Professional Documents
Culture Documents
alimentar
No sistema do CPC/1973, o caput do art. 649 afirmava que os bens ali elencados
eram “absolutamente” impenhoráveis. No inciso IV do referido dispositivo, havia
referência à remuneração do executado (vencimentos, subsídios, soldos, salários,
remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, etc.). O §2º daquele artigo
relativizava dita impenhorabilidade somente na hipótese de execução de verba
alimentar, caso em que a remuneração poderia ser penhorada sem previsão de
limite mínimo ou máximo.
Parcela majoritária da doutrina de então defendia que deveria ser possível — com
base em princípios, já que inexistente regra expressa em tal sentido — a penhora
de parte da remuneração do executado em execução não alimentar, resguardando-
se, ao devedor, sob o manto da impenhorabilidade, apenas a parcela
absolutamente indispensável à sua sobrevivência com o mínimo essencial de
dignidade.
Ainda que a inovação seja positiva, temos verificado uma distorção — restritiva —
na compreensão do referido dispositivo. Alguns estudiosos têm defendido que,
enquanto a quantia excedente a 50 salários mínimos poderia ser penhorada, o
valor inferior ao referido limite “jamais” poderia ser constrito, por se tratar de
impenhorabilidade “absoluta”.
Essa conclusão final é, a nosso ver, equivocada, uma vez que não observa a
significativa mudança da redação do que era o caput do art. 649 do CPC/1973 para
o atual caput do art. 833 do CPC/2015. A remuneração do executado, de forma
clara e expressa, deixou de ser “absolutamente” impenhorável (uma palavrinha, às
vezes, faz sim toda a diferença)!