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Resumo
Apresentação do processo de Certificação de Profissionais em Ensaios Não-Destrutivos de Detecção de Vazamentos
Não-Visíveis em tubulações pressurizadas em redes de distribuição de água.
Palavra-chave
Certificação de Profissionais, Detecção de vazamentos não-visíveis, Centro de Exames de Qualificação.
1. Introdução
A ABENDE – Associação Brasileira de Ensaios Não-Destrutivos é uma entidade sem fins lucrativos que
atua na qualificação e certificação de profissionais de diversos setores industriais há mais de 20 anos.
Dentro da estrutura organizacional do Sistema Nacional de Qualificação e Certificação (SNQC), a
ABENDE desempenha a função de qualificação e certificação de profissionais envolvidos na execução,
registro e avaliação dos seguintes ensaios não-destrutivos: ultra-som (US), partículas magnéticas (PM),
líquido penetrante (LP), radiográfico (ER), visual (EV), estanqueidade (ES), correntes parasitas (CP),
análise por pontos (AP), neutrongrafia (EN) e emissão acústica (EA).
3.2. Treinamento
Os treinamentos são ministrados por uma entidade autônoma que não participa do processo de aplicação dos exames de
qualificação. Um grupo de examinadores nível 3 é responsável pela carga horária e assuntos principais necessários à
preparação dos profissionais para qualificação e certificação de detecção de vazamentos não-visíveis.
.
3.3. Certificação de Profissionais de detecção de vazamentos
O processo de certificação consiste em formalizar a qualificação através da emissão de um certificado comprovando
características e habilidades segundo procedimentos escritos e resultados documentados, que permitem a um
profissional exercer determinada tarefa, que no caso da Sabesp é o ensaio não-destrutivo de estanqueidade relacionado
diretamente com a pesquisa de detecção de vazamentos não-visíveis.
Amplificador
Mecânico
Membrana
Vibratória
Barra
O técnico deve segurar a haste com a mão na parte superior (amplificador) e apenas encostar o ouvido no amplificador.
A haste de escuta é conhecida também como “stick”.
b) Sensor ou Transdutor - deve possuir alta sensibilidade e botão manual de acionamento de fácil operação.
c) Fones de Ouvido - são utilizados para ouvir o ruído de vazamento. Em alguns equipamentos existentes no
mercado, os geofones possuem acessórios (hastes de contato) que possibilitam auscultar, quando acoplados
ao próprio geofone, as vibrações diretamente em solos macios, cravando-se esta haste de contato diretamente
nesse solo. Com a haste de contato, o geofone poderá também executar a mesma função da haste de escuta,
quando existir um ponto de contato na rede de distribuição.
Fones de
Ouvido
Amplificad
Sensor
O geofone eletrônico pode permitir várias combinações de filtros. Faixas mais largas permitem a passagem de muitas
freqüências; mais estreitas, permitem a passagem de poucas freqüências. Geralmente, em se tratando de tubo de
material duro, tal como ferro fundido de aço, a tendência é ter o som em faixas mais altas de freqüência, e em um tubo
de material mole, como PVC ou polietileno, em faixas mais baixas de freqüências. Ao se escolher as combinações de
filtros para um vazamento, torna-se bastante fácil e precisa a detecção dos vazamentos.
c) Fones de Ouvido - os fones são utilizados para ouvir o ruído do vazamento e efetuar as operações básicas de
verificação dos contatos dos sensores com o trecho de tubo. Devem ser de alta resolução, permitindo ao
operador selecionar e monitorar todos os sinais sonoros.
d) Sensores-Padrão ou Transdutores - captam os ruídos do vazamento e os transformam em sinais
eletrônicos. Os sensores devem ser leves, resistentes e à prova d’água. As bases de apoio dos sensores
devem ser magnéticas.
e) Hidrofones - em alguns correlacionadores é possível também utilizar o hidrofone como elemento sensor.
Neste caso, requer imersão do elemento sensor na água.
2
A fórmula acima resume o cálculo básico operado pelo correlacionador.
Unidade
Pré-Amplificador Pré-Amplificador
Principal
Sensor Sensor
Vazamento
Volume Perdido = Volume Fornecido (ou Produzido) – Volume Faturado (ou Micromedido) – Usos
Autorizados (Combate a incêndios, favelas etc.)
O Índice de Perdas pode ser calculado de várias formas. A mais comum é a Porcentual apresentada abaixo:
Volume Perdido
Índice de Perdas (%) = x 100
Volume Fornecido
A definição do Índice de Perdas representa, em linhas gerais, a quantidade de água produzida que não é faturada ou
contabilizada pela empresa, estando associado ao grau de eficiência operacional de uma companhia de saneamento.
Vale enfatizar que o desperdício feito por alguns consumidores nas residências, comércio, indústrias etc. não é
computado como perda, sob o ponto de vista técnico, pois este consumo se dá após a medição no hidrômetro. A
primeira noção das perdas que vem à mente é o vazamento de água nas tubulações. Mas o conceito incluído na
expressão anteriores é mais amplo. Existem dois tipos de perdas:
Perdas Físicas – são representadas pelas águas que efetivamente não chegam ao consumidor, em função de vazamentos
nos ramais prediais, nas redes de distribuição e nos reservatórios setoriais (extravasões, principalmente). Os vazamentos
podem ser visíveis (afloram à superfície) ou não-visíveis. As Figuras 4 e 5 mostram os vários tipos de vazamentos que
ocorrem na rede de distribuição de água. A Figura 6 apresenta os resultados de um levantamento feito na RMSP (1988)
sobre as manutenções de ramais prediais, com a indicação dos porcentuais de ocorrência de vazamentos nas diversas
partes constituintes do ramal.
adaptador folgado
tubo
luva
juntas
hidrante
3% 28%
32%
3% 39% 3%
3%
TOMADA DE ÁGUA TUBO DO RAMAL
PASSEIO
LEITO CARROÇÁVEL
3%
13%
15%
21% 37%
ADAPTADORES CAVALETE
REDE
Perdas Não-Físicas - são aquelas decorrentes de imprecisão da medição nos hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas
e falhas do sistema de cadastramento da Companhia. Nestes casos, de alguma forma a água é consumida, mas não é
medida, acarretando perda de faturamento (Figura 7).
Fonte: SABESP
VAZAMENTOS
visíveis não-visíveis
9. Execução da obra do Campo de Provas do CEQ, etapas, fases de montagem da rede de água com simulação de
vazamentos e cuidados especiais durante a obra para evitar a ocorrência de vazamentos reais.
9.1. Serviços executados
O Campo de Provas foi executado conforme as seguintes etapas:
• Primeira Etapa - Remanejamento das árvores existentes e execução dos serviços de movimento de terra.
• Segunda Etapa – abertura mecanizada das valas para instalação da rede principal (PVC DN75 e FF DN80), com
profundidade e largura de 0,80m.
• Terceira Etapa - abertura mecanizada das valas para instalação da tubulação de Polietileno PE, com profundidade e
largura de 0,80m em todo o perímetro da rede principal.
• Quarta Etapa - Regularização de fundo das valas (PVC DN75, FF DN80 e Polietileno PE DE20) com assentamento
de berço de areia com aproximadamente 5cm de altura. O berço de areia foi compactado, respeitando-se o desnível de
0,10m e declividade de 1% da rede principal.
• Quinta Etapa - Instalação de derivação da rede DN100 que abastece a rede principal do Campo de Provas (DN80).
Este trecho foi executado com tubulação de FF Dúctil K-7 DN80 contemplando uma Luva Tripartida FF Dúctil com
derivação em “Te” Flangeado DN100 x DN75, Válvula de Gaveta FF Dúctil com cunha emborrachada DN80.
• Sétima Etapa – Teste Hidrostático na rede principal (FF DN80 e PVC DN75) com pressão de 36mca. Durante o
Teste hidrostático foi constatado que a rede, conexões e válvulas permaneceram estanques em toda a sua extensão e a
tubulação de PVC distanciou-se das conexões, aproximadamente 7mm, e a tubulação de FF DN80 permaneceu
inalterada. O deslocamento do PVC foi considerado dentro da normalidade, levando em consideração o tipo de
material (menor rigidez) e inexistência de terra sobre a tubulação durante o Teste hidrostático.
• Oitava Etapa - Constatada a estanqueidade da rede principal, foi iniciada a execução dos vazamentos simulados. O
primeiro furo (3mm de diâmetro) de vazamento foi executado no trecho mais distante da rede com furação lateral à
parede do tubo, sempre perpendicular à tubulação principal (PVC DN75 e FF DN80) no sentido descendente do fluxo
de saída d’água. Após a furação foram instalados os colares de tomada (Colar de Tomada FF Dúctil para tubos de FF
com derivação roscada DN80 x DNR20 e Colar de Tomada de Polipropileno para tubos de PVC 6,3 com derivação
roscada DN75 x DNR20), tubos de Polietileno PE DE20 e respectivos Pontos de Contato de tubo de aço galvanizado
roscado DNR20. O trecho de tubulação respectivo ao primeiro vazamento foi aterrado com aproximadamente 1,00m
de altura e foram executados os Testes de detecção de vazamentos não-visíveis, verificando-se que a haste de escuta,
geofone eletrônico e o correlacionador de ruídos apresentaram bom desempenho.
Aprovado o primeiro trecho de vazamento nos Testes de Detecção, os vazamentos seguintes foram executados um por
vez, instalando-se os tubos de Polietileno PE até o Centro de Controle, executando os pontos de contato(1), medindo as
respectivas distâncias do vazamento entre os pontos de contato (gabarito dos vazamentos), testando hidrostaticamente(2),
compactando com camada de areia (15cm) e finalmente aterrando (mecanicamente e manualmente) com solo (sem
entulho) no alinhamento da rede principal.
Observações.:
(1) Os pontos de contato de tubo de aço galvanizado roscado DNR20 foram executados sem perfurar a rede, ou seja,
não estão pressurizados, apenas são pontos de contato físico com a rede principal. Todos os pontos de contato
foram envelopados com Tubo de PVC 6,3 com Ponta e Bolsa de Junta Elástica DN100.
(2) O Teste Hidrostático foi executado verificando a estanqueidade do conjunto compreendido entre a rede principal
(PVC DN75 ou FF DN80) e a tubulação de Polietileno PE.
A cada vazamento executado e aprovado no Teste hidrostático, o respectivo trecho de tubulação (FF ou PVC) era
fechado (aterrado e compactado), de forma a garantir a segurança e sigilo da identificação do ponto correto de
vazamento. O Centro de exames possui um vazamento denominado “Ponto Pesquisa”, que não faz parte do total de
vazamentos simulados aplicados no exame prático. O vazamento Pesquisa é utilizado para controle/medição do
diâmetro do furo do vazamento (3mm ).
• Nona Etapa - Após todos os vazamentos executados, medidos e aterrados, iniciaram-se a compactação geral da área
e a preparação do terreno, com aplicação de base e sub-base para camada de revestimento com asfalto de
aproximadamente 1.200m2 de área . Pavimentação com asfalto em toda área do estacionamento.
• Décima Etapa - Execução das sinalizações das vagas de estacionamento, com pintura emborrachada e pintura
(interna e externa) do Centro de Controle de Vazamentos.
• Décima Primeira Etapa - Testes gerais de detecção de vazamentos não-visíveis - Concluídas as obras do CEQ foi
executada pela equipe da SABESP uma série de Testes de Detecção de Vazamentos, com a finalidade de mapear o
grau de dificuldade do exame prático em todos os pontos de vazamentos simulados. Foram realizadas detecções com
haste de escuta, geofone eletrônico, geofone mecânico e correlacionador de ruídos, apresentando um resultado final
positivo quanto à aplicabilidade dos exames práticos, levando em consideração todos os pontos técnicos da Detecção
de Vazamentos Não-Visíveis em tubulações enterradas sob pressão.
10. FOTOS DO CEQ
Foto 1 e 2. Centro de Controle dos Vazamentos (pavimento térreo administrativo e subsolo de operação do Campo de
Provas).
Foto 3 e 4. Bomba de Recalque e Trecho de tubulação de rede demarcado no solo entre dois pontos de contato.
11.1. Dados estatísticos até 2002 (profissionais certificados, exames, aprovações e reprovações etc.).
O CEQ já aplicou exames a 86 candidatos, num total de 350 exames, contemplando exames teóricos e práticos. Deste
total de candidatos que fizeram exames 50% foram certificados no primeiro exame.
12. Referências
1. Associação Brasileira de Ensaios Não-Destrutivos – ABENDE – Documentos do
Sistema Nacional de Qualificação e Certificação
2. Apostila de Treinamento – ABENDE, Detecção de Vazamentos Não-Visíveis Métodos Acústicos, Níveis 2 e
3, Janeiro de 2003.
3. Relatório de obras e atividades do CEQ – Sabesp, Maio de 2001.