da coletividade.
Sobre a desconstrução do indivíduo devemos entender primeiro que a
inteligência é o resultado de uma rede onde se interligam fatores biológicos
sentimentais e tecnológicos. No contexto tecnológico o que Lévy propõem
então é a construção de um meio em que:

“Não há mais sujeito ou substância pensante, nem “material”, nem


“espiritual”. O pensamento se dá em uma rede na qual neurônios,
módulos cognitivos, humanos, instituições de ensino, línguas, sistema
de escrita e computadores se interconectam, transformam e traduzem
representações.” (PierryLévy, 1992,p.135)

Com base nesta proposta é importante termos uma clara


definição de unidade sistêmica como a via informacional ao invés da ideia de
organismo versus meio e para tanto nos apropriamos das ideias de Bateson
(1991) que distingue duas modalidades de trocas entre os sistemas: as trocas
de energia e as trocas de informação. Segundo o autor, tendemos a não
diferenciar as unidades sistêmicas pensando que se tratam das mesmas
quando observamos as trocas energéticas e informacionais. Nas trocas
energéticas, as unidades sistêmicas podem ser diferenciadas por uma divisão
entre seu interior e seu exterior. Assim, uma célula constitui-se em uma
unidade sistêmica que é delimitada pela membrana celular, um organismo
também é uma unidade sistêmica cuja pele delimita uma interioridade de uma
exterioridade, etc. Mas, no caso de trocas informacionais entre sistemas, a
unidade sistêmica não é a mesma. Para o autor, a unidade é a própria via de
comunicação.

Portanto, assim como, existem vias biológicas, que levam as


informações ao cérebro, através de estímulos, vias aferentes, que forma uma
rede sensorial, existe também uma rede de percepção que alimenta a mente
cognitiva, construindo e desconstruindo conhecimentos, no momento em
quetodas estas informações percebidas são arranjada, organizadas e
classificadas e novamente desarranjadas. Estes conhecimentos construídos
não são imóveis nem absolutos, pois a qualquer tempo são desconstruídos e
reformulados dando origens a novos conhecimentos. Lembrando que a própria
via de percepção e parte integrante e interna deste sistema e desta forma
também se reorganiza, modificando também todo o sistema cognitivo e toda
sua percepção.

Um dos intuitos em estudos em uma perspectiva ecológica é


buscar compreender, a partir dasrelações contingentes dos sujeitos com as
tecnologias e as instituições, os modos de aprender. O conhecimento
construído é compreendido com base nas relações constituídas por e em
umacomunidade. Fazem parte de uma comunidade: os indivíduos, suas ações,
suas relações, astécnicas de comunicação e de processamento de informação,
os recursos tecnológicosutilizados, os artefatos criados e as formas como tudo
isso se “encaixa”. Nessesentido, as coletividades e as instituições não são
somente constituídas por sujeitos humanos epor tecnologias, mas também por
suas relações (Maraschin, 1995).

Segundo PierryLévy(1996) quando falamos em instituições


sociais, como componentes da ecologia cognitiva, falamos de certa forma, em
uma maneira de ordenar o ambiente do ser cognecente 1 , pois a própria
atividade cognitiva busca a organização e a diminuição do caos deste
ambiente.

Outro ponto central da Ecologia Cognitiva é o de Tecnologia


intelectual, que se fundamenta na ideia de que toda tecnologia é, de alguma
forma, extensão das potencialidades humanas. O machado, por exemplo,
poderia ser pensado como uma extensão do braço. Nas últimas décadas,
foram desenvolvidas tecnologias cujas especificidades estariam relacionadas
com o intelecto humano. A capacidade de armazenamento de informações do
computador poderia ser considerada um exemplo disso. Sendo assim, o termo
Tecnologias Intelectuais estaria relacionado à ideia de que as tecnologias
digitais aparecem como "ampliação" do intelecto humano.

1
(cog.nos.cen.te)
1. Que conhece, que toma conhecimento: O conhecimento reside na mente do sujeito cognoscente.
2. Sujeito cognoscente: O cognoscente tem autonomia no processo de construção de seu conhecimento.
[F.: Do lat. cognoscens, entis, part. presente de cognoscere 'conhecer, tomar conhecimento ]
acessado: http://aulete.uol.com.br/cognoscente#ixzz2PcF87xST
Esta tecnologia intelectual deve conter muitas outras tecnologia e
desta formanão contribuir para um enrijecimento da Ecologia Cognitiva, tendo
um caratê de multiplicidade conectada

Segundo Levy (1993) o principio damultiplicidade é o sistema


formado por estas múltiplas tecnologias que temos que levar em conta. Não
satisfeitos em combinar várias tecnologias que se transformam e se redefinem
mutuamente, os dispositivos técnicos da comunicação criam redes. Cada nova
conexão contribui para modificar os usos e significados sociais de uma dada
técnica. O que equivale a dizer que não podemos considerar nenhuma
tecnologia intelectual como uma substancia imutável, cujo o papel e o
significado na ecologia cognitiva permaneceriam sempre idênticos. Uma
tecnologia intelectual deve ser analisada como uma rede de interfaces aberta
sobre a possibilidade de conexões e não como uma em essência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema abordado neste trabalho, Conhecimento, nos remete a


uma caixa de surpresas e os mistérios que envolvem seu processo,desde o
nascimento até o final dos dias.
Por ser, considerado uma construção contínua, o conhecimento já
foi estudado por vários filósofos, cientistas, neurologista, psicólogos. Sendo
este, um assunto de extrema valia para nós, futuros profissionais da
psicologia,possibilitando o melhor entendimento do conceito da Eco Cognição.,
e de sua importância em nosso meio.
Observamos que podemos fazer a diferença dentro, não só da
nossa área, mas também em instituições como as escolas, faculdades,
comunidades, hospitais, até no dentro dos nossos círculos sociais. E que
podemos através da comunicação utilizar as técnicas de passagem da
informação, como veículo de transformação e de mudanças de verdades
prontas.
Buscando a homeostasia do sujeito, mesmo que para isso hajao
desequilíbrio e desconstrução do próprio sujeito, e desta forma instigandoa
construção de novos conhecimentos, ou seja, provocando a quebrando
paradigmas e contribuindo para a mudança da nossa sociedade.Temos que
sair do estado de alienação, impostos por conhecimentos construídos pelos
outros,e devemos questionar o tempo todo e a tudo, devemos ter a consciência
que mesmo que não possamos mudar algo, que este algo, seja entendido por
nós como não totalmente verdadeiro.

Afinal, somos criador de conhecimentos e como tal temos o dever


de transmiti-los, da melhor forma possível, provocar a discussão e o
pensamento, construir desconstruindo. E modificando a cada instante os
conceitos engessados que o biopoder nos impõe.
BIBLIOGRAFIA:

BATESON, Gregory (1991) - -A unidade sagrada: mais passos para uma


ecologia da Mente (or. A Sacred Unity: Further Steps to an Ecology of Mind),
Rio de Janeiro- Francisco Alves 1996.

GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1993.

JACQUES, Maria da Graça C.et al. Psicologia Social Contemporânea- 15ªed


Rio de Janeiro Editora Vozes, 2011

LÉVY,Pierre. As tecnologias da inteligência:o futuro do pensamento na era da


informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

_________. O que é virtual? Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

_________ AS tecnologia da inteligência- o futura do pensamento na era da


informática tradução de carlos Irineu da costa editora 34 (1993) 13ª
reimpressão (2004)

MARASCHIN, Cleci.O escrever na escola: da alfabetização ao letramento.


Tese de Doutorado. FACED/UFRGS,1995.

PIAGET, J. Adaptación vital y psicologia de Ia inteligencia. Madri: Sigla XXI,


1982.

ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.

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