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Juntas de

Movimentação em
Revestimentos
Cerâmicos de Fachadas

Fabiana Andrade Ribeiro


Mercia Maria Semensato Bottura de Barros
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Fabiana Andrade Ribeiro é Engenheira Ci-


vil (1999) pela Universidade FUMEC de Belo
Horizonte e mestre (2006) pela Escola Po-
litécnica da USR Atua desde 1998 em con-
sultoria,. projetos e acompanhamento de
obras nas fases de revestimento. É sõcia-
gerente empresa FCH Consultoria e Pro-
jetos que atua no desenvolvimento de
projetos de alvenarias e revestimentos.
E-ma i I: fab i ana, r i bei ro^chconsu Itori a.co m.br

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Mercía Maria Semerisato Bottura de Barros


Possuí graduação em Engenharia Civil, pela
Universidade Federal de Sào Carlos (1985),
mestrado (1991) e doutorado (1996) em En-
genharia de Construção Civil e Urbana, pela
Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo. Docente do Departamento de Enge-
nharia de Construção Civil da Escola Poli-
técnica da Universidade de São Paulo, onde
ministra disciplinas de graduação e pós-gra-
duação, Tem realizado pesquisas financiadas
por diversas agências de fomento e parceria
do setor privado {construtoras e indústrias
de materiais de construção), com ênfase em
Desenvolvimento Tecnológico e Gestão da
Produção de Edifícios, principalmente com
os temas vedações e revestimentos.
Juntas de
Movimentação em
Revestimentos
Cerâmicos de Fachadas
Juntas de
Movimentaçm em
^ewestiiieuitos
Cerâmicos de Fachadas

Fabiana Andrade Ribeiro


Mércia Maria Semensato Bottura de Barros

PIN!
© COPYRIGHT EDITORA PI Ml LTDA

Todos os direitos reservados.


1: proibida a reprodução total o » parcial deste
volume, de qualquer forma ou por quaisquer
meios, sem o consentimento expresso da editora.

CwnífHdfâít de Manuais Técuifi?


Josiani Souza

Rnnfãn
Lticiine Gomide

€>ulgt(üna{ão
Triall Composição Editorial Lida.

Este livro toi Catalogado nA Câmara Brasileira do l ivro.

Dados Intflmaçionais de Catalogação na Publicação (CIP)


{Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ribeiro, Fabiana Andrade


juntas de movimentação e m revestimentos cerâmicos de fachadas / Fabiana Andrade
Ribeiro, Merda Maria Sememaio Borrara d e Barros. - São Paulo: Pini. 2010.

ISBN 978-85-7266-225-3

1. Construção 2.Juntas de movimentação em revestimentos de fachadas 3.Materiais de


construção 4. Revestimento cm cerâmica I. Barros. Mercia Maria Semeusato Bottura de.
ILTículo.

10 -023íí5 índice para catálogo sistemático: CDD-69L4

1. Revestimentos cerâmicos dc fachadas:


Construção civil: Materiais:Tecnologia
691.4

E D I T O R A PINI LTDA
Rua Anhaia, 964 - 0 1 1 3 0 - 9 0 0 - S ã o Paulo - 5P - Brasil
Telefone: (11) 2173-2300 Fax:{11) 2173-24Ó6
Yvww.pinlweb.com - manuais^pini.com.br

l J edição. I 1 titageni,abr/10
J^l
Prefácio
m

• Revestimentos cerâmicos apl içados nas fachadas de um edifício agregam valor


ao bem, como atestam os anúncios imobiliários, os quais procuram relacionar o
uso desses revestimentos ao valor intrínseco de um produto de alta qualidade, No
entanto, a eievada incidência de sérios problemas patológicos que vêm ocorrendo
nesses revestimentos, nas últimas décadas, tem prejudicado o seu emprego, a pon-
to de hoje muitas empresas evitarem seu uso, temendo se defrontar com proble-
mas, tais como, colapsos (quedas, rupturas localizadas] e perda de estanqueidade.
Quando ocorrem em um tempo curto, além dos prejuízos económicos sobrevêm
prejuízos intangíveis na imagem das empresas empreendedora e construtora, A
queda de um revestimento de fachada impacta fortemente na segurança de utili-
zação do edifício, peio risco de perda de vidas humanas e, quando essa ocorre em
um prazo inferior ao da vida útil esperada, em sendo decorrência de um erro de
projeto, pode obrigar ao fornecedor do bem a reparar a totalidade dos prejuízos
patrimoniais e extrapatrimoniais sofridos pelo consumidor.

Mas o que tem provocado essa elevada incidência de problemas patológicos?


Analisando as causas primárias desses problemas, verífica-se que elas decorrem
em sua quase totalidade de decisões de projeto e de construção equivocadas,
com origem no desconhecimento técnico, de certa forma generalizado, de to-
dos os agentes da cadeia de construção de edifícios sobre como projetar e cons-
truir de modo a evitar patologias. Esse desconhecimento é resultado da carência
de pesquisas no tema, da ausência de publicações focadas na tecnologia desses
revestimentos e na pobre disseminação dos conceitos que fundamentam as de-
cisões técnicas durante as etapas de projeto, construção e uso das edificações.

Este livro tem por objetivo suprir parte dessas deficiências, ao abordar de for-
ma sistêmica a tecnologia de projeto e execução de revestimentos cerâmicos de
fachada e ao enfocar, em profundidade, um dos assuntos, cujo desconhecimento
técnico émais amplo - o das juntas de movimentação. Esses componentes dos
revestimentos de fachada tém grande importância no desempenho ao longo da
vida útil desse subsistema, por proporcionar o alívio das tensões induzidas princi-
palmente por movimentações termo-higroscópicas e da base e que se não forem dissipadas
podem provocar desde uma ruptura Localizada até um amplo colapso dos revestimentos.
O livro é fruto de um trabalho de pesquisa da Engenheira Civil Fabiana Andrade Ribei-
ro, que durante quatro anos dedicou-se a aprofundar o conhecimento do tema, e contou
com a orientação técnica e académica da coautora Professora Doutora e Engenheira Civil
Mercra Maria Semensato Bottura Barros.
A Professora Merda vem se dedicando ao estudo dos revestimentos cerâmicos hã
mais de vinte anos, tendo realizado seus Trabalhos no Centro de Pesquisa e Desenvolvi-
mento em Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É autora
de inúmeros Trabalhos abordando ternas relacionados á Tecnologia de revestimentos e
produziu Textos que são referências fundamentais em língua portuguesa para aqueles que
pretendem aprofundar o conhecimento sobre revestimentos, Participou, como coorde-
nadora de Projetos de Pesquisa, dos convénios Universidade-Empresa entre a Politécnica
e a Construtora Encol, e os Textos produzidos naquela época são até hoje utilizados na
formação de técnicos nas escolas de Engenharia e Arquitetura do País.
Neste livro, as autoras abordam de forma sistémica e em linguagem didática o estado
da arte atual da Tecnologia de revestimentos cerâmicos de fachada, conduzindo o leitor a
refletir e compreender os conceitos que vão possibilitar ter um domínio dessa tecnologia
e permitir que Tome decisões tecnicamente fundamentadas, de inodo a evitar os proble-
mas patológicos, seja na etapa de projeto corno na da construção.
Na forma de capítulos, são estudados os mais importantes aspectos do subsistema de
revestimentos de fachada, inicialmente, são apresentados os conceitos que caracterizam os
revestimentos de edificações, como esses se comportam ao longo dó tempo e como sào,
também, identificados os fatores que originam as tensões nos revestimentos que podem
resultar em colapsos. Na sequência, é apresentado um aprofundado conjunto de conheci-
mentos sobre juntas de movimentação que, no geral é um assunto quase que desconhecido
no Brasil, o que nos ajuda a entender o porquê da enorme ocorrência de problemas patoló-
gicos em fachadas. São estudados também os materiais empregados, na selagem de juntas,
analisando-os conjuntamente às técnicas construtivas adequadas para propiciar o desem-
penho esperado para as juntas de movimentação ao longo do tempo. Nos capítulos cen-
trais. são abordados: o projeto de juntas, onde todo o conhecimento anterior é empregado
para, na prática, conceber as juntas, visando otimizar o desempenho dos revestimentos e
como executar as juntas para que tenham o desempenho adequado,

Acreditamos que este texto, além de se constituir em um livro-Texto para as escolas


de engenharia e arquitetura, seguramente ajudará todos aqueles envolvidos com a cadeia
da construção [os produtores de placas cerâmicas, argamassas e selantes- os projetistas e
especificadores; os incorporadores, órgãos públicos, construtoras e empresas executoras]
a compreender os fenômenos envolvidos e o que deve ser feito para garantir a durabi-
lidade, o desempenho e a fim de evitar a ocorrência de problemas patológicos nesse
importante subsistema do edifício.

Prof. Dr. Fernando Henrique Sabbat in i


Sumário

Apresentação - 11
Resumo .........13

CAPÍTULO 1
Introdução. . 15

CAPÍTULO 2
Caracterização do Sistema de Revestimento - ,....21
2.1 Base 24
2.2 Emboço 24
2.3 Camada de fixação,. — 28
2.4 Camada de acabamento 30
2.4.1 Placas cerâmicas - 31
2.4.2 Juntas de assentamento 34
2.5 Detalhes construtivos 35

CAPÍTULO 3
Comportamento dos Revestimentos 37
3.1 Movimentos e tensões 37
3.2 Fatores que originam movimentos e tensões nos
revestimentos .....40
3.2.1 Variação de temperatura 41
3.2.2 Ação da umidade - 46
3.2.3 Deformações da estrutura 49
3.2.4 Ação do vento - 52
3.3 Acomodação dos movimentos - 53
3.4 Considerações finais do capítulo 57

CAPÍTULO 4
Juntas de Movimentação Seladas 59
4.1 O que são juntas? - 59
4.2 Funções das juntas em revestimentos . . - — 60
4.3 Classificação das juntas de movimentação em revestimento 61
4.3.1 Quanto ã função 63
4.3.2 Quanto ao tratamento.. 65
4.3.3 Classificação quanto ao acabamento - - 65

CAPÍTULO 5
Constituição das Juntas de Movimentação Seladas ........67
5.1 Substrato.,. - 67
5.2 Membrana impermeabilizante... . .... ...— 69
5.3 Limitador de profundidade 69
5.4 Fita isoladora - 71
5.5 Primer —- 72
5.6 Selantes 73
5.7 Propriedades e controle de qualidade dos selantes 75
5.7.1 Capacidade de movimentação . 75
5.7.2 Recuperação elástica..... - - 76
5.7.3 Módulo de elasticidade 76
5.7.4 Dureza 76
5.7.5 Adesão e coesão . 77
5.7.6 Resistência ao envelhecimento 78
5.7.7 Manutenção da cor e compatibilidade —78
5.8 Tipos de selantes , . - - — 79
5.8.1 Selantes acrílicos 79
5.8.2 Selantes de poliuretano 80
5.8.3 Si licones —80
5.8.4 Silicones híbridos 81
5-8.5 Considerações finais ......................... 81

CAPÍTULO 6
Desempenho de Juntas Seladas 83
6.1. Requisitos de desempenho das juntas seladas 83
6.1.1. Durabilidade -83
6.1.2. Acomodação de movimentos. —.... 84
6.1.3. Esta n q ue i d a de, ..... -85
6.1.4. Estética 85
6.2. Defeitos em juntas seladas 86
6.2.1. Perda de adesão do selante .. 86
6.2.2. Falha coesiva do selante... - 88
6.2.3. Enrijecimento e craquelamento do selante 88
6.2.4. Manchamento do selante 89

CAPÍTULO 7
Projeto de Juntas em Revestimentos 91
7.1 Avaliação da edificação e das condições de exposição 92
7.2 Dimensionamento de juntas 96
7.2.1 Posicionamento * 96
7.2.2 Abertura da junta: largura e profundidade 102
7.3 Seleção dos materiais . —-— 106
7.3.1 Escolha do selante „.„„ ..„.„„.„„.... ....................106
7.3.2 Especificação do primer 111
7.3.3 Especificação do limitador de profundidade,, 111
7.3-4 Especificação da fita isoladora ,.„.,„„,„.,„„„.„„.,„,„„,. ...112

CAPÍTULO 8
Orientações para Execução das Juntas 113
8.1 Atividades que antecedem a execução 114
8.11 Planejamento do trabalho: prazos entre etapas 114
8.1.2 Ferramentas eequipamentos - 114
8.2 Abertura da junta - 116
8.3 Membrana impermeabilizante - 119
8.4 Proteção durante o assentamento do revestimento cerâmico 121
8.5 Preparo dos substratos 121
8.5.1 Li mpeza -, ..121
8.5.2 Proteção das bordas — 173
8.5.3 Imprimação - - 124
8.6 Posicionamento do Limitador de profundidade.. 126
8.7 A p I i caçã o d o s e l a nte....... ....„„.„„.„„,„„...„...„...„„,„„,.........„...„.„„.„„.....„.„...„„.„„.„„.......126

Refrências Bibliográficas 133


Apresentação

O objetivo fundamental do emprego de juntas no sistema de


revestimento cerâmico de fachada está relacionado principal-
mente ao aumento da capacidade de absorver deformações que
se busca desse subsistema. Entretanto, como componente deste,
á preciso que as juntas de movimentação tenham capacidade
de cumprir os mesmos requisitos de desempenho dos revesti-
mentos cerâmicos de fachadas. Desse modo. além dos requisitos
funcionais de acomodação dos movimentos, este elemento ne-
cessariamente precisa ser estanque e manter a integridade física
do revestimento, contribuindo assErn para a manutenção da esté-
tica ao longo da vida útil do edifício.

A produção das juntas de movimentação, as quais possuem


a função precípua de dissipar as tensões do subsistema, ser es-
tanques e duráveis sob agressivas condições de exposição, pode
ser considerada, portanto, de tecnologia bastante particular, pois
demanda, para a sua especificação, conhecimentos da engenharia
estruturai e da tecnologia de construção, uma sólida base sobre
o comportamento dos materiais, além dos inúmeros pormenores
envolvidos em sua execução que também devem ser dominados;
por isso mesmo, deve ser uma etapa mais valorizada no conjunto
dos projetos do edifício. Além disso, as juntas de movimentação
são compostas por materiais mais suscetíveis ã degradação que os demais materiais
constituintes do próprio sistema de revesti mento.
A experiência internacional na produção de junta é valiosa, pois traz informa-
ções históricas dos diversos motivos de erros e acertos na especificação e na exe-
cução de juntas de movimentação seladas. Os países que dominam essa tecnologia
pesquisam hã muitos anos o tema, com abordagens sob o ponto de vista estrutural
e de durabilidade dos materiais, e valorizam este componente da construção como
se fosse um subsistema independente, tratando-o em um projeto específico que
inclui também o projeto de resseíamento.
A experiência nacional, ainda que incipiente, também reúne casos de sucessos e
insucessos no selamento de juntas de movimentação em fachadas de edifícios.
Neste trabalho, buscou-se sistematizar as informações disponíveis sobre as jun-
tas de movimentação em revestimentos cerâmicos de fachadas, acrescentando-se
a elas a experiência das autoras. Espera-se que com o seu resultado seja possível
contribuir para a consolidação do conhecimento desse elemento do revestimento,
como também com aqueles que atuam na área de projetos de revestimentos.
Resumo

Os revestimentos de fachadas têm sido objeto de preocupação


de empresas incorporadoras, construtoras e administradoras de
condomínios, seja pelo custo que representam, seja porque neles
são manifestadas muitas patologias, sendo as fissuras e os desta-
camentos muito comuns, o que, além de resultar em importantes
prejuízos materiais, pode resultar também em prejuízos à imagem
da empresa e. por vezes, colocar em risco a vida.
Eliminar ou ao menos minimizar a incidência desses proble-
mas exige uma adequada tecnologia de produção que resulte em
um revestimento com maior capacidade de absorver deforma-
ções, o que vem sendo obtido principalmente pelo emprego de
materiais mais adequados e de detalhes construtivos, tais como
juntas de movimentação e telas de reforços.
No entanto, para que funcionem adequadamente, esses deta-
lhes construtivos demandam uma tecnologia construtiva particu-
lar para que não se constituam numa nova fonte de problemas.
O objetivo deste livro é tratar a tecnologia de produção das
juntas de movimentação em revestimentos de fachadas, a fim de
melhor entender esse detalhe construtivo e estabelecer a boa
prática de execução,
Para isso, foi dado enfoque nas informações sobre o compor-
tamento dos revestimentos de fachadas que leva à necessidade
de utilizar juntas de movimentação; nos requisitos de desempenho das juntas e pro-
priedades dos seus constituintes para atendimento desses requisitos; nas causas e nos
métodos de prevenção de falhas nas juntas e nos métodos de ensaios para controle
da qualidade dos materiais utilizados no selamento. Ao final propõe-se um caminho
para o processo de projeto para a produção das juntas de movimentação.
O trabalho está fundamentado em uma investigação da bibliografia nacional e
internacional disponível sobre o assunto e na experiência das autoras no desenvolvi-
mento e aplicação de projetos de revestimentos, além de entrevistas com projetis-
tas e visitas em obras.
É fato que a tecnologia de produção de juntas de movimentação em revesti-
mentos de fachada demanda, para a sua especificação, conhecimentos da enge-
nharia estrutura! e da tecnologia de construção, além de uma sólida base sobre
o comportamento dos materiais e dos inúmeros pormenores envolvidos em sua
execução que também devem ser dominados; por isso mesmo, deve ser uma etapa
mais valorizada no conjunto dos projetos do edifício,
I i
(

CAPITULO

Introdução

O revestimento de fachada complementa as funções da


vedação vertical, da qual faz parte, juntamente com as alve-
narias e as esquadrias. Desse modo, cumpre nos edifícios as
importantes funções de proteção contra a ação de agentes de
deterioração, contribuindo para a estanqueidade á água e para
o isolamento termoacústico, além de se constituir no acaba-
mento. exercendo funções estéticas, de durabilidade e de va-
lorização econômica.

No Brasil, os sistemas de revestimento de argamassa com


acabamento em pintura ou com placas cerâmicas ainda são os
métodos construtivos empregados na maioria das fachadas dos
edifícios, sejam eles residenciais, comerciais ou industriais.
Esses revestimentos de fachadas têm sido objeto de estudo
de muitas empresas construtoras, seja por sua participação no
custo final do edifício, por interferirem decisivamente no pla-
nejamento da execução ou, ainda, por serem uma importante
fonte de problemas em edifícios (BARROS, 1998).
Uma pesquisa realizada pela Comunidade da Construção
(2003), na cidade de Porto Alegre, constatou que ainda na etapa
de execução, em 19% das obras, ocorre retrabalho pelo apareci-
mento de trincas e fissuras que respondem a 41% das patologias,
seguidas por destacamentos, com 26%. Segundo esse mesmo

IS
estudo, esses problemas serão também
os principais contratempos ao longo da
vida útil do edifício,
No caso dos revestimentos com
placas cerâmicas, segundo Temoche-
Esquivel, Barros e Simões (2005), a in-
tensa ocorrência de problemas tem
levado ao abandono da tecnologia, em
particular, nas cidades não-litorâneas,
como São Paulo

A intensidade com que ocorrem os


problemas em revestimentos de facha-
da pode ser explicada em função de se-
rem o primeiro elemento da edificação
a sofrer a ação das intempéries e varia-
ções nas condições climáticas, sendo
solicitado por um ambiente cada vez
mais agressivo. A foto apresentada na FIGURA 1.1 Fac hada de ed i f ic i o dete riorada.
Figura 1.1 ilustra um exemplo do resulta-
do da ação desses agentes de deterio-
ração em uma fachada de um edifício. atendimento dos critérios de funciona-
Ressalta-se que, além de terem seus mento da estrutura; mas. muitas vezes,
materiais degenerados pelos agentes não dos elementos que com ela têm
externos, os revestimentos de fachadas, interface.
por trabalharem usualmente aderidos Edifícios cada vez mais esbeltos,
ã base (estrutura e vedo), são também com grandes vãos dos elementos es-
solicitados pelas açòes decorrentes da truturais. são atualmente obtidos pela
sua movimentação, assim como por modelagem matemática mais precisa
ações intrínsecas aos próprios revesti-
das estruturas e também pelo uso de
mentos [contração e dilatação por va-
materiais especiais como os concretos
riação de umidade ou temperatura, por
de alta resistência (Franco, 1998). Ern
exemplo).
decorrência disso, nos edifícios de múl-
Segundo Franco (1998), os reves- tiplos pavimentos, são impostas, às ve-
timentos aderidos à base podem ser dações verticais, deformações muitas
comprometidos pelas deformações vezes incompatíveis à sua capacidade
das estruturas, pois o arranjo estrutural de resistir a elas, o que resulta em fis-
que leva ao uso de balanços, transições, suração excessiva do revestimento ou
apoios de pouca rigidez, solidarizaçôes mesmo seu destacamento [SABBATINS,
parciais, dentre outros, contempla o 1998: FRANCO, 1998; ABREU, 2001),
No caso dos revestimentos cerâmi- A normalização técnica nacional que
cos, cuja camada de acabamento é alta- aborda a execução de revestimentos de
mente rígida (placa cerâmica associada fachadas não tem foco para o projeto.
aos rejuntes), esse problema se torna mais No caso da ABNT NBR 7200 (1998), que
crítico er para que seja minimizado, uma trata da execução de revestimentos de
alternativa é o emprego de um sistema de argamassa, a responsabilidade pela de-
revestimento com capacidade adequada finição das juntas é atribuída ao proje-

de absorver as deformações que lhe se- tista. A ABNT NBR 137SS {1996), que trata
dos procedimentos de execução de re-
rão impostas ao longo de sua vida útil.
vestimentos com placas cerâmicas, es-
Nesse caso, a adoção de juntas ao longo
tabelece distâncias padronizadas para
do revestimento é uma solução indicada
a localização das juntas, independente-
por diversos documentos normativos, re-
mente da situação de aplicação ou do
lativos âs estruturas de concreto, como O
grau de exposição. Além disso, nessa
ACI 504 R-90 (1997), a ABNT NBR1SS75-2
norma, inexistem parâmetros para es-
(2008) e a ABNT NBR Ó118 (2003).
pecificação e dimensionamento de jun-
Em revestimentos cerâmicos de fa- tas ou mesmo de reforços localizados
chadas, as juntas de movimentação em casos de concentração de tensões.
constituem-se em detalhe construtivo É fato que a especificação e a boa
concebido para evitar que tensões de- prática de execução de juntas em re-
vidas às movimentações da estrutura, vestimentos nâo estão devidamente
bem como as causadas pelas contrações equacionadas, ocasionando diversos
e expansões dos materiais constituintes problemas nos revestimentos, como
do sistema, sejam introduzidas e se pro- bem demonstra a pesquisa feita por
paguem pelo revestimento. Entretanto, Ternoche-Esquivel (2002). Nesse tra-
os subsídios para especificação, projeto balho, o autor estudou 330 empreen-
e sua execução não se encontram sufi- dimentos na cidade de São Paulo e
cientemente sistematizados na litera- observou que grande parte das pa-
tura nacional, fazendo com que muitas tologias em revestimentos cerâmicos
decisões sejam tomadas no próprio surge nas juntas, como mostrado na
canteiro de obra. Tabela 1.1.

TA B I LA 1.1 Ocorrência de problemas paio lógicas na região das juntos ern revesü mentos cerâ-
micos de fachada.

Número d e
Descrição Porcentagem
ocorrências
Deterioração do selante das juntas por manchamento 107 32,6 %
Destacamento de placas cerâmicas na região das juntas 14 4,2%
Fonte: [TEMQCHE-ESGUIVEL, 2002]
As figuras d e 1,2 a 14 também ilustram a frequência c o m que ocorrem as manifes-
tações patológicas e m revestimentos cerâmicos d e fachadas c o m origem nas juntas
de movimentação.

FIGURA 1.2 Edifício residencial. Fachadas comprometidas por manchamenio do selante.

FIGURA 1.3 (a) Edifício residencial. Fachada comprometida por manchasnento do sslonhs; (b)
Detalhe do monchomento do revesümenfo e deterioração do sebnle.
FIGURA 1.4 Edifício residencial. Fachada com destacamento com início na região da junto
de movimentação.

Por sua importância e complexidade, percebe-se o quanto a junta de movi-


mentação tem de ser criteriosamente especificada e executada, a fim de que cum-
pra suas funções e de que não seja fonte de manifestações patológicas, sendo
este o enfoque do presente trabalho.
r

2
CAPITULO

Caracterização do Sistema
de Revestimento

Independentemente do tipo ou da tecnologia empregada na


sua produção, os revestimentos de fachadas devem cumprir suas
funções e seus requisitos de desempenho. Essas funções foram
sintetizadas por Sabbatini et a i (1990), como segue:

• Proteger a edificação: os revestimentos de fachada têm a


função de proteger os vedos e a estrutura contra a ação di-
reta de agentes agressivos, evitando a degradação precoce.
Essa função estã associada às exigências de durabilidade da
edificação. Assim, o revestimento íntegro tem como papel
aumentar a durabilidade e reduzir os custos de manutenção
dos edifícios.
• Auxiliar as funções da vedação: os revestimentos de fachada
auxiliam as vedações a cumprirem suas obrigações de pro-
porcionar à edificação estanqueidade ao ar e à água e ade-
quado desempenho termoacüstico e de proteção contra a
ação do fogo e intrusões.
• Proporcionar acabamento: os revestimentos definem as ca-
racterísticas estéticas do edifício, estabelecendo, muitas ve-
zes, o seu vaíor econômico.
• Integrar-se à base: os revestimentos com a base, Um exemplo da falta do
de fachadas têm também a função cumprimento dessa função é dado
de acomodar pequenos movimentos na Figura 2.1, na qual as fissuras ocor-
diferenciais entre a alvenaria e a es- reram no encontro da alvenaria com
trutura, devendo ser constituídos de a estrutura. Nesse edifício, também
modo que permaneçam, ao longo de as características estéticas da veda-
sua vida útil, em perfeita interação ção ficaram comprometidas.

Fissuras * deslocamento ne
alinhamento da estjutura

FIGURA 2.1 Revestimento de facha dos com interação deficienEe com o base

São diversos os revestimentos de mento de suas funções somente é ob-


fachada que podem cumprir as funções tido pelo desempenho satisfatório do
anteriormente elencadas e, dentre eles, conjunto das camadas que o compõe,
destacam-se neste trabalho os revesti- A NBR 13755 (ABNT, 1996} define
mentos aderidos produzidos com pla-
esse revestimento como um conjunto
cas cerâmicas.
de camadas superpostas e intimamen-
Os revestimentos com placas cerâ- te ligadas, constituído peía estrutura-
micas, caracterizados conforme ilustra a suporte, alvenarias, camadas sucessivas
Figura 2.2, possuem privilegiada durabi-
de argamassas e revestimento finai cuja
lidade em razão da resistência contra a
função é proteger a edificação da aça o
ação dos agentes agressivos ambientais
da chuva, umidade, agentes atmosféri-
dessas placas. Mesmo assim, o cumpri-
cos, desgaste mecânico oriundo da açõo
Enw Revestimenio

FIGURA 2.2 Ilustração das camadas constiluintes do revestinnenlo cerâmico de fachada.

conjunta do vento e partículas sólidas, propõe que o revestimento cerâmico


bem como dar acabamento estético" de fachada seja entendido como um
Sobre essa definição, cabe fazer conjunto de camadas superpostas de
duas observações. A primeira é que a argamassa e de acabamento com pla-
base, constituída pela estrutura-supor- cas cerâmicas, juntas de assentamento
te e pelo vedo (ali denominado alve- e detalhes construtivos, aplicado sobre
naria), não é camada constituinte do uma base ou um substrato.
revestimento, e sim a base sobre a qual Por serem essas camadas de revesti-
o revestimento será aplicado. Outra ob- mentos constituídas por diferentes ma-
servação é de que a definição da norma teriais e técnicas de execução, possuem
não faz referência às juntas de assen- também diferentes comportamentos dian-
tamento entre componentes e aos de- te das açòes a que estarão sujeitas ao lon-
talhes construtivos, como as juntas de go de sua vida útil, deformando-se mais
movimentação. Apesar disso, esses ele- ou menos em função de suas proprieda-
mentos, dada a sua importância para o des e das condições de restrição de seus
funcionamento do conjunto, são parte movimentos- E. para que o comportamen-
intrínseca do sistema de revestimentos to do conjunto possa ser compreendido,
cerâmicos de fachadas, uma abordagem sucinta das suas caracte-
Buscando-se estabelecer uma de- rísticas, bem como das características da
finição mais precisa, neste trabalho, se base, ê feita nos itens que seguem,
2.1 Base fachadas de edifícios que receberão
revestimentos aderidos.
A base, substrato do sistema de re-
vestimentos cerâmicos de fachada, é
usualmente constituída peia estrutura 2,2 Emboço
de concreto e pelo vedo, usualmen-
O emboço, usualmente entendido
t e de alvenaria de blocos cerâmicos,
como a camada que regulariza a base
de concreto, de concreto celular ou
para proporcionar uma superfície ade-
sílico-calcáríos, sendo mais comuns
quada para aplicação das placas ce-
os dois primeiros.
râmicas, cumpre outras importantes
Embora nâo seja parte do sistema funções que integralizam as funções do
de revestimento, a base possui caracte- vedo, como contribuir para a estanquei-
rísticas que interferem diretamente no dade da fachada e absorver e dissipar as
seu desempenho. Por isso, seu poten- tensões originadas pelas movimenta-
cial de movimentação e de fissuração
ções da base.
deve ser considerado na elaboração do
Para tanto, essa camada, usualmen-
projeto, o que será melhor discutido no
te produzida com argamassa de base
capítulo 3.
cimentida, deve manter-se aderida à
Além disso, suas características su- base. ser compatível com o acabamen-
perficiais de regularidade geométrica to decorativo, apresentar rugosidade
e de porosidade e sua própria consti- uniforme e reduzida, apresentar-se sem
tuição mineralógica também interfe- imperfeições e ter espessura de 20 mm a
rem no desempenho do revestimento, 30 mm, entre outras características esta-
sendo determinante na resistência de
belecidas pela ABNT NBR13749 (1996),
aderência. Em função disso, deverá es-
Algumas experiências em suprimir
tar adequadamente preparada para re-
a camada de emboço do sistema de
ceber a camada de revestimento.
revestimento têm sido observadas em
Além do preparo tradicional da canteiros de obra brasileiros; mas, segun-
base com uma adequada limpeza, em do Thomaz (2005)1. quando isso ocorre,
fachadas de edifício, é usualmente o desempenho mecânico do sistema de
aplicado o chapisco que, na maioria revestimento pode ficar aquém do es-
dos casos, permite o aumento da re- perado. Esse pesquisador, referindo-se
sistência de aderência do revestimen- à alta deformabilidade das estruturas de
t o â base e melhora na estanqueidade concreto armado de edifícios no Brasil,
do revestimento. Por isso, recomen- ressalta que, nos casos em que o embo-
da-se que seja sempre aplicado às ço é suprimido, se torna muito provável

1 THOMAZ, E. Palestra proferida por dr. Ércio Thornaz. Desempenho estrutural de edifícios e inter-
face com vedações verticais, no Seminário Habitação Desempenho e Inovação Tecnológica do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo. 20GS.
a ocorrência de fissuração e destaca- deverá ser ainda mais flexível que a
mento do revestimento cerâmico, uma executada sobre o emboço, buscando-se
vez que as tensões que são introduzi- evitar, assim, patologias indesejáveis,
das peias deformações da base serão, seja por perda de aderência do reves-
provavelmente, muito superiores à ca- timento, seja por perda de estanquei-
pacidade resistente da camada de aca- dade. Trata-se, pois, de uma tecnologia
bamento constituída peia camada de que exige um projeto específico que
fixação, pelas juntas entre componen- contemple as características intrínse-
tes e peias próprias placas cerâmicas. cas de cada empreendimento, cuja prá-
Acrescenta-se aos comentários de tica nâo será abordada neste trabalho.
Thomaz que a estanqueidade poderá Algumas características do emboço
ficar prejudicada, caso ocorram fissuras relacionadas às deformações da cama-
nas juntas entre componentes. da, sobretudo sua resistência mecânica
As diferenças geométricas que usual- e sua capacidade de absorver deforma-
mente ocorrem entre a estrutura de con- ções, sâo fundamentais. Essas caracte-
creto e a alvenaria de vedação raramente rísticas e demais aspectos relevantes
permitem que se aplique o revestimento da camada, pelas suas complexidade
cerâmico diretamente sobre o vedo ou a e importância, têm sido amplamente
estrutura, suprimindo-se, por consequên- estudados. Foram tratados de manei-
cia, a camada de emboço. Entretanto, para ra abrangente e profunda em trabalhos
esse processo construtivo, como bem sa- como os de Sabbatini e Barros (1989);
lienta Thomaz, a supressão do emboço Sei mo (1989); Maciel (1997); e Bortoluzzo
náo é um procedimento recomendado. (2000) e nâo serão aqui discutidos.
Pelo contrário, sua utilização é funda-
Destaca-se que. para cumprir ade-
menta! para o adequado funcionamento
quadamente suas funções, sem que
do revestimento.
ocorra fissuração ou destacamento no
No entanto, em nome da racionali- conjunto do revestimento cerâmico,
zação construtiva, a retirada da camada essa camada deverá ter elevada capa-
de emboço tem sido prática de algumas cidade de absorver as deformações,
construtoras brasileiras no emprego de mantendo-se íntegra e com adequada
alvenaria estrutural. resistência de aderência à base, de cor-
É certo que, ao se produzir o edifí- po e superficial, sobretudo, nesse siste-
cio com alvenaria estrutural, é possível ma em que a camada de acabamento é
obter uma base com elevada regulari- constituída por placas cerâmicas.
dade geométrica e baixíssimo grau de Entre essas características, somente
deformações; no entanto, mesmo para há requisitos normativos para a resis-
esses casos, recomenda-se que se tome tência de aderência da camada de em-
cuidados especiais para a aplicação da boço ã base, definida pela ABNT NBR
camada de revestimento cerâmico que B749 (1996). Essa norma determina que
a resistência de aderência à tração des- cada caso. Nesse sentido, registram-se
sa camada seja de, no mínimo, 03 MPa, projetos de revestimento cuja resistên-
Essa propriedade do revestimento deve cia de aderência à base foi estabelecida
ser avaliada pelo método de ensaio es- ern patamares superiores, chegando-sea
tabelecido peia ABNT N6R13528 (1995), 0,8 MPa, por exemplo. Vale ressaltar que
Destaca-se que o valor atribuído essa resistência de aderência, porém,
peia norma é um indicativo mínimo e somente será conseguida com produtos
não leva em conta a situação específica especiais tanto de preparo da base quan-
em que o revestimento esta aplicado, to da própria argamassa de emboço.
Não considera, por exemplo, a altura Outra característica do emboço é
do edifício, as condições de solicitação sua resistência superficial. Esta é par-
por intempérie a que está sujeito; a vida ticularmente importante, uma vez que
útil estabelecida para o revestimento; o muitos destacamentos de placas ce-
potencial de deformação da base, den- râmicas provêm de deficiências dessa
tre outros elementos importantes. Ca- interface com a camada de assenta-
berá, pois, ao projetista, incluir em sua mento, usualmente a argamassa colan-
análise todos esses elementos e estabe- te (RIBEIRO et ai, 2004), como ilustra
a Figura 2.3. A resistência superficial do
lecer, a seu critério, o valor mínimo para

FIGURA 2.3 llusfíoção de quedo das placas cerâmicos e da camada de fixação ca facha-
da de edifício par falha na interface da camada de fixação-superfícíe do emboço (Fato:
A N G E L O JUST).
emboço varia em função da argamassa sibilita melhor resultado que o acaba-
empregada, da técnica de acabamento mento sarrafeado. quanto à resistência
superficial das condições do ambiente de aderência. Assim, ainda que a ABNT
e do procedimento de cura, NBR 13755 (1996} estabeleça que a ca-
Não existem limites normativos mada de emboço para recebimento de
estabelecidos para essa propriedade; placas cerâmicas possa ser simplesmen-
no entanto, ela vem sendo avaliada te sarrafeada, não se recomenda esse
adaptando-se ao método de ensaio tipo de acabamento, defendendo-se o
da ABNT NBR 13,528 (1995), proposto
emprego do acabamento com desem-
para avaliação da resistência de ade-
penadeira de madeira
rência2. Avaliando-se a resistência de
Nâo hã outros parâmetros que per-
aderência superficial por esse méto-
do, aos 28 dias da produção do re- mitam avaliar as características do re-
vestimento, Medeiros (2006) propõe vestimento. Há,, sim, estudos feitos com
alguns valores médios e mínimos (Ta- as argamassas que serão empregadas
bela 2.1) estabelecidos em função da como emboço. para as quais se busca
camada de acabamento, estabelecer o módulo de elasticidade,
Foi feito por Ribeiro e colaborado- a resistência à tração e à compressão,
res (2004) um estudo que avalia o de- que influenciam na capacidade de ab-
sempenho mecânico dos revestimentos sorver deformações do revestimento
cerâmicos a partir da resistência de e na própria resistência de aderência.
aderência superficial do emboço em Entretanto, até o momento, nâo há va-
função das técnicas de acabamento lores normativos para essas grandezas,
superficial. Concluiu-se nessa avaliação os quais deverão ser estabelecidos pelo
que o acabamento desempenado pos- projetista em cada caso.

TABELA 2A Resislêncio de aderência superficial do emboço, em íunçâo da cornado de


oco ba mento,

Valor médio Valor mínimo


Camada de acabamento
(MPa)

Porcelanato 0,80 0,60

Grés 0,70 0,50


Fonte; MEDEIROS. 2006,

2 A principal adaptação do método consiste em nào se cortar o revestimento para constituir o


corpo de prova. A pastilha utilizada para o ensaio deve ser colada diretamente na superfície do
revestimento,
2.3 Camada de fixação As argamassas tradicionais de ci-
mento e areia produzidas em obra
A camada de fixação é responsável promovem essencialmente aderência
peia aderência das placas cerâmicas mecânica e, por isso, são utilizadas
ao seu substrato (emboço); portanto, em materiais porosos. Possuem tam-
cabe a ela resistir às tensões de tração bém baixa capacidade de retenção de
e císalhamento que ocorrem nessa in- água. Essas, ao longo dos anos, foram
terface. substituídas por argamassas colantes
Segundo o Tile Council of Ameri- cimentícias, as quais têm potencial de
ca [TCA, 2008), os materiais indicados desenvolver tanto a aderência mecâni-
para a camada de fixação são as arga- ca como a química. Além disso, propor-
massas tradicionais de areia e cimen- cionam uma camada mais fina. Por causa
to; as argamassas colantes cimentícias dos aditivos nelas empregados, podem

[monocomponentes) e as argamassas proporcionar maior capacidade de re-

colantes címentícias modificadas com tenção de água, melhor capacidade de


aderência e, inclusive, maior resistência
látex ou resinas em pó (bicomponen-
química e flexibilidade.
tes), Esse organismo também indica os
materiais não cimentícios, como as ar- A aderência química, necessária
gamassas e os adesivos epõxicos, e as para a aplicação de placas cerâmicas
argamassas de resina furânica que pro- com superfície lisa e de baixa porosi-
porcionam resistência química e cura dade, como o porcelanato, é obtida
rápida nâo obtida nas argamassas ci- fundamentalmente pelo emprego de
mentícias, Entretanto, esses produtos pastas de resina e resinas de reação,
são indicados em situações especiais, Esses produtos sào amplamente utili-
pois têm custo muito superior ao das zados em outros países. As pastas de
argamassas cimentícias, além de exigi- resina sào constituídas usualmente por
rem mâo de obra muito especializada adesivos poliméricos, principalmente
para sua aplicação. as resinas vinílicas e acrílicas, enquanto
as resinas de reação, como o epóxi. sâo
A fixação pode acontecer por pro-
adesivos com características superio-
cesso de aderência mecânica, adesão
química ou por ambos. Na aderência res em relação a praticamente todos

mecânica, ocorre a ancoragem da pas- os demais produtos, e o seu endureci-

ta de cimento nos poros do emboço e mento ocorre por reação química.


da placa cerâmica; enquanto, no pro- As argamassas colantes cimentícias
cesso de adesão química, a fixação monocomponentes são o material mais
ocorre pela ação de forças eletrostã- empregado no Brasil. São especificadas
ticas entre as moléculas do adesivo pela norma ABNT NBR 14.081 (2004),
e as moléculas dos materiais a serem
que as define como "produto industrial,
unidos.
no estado seco, composto de cimento
Por t( and, agregados minerais e aditivos bas as interfaces deve apresentar nível
químicos, que, quando misturados com adequado diante das solicitações e dos
a agua, formam uma massa viscosa, esforços a que o conjunto estará sub-
plástica e aderente, empregada no as- metido. Assim, essa camada é um ponto
sentamento de placas cerâmicas para crítico do revestimento cerâmico, pois.
revestimento". quando as tensões superam seu limite
de resistência de aderência, pode ocor-
A norma classifica as argamassas co-
rer o destacamento das placas cerâmi-
lantes em função da resistência de ade-
cas da camada de fixação (Figura 2.4) ou
rência e tempo em aberto, dividindo-as
mesmo o destacamento da camada de
em três classes ACI, ACII e ACI II (Arga-
fixação da superfície do emboço, como
massa colante tipos !, II e II]), confor-
anteriormente destacado (Figura 2,3).
me a Tabela 2.2. E acrescenta que cada
uma das classes pode ser reclassificada A resistência de aderência e a capa-
como argamassa especial, caso o tem- cidade de absorver deformações são
po em aberto seja aumentado em pelo propriedades de extrema importância
menos 10 minutos, ficando, assim, com da camada de fixação. Essas são res-
as siglas ACE-E, ACII-E ou ACIH-E, ponsáveis por conferir ao revestimen-
to cerâmico adequado desempenho
Por ser a interface entre o emboço
mecânico diante das tensões de tração
e as placas cerâmicas, a camada de fi-
ou cisa Ih amento que podem ser gera-
xação tem um papel determinante no
das nas camadas, tanto em função das
desempenho do sistema de revesti-
variações térmicas e higroscõpicas do
mentos cerâmicos, A aderência em am-
ambiente, como peia pressão de suc-

TABELA 2.2 Requisitos e cri ré ri os poro org o m osso s colonies industrializados.

Método de Argamassa colante


Propriedade Unid
ensaio I II III

Tempo em aberto NBR 14083 min >15 >20 >20

Res. aderência [23 dias): NBR 14083

Cura normal M Pa >0,5 >0,5 >1.0

Cura submersa em água M Pa >0,5 >0.5 >1,0

Cura em estufa M Pa >0,5 >1,0

Deslizamento NBR 1408S mm <0.7 <0,7 á0,7


Fonte: ABNT NBR M OSI [2004]
1 1
glilt®

FIGURA 2.4 Ilustração de queda das placas cerâmicas de Fachada de edifício em que a
camada de fixação aderiu á superfície do emboço [Fofo; ANGELOJUSTJ.

çâo do vento, principalmente em reves- Já a capacidade de absorver defor-


timentos de fachadas. mações das argamassas colantes pode
A resistência de aderência da placa ser conferida por sua flexibilidade e
cerâmica ao substrato é contemplada módulo de elasticidade, sendo esses
pela norma de assentamento de reves- importantes requisitos para a manuten-
timentos cerâmicos em fachadas, ABNT ção da aderência dos revestimentos ao
NBR 13755 (1996), a qual apresenta mé- longo da vida util do edifício.
todo de ensaio e recomenda que a ve-
rificação da aderência seja feita sempre
2.4 Camada de acabamento
que a fiscalização julgar necessário. Se-
gundo a norma, essa avaliação deve ser Em revestimento decorativo com pla-
realizada in loco, após 28 dias de assen- cas cerâmicas, a camada de acabamento
tamento das placas, em seis exemplares é constituída pelas placas cerâmicas e
de corpos de prova, e o revestimento pelas juntas entre as placas, as quais são
é aprovado se, pelo menos, quatro dos preenchidas por rejunte. Essa camada,
valores forem iguais ou superiores a por ficar exposta à ação das intempéries,
0,3 MPa. é a mais solicitada do sistema, principal-
mente pela variação de temperatura e resistência à ação da água e do fogo, re-
umidade, Assim, o conjunto deve ser do- sistência ao manchamento e ao ataque
tado de características e propriedades químico, estabilidade de cores) devem
que lhe permita resistir às tensões a que ser conhecidas do projetista para espe-
estará sujeito, cumprindo, dessa forma, cificação do tipo de componente ade-
parte de suas funções. quado a cada uso específico.
Neste item, serão apresentadas as Segundo Medeiros (1999), as pro-
características desses componentes que priedades das placas cerâmicas trazem
mais claramente influenciam no compor- uma série de vantagens importantes
tamento do revestimento. para o uso como revestimento de fa-
chada, dentre as quais destacamos as
principais:
2 A 1 Placas cerâmicas
• nào propagam fogo;
São placas delgadas, obtidas a par-
• elevada impermeabilidade:
tir de materiais cerâmicos, utilizadas
para revestimento de pisos e paredes. • baixa higroscopicidade;
Segundo Timellini e Palmonari (2004). • não provocam diferença de potencial;
o termo 'cerâmico" é utilizado, tradicio- • não são radioativas;
nalmente, para os produtos obtidos das
• não geram eletricidade estática;
misturas de argila, areia e outras subs-
tâncias naturais que, após uma mistura • excelente isolamento;
apropriada, dào origem a componentes • custo final, em geral, compatível
de formato específico que são queima- aos benefícios, principalmente em
dos a alta temperatura (de 1.000 a 1250 relação à manutenção durante a
*C), conferindo-lhes suas importantes vida útil.
características físicas.

A NBR13818 (1997) define as caracte- a) Absorção efe água

rísticas físicas e as condições-limite para A absorção de água é uma impor-


especificação e aplicação de placas ce- tante característica das placas cerâ-
râmicas para revestimentos, bem como micas e tem significativa influência
os métodos de ensaios aos quais as pla- em muitas outras caracteríticas físicas
cas devem ser submetidas. Caracterís- importantes para o bom desempenho
ticas corno aspecto superficial, traços dos revestimentos de fachadas (Gold-
dimensionais, teor de absorção de água, berg, 1998),
resistências mecânicas (como: carga de
As placas de revestimento cerâmico
ruptura, módulo de resistência à flexão,
sào agrupadas segundo sua capacidade
resistência k abrasão superficial e pro-
de absorção de água e, genericamente,
funda, resistência ao gretamento, resis-
denominadas em função dessa classifi-
tência ao risco) e estabilidade química
cação, como ilustra a Tabela 2.3.
e física (como: expansão por umidade.
TABELA 2,3 Grupos de absorção de água a faixa de absorção dessas. Assim, nas
placas de porcelanato, cuja absorção
Faixa de absorção
Denominação *Grupo (%) de água é quase nula, a aderência me-
cânica praticamente não ocorre, sendo
Porcelanato ia 0 < abs <0,5 preciso recorrer â adesão química dos
Grês cerâmico lb 0,5 < abs <3,0 componentes (MEDEIROS, 1999),
Da mesma forma, o nível de poro-
Semigrés lia 3,0 < abs <6,0
sidade das placas cerâmicas pode in-
Semi poroso lib 6,0 < abs <10,0 terferir nas características de aderência
Poroso * 111 Abs acima de 10 das argamassas de rejuntamento e do
material sei ante empregado para preen-
* Os azulejos estão nesse grupo de absorção. A carga
chimento da juntas de movimentação,
de ruptura permitida para o azulejo c menof que 400
N, o que o diferencia do piso-poroso, sendo indicada A absorção de água das placas ce-
somente para uso em paredes
râmicas também está relacionada ã
Fonte; (NBR13818, ABNT, 1997J.
movimentação higroscópica ã qual o
revestimento de fachada poderá estar
A absorção de água da placa cerâmi-
sujeito, ou seja, a movimentos causados
ca está relacionada diretamente à sua
pela variação de umidade que podem
porosidade. Quanto mais compacto for
possibilitar sua variação dimensional,
o material menor a porosidade da peça
Assim, apesar de não constar das nor-
cerâmica e, consequentemente, menor
mas vigentes, alguns documentos li-
a absorção de água. Assim, é uma pro-
mitam a absorção de água das placas
priedade que pode ser utilizada como
cerâmicas, que poderão ser empregadas
referência para a especificação dos ma-
em fachadas de edifícios, a no máximo
teriais da camada de fixação, uma vez
3%, em climas que experimentam tem-
que o nível de porosidade do compo-
peraturas de congelamento, e a 6% em
nente cerâmico interfere nas suas ca-
outros climas (GOLDBERG, 1998).
racterísticas de aderência ao emboço e
ã argamassa de rej unta mento b) Expansão por umidade
A aderência por ancoragem me-
A expansão por umidade (EPU) con-
cânica das argamassas às placas, que
siste no aumento das dimensões dos
acontece a partir da penetração da pas-
materiais cerâmicos em razão da ad-
ta de cimento nos poros e interstícios
sorção' de água pelo corpo do mate-
das placas cerâmicas, será tanto menor
rial. Caracteriza-se por ser uma rápida
quanto menores forem a porosidade e
expansão imediatamente após a fabri-

3 Adsorçào é a fixação das moléculas de urna substância (o adsorvato) na superfície de outra subs-
tância (o adsorvente) (Oxford Dictionary of Chemistry. 1996).
cação da peça e uma subsequente ex- cerâmicas a condições de elevada tem-
pansão, com uma taxa sensivelmente peratura, como o método de ensaio do
menor, que pode se processar por de- Anexo J da ABNT NBR 13818 (1997), pelo
zenas de anos (MENEZES et al„ 2006). qual os corpos de prova sâo secos em
A EPU tem sua intensidade influencia- estufa a 110 c'C durante 24 horas e depois
da pelo processo de produção dos com- requeimados em mufla a 550 ° C por duas
ponentes, entre eles: a matéria-prima que horas; além desse método, determina-se
compõe a massa, os ciclos de queima a EPU pelo método da autocíave, sub-
e a prorosidade aparente do material metendo-se as placas cerâmicas a altas
(CHIARfet al 1996). temperaturas e ã pressa o.

Apesar de ocorrer lentamente e ser Ambos os métodos submetem os cor-


relativamente pequena, pode compro- pos de prova a condições mais agressivas
meter a aderência das placas cerâmicas, do que as condições sob as quais o com-
pois se dá depois de as placas cerâ- ponente estará sujeito. Em geral, apesar
micas terem sido assentadas (Fiorito, da grande quantidade de trabalhos que
1994), Além disso, a EPU pode levar as abordam o fenómeno da EPU, há mui-
placas cerâmicas ao gretamento (CHIAR! ta controvérsia acerca da metodologia
et a!. 1996). mais adequada para determiná-la. seja
ela passada ou a potencialmente futura
Segundo Fiorito {1994), a ordem de
(MENEZES et al„ 2006).
grandeza dessa deformação é de 0,0003
a 0,0007 mm/m, após dois anos de ex- Ainda segundo Fiorito, "existe a ten-
posição ao ar, e os valores podem ser dência em se adotar este vator como
bem maiores ou até bem menores, ou valor máximo para EPU em revestimen-
mesmo nulos para corpos cerâmicos de tos; entretanto, ao se determinar o valor
absorção de ãgua próxima a zero. citado, nõo foi considerado a possibilida-
de de a peça já estar assentada" Esse au-
Como a EPU pode ocorrer antes e
tor afirma que o valor da EPU de 0.0006
após o assentamento das placas cerâ-
mm/m pode ser considerado muito ele-
micas na fachada, uma avaliação inte-
vado quando as placas estão assentadas,
ressante seria conhecer a EPU Potencial
se forem admitidos os limites de resistên-
- aquela que ainda poderá ocorrer fu-
cia ao cisa lha mento da interface entre a
turamente, após o assentamento das
placa cerâmica e a argamassa e da própria
placas.
argamassa. Essa afirmativa é esclarecida
A NBR13818 [1997) propõe como prin- em seu trabalho por meio de um modelo
cipal característica física a ser avaliada matemático e náo cabe aqui repeti-lo.
para especificação de placas cerâmicas
Destaca-se que, ao contrário do que
em fachadas a expansão por umidade.
suposto por muitos, a absorção de água
Usualmente, a determinação da EPU das
das placas cerâmicas não é necessaria-
placas cerâmicas é realizada por méto-
mente proporcional à EPU. Menezes e
dos de ensaio que submetem as placas
colaboradores (2003) constataram em
seu trabalho que ern 50% dos casos ava- a determinação do módulo de elasti-
liados existiu uma proporcionalidade in- cidade envolve algumas dificuldades,
versa entre a EPU e a absorção de água. como a limitada espessura do compo-
nente, a elevada rigidez e a fragilidade
c) Dilatação térmica do material cerâmico, além da grande
A dilatação térmica das placas cerâ- variedade de material.
micas é uma característica importante Essa característica da placa cerâmi-
para os revestimentos de fachadas. O ca e sua influência no comportamento
aumento nas dimensões das placas em dos revestimentos serão abordadas no
razào do aumento da temperatura e sua capítulo 3 em que se discute o compor-
contração com a diminuição dessa, se- tamento mecânico do revestimento.
gundo Thomaz (1989) e Fiorito [1994),
contribuem para o destacamento do
revestimento em função das tensões 2.4,2 Juntas de assentamento
que introduzem no sistema.
As juntas de assentamento são aque-
A variação dimensional dos produ- las existentes entre placas adjacentes
tos cerâmicos em decorrência das va- de um revestimento modular e assim
riações de temperatura é expressa pelo chamadas por serem originadas durante
coeficiente de dilatação térmica linear o processo de assentamento dos com-
das placas cerâmicas4 quer segundo For- ponentes, as quais posteriormente são
car (1987), está compreendido entre 4 preenchidas por rejunte.
e 8 x IO-15 mm/m/C. Esse coeficiente Segundo junginger (2003), o rejunte
pode ser estimado com base no anexo tem grande importância no desempe-
K da ABNT NBR 13818(1997). nho do revestimento cerâmico, e suas
funções, segundo Sabbatini e colabora-
d} Módulo de elasticidade
dores (1990) e Junginger (2003). são;
O módulo de elasticidade, relação
entre uma dada tensão e a deformação • Proporcionar alívio de tensões; as
específica do material correspondente juntas entre componentes, quando
a essa tensão, é uma propriedade da adequadamente especificadas e exe-
placa cerâmica que expressa sua capa- cutadas, têm potencial de reduzir o
cidade de deformação. módulo de elasticidade dos panos
de revestimento e, por consequên-
Os valores do módulo são utiliza-
cia, aumentam sua capacidade de
dos para estimar as tensões atuantes
absorver deformações intrínsecas,
no revestimento em determinada situa-
provocadas pelas variações térmi-
ção. Entretanto, segundo Abreu (2001),

A O coeficiente de expansão Térmica linear ê a relação entre a expansão linear do corpo por grau
de temperatura e por unidade de comprimento a 0 °C.
cas e higroscópicas e deformações Os detalhes construtivos muitas
de amplitude normal das bases. vezes estão previstos no projeto de
• Otimizar a aderência das ptacas ce- arquitetura para proteger a fachada da
râmicas: o contato do rejunte com incidência e da ação da chuva, com-
o fundo da junta aumenta indireta- preendendo os pontos de captação de
mente a área de contato das placas águas pluviais, os beirais, as cimalhas, as
com o substrato, sobretudo, em re- molduras e até mesmo os frisos. Esses
vestimento com placas de pequenas detalhes, entretanto, nâo serão aborda-
dimensões, em que a área das juntas dos neste trabalho,
de assentamento não é desprezível. As juntas de movimentação, os re-
quadros, as quinas e os reforços com
Segundo a B5 5385: Part2 (BSI, 1991),
teias metálicas também são detalhes
para que as juntas em revestimentos ex-
importantes muitas vezes esquecidos
ternos cumpram suas funções, o rejun-
no projeto de arquitetura, mas que de-
te deve ter adequada trabalhabilidade,
verão ser previamente pensados antes
baixa retração e adequada aderência
da execução dos revestimentos.
nas laterais das placas cerâmicas, cujo
Destacam-se as telas de refor-
espaçamento forma as juntas de assen-
ço, que sào utilizadas na camada de
tamento. Exige-se, ainda, que seja um
emboço com a função de dissipar as
material compatível com as condições
tensões que se concentram na base, e
ambientais a que estará sujeito.
servem, muitas vezes, para estruturar
o revestimento, em caso de espessu-
2.5 Detalhes construtivos ras muito elevadas (BARROS e SABBA-
TINI, 2004).
Os detalhes construtivos são ele-
As juntas de movimentação, por ou-
mentos que devem ser previstos em
tro lado. são regiões de concentração
pontos estratégicos da fachada, bus-
das tensões que surgem no revestimen-
cando aumentar o desempenho do sis-
to, cuja função é proporcionar alívio das
tema de revestimento. Segundo Maciel
tensões nas camadas de revestimento e
(1997), esses detalhes são executados
serão objeto de análise nos capítulos
durante a produção dos revestimentos,
que se seguem.
de acordo com sua função nas camadas
de revestimento.
r

3
CAPITULO

Comportamento dos
Revestimentos

Neste capítulo, sintetiza-se o comportamento mecânico dos


revestimentos de fachadas, considerando-se os fatores que ori-
ginam tensões nas suas diversas camadas e, na sequência, abor-
da-se o alívio dessas tensões, a partir da produção de juntas de
movimentação.

3.1 Movimentos e tensões


Diversos sâo os agentes de deterioração que atuam nos re-
vestimentos de fachadas, sendo que os principais são citados
pela norma ISO 6241 (ISO, 1984) como de origem mecânica, ele-
tromagnética, térmica, química ou biológica.
Enfocam-se aqui aqueles que tendem a ocasionar movimen-
tos nas camadas de revestimento, como a variação de tempe-
ratura, a u m i d a d e e o vento e também aqueles decorrentes da
deformação da base em que o revestimento estã aplicado. Esses
agentes, atuando de maneira isolada ou simultaneamente, re-
sultam em movimentos no edifício, sendo variáveis seus efeitos
no comportamento dos revestimentos de fachadas. Segundo a
BS 5385:2 (BSL 1991), esses movimentos podem originar tanto
tensões de compressão como de tração que, por sua vez, orí-
ginam tensões de dsalhamento na in- Por isso. o equacionamento entre as
terface entre as diversas camadas do ações de agentes solicitantes e as conse-
revestimento. quentes tensões geradas e a capacidade
No revestimento cerâmico, as ten- resistente das camadas é determinante
sões de tração que ocorrem na camada na durabilidade dos revestimentos ce-
de acabamento constituída por placas râmicos de fachadas. Como os materiais
cerâmicas e rejunte, em virtude das utilizados nas camadas de revestimento
variações de temperatura ambiente e têm resistência mecânica limitada, é ne-
umidade, resultam em tensões de ci- cessário minimizar as tensões atuantes,
sa íhamento na interface dessa camada isso pode ser obtido por meio das juntas
com a de fixação. A tensão de cisalha- de assentamento e a partir da limitação
mento pode ocorrer também a partir do do tamanho do painel de revestimento,
surgimento de tensões de compressão pela introdução de juntas que permitam,
na camada de acabamento, originadas, reduzir a restrição aos movimentos e,
por exemplo, pela expansão por umi- desse modo, o nível de tensões,
dade das placas cerâmicas ou pela sua Com o emprego de juntas de mo-
contração em um momento de queda vimentação, busca-se que as tensões
repentina de temperatura, ou mesmo originadas em um painel não sejam
peio encurtamento e por deflexões dos transmitidas para as áreas adjacentes, O
elementos da estrutura. que permitirá reduzir o risco de se ter
As tensões ocorrem em cada uma tensões, elevadas e, por consequência,
das camadas e nas suas interfaces. So- problemas de resistência mecânica do
licitam o revestimento de maneira nâo revestimento. Portanto, para o dimen-
uniforme, levando tanto a base quanto sionamento das juntas de movimen-
as próprias camadas a movimentos di- tação, ê necessário que se conheça
ferenciais que podem contribuir para o a magnitude das ações que originam
incremento de tensões (FIORITO, 1994), tensões, e nisso reside uma grande di-
ficuldade, pois não se tem modelos
Por sua vez, a capacidade resis-
que possam prever com precisão os
tente das camadas de se deformarem
movimentos que serão originados, tam-
e de se manterem aderidas faz com
pouco os seus efeitos nas camadas do
que as tensões se dissipem ao longo
revestimento. Além disso, também nâo
das suas interfaces. Entretanto, se as
se tém modelos que permitam prever o
tensões originadas excederem a ca-
comportamento do revestimento, uma
pacidade resistente da camada, po-
vez que um mesmo movimento pode
derá haver o comprometimento da
provocar tensões mais ou menos ele-
estabilidade do conjunto, ocasionan-
vadas em um sistema de revestimento,
do fissuração ou perda de aderência
principalmente em função da sua capa-
e, consequentemente, o destacamen-
cidade de absorver deformações que
to do revestimento (SABBATINI et aL,
também não ê claramente conhecida.
1990; FIORITO, 1994).
Em virtude da complexidade de se a ação que a causou seja eliminada, o
obter informações precisas sobre o elemento nâo retorna à sua dimensão
comportamento do sistema de revesti- original. Os movimentos reversíveis sâo
mento cerâmico de fachada, o método aqueles que, uma vez cessada a solicita-
que tem sido utilizado por alguns auto- ção, o elemento retorna ã sua dimensão
res para o dimensionamento das juntas original; retornando à ação, os movi-
de movimentação é avaliar os movi- mentos voltam a ocorrer e, consequen-
mentos totais passíveis de ocorrência, temente, a deformação, tendo como
a partir da estimativa da magnitude do resultado deformações cíclicas.
movimento que cada agente mecânico A reversibilidade do movimento da
pode originar. O movimento resultante junta de movimentação do revestimen-
é considerado para o dimensionamen- to dependerá da natureza da ação que o
to das juntas que sâo posicionadas nas causou. Por exemplo, a deformação len-
regiões que se julga serem as de maior ta da estrutura de concreto causará um
concentração de tensões e, conse- movimento unidirecional irreversível
quentemente, de maior possibilidade na junta; enquanto os movimentos em
de fissuração. razão das cargas de vento e do efeito
Goldberg (1998) e Medeiros (1999), térmico tenderão a causar movimentos
p0rexempl0,ilustramemseuStrabaih0S repetidos e cíclicos, os quais poderão
a quantificação dos movimentos para o ser reversíveis desde que a junta seja
dimensionamento das juntas de forma corretamente dimensionada,
acumulada e maximizada. Ou seja, con- É preciso destacar que as deforma-
sideram a soma dos movimentos como ções irreversíveis, quando de compres-
se todos eles ocorressem simultanea- são da junta, fecham a abertura da junta,
mente e em uma mesma direção, para reduzindo-a permanentemente. Nessa
estabelecer um fator de segurança para situação, a junta passará a ter uma dimen-
a mais extrema condição. são inferior àquela inicialmente projetada
Entretanto, um fator importante a e. caso esse movimento não tenha sido
ser ainda observado no dimensiona- previsto, a junta poderá ter seu compor-
mento das juntas de movimentação é a tamento comprometido diante de possí-
reversibilidade dos movimentos. Segun- veis movimentos cíclicos que possam vir
do o CSTC (1979), o ACI 504 R-90 (ACI, a ocorrer (ASTM O472,2006).
1997] e a ASTM G472 (ASTM, 2006), os Portanto, para que se possa dimen-
elementos de fachada e, por conseguin- sionar adequadamente a junta, é preciso
te, as suas juntas sofrem movimentos ir- conhecer as características dos principais
reversíveis e reversíveis. movimentos a que estará sujeita: por isso,
Os movimentos irreversíveis são nos itens a seguir são sintetizados os prin-
aqueles que causam deformações per- cipais fatores que originam os movimen-
manentes no elemento, ou seja, uma tos e as consequentes deformações nos
vez ocorrida a deformação, mesmo que revestimentos de fachadas.
3.2 Fatores que originam mensionais dos materiais constituintes
da base e das camadas de revestimento,
movimentos e tensões
Hã. ainda, o comportamento intrínseco
nos revestimentos dos componentes do edifício, como
a deformação lenta da estrutura, que
São diversos os fatores que originam
acaba solicitando tanto o vedo quanto
movimentos no edifício e, consequen-
o revestimento que o recobre.
temente, nas camadas de revestimento
que o recobrem. Esses fatores podem Os movimentos que ocorrem nas ca-
ser tanto externos, como os ventos, im- madas podem ser classificados segundo
pactos e vibrações, quanto inerentes ao sua natureza e agrupados segundo a sua
comportamento dos materiais e com- reversibilidade, conforme proposto na
ponentes que constituem o edifício, Tabela 3.1. A natureza, os fatores influen-
como a variação da umidade e da tem- dadores e o meio para quantificação da
peratura, que ocasiona mudanças di- magnitude desses movimentos são des-
critos nos itens seguintes.

TABELA 3.1 Classificação dos movimentos dos elementos construtivos quanto ò suo natureza e
ô reversibilidade.

Natureza Movimento Reversibilidade

Variação da Movimento térmico (contração ou expansão dos


temperatura materiais por variação de temperatura)
Reversível
Movimento higroscópico (retração ou expansão dos
materiais por variação da umidade)

Ação da umidade
Expansão por umidade de placas cerâmicas
Retração por secagem da argamassa de emboço ou
da argamassa coiante da camada de fixação

Irreversível

Comportamento
intrínseco dos Movimento da estrutura de concreto em razão das
componentes e cargas permanentes: peso próprio, fluência, retração
elementos do edifício

Irreversível ou
Movimento do edifício por causa das cargas de reversível
Ação do vento
vento [avaliar cada caso
especificamente)
3.2.1 V a r i a ç ã o d e t e m p e r a t u r a alguns manuais de especificação de jun-
tas de movimentação, como o DTU.44.1
O efeito que a variação de tempe- (AFNOR. 2002), consideram apenas o
ratura ocasiona nos materiais e com- efeito térmico na obtenção das dimen-
ponentes construtivos é sua variação sões das juntas
dimensional na forma de expansão das
As características de exposição das
camadas, quando hã o aumento da
fachadas é um fator determinante das
temperatura, ou contração, quando hã
variações dimensionais ao longo da ex-
redução. Os movimentos de origem
tensão do revestimento cerâmico, pois
térmica - movimentos de expansão e
cada fachada estará sujeita a uma escala
contração dos materiais e componentes
de temperatura diferente, em função da
- ocorrem de maneira diferencial entre
orientação e da proteção do edifício.
as camadas, em função de suas distintas
Portanto, para a anãlise da edificação,
características, e sempre se restringem
pode-se considerar cada fachada espe-
pela aderência das camadas de revesti-
cificamente ou definir o posicionamen-
mento ao seu substrato. Por se tratarem
to das juntas em função da fachada cuja
de movimentos reduzidos, introduzem
orientação é mais crítica em relação à
tensões de compressão ou de tração na
incidência solar (LEDBETTER, HURLEY e
camada e de cisalhamento na interface
SHEEHAN. 1998).
entre a camada e seu substrato, Como
hã uma variação cíclica da temperatu- Além disso, apesar de todas as cama-
ra, os movimentos que ela causa tam- das do sistema de revestimento estarem
bém são cíclicos, o que pode resultar, em permanente exposição a ação da va-
ao longo do tempo, em fadiga nas liga- riação da temperatura, movimentam-se
ções (entre camadas ou entre elas e o em maior ou menor grau, de acordo com
substrato}, ocasionando, na maioria das as propriedades físicas de seus materiais
vezes, em perda de aderência. constituintes e com a intensidade da varia-
ção de temperatura a que estão sujeitas.
Segundo a SS 5335: part2 (BSI, 2006)
Em estudo realizado por Saraiva
e a ASTM C1472 (ASTM, 2006), o movi-
(1998), em que avaliou a influência da
mento térmico é o efeito predominante
dilatação térmica das placas cerâmicas
nas variações dimensionais dos compo-
nas tensões do revestimento, consta-
nentes do edifício, sendo, por isso, um
tou-se um aumento em torno de 60%
fator determinante para o emprego de
nas tensões na camada de acabamen-
juntas de movimentação.
to, ao utilizar peças cerâmicas escuras,
Pela sua importância no comporta- ou seja, com alto coeficiente de absor-
mento dos revestimentos de fachadas, ção solar1.

\ A cor da superfície das placas cerâmicas influencia em seu potencial de absorção de calor e,
consequentemente, em sua temperatura de superfície, que acarretará maior ou menor dilatação
térmica da camada.
Assim, quando se conclui que a dila- A máxima variação dimensional ocor-
tação térmica do revestimento cerâmico re em função da máxima variação de
é elevada, deve-se tomar cuidados espe- temperatura que, por sua vez, pode ser
ciais, como o emprego de argamassas calculada a partir da diferença máxima de
colantes flexíveis e especificação de jun- temperatura de superfície (temperaturas
tas de movimentação (AS 3958,1992). de bulbo seco ; ) que pode ocorrer ao lon-
De modo geral, os fatores a serem go do ano e que, por sua vez, poderá ser
considerados para a quantificação do calculada considerando-se a diferença
movimento das camadas de revesti- entre a temperatura mais baixa no ano
mento por variação térmica são a varia- (T ) e a temperatura mais elevada no
ção de temperatura das camadas e os ano (T a í : J, conforme indica a equação
seus respectivos coeficientes de dilata- 3.2.1.2. a seguir.
ção térmica linear.
AT" =T —T Equação 3.2.1.2
M Mas Mir)
O movimento térmico ou a variação
dimensional linear a que cada camada Sendo:
de revestimento está submetida em fun-
AT M : Variação máxima de temperatura
ção da variação de temperatura pode ser
rc) J
obtido pelo produto dos seguintes fato-
TMa,: Temperatura mais elevada da su-
res: comprimento do painel, variação da
perfície (°C)
temperatura nessa camada na situação
considerada e capacidade de dilatação T : Temperatura mais baixa da super-
linear dos materiais constituintes da ca- fície (°C)
mada (coeficiente de dilatação térmica
linear), conforme a Equação 3.2.11 A temperatura mais baixa (T.^J cor-
responde diretamente às mínimas tem-
AL = L*At*a Equação 3.2.1.1
peraturas de bulbo seco (Tfi5 e pode
Sendo: ser encontrada na Tabela 3.2. Para a tempe-
ratura mais elevada, considera-se o ganho
AL :Variação dimensional linear (mm)
do calor na superfície do revestimento,
L Comprimento do painel não restrin- a partir do produto do coeficiente de
gido (distância entre juntas) (mm) absorção solar do material ( A J (Tabela
At: Variação entre a temperatura máxi- 3.3) pela constante de capacidade de
ma e a temperatura mínima no pe- calor ( C j (Tabela 3.2), adicionado â tem-
ríodo considerado (°C) peratura de bulbo seco máxima (Tabela

a y : Coeficiente de dilatação térmica li- 3.4), como indica a Equação 3.2.1.3.


near ( m m / m m / C )

2 Temperatura de bulbo seco: temperatura do arr medida por um termômetro com dispositivo de
proteção contra a influência da radiação ambiente (ASHRAE. 1997J.
TABELA 3,2 Temperatura de bulbo seco em TABELA 3.3 Consiante de capacidade de
14 cidades brasileiras. calor5 - C x

Temperatura média das máximas Condições da superfície Constante


e média das mínimas ('C] Baixa 56
Baixa com reflexão 72
"'"bsiviik "^BSMin
Cidade
°c Alta 42

Belém Alta com reflexão 56


27 15
Fonte: ASTM C1472 [ASTM, 2006).
Brasília 22,5 12
Curitiba 24.3 17
Florianópolis 50,2 23,4
A norma ASTM C1472 (ASTM, 200Ó)
Fortaleza 283 20.6
apresentou as temperaturas de bulbo
Maceió 297 22,4
seco das cidades norte-americanas,
Natal 28, S 23,5
obtidas no "Handbook of Fundamen-
Porto Alegre 25 14,5 tals'! do ASHRAE (American Society of
Recife 28.5 23,5 Heating, Refrigerating and Air-Condi-
Rio de Janeiro 27.3 20,5 tioning Engineers), no qual também são
Salvador 28,7 21.8 encontradas as temperaturas do Brasil.
São Luís 31,2 23.4 Goulart, Lamberts e Firmino (1998) de-
terminaram,. pela metodologia ASHRAE.
São Paulo 23,8 15,1
as temperaturas de projeto de bulbo
Vitória 28,4 20
seco para 14 cidades brasileiras, as quais
Fonte: GOULAftT. LAM&ËftTS E FlftMINO. 1998.
estão apresentadas na Tabeta 3.2.

Medeiros (1999), a partir de diferen-


= JssMa, + A J C J ^ z ç â o 3.2.13 tes fontes, fe2 uma síntese dos valores
médios de coeficiente de dilatação
Sendo: térmica linear dos materiais que po-
dem constituir os revestimentos cerâ-
TSBMj. Temperatura de bulbo seco má- micos de fachadas. Reuniram-se a esses
xima (°C) os valores de coeficiente de dilatação
A,: Coeficiente de absorção solar térmica linear apresentados na ASTM
dos materiais Cl472 {ASTM, 2006), compondo-se a
Q Constante da capacidade de calor Tabela 3,5,

3 A constante de capacidade de calor refere-se ã capacidade do material de armazenar calor. As


paredes de constantes de capacidade de calor baixas são representadas pelas paredes conduto-
ras, como as de painel metálico, enquanto as superfícies de concreto e alvenaria representam as
paredes de alta capacidade de calor. Se houver reflexão de radiação solar na superfície, devem
ser utilizadas as constantes que incluem esses efeitos (ASTM C1472.2006).
tabela 3.4 Coeficientes de absorção sdar. Para exemplificar a aplicação das
equações propostas pela ASTM 1472
Coeficiente de
Superfície (ASTM, 2006), na sequência são calcula-
absorção solar
dos os movimentos térmicos horizontais
Concreto 0,65 e verticais, em dois painéis de 12 metros
de largura por 3 metros de altura, reves-
Superfície colorida preta 0.95
tidos por placa cerâmica, sendo em um
Superfície colorida deles as placas de cor preta e no outro,
0.80
verde-escuro de cor branca, ambas com coeficiente
Superfície colorida
de dilatação térmica linear de 12 x 10~ó
0,65 mm/mm/ J C. aplicadas em um local cuja
verde-clara
temperatura ambiente mínima é de 15D C
Superfície colorida branca 0,45 e máxima de 27 °C, com os resultados
apresentados na Tabela 3.6,
Mármore branco 0,58
Goldberg [1998] exemplifica em seu
Fonte: ASTM C1472 (ASTM, 2006), trabalhoo cálculo da largura das juntas de
movimentação em função dos movimen-
tos térmicos esperados para a fachada do
TABELA 3.5 Valores de coefícienie de dilata-
edifício, com as características a seguir,
ção rérrnica linear [a] de me ter ic is que consti-
tuem os revestimentos- cerâmicos de fachada.
» Edifício de 50 metros de altura,

Coeficiente de • Revestimento de porcelanato (a .„.., =


Material dilatação térmica 6 x 10"* mm/mm^C).
linear |a)°C_1 • Temperaturas de superfície (cor es-
cura) variaram de 60 °C no sol quente
Porcelanato 4,5 a 13 x 10 6
e -10 °C no clima frio (Af = 70°C).
Grês cerâmico 5,9 a 12 x IO"6 • Valor de difusão de calor através das
Semigrês 5,9 a 12 x IO"6 camadas, de modo que a estrutura de
Cerâmica semiporosa 8 a 10 x 10fi con c reto *(aconcreto = 10 x IO* mm /mm/

Cerâmica porosa 8 a 10 x IO"6 °C) atingiu temperatura média de 30 DC


na interface com o revestimento.
Litocerâmica 8 a 10 x 10"4
Substituindo os valores anterior-
Argamassa colante 8 a 12 x IO"*
mente propostos na equação 3.2,11,
Rejunte comum 9 a 13 x 10 "* aquele autor fez o seguinte cálculo:
Re junte flexível 9a 13x10^
Deformação da estrutura de concreto:
Poliestireno expandido 15 a 45 x IO"4
0.000010 mm/°C/m x S0m x l.OOOmm
Polietileno expandido 110 a 200x10"* x 30° C = IS mm
Bloco cerâmico (2) 6.5 x 10'6
Deformação das placas de porcelanato:
Concreto [2} 9,0 x 10-fi
0,000006 mm/^C/m x 50m x l.OOOmm
Fonte: MEDEIROS. 1999: ASTM C1472 (2006).
x 70° C = 21 mm
TABELA 3,6 Magnitude dos movimentos em painéis de diferentes cores de placas cerâmicas

Largura Altura
12 (ti 3m
Temperatura
superfície
componente P C ) fulnvi
Vm 1 BP IIntfi
1 Ef 1 ! 1 V
Movimento
Coeficiente Constante de Diferença de horizontal vertical
de absorção capacidade de MÁX temperatura AT (mm) (mm)
Placa solar calor (Equação í°q (Equação (Equação
cerâmica [Tabela 3.4) (Tabela 3.2] 3.2,13) (Equação 3.2,1,2) 3,2,1,1) 3,2,1,1)

Preta 0.95 56 15 80,2 65,2 9,39 2,35

Branca 0,45 72 IS S9.4 37,2 6,39 1,60


Fome: AUTORES.

Dessa forma, foram determinados térmico máximo a ser considerado na


os movimentos da camada de reves- proposição da largura da junta,
timento e da base, de modo que pos- A avaliação do efeito dos movimen-
sam ser comparados, tomando-se o tos térmicos da base e das camadas de
de maior magnitude (21 mm) para o revestimento deve ser feita conhecen-
cálculo da largura das juntas de movi- do-se as tensões que esses movimentos
mentação, Vale lembrar que esse valor introduzem. Para se conhecer, simplifi-
não é o da abertura da junta, mas sim cadamente, o nível de tensão atuante
o valor que será utilizado para o seu em cada camada, considera-se os ma-
cálculo. teriais trabalhando em sua faixa elásti-
ca e equaciona-se a tensão pela lei de
Ainda para a análise do efeito da va-
Hooke, a partir dos valores de módulo
riação de temperatura nos revestimen-
de elasticidade de cada material consti-
tos, a ASTM Cl472 (ASTM, 2006) sugere
tuinte, como expressa a Equação 3.2.1.4.
que o movimento térmico máximo es-
perado seja buscado para a determina- c= E*z Equação 3.2,1.4
ção da largura da junta, avaliando-o em
B- CL* At
diferentes temperaturas, considerando-
a = £ * a * Ar
se diferentes estágios da vida do edifí-
cio: durante a construção; desocupado Sendo:
e não condicionado; e ocupado e con-
cr tensão
dicionado, Cada um desses estágios
resultará em diferentes condições am- e: deformação (movimento)

bientais interiores er dependendo do a: coefi c i ente de d í lataçào térmicalinear


material ou do revestimento analisa- £: módulo de elasticidade
do, um destes produzirá o movimento Ar: diferença de temperatura
Os valores de módulos de elastici- 2.2.2 A ç ã o da u m i d a d e
dade dos materiais que constituem os
substratos e as camadas dos revesti- A umidade é caracterizada pela pre-

mentos de fachadas foram sintetizados sença de água nos materiais nas formas

por Medeiros (1999), a partir de diversas líquida, sólida ou de vapor. Sua ação

fontes e estão expressos na Tabela 3.7. nos materiais porosos é promovida pela
variação do seu conteúdo nos poros, ou
seja, quando há absorção ou liberação
de água, A ação da umidade conduz a
TABELA 3.7 Valores de módulo de elasiicido-
de (E] de ma;e?iais que constituem os substra-
uma variação dimensiona!, usualmente
tos e os ca modos de revestimentos cerâmicos denominada movimentação higroscó-
de fachadas, pica, que pode resultar em expansão do
volume dos elementos, quando hã au-
Módulo de
mento da umidade, ou retração, quan-
Material elasticidade
do a umidade é reduzida,
E (GPa)
A perda de água dos materiais de
Porcelanato 50 a 70
construção é um dos fatores causado-
Grés cerâmico 40 a 60
res da contração volumétrica do ma-
Semigrés 35 a 50
terial. Todas as camadas, inclusive a
Cerâmica semiporosa 35 a 50 camada final do revestimento, sofrem
Cerâmica porosa 35 a 50 diferentes magnitudes de contração,
Litocerãmica 45 a 60 de acordo com suas propriedades e seu
grau de exposição e de restrição.
Argamassa colante comum 8a 15
A movimentação higroscõpica dos
Rejunte comum 10 a 15
materiais pode ser irreversível ou rever-
Rejunte flexível 8 a 20
sível. O movimento irreversível ocorre
Poliestireno expandido 1,7 a 3,1 pela contração volumétrica dos ma-
Polietileno expandido 0.1 a i teriais em sua secagem, logo após a
fabricação úmida, tanto dos materiais
Selante elastomérico 0,05 a 0.1
cimentícios, quanto dos materiais cerâ-
Concreto denso 13 a 35 micos. Essa contração ou retração não
Concreto aerado 14 a 3,2 pode ser recuperada, uma vez que os
materiais não retornam às suas dimen-
Concreto leve 8
sões iniciais ao serem novamente sa-
Bloco de concreto 10 a 25 turados, Após a retração por secagem,
Bloco de concreto celular 4 a 16 o movimento higroscópico continua
Bioco cerâmico 4 a 25 nos materiais, em uma parcela de re-
tração e expansão denominada rever-
Argamassa de cimento 8 a 18
sível, conforme ilustrado na Figura 3,1
Fonte: MEDEIROS. 2006.
(SABBATIN1,1984),
taimefltoçSo
Higrosíopicn

Umidode - nulo

/itovimenttcfo
Hígroscõpi®
Reversível

limito no MttMimeniw5o
ferrão redrei Htgrostõpiía
Inicial: íè1;;co
Umidade de por s^cogsrn
fahritacõo lííeversfvd'

T&mpo

FIGURA 3.1 Movimentação higroscópico dos materiais. Fonte: PFEFFERMANN (1968).

Observa-se, por essa figura, que a condições de umidade do ambiente no


retração inicial ou irreversível ocorre período de secagem. Deve-se, contudo,
em maior magnitude que a reversível. observar que, em regiões de clima úmi-
O tempo de ocorrência dessa parcela do, o período dessa retração nos mate-
maior de retração deve ser observado, riais cimentícios pode ser prolongado,
pois seus efeitos podem ser prejudiciais. sendo, por isso, difícil de ser previsto.
Segundo Selrno (1989), a parcela irrever-
O movimento higroscópico rever-
sível de retração no endurecimento das
sível é também uma parcela preocu-
argamassas de revestimentos gera ten-
pante desse fenômeno, pois ocorre de
sões internas de tração na argamassa e
maneira cíclica, em função dos ciclos
de cisalhamento na interface argamas-
de molhagem e secagem dos mate-
sa-substrato, podendo causar fissuras,
riais, movimentando diferencialmente
uma vez que em curtas idades a resis-
as camadas de revestimento, Segundo
tência mecânica da camada é reduzida,
Sei mo (1989), esses movimentos dife-
A minimização dos efeitos da retra- renciados entre emboço, chapisco e
ção inicial é obtida pelo cumprimento base podem causar fissuras e até mes-
dos prazos de produção das camadas, mo destacamento entre as camadas,
sobretudo para o assentamento das por tensões de cisalhamento atuantes
placas cerâmicas, após a ocorrência da na sua interface, e estão associados
retração irreversível das camadas ante- não só à umidade de infiltração resul-
riores. A magnitude desses movimentos tante da absorção da água da chuva,
nos materiais cimentícios depende das como também ás variações de umi-
dade relativa do meio ambiente4 e da das placas cerâmicas. Segundo a opi-
condensação superficial. nião de alguns pesquisadores, como Bo-
Os movimentos higroscóplcos irre- wman (1992 e 1993); Goldberg {1998); e
versíveis e reversíveis dos materiais que Falcão Bauer e Rago (2000), trata-se de
um movimento irreversível que influen-
podem constituir os substratos e as ca-
cia fortemente no destacamento de
madas do revestimento cerâmico po-
revestimentos de fachadas, Há. no en-
dem ser calculados multiplicando-se o
tanto, opiniões divergentes, como a de
comprimento do painel de revestimento,
Bernett (1976) de que a EPU é raramen-
na direção do movimento, pelo valor do
te responsável pela queda dos revesti-
coeficiente de movimentação higroscõ-
mentos cerâmicos apôs poucos anos da
pica do material que o constitui, A Tabe-
sua produção, exceto em casos em que
la 3.8 apresenta valores de referência de
a temperatura e a umidade são altas e
coeficientes de movimentação higros-
contínuas. A NBR13818 (ABNT 1997) dei-
cópica compilados de Thomaz (1998) e
xa a observação de que coeficientes de
da ASTM C1472 (ASTM, 2006).
expansão térmica com valores acima de
Destaca-se entre os movimentos hi- 0,6 mm/m podem contribuir para as ma-
groscópicos a expansão por umidade nifestações patológicas.

TABELA 3.8 Coeíitientes de movimentação higroscópica.

Movimentação higroscópica %

Material Irreversível
Reversível (+) expansão
(-) contração

Compostos de cimento
Argamassa 0,02 a 0.06 0,04 a 0.10 (-)
Concreto [seixo rolado) 0,02 a 0,06 0.03 a 0.08 (-)
Concreto (brita) 0,03 a 0.10 0,03 a 0.03 (-)
Concreto celular 0.02 a 0,03 0.07 a 0,09 B
Tijolos ou blocos
Bloco de concreto 0.02 a 0,04 0,02 a 0.06 (-)
Bioco de concreto celular 0.02 a 0,03 0.05 a 0,09 (-)
Bloco sííico-calcãrio 0,01 a 0,05 0,01 a 0,04 {-)
Tijolo cerâmico 0.02 a 0,06 0.02 a 0,06 H
Fonte:THOMAZ (1998); ASTM Cl472 (ASTM. 2006).

4 Segundo Sei mo (1939), a tensão do vapor de água saturante do ambiente deve equilibrar as pres-
sões capilares internas do material. Na medida em que não há equilíbrio entre essas tensões, há o
movimento permanente de umidade do material para o meio ambiente ou deste para o material,
acarretando variações dimensionais em sua estrutura, ora de expansão, ora de retração.
1.2.3 D e f o r m a ç õ e s da estrutura permanentes as que crescem ao lon-
go do tempo, tendendo a um valor-
Atualmente, as tendências tecnológi- -Simite constante. São divididas em
cas no campo da produção das estruturas ações permanentes diretas, consti-
de concreto têm possibilitado edifícios tuídas pelo peso próprio da estru-
cada vez mais esbeltos e mais altos tura, dos elementos construtivos
(Fonte et al„ 2005), Assim, as modernas fixos e das instalações permanen-
estruturas, ainda que completamente tes; e ações permanentes indiretas,
seguras, são também mais deformáveis, constituídas pelas deformações im-
admitindo flechas que, apesar de não postas por retração e fluência do
comprometerem em nada a estabilidade concreto, deslocamentos de apoio,
da construção e a estética do compo- imperfeições geométricas e proten-
nente, podem impor às alvenarias e aos são, As açóes permanentes devem
revestimentos deformações e, conse- ser consideradas com seus valores
quentemente. tensões que resultam em representativos mais desfavoráveis
fissuras e destacamentos (SABBAT1NI, à segurança,
1993; FRANCO, 1998; MEDEIROS, 1999;
• Ações variáveis: dividem-se em
ABREU, 2001; THOMAZ, 2005).
ações variáveis diretas, constituídas
Dessa forma, o revestimento cerâ- pelas cargas acidentais previstas para
mico de fachada deve ser projetado de o uso da construção, pela ação do
modo que não sofra as consequências vento e da chuva e ações variáveis
do movimento estrutural ou que possa indiretas, constituídas pelos efeitos
acomodar os movimentos estruturais decorrentes de variações uniformes
que o solicitam, e não-uniformes de temperatura e
Os movimentos estruturais ocorrem pelas ações dinárnicas.
em função das características geométri- • Ações excepcionais: as situações ex-
cas e de produção da estrutura e estão cepcionais de carregamento, cujos
relacionados à deformação que ocorre efeitos não possam ser controlados
pela retração e pela fluência do concre- por outros meios, como choques ou
to, pela ação das cargas de ventos, além vibrações.
das deformações de origem térmica e hi-
groscópica, comentadas anteriormente. As deformações provocadas pela
A NBR 6118 (ABNT, 2003) classifica as ação do próprio peso e demais ações

ações que podem produzir efeitos sig- permanentes que atuam nas primeiras
idades da estrutura de concreto iniciam-
nificativos na estrutura em:
se e ocorrem, em sua maior parte, logo
• Permanentes; que ocorrem com após a desenforma e a retirada dos
valores praticamente constantes escoramentos. No entanto, essas de-
durante toda a vida da construção, formações ainda ocorrem, solicitando
sendo também consideradas como gradativamente a estrutura e podem
ocasionar o desempenho inadequado incluindo fluência e retração do concre-
de elementos não-estruturais que a ela to. após a construção da alvenaria, é
estão ligados (NBR 6118. ABNT, 2003). limitado peta NBR 6118 (ABNT, 2003) a
Ao se realizar o projeto de reves- í/500 ou 10 mm.
timentos, chama-se a atenção para a Segundo Franco (1998) e Thomaz
necessidade de se avaliar a deforma- (2005), essa deformação é suficiente
ção lenta da estrutura, pois, segundo para introduzir tensões que podem
Sabbatini [2005), 'Yios últimos 20 anos, levar as alvenarias e os revestimentos
a deformação excessiva das estrutu- a apresentar problemas, como fissu-
ras, sobretudo por causa da fluência ração ou destacamento, sendo, por
do concreto, vem ocasionando fre- isso, considerada inadequada aos sis-
quentemente e de maneira epidêmica' temas não-estruturais. Casos citados
rupturas em alvenarias e patologias em por Franco, Barros e Sabbatini (1994) e
revestimentos" Cunha, Lima e Souza (1996} registraram
fissuras em paredes produzidas por de-
Segundo Neville (1932), o valor da
formações da estrutura da ordem de
deformação lenta ocorrida após duas
í/1.000 ou valores ainda menores.
semanas a partir do carregamento da
estrutura é, em média, 26% da final; O deslocamento máximo de 10 mm
após três meses, 55% da final; e após um permitido pela norma sugere a possi-
ano, 76%, Segundo o autor, valores ex- bilidade de colapso da alvenaria, caso
perimentais mostram que a deformação ocorresse de uma só vez; entretanto,
lenta no final de 30 anos da estrutura é como a própria alvenaria restringe essa
de 1,36 vezes a que ocorre após um ano. deformação, ela não ocorre completa-
Estima-se que a deformação lenta após mente e, como afirmam Metha e Mon-
20 anos possa alcançar de 1,5 a 3,0 vezes teiro (1994), desenvolvem-se tensões
mais do que a observada após dois me- no painel de vedação, as quais podem
ses de carregamento. resultar, no mínimo, em fissuras.
Segundo aquele mesmo autor, a re- As deformações permanentes po-
tração do concreto, após seis meses da dem ser minimizadas se forem adotadas
produção dos elementos, pode variar práticas corretas de produção da estru-
de 0,2 mm/m a 1,2 mm/m, em função tura de concreto, sobretudo, quanto ao
do teor de agregado e da relação água/ re-escoramento e á cura dos elementos
cimento. As condições de cura também estruturais e também em relação à se-
são um fator determinante. Por esses quência de fixação da alvenaria,
dados, no limite, um edifício de 60 me- Sabbatini (1998) defende que a menor
tros pode contrair, por causa da retra- deformabilidade dos elementos estrutu-
ção, até 72 mm verticalmente.
rais pode ser obtida incrementando-se
O deslocamento máximo dos ele- o tempo de escoramento permanente
mentos estruturais, em virtude da com- e aumentando-se o percentual de esco-
binação das diversas ações permanentes, ras permanentes; além da promoção da
cura úmida do concreto, por pelo menos espaço entre a alvenaria e a estrutura
sete dias, para se obter maior módulo de [Sabbatini, 1998). Essas medidas dimi-
elasticidade aos 28 dias. nuem as tensões nas alvenarias e nos
Quanto à fixação superior da alve- revestimentos em virtude das deforma-
ções das estruturas,
naria, recomenda-se postergá-la ao má-
ximo e antecipar também ao máximo Os deslocamentos dos elementos
os carregamentos antes da sua fixação estruturais sobre paredes devem ser limi-
(por exemplo, executar os contra pisos), tados, segundo a ABNT NBR 6118 (2003),
além de se adotar a sequência de execu- aos valores sintetizados na Tabela 3.9.
ção mais favorável possível. Além disso, Como exemplo, tomando-se uma
a fixação deve ser feita com argamassa estrutura de concreto produzida com
de baixo módulo de elasticidade e alta concreto cuja retração reversível seja
aderência, preenchendo totalmente o da ordem de 0,3 a 1,0 mm/m e const-

TABELA 3,9 Limiies paro deslocamentos da estrutura,

Tipo de Razão da Exemplo Deslocamento a Deslocamento-


efeito limitação considerar -limite

Alvenaria, esquadrias Após a construção da f/W ou 10 mm


e revestimentos parede ou 6 = 0,0017 rad;'

Provocado pela ação


Efeito em Movimento lateral em H/1.700 ou H/BS&*
do vento para combi-
elementos não Paredes edifícios entre pavimentos4'
nação frequente
estruturais
Provocado por
Movimentos térmicos
diferença de f./AOW ou 15 mm
verticais
temperatura
Fome: A6NT, IMBR 6113 (200Ï).
Notas:
1) O vão t deve sei tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
2) Rotação nos elementos que suportam paredes,
J) H é a altura total do edifício e H é o desnível entre dois pavimentos adjacentes.
4) Esse I i mi te se a pl ica ao desloca mento Latejai ent re doi s pavimentos consecutivos, que se deve á atuação de ações
horizontais. Não devem ser incluídos os deslocamentos ocasionados peias deformações axiais nos pilares. O limite
também se aplica para o deslocamento vertical relativo das extremidades de lintéis conectados a duas paredes de
tontrâventamento, quando H representa o comprimento do lintel.
5) O valor (refere-seã distância entre o pilar externoe o primeiro pilar interno
Obs.: Todos os valores-limite de deslocamentos supõem elementos de vão' suportados em ambas as extremida-
des por apoios que não se movem. Quando se tratar de balanços, o vão equivalente a ser considerado deve ser o
dobro do comprimento do balanço.
derando-se um edifício de 25 andares, Entre as diversas ações dinâmicas, o
com aproximadamente 80 metros de efeito das cargas de vento na estrutu-
altura, verifica-se que, se o encurtamen- ra merece atenção especial no projeto
to da estrutura não fosse impedido pela de revestimentos. Segundo Salvadori
presença de vedação, poderia encurtar (2002), a pressão do vento promove
de 24 mm a 80 mm verticalmente. Par- uma ligeira curvatura do edifício, mo-
te desse movimento ocorrera antes da vendo o seu topo, levando-o a movi-
aplicação dos revestimentos; por isso, mentos cíclicos de curta periodicidade.
é importante a observância dos prazos
Esse movimento, mais significativo
de execução. A outra parte deverá ser
em edifícios altos, não pode ser visto ou
absorvida com a previsão de juntas de
sentido, mas ocasiona esforços de tração
movimentação ao longo da aítura do
e compressão e tensões de cisalhamen-
edifício, uma vez que a camada de re-
to entre as camadas de revestimento por
vestimento cerâmico tem capacidade
causa da flexão das fachadas (Medeiros,
limitada de absorver essa deformação,
1999). A Figura 3.2 ilustra o movimento de
como lembra GOLDBERG (1998).
um edifício submetido à açáo do vento.
Assim, na realização do projeto de
Apesar de estar previsto no dimen-
revestimentos cerâmicos de fachadas,
sionamento das estruturas e de a sua
as deformações da estrutura merecem
estabilidade estar garantida, o deslo-
especial atenção, sendo fundamental
camento por causa da ação do vento
que, a partir do projeto estrutural, sejam
pode trazer problemas ao revestimento
obtidas informações sobre as flechas
de fachada, dependendo da sua mag-
imediatas e em longo prazo, passíveis
nitude. Assim, caberá ao profissional
de ocorrer em qualquer região das lajes
do projeto de revestimentos avaliar a
e vigas que se apoiam sobre paredes e
deformação prevista para o edifício
que serão revestidas; a essas informa-
quanto aos efeitos do vento; caso este
ções, deve-se acrescentar aquelas de-
seja significativo, o emprego de juntas
correntes das condições de produção.
de movimentação horizontais é reco-
mendado em todos os pavimentos,
3,2.4 A ç ã o do v e n t o como está bem expresso nas normas
BS 5385:part2 (BSI, 1991); AS 3958.2 (AS,
Os edifícios também estão sujeitos a
1992); NBR13755 (ABNT, 1996}; DIN 18515-
deformações causadas por ações variá-
1 (DIH1998), e como é também desta-
veis, ou ações dinâmicas, como a ação do
cado por Ledbetter, Hurley e Sheehan
vento, das cargas acidentais e choques e
(1998); e Goldberg (1998) e Medeiros
vibrações na estrutura de concreto, os
(1999}. Entretanto, parâmetros para o
quais devem ser avaliadas previamente
dimensionamento dessas juntas devem
ao projeto do revestimento, pois ocor-
ser buscados no projeto de estrutura e
rem em sua maior parte na fase de utili-
passados como informação ao projetis-
zação da edificação, depois da aplicação
ta de revestimentos.
do revestimento.
PosdÇQD original Posição final

do eixo do eixo

FIGURA 3.2 Exemplo de movimenlo do edifício submeiido ò ação do venro.


Fonte: MOREIRA (2002).

3.3 Acomodação dos movimentos


O princípio de funcionamento da junta de movimentação selada é criar no re-
vestimento uma região o mais resiliente possível, de modo que provoque a migração
das tensões surgidas no painel, para aquela região, dissipando-as pela deformação
de um material elastomérico. Com isso, busca-se manter a integridade do revesti-
mento (SABBATINI et al.r 1990).
Os movimentos a que os revestimen- ses movimentos nas juntas de trabalho,
tos estarão sujeitos determinarão dife- distintos dos movimentos que ocorrem
rentes movimentos nas juntas seladas e, nas juntas superficiais. Prevê-se, por exem-
consequentemente, tensões de nature- plo, que, por causa da retração do substra-
zas distintas. A resultante da combinação to, a junta de trabalho tenderá a se abrir,
desses movimentos é de difícil previsão, provocando um esforço de tração no seu
como pode ser visto pelas colocações material de preenchimento [Figura 3.3).
feitas no item 5.2. mas deve ser avaliada Nesse mesmo tipo de junta, prevê-se
para se estabelecer a geometria da junta também que, quando há a expansão das
que se rã necessária (ASTM Cl 472, 20 06}. placas, causada, por exemplo, pela va-
As juntas podem ser solicitadas por riação de umidade ou pelo aumento da
movimentos que tendem a abri-las. temperatura, ocorrerá uma tendência de
fechá-las ou mesmo cisalhá-ias, depen- fechamento da junta, ocasionando uma
dendo das ações a que estiverem sujei- tensão de compressão no material de
tas e da posição em que se encontram. preenchimento, como ilustra a Figura 3,4.
Com base nas deduções propostas Por outro lado, se a junta for de su-
por Fiorito (1994). são propostos e ilustra- perfície, ao ocorrer a retração do subs-
dos alguns movimentos diferenciais entre trato, ela sofrerá tensão de compressão,
a base e a camada de revestimento, para conforme ilustra a Figura 3.5. Nesse mes-
favorecer o entendimento do efeito des- mo sistema, quando houver a expansão

Tioíd ojslopifi

Rílmpã do
sulishars

FIGURA 3.3 Junla de trobolho; movimento de 1 ração causada pela retração do substrato.
FIGURA. 3,4 Junta de trabalho: movimento de compressão causado pela expansão das
pbcos cerômicos-

i
Compressão do sebité

Relrtpo (is
sésirülo

Dimentfes iniíinis

FIGURA 3,5 Junía de superfície: movimento de compressão causado pela tetraçãa do


subslrato.
e a contração das placas cerâmicas (mo- tas de movimentação aliada a uma ca-
vimentos higroscópicos ou térmicos)., a mada de fixação deformável pode evitar
junta de superfície sofrerá tensões de esse tipo de ruptura, Uma situação - em
compressão (Figura 3.6(a)) ou de tração, uma escala majorada - em que a arga-
respectivamente (Figura 3.6 (b)), massa da camada de fixação é rígida ou
Palrner (2004), com base nos estudos perde sua capacidade de aderência, em
de Dux e Mullins (1999), Bowman e Banks um sistema que inclui junta de trabalho,
(1996) e Bernett (1976), afirma que podem é ilustrada na Figura 3,7.
ocorrer falhas no sistema de revestimen- Observa-se, nesse exemplo, que a
to cerâmico em virtude da excessiva camada de fixação é um ponto critico
retração por secagem do concreto e da no sistema de revestimento cerâmico,
argamassa associada à demasiada expan- devendo, pois, possuir resistência de
são da placa cerâmica, levando à falha aderência e "flexibilidade" adequada
por cisai ha mento na interface entre a para acompanhar os movimentos di-
camada de fixação e a pia ca cerâmica. ferenciais entre a base e a camada de
Segundo o autor, a especificação de jun- acabamento,

\ y
/
\
\ /
\
\ /
\ :*psisõ: dcs pinai
CoirjmsssDO da- selante /
\ terflmkfê
\j
\

(a)
\ /
\ CoiiirotDD dos plrcas
terõinw Tração do selanie /
\ 1/
\ 1/
\
/
fb)

Dimeaíões míioij

FIGURA 3.6 Junto de superfície: movimento de compressão causado pe!o expansão dos placas
cerâmicas (a); movimento de tração causado pelo contração das placas cerâmicas (b].
Dimensões iniciais
T • T
I ii •• i :
;•1
Irapi ms
Í 4
: ' fefajío do substrato *
IS
• ;
bjHitáo
Compressão np seíaitte des placas
i mtrnm • mtm I M I U V I
! ; — - p Etlroçãadü sühstiülü j
i m

FIGURA 3.7 Exemplo de situação poro visualização do comportamento do revesiimenío:


retração excessiva do concreto e da argamassa associada à expansão excessiva da placa
cerâmico.

Portanto, a previsão de juntas de pensar um tratamento científico preciso


movimentação nem sempre é uma so- ao dimensionamento desses elementos
lução para os problemas potenciais de construtivos,
destacamento do revestimento cerâmi- N o entanto, alguns desses autores
co, sendo de fundamental importância concluem também que o encontro da
que o projeto de produção esteja vol- alvenaria com a estrutura de concreto
tado para assegurar a capacidade resis- armado é uma região muito solicitada,
tente da camada de fixação. em função da movimentação diferen-
cial dos elementos e que este é um
ponto critico de concentração de ten-
3.4 Considerações finais do
sões. Por isso, mesmo que os modelos
capítulo matemáticos indiquem a não necessi-
dade do emprego de juntas, elas têm
O comportamento dos revestimen-
sido utilizadas nessas regiões, ora com
tos em face dos muitos movimentos
sucesso, ora com deficiências.
das fachadas ê um assunto complexo,
abordado por autores como Goldberg Destaca-se que o desempenho do
(1998), Medeiros (1999}, Bortoluzzo sistema de revestimentos cerâmicos
(2000), Abreu (2001), entre outros, os está intensamente relacionado à ade-
quais concluem, de maneira gerai, que rência entre as camadas e â capacida-
o emprego de juntas de movimentação de de cada uma delas de absorver as
em revestimentos é ainda polêmico, deformações que lhes são impostas.
uma vez que ainda não foi possível dis- Essas propriedades do conjunto contri-
buem para que o revestimento cerâmi- resultados foram esforços muito altos
co como um todo suporte as tensões em torno delas, os quais poderiam ser
que serão introduzidas ao longo da sua prejudiciais ao comportamento do pai-
vida útil. Desse modo, entende-se que, nel de revestimento.
antes de se tratar do alivio das tensões Entende-se. portanto, que a propo-
por meio de juntas de movimentação, sição de juntas, permitindo um maior
é importante assegurar os fatores que movimento do painel de revestimento,
otimizam as propriedades do revesti- ao mesmo tempo que pode auxiliar no
mento cerâmico, comportamento de todo o conjunto,
Além disso, é preciso que se desta- também pode trazer riscos, em virtude
que também que são muitas as variáveis dessas tensões e da liberdade de mo-
que interferem nas propriedades do re- vimento que a junta propiciará e que
vestimento, como as características da pode resultar em fadiga na aderência
base; a composição e a dosagem das entre as camadas na região da junta.
argamassas; a espessura das camadas; Além disso, cria-se na região da junta
as técnicas de execução e as condições um local mais suscetível ã perda da es-
de exposição do revestimento, as quais tanqueidade, o que poderá comprometer
deverão ser devidamente consideradas outras funções do revestimento. Portan-
para o projeto do revestimento. to, decidir pela utilização ou não da junta
Em seu trabalho, Abreu (2001)5 con- deve ser tarefa do projetista de revesti-
cluiu que a utilização de juntas de mo- mento. que precisa ponderar os fatores
vimentação em revestimentos aderidos intervenientes no projeto e optar pelos
seria polêmica, pois, ao introduzi-las, os de maior importância e menor risco.

5 Abreu (2001). com o objetivo de avaliar o efeito que as juntas de movimentação produzem no
comportamento mecânico dos revestimentos, estudou esse comportamento através de mode-
lagem numérica, analisando a resposta do revestimento quando solicitado, ou seja, ele buscou
traduzir por expressões matemáticas as leis que se admitem reger o comportamento mecânico
dos diferentes constituintes do sistema de revestimento-
r

4
CAPITULO

Juntas de Movimentação
Seladas

4.1 O que são juntas?


A palavra junta é derivada do verbo em latim jungem, junc-
mm, que significa ligar, unir, associar, adicionar. Isso implica que
duas ou mais coisas serão unidas. Junta é um ato de unir, um
modo de fazer um ponto de encontro (MARTIN, 1977).
Em tecnologia da construção, entretanto, o termo junta tem
o conceito corrente curiosamente ambíguo, uma vez que, além
de união, tem, sobretudo, o sentido de separação. É com esse
sentido que a junta é definida por Filho Neto (2005) como sendo
uma "abertura estreita, fenda ou rebaixo que se deixa longitudi-
nalmente entre duas pecas ou elementos construtivos, com a
finalidade de separã-los"

Ambas as definições expressam corretamente o detalhe cons-


trutivo junta: detalhe que separa unindo ou que une separando.
Martin (1977) define o termo "junta" em tecnologia constru-
tiva, como um elemento construtivo formado pelas partes ad-
jacentes de dois ou mais materiais, componentes ou produtos
construtivos, quando estes sâo colocados lado a lado, unidos
com ou sem o uso de produtos.
O 'espaço regular entre duas peças movimentos ou absorver tensões (D1N
de componentes idênticos ou distin- 18515-11998).
tos'; como define a NBR 13755 (ABNT. Em engenharia estrutural, as juntas
1996), ou o "volume existente entre de movimentação são previstas, usual-
dois elementos de construção" como mente, para aliviar as tensões de tração
define o DTU 44.1 (AFNOR, 2002), ou compressão que podem ser induzi-
tem um significado mais amplo que das por causa das pequenas mudanças
vai além de uma simples abertura ou de volume em seus elementos que, por
distanciamento entre elementos. As sua vez, resultam da exposição ao meio
juntas constituem-se em elementos ambiente ou pela imposição e manu-
construtivos que devem ser dotados tenção de cargas, como indica o ACI
de mecanismo de funcionamento e 504 R.-90 (ACI, 1997).
desempenho determinados.

Quando considerado seu aspecto


funcional, as juntas podem ser con-
4,2 Funções das juntas em
sideradas um elemento construtivo
presente entre dois outros elementos
revestimentos
adjacentes, cuja função é proporcionar Em revestimentos aderidos de fa-
a união entre estes e o acabamento da chadas, a função principal das juntas é
sua junção. Ou podem ser concebidas minimizar a propagação de esforços ne-
com a função de acomodar os movi- les atuantes e que provêm, usualmente,
mentos diferenciais entre os dois ele- dos elementos com os quais se conec-
mentos adjacentes. Nesse caso. são tam (estrutura, vedo, revestimento) e do
denominadas juntas de movimentação. seu comportamento intrínseco diante
As juntas de movimentação são das ações do meio ambiente (variação
a be rtu ra s p roj eta da s pa ra pe rm iti r m ovj - de temperatura e umidade, por exem-
mento entre dois elementos adjacentes plo). Nesse caso, é função das juntas
sem que ocorram danos à sua superfí- minimizar as tensões introduzidas no

cie, No caso de um grande painel de revestimento. O emprego desse deta-

material rígido, por exemplo, poderão lhe construtivo objetiva evitar patolo-

ser utilizadas para minimizar as tensões gias, como o aparecimento de fissuras

nele atuantes., prevenindo o apareci- ou até mesmo o destacamento de par-

mento de fissuras (Maclean; Scot, 1995). tes do revestimento.

São usualmente juntas previstas nas Considerando-se as publicações de


estruturas, em revestimentos ou entre Sabbatini e colaboradores (1990), 85
elementos construtivos para acomodar 5385: part2 (BSi. 1991) e Goldberg (1998).
sintetiza-se, a seguir, as principais fun- A existência de diferentes tipos de
ções das juntas de movimentação em juntas levou à existência de inúmeras
revestimentos de fachadas, denominações, as quais geram, por di-
versas vezes, grande confusão no meio
• Dissipar tensões geradas por mo-
técnico que, por sua vez. tem resultado
vimentações da base suporte dos
em muitos problemas e equívocos que
revestimentos, em particular do
prejudicaram a construção mundial (ACI
comportamento resultante da inte-
224 3R-95,1995).
ração estrutura-vedação.
Para se ter ideia das diferentes ter-
* Dissipar tensões geradas por defor- minologias empregadas para juntas em
mações intrínsecas aos revestimen- revestimentos aderidos, estão reunidas,
tos decorrentes da ação do meio na Tabela 4.1, as principais denomina-
ambiente (variação de temperatura
ções encontradas em diferentes refe-
e umidade), permitindo a dissipa-
rências bibliográficas.
ção de tensões pela subdivisão de
Essa problemática foi constatada
extensas áreas de revestimentos em
pequenas áreas. também para a tecnologia de revesti-
mentos cerâmicos, conforme pode ser
• Separação de revestimentos e com- observado no levantamento da termi-
ponentes do edifício que têm dife- nologia sintetizado,
rentes características térmicas ou
Tendo em vista essas diferentes ter-
higroscõpicas.
minologias e a ausência de um consenso
» Permitir mudanças de planos dos re- sobre elas, no próximo item foi propos-
vestimentos. ta uma classificação específica que será
utilizada ao longo deste trabalho,
• Impedir que a superfície revestida
sofra com as descontinuidades do
substrato, como ocorre na região
das juntas estruturais. 4.3 Classificação das juntas
Essas funções distintas fazem tam- de movimentação em
bém que existam diferentes tipos de revestimento
juntas, com denominações diversas,
uma vez que os meios para o cumpri- As juntas de movimentação po-
mento da acomodação de cada tipo de dem ser classificadas segundo dife-
movimento determinam diferentes ti- rentes aspectos, destacando-se aqui
pos de juntas, com distintas formas de os mais importantes, quais sejam: suas
preenchimento, configuração e geo- funções, tipo de material de preenchi-
metria. mento e geometria.
TABELA4,1 Terminologia empregada para [untas de movimentação em revestimentos.

Fonte Terminologia

Juntas de movimentação: descontinuidades na superfície revestida preenchidas


com materiais permanentemente deformáveis com funções de separação da
AS 3958,2
superfície de elementos fixos; subdivisão de grandes áreas em áreas menores;
(AS, 1992)
interrupção da superfície onde existirem descontinuidades no substrato, como
juntas estruturais.
Junta estrutura!: espaço regular, cuja função é aliviar tensões provocadas pela
movimentação da estrutura de concreto.
NBR 13755 Junta de movimentação: espaço regular, cuja função é subdividir o revestimento para
(ABNT. 1996j aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento,
Junta de dessolidarização1: espaço regular, cuja função é separar o revestimento para
aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento.
Juntas de movimentação: junta prevista na estrutura, no revestimento ou entre
DIN 18515-1 elementos construtivos para acomodar movimentos ou absorver tensões.
{DIN, 199S) Juntas de transição: separa revestimentos e componentes do edifício que têm
diferentes coeficientes térmicos.
Juntas de movimentação: juntas em revestimentos modulados ou substratos,
projetadas para acomodar movimentos. São classificadas em juntas estruturais,
perimetrais e intermediárias-
Juntas estruturais: juntas de movimentação no revestimento cerâmico que cor-
CEN/TR 13548
respondem a uma junta estrutural da base.
(CEN, 2004}
Juntas perimetrais: juntas de movimentação para isolar o revestimento cerâmico
dos elementos construtivos adjacentes.
Junta intermediária: junta que divide uma grande área de revestimento cerâmico
em áreas menores.
Juntas de movimentação: projetadas para absorver tensões geradas por movi-
mentações do revestimento e/ou de sua base suporte e são subdivididas em:
Juntas estruturais ou juntas de dilatação; cuja função é absorver as movimenta-
ções do edifício como um todo.
Juntas de controle; cuja função é absorver tensões provocadas por movimenta-
ções do próprio revestimento e/ou da sua base suporte. As juntas de controle
são subdividas em:
MEDEIROS (1999}
Juntas de trabalho: utilizadas apenas na camada de revestimento cerâmico, em po-
sições passíveis de aparecimento de fissuras, dividindo os painéis de revestimento
(dissipação de tensões geradas por deformações intrínsecas ao revestimento.
Juntas de transição: servem para separar as interfaces entre o revestimento e ou-
tros componentes de vedação.
Juntas de contorno: juntas utilizadas para união ou separação de diferentes mate-
riais na camada mais externa dos revestimentos.

1 As diferenças entre "juntade movimentação" e "junta dedessolídarização'! definidas pela NBR 13755
(ABNT 1996), são observadas quando se recorre às suas recomendações de emprego.
43.1 Q u a n t o à f u n ç ã o -—Camoíta de
fiSDÇÚO
a) Junta de trabalho
Ptato
Junta que interrompe a superfície do Bose - cetõmico
revestimento nas regiões em que hou-
File isoladora
ver descontinuidades no substrato, com
a função principal de acomodar os mo- Sílonte
vimentos da sua base suporte, sobre-
tudo aqueles resultantes da interação Embaço •
vedação-estrutura. A junta de trabalho , Reveshmenlo
de ofgoraso
intercepta todas as camadas do revesti-
mento cerâmico e para que se mante- FIGURA 4.2 Junia de transiçoo.
nha a estanque ida de do revestimento,
deverá ser projetada como ilustrado na
c} Junta de contorno
Figura 4.1.
Junta, cuja função é separar as interfa-
ces entre o revestimento cerâmico e ou-
tros elementos construtivos adjacentes,
írnbujo como indica a Figura 4.3. Essa junta inter-
cepta as camadas de acabamento e fixa-
íamodo dê
fixrçõo ção, mas pode interceptar a camada de
, Irnitodor de emboço em casos em que há necessidade
toso da / profundidade de limitar as tensões nessa camada.
nlvennrlo
• Semite
PfeitíHil CU üulici demçnrtL omítrtfivo

-» PIíkü ceiâmito

Sslflnre
Filo rsolodoia
FIGURA 4.1 Junta de trabalho.

Comndo da firap)
bj Junta de transição Ernbnío

A junta de transição interrompe as Picca «mica


camadas de acabamento e fixação e
tem como função principal permitir a
transição entre materiais com diferen-
tes características térmicas na fachada.
Deverá ser projetada como ilustra a Fi-
gura 4.2. FIGURA 4.3 Junio de contorno.
d) Junta de dessolidarizaçáo nas mudanças de direção do revesti-
mento, em quinas internas ou exter-
Junta, cuja função é dessolidarizar a
nas, conforme a Figura 4.5,
camada de acabamento da base, Além
disso» subdivide em países menores o
acabamento para acomodar movimen-
tos gerados peias deformações dessa
camada, principalmente aquelas decor-
rentes da variação de temperatura e da
variação higroseõpica. Fito isole Jo-a
A junta de dessolidarizaçáo permi- Sílonie
te dissipar de tensões pela subdivisão EmbocD
de áreas extensas de revestimentos,
Corrado DE ÍJKJS<H
sendo constituída conforme a Figu-
ra 4.4, Pode também dessolidarizar - Ftom (eifirnico
esta camada, subdividindo-a em en-
contros de painéis de revestimentos
perpendiculares, sendo posicionadas Figura 4.4 junia de dessolidarizaçáo,

Junho de ifesolidariziaçâD: quina interna

Junf J de ÍBSolidarizafão: quiitt eitemo

FIGURA 4.5 Junta de dessolidarizaçáo - mudanças de planos do reveslimento.


4.3.2 Q u a n t o ao t r a t a m e n t o b) Juntas pré-formadas

Por se constituírem em um volu- As juntas pré-formadas são preenchi-


me existente entre duas superfícies, das por material celular comprimido den-
paralelas ou perpendiculares de dois tro da junta (Figura 4.6). Podem ser feitas
elementos construtivos, as juntas de com selante pré-formado extrudado ou
movimentação podem ser preenchidas com selante pré-formado moldado, sen-
por materiais que possibilitem a estan- do a segunda opção a mais utilizada em
queídade do conjunto e a absorção recuperação de juntas deterioradas.

das movimentações previstas (MAR-


TIN. 1977; AFNOR, 2002}. 4.3.3 Classificação quanto ao
Assim, são classificadas quanto ao acabamento
seu tratamento, em juntas seladas ou Quando executada com selante, a
juntas pré-formadas. junta de movimentação pode ser aca-
bada em diferentes perfis (côncava,
a) Juntas seladas retangular rasa, retangular profunda e
As juntas seladas são preenchidas por recuada), como ilustra a Figura 2,11. Es-
tes podem resultar em diferentes de-
selante em um estado nào-curado. Por
sempenhos nas mesmas condições de
serem as mais empregadas, serão abor-
exposições- São aqui sintetizadas algu-
dadas detalhadamente no Capítulo 5.
mas informações sobre eles, segundo a
A5TM C1193 (ASTM, 2009}.

FIGURA 4,6 Junta pré-


Formada inserida em
fachada,
Fonle: Foto fornecido peio
íübfÉeonte Jeene JUÍIIÜS.
a) Junta côncava uma superfície do substrato; está indi-
cado na Figura 4.7 (b.)
Este perfil, moldado em forma de
ampulheta, é o mais recomendado e o
c) Junta recuada
mais usual em juntas de movimentação
e está indicado na Figura 4.7 (a). Esse perfil de junta é similar a uma
junta nivelada, com a diferença de que a
b) Junta nivelada superfície exposta do selante fica abai-
Rara esse tipo de juntas de movi- xo da superfície exposta do revestimen-
mentação, o selante é nivelado com to, conforme indicado na Figura 4.7 (c).

Selüntfl Placo cefQmka Selante f\m ( m q Selante Pfaío (éiSmiCD

' M I
1
' • !
i

[a) Junto côncava ib| Junia nivelada jcjjunlü recuado

FIGURA 4.7 Juntos de dessa idarizoçâo - possíveis lipos de acabamento para superfície do
selante. Fonte: ASTM C l 193 jASTM, 2Q09).
r

5
CAPITULO

Constituição das Juntas de


Movimentação Seladas

A constituição de cada tipo de junta de movimentação va-


ria de acordo com sua função no sistema de revestimento ce-
râmico, e os principais elementos que podem estar presentes
na junta são o limitador de profundidade ou a fita isoladora e o
selante, os quais, de uma maneira ou de outra, interagem com o
substrato, como mostra a Figura 5.1.
Esses materiais e componentes, assim como aqueles empre-
gados no preparo do substrato e também o próprio substrato,
são abordados na sequência.

5.T Substrato
Pode-se dizer que as superfícies laterais da junta de movi-
mentação, nas quais o selante vai aderir, constituem seu subs-
trato, que é constituído pelas diversas camadas que compõem o
sistema de revestimento e podem ser porosas ou não.
Sào considerados substratos porosos os revestimentos de
argamassa, placas de rocha, painéis cimentidos, concreto, mate-
riais cimentícios sem tratamentos superficiais, placas cerâmicas,
entre outros. Os não-porosos sâo: superfícies metálicas, de PVC,
de alumínio pintado, placas de vidro e esmaltadas.
Limitador de
SubsIratD pdiindidodí

FIGURA 5.1 Ilustração de [untos seladas, com seus principais elernenlos consíiluiníes.

No caso do revestimento cerâmico essa migração de umidade, minimizan-


de fachada, todas as camadas de re- do também seus efeitos nocivos, Essa
vestimento são consideradas porosas, imprimaçáo deve ser realizada imedia-
inclusive as placas cerâmicas de baixa tamente antes da aplicação do selante
absorção de água como as placas de e será abordada a seguir.
porcelanato. Todas essas camadas po- Outro fator que pode prejudicar a
dem constituir a interface com o selan- adesão do selante ao substrato é a sua
t e (Figura S,l). incompatibilidade com produtos quí-
Uma condição que dificulta a ade- micos n nele presentes, tais como des-
são do sei ante ao substrato poroso é moldantes, agentes de cura ou outros
a presença de umidade em seus poros, elementos que possam ficar impreg-
mesmo quando, aparentemente, se en- nados nas superfícies de aderência. A
contra seco. Se houver umidade, essa presença de poeira ou nata de cimen-
poderá ser liberada durante o proces- to na superfície do substrato também
so de cura do selante. prejudicando-a. possibilita uma falsa adesão. Por isso,
Nesses casos, a imprimação do substra- é essencial que esses materiais sejam
to pode minimizar ou até mesmo evitar removidos dos poros da superfície do

1 Imprimação: termo amplamente utilizado no meio técnico e que significa a aplicação de primer
nas superfícies da junta.
substrato. Além disso, substratos friá- A membrana impermeabilizante
veis, como revestimento de argamas- deve ser executada previamente à co-
sa e algumas placas de rochas podem locação do limitador de profundidade,
ser menos resistentes que os selantes, a partir da aplicação de demãos de uma
podendo ocorrer a fratura do próprio película de nata de cimento com adi-
substrato. ção de polímeros, usualmente de base
acrílica, associada a uma tela de poliés-
ter (Figura 5.3).
5.2 Membrana
impermeabilizante
5.3 Limitador de
A membrana impermeabilizante é
profundidade
um recurso construtivo que tem sido
empregado por alguns projetistas bus- O limitador de profundidade d o selan-
cando-se maior segurança na estan- te é um material compressível, pré-fabrí-
queidade da fachada (Figura 5.2). cado, cuja superfície impede a aderência
Goldberg (1998) recomenda a utili- do selante. E, como o próprio nome diz,
zação da membrana impermeabilizante, tem a função de limitar a profundidade
afirmando que não importa quão bem da junta, para evitar o consumo excessivo
instalado esteja o selante, este poderá do selante. Além dessa função principal,
não ser 100% eficaz como barreira con- também são suas funções:
tra infiltração de água. Segundo esse
• Definir a profundidade da junta que
autor, apesar de existirem varias outras
receberá o selante, garantindo o
técnicas para fornecer uma segunda
seu fator de forma e controlando
barreira para a água nas juntas seladas,
a quantidade de material utilizada,
uma fina membrana estruturada á a so-
pois segundo Rocha (1996), o sela-
lução mais comum,
mento muito espesso sofreria gran-

Fl CU RA 5.2 llusifoçao de junfa com membrana impermeobilizanie.


d es tensões, tornando-se passfvel de dões cilíndricos, com diâmetros de 6 mm
ruína prematura. a 75 mm (Figura 5.4).

• Permitir o movimento do selante, A ASTM C1193 (A5TM, 2009) apre-

contribuindo para que não haja ade- senta as características dos materiais e

são na sua terceira face - a superfí- as recomendações de uso do limitador

cie do fundo do sulco realizado - o de profundidade, sendo aqui sintetiza-

que restringiria a sua movimentação das as suas informações:

e aumentaria consideravelmente as
» São espumas que podem ter uma
chances de ocorrer sua ruptura (RO-
estrutura interna de células abertas,
CHA, 1996).
fechadas, ou uma combinação de
ambas.
• Apoiar e dar firmeza ao selante du-
rante a aplicação e o acabamento, • As espumas de células abertas, nor-

forçando-o a ter contato com as fa- malmente de poliuretano, não pos-

ces laterais do sulco, auxiliando na suem uma película de recobrimento

adequada adesão do selante e, por em sua superfície. Esse tipo de es-


conseguinte, no correto funciona- puma tem baixa densidade e é facil-
mento da junta (LEDBETTER; HUR- mente compressível.
LEY e SHEEHAN r 1998}. • A espuma de células fechadas é
usualmente de polietileno; mas
Esse componente, comumente co- pode ser também de neoprene, butil
nhecido pelo nome de uma de suas ou EPDM ou uma combinação des-
marcas comerciais - "Tarucel" é mais tes. É extrudada em diversos tama-
encontrado no mercado na forma de cor- nhos e formas e possui uma película

FIGURA 5.3 Membrana


impermeabilizante ap:icada na cavidade FIGURA 5.4 UusfíGçco de connponentes
da junta. empregados como limitador de
Fonte: M O N A C E L L 1 , 2 0 0 5 . profundidade do seforsle.
em sua superfície que lhe confere 5.4 Fita isoladora
propriedade de ser não absorvente,
A fita isoladora, assim como o limita-
• Em virtude de sua estrutura, a espu-
dor de profundidade, também cumpre a
ma de células fechadas tem baixa
função de evitar a adesão do selante ao
densidade e é menos compressível
fundo da junta e é utilizada em juntas
que a de células abertas,
cuja profundidade não possibilita a uti-
lização do limitador de profundidade,
É importante ressaltar que, por sua
Para o adequado desempenho da
porosidade, as espumas de células
junta, é fundamental que o selante es-
abertas não são recomendadas para a
teja aderido apenas nas duas laterais. A
aplicação em juntas de fachadas, Além
sua adesão em uma terceira face - fun-
disso, não devem ser utilizados outros
do da junta ou no próprio limitador de
tipos de materiais, como mangueira de
profundidade - pode ser prejudicial ao
PVC, sacos de cimento, corda de sisal
desempenho da junta, pois, além de
jornal, papelão ou outros materiais re-
ter seu movimento limitado, o selante
siduais da obra. É importante lembrar
pode vir a romper ao longo do tempo
que esse componente da junta deve
(Figura 5.6).
ser compatível com o selante e capaz
de resistir às permanentes deformações A fita isoladora é produzida à base
antes e durante a sua aplicação. Os re- de polietileno expandido de células
quisitos para a correta especificação fechadas (Figura 5.7). É autoadesiva e
do limitador de profundidade são esta- sensível ã pressão. Suas características
belecidos pela ASTM 0330-02 (2007), superficiais impedem a ligação adesiva
sendo eles: absorção de ãgua, compati- do selante. Para juntas preenchidas por
bilidade com o selante, densidade apa- selantes à base de poliuretano, as fitas
rente e resistência â tração longitudinal adesivas de papel crepe também po-
e transversal. dem ser utilizadas.

Selante

Fito isoladora

FIGURA 5.S ilusiíoçao de junta de dessolidorizaçao: uso de fila isoladora.


Estado iniciol EsScdo finei
ÀusSncio <fe filo
isil::cra. AE E ião
• • da selonte ao fundo
do jjnio.

Sslinte ndeida ao
ÜiJtítDdoi è
proíunáidDde. Fo&a
per i:iíja da iuibiicí

0
do limão do sásflie.

FIGURA 5.6 Coníiguíoçõo de juntas seladas em movimenta - efeitos ca adesão ao


terceiro lado.

selante e os substratos, sendo também


responsável por assegurar a compati-
bilidade entre eles. Deve ser aplicado
»
sobre a superfície do substrato, antes
I >

da aplicação do selante, para permitir o


completo desenvolvimento da ligação
m • entre as superfícies de ambos.
O primer funciona de três maneiras:
primeiro, mudando as características
químicas da superfície do substrato,
tornando-a mais adequada ao selan-

i O te; segundo, estabilizando a superfície


do substrato, preenchendo os poros e
fortalecendo áreas fracas e, por último,
FIGURA 5.7 Exemplo de fitas de
reduzindo a pressão capilar da umida-
polietileno expandido de células
fechadas. de através da superfície do substrato
Fonte: Junseal. (ASTM CT193,2009).

Além de ser promotor da efetiva li-


gação entre selante e substrato, o primer
também contribui para a durabilidade
5,5 Primer
da junta, mantendo a adesão do selante,
O primer é um produto que tem a mesmo sob condições ambientais agres-
função de melhorar a adesão entre o sivas. Também previne o manchamento
dos substratos, impedindo a migração de aplicação em fachadas. Sào moldados
solventes presentes no se (ante, durante no local, podendo seu comportamen-
ou após a sua cura (LEDBETTER, HURLEY to, quando curados, variar de elástico a
e SHEENAN,1998). plástico, como sintetizado na Tabela 5.1
A inadequada preparação dos subs- Os selantes podem ser monocompo-
tratos, seja pela omissão ou pelo uso nentes ou multicomponentes e, segundo
excessivo de primer, pode causar a per- o TCA (2008), ambos sào adequados aos
da prematura da adesão entre o selante revestimentos cerâmicos de fachadas.
e os componentes da junta, sendo essa O monocomponente cura em contato
identificada como a maior causa de fa- com o meio ambiente, por secagem ou
lhas em juntas seladas. Assim, sobretu- na presença da umidade atmosférica, e
do nas placas cerâmicas, é necessário exige um tempo de cura maior que um
considerar o adequado preparo da su- selante multicomponente, Não neces-
perfície, devendo-se sempre consultar sita ser misturado e é fornecido, geral-
o fabricante do selante sobre a neces- mente, em tubos ou em embalagem com
sidade do uso do primer. aplicador, pronto para ser aplicado por
extrusâo. É formulado propositadamen-
te para ter um tempo de cura lento, para
5.6 Selantes que seu prazo de permanência na emba-
lagem seja prolongado.
Os selantes elastoméricos sào pro-
dutos à base de polímeros, cuja função De acordo com a ASTM C1193 (ASTM,
principal é selar efetivamente a junta 2009), nào é recomendado o uso de um
entre dois substratos, Uma vez aplicado, selante monocomponente em uma re-
o selante deve apresentar característi- gião muito seca-, uma vez que, pela au-
cas de adesão, coesão e deformabi- sência da adequada umidade ambiente,
lidade que lhe permitam assegurar a sua cura completa pode nào acontecer
estanqueidade em condições previa- em um período de tempo razoável.
mente estabelecidas seja em relação Os selantes multicomponentes sào
ã agressividade do ambiente, seja de compostos tipicamente por dois mate-
movimento da junta, apresentando riais ou, em alguns casos, três. São mis-
durabilidade compatível com as exi- turados no local, imediatamente antes
gências de projeto. da aplicação e possuem como vantagem
O selante pode apresentar consistên- principal sobre o monocomponente a
cia fluída, sendo chamado de autonive- cura relativamente rápida após sua mistu-
lante, ou ter elevada viscosidade, sendo, ra e. por isso, são mais utilizados em lo-
então, denominado tixotrópico. Ape- cais sujeitos a trânsito. Entretanto, como
nas o último tipo é recomendado para desvantagens na utilização dos selantes

2 A norma não define a umidade relativa que considera para uma região muito seca
muiticomponentes existem os riscos de 2008), quanto ao tipo de aplicação e o
falhas que podem ocorre na realização da substrato para os quais são fabricados,
mistura manual, como dosagem incorreta Segundo o TCA (2008), quando
de um componente em relação ao outro, classificados quanto ao tipo de subs-
que pode resultar na obtenção de pro- trato, os selantes adequados ao uso de
priedades inadequadas ao desempenho revestimentos cerâmicos de fachadas,
esperado do selante; mistura incorreta ou são tanto os classificados para uso
em tempo insuficiente, que podem oca- em argamassa (Use M) quanto os para
sionar a introdução de ar e, consequente- vidro (Use G), Os critérios indicados
mente, de bolhas no selante, pelo TCA (2008), para revestimento
A Tabela 5,2 apresenta a classificação cerâmico, encontram-se destacados
dos selantes peia ASTM C920 (A5TM. na Tabela 5,2.

TABELA 5.1 Comportamento dos selantes [FERME e OLIVEIRA, 2003)

Apresentam comportamento
elástico, ou seja, deformação
Elástico proporcional ã tensão e retornam
ao estado original após a remoção
dessa tensão.

Comportamento
predominantemente elástico, mas
tendem a sofrer deformações
plásticas quando solicitados acima
Elastoplãstico
do seu limite elástico e, nessa
situação, apôs a remoção da tensão,
nào retornam totalmente ao seu
estado original

Comportamento
predominantemente plástico, ou
seja, após a retirada do esforço
a que foram submetidos, não
Plastoelastíco retornam totalmente ao seu estado
original, mas apresentam algum
comportamento elástico quando
solicitados abaixo do seu limite
elástico.

Apresentam escoamento sob


tensão, com deformações plásticas,
Plástico
não retornando ao estado original
após a remoção da tensão.
TABELA 5,2 Classificação dos selantes etastoméricos quonío aotipode aplicação e ao substrato.

Classe Descrição

I/L
Selante designado para usa em áreas de tráfego de pedestres e
UseT
8 veículos como calçadas, praças, deques, parques e garagens.
"BI Tipo de
£ Use NT Selante designado para usa em áreas nào-trafegáveis.
U Aplicação
V> Seiante designado para uso em juntas que estão sujeitas
UJ Usei
« continuamente a líquidos,
ÜJ
C
tD USE M Selantes para uso em substratos de argamassa.
UJ
\St Use G Selantes para uso em substratos de vidro.
XI Substrato
o
V}
Use A Selantes para uso em substratos de aluminio.
_>
Use O Selantes para uso em outros substratos
Fomle: ASTM C920. 2<MB.

5.7 Propriedades e controle portantes propriedades, expressa pelo


fator de acomodação do selante, defi-
de qualidade dos selantes nida por Ferme e Oliveira (2003) como
O desenvolvimento da tecnologia de "a taxa de movimentação total entre a
produção de juntas seladas está intrinse- máxima contração e o máximo alonga-

camente relacionado ao desenvolvimen- mento que o selante vai suportar, ex-


presso em percentual da largura inicial
to da indústria de selantes, a qual vem
da junta" Assim, um selante, cujo fator
aprimorando constantemente seus pro-
de acomodação é ±25, terá a capacida-
dutos, visando atender às necessidades
de de se movimentar até 25% da dimen-
de cada situação de uso, a partir de suas
são original da largura da junta, seja por
diferentes propriedades, cujas principais
expansão ou contração.
são sintetizadas na sequência. São sinteti-
zados também os métodos de ensaios re- Os selantes disponíveis no mercado
lacionados ao seu controle de qualidade. são usualmente classificados segundo
seu fator de acomodação; entretanto,
deve-se observar se sâo classificados
5.7.1 C a p a c i d a d e d e segundo as normas ISO ou ASTM. A ISO
movimentação 11600 [2002] classifica os selantes em
faixas ± 7,5; ± 12,5; ±,20; ± 2S, sendo
A capacidade de movimentação de os de classes 20 e 25 - subclassificados
um selante é a amplitude máxima de em alto módulo (HM) ou baixo módulo
movimento que ele pode aceitar após [LM) - Indicados para juntas de movi-
sua cura. mantendo um selamento efi- mentação por possuírem características
caz (AFNOR, 2002). É uma das mais im- elásticas (BASA, 1999). A norma ASTM
C920 (ASTM, 2008), por sua vez, é simi- propriedade em uso (Ledbetter, Hurley
lar à ÍSO 11600, mas nào idêntica, pois e Sheenan, 1998), O selante deve ter mó-
classifica os selantes elastoméricos para dulo de elasticidade sempre inferior ao
juntas em uma faixa mais ampla com as de seu substrato, caso contrário, poderá
categorias ± 12,5%; ± 25%; ± 35%; ± 50% ocorrer uma falha na interface entre am-
e + 100% e - 50%. bos, podendo-se rompera lateral da junta.
A ASTM C1193 (ASTM, 2009) obser- Nesse caso, os produtos de alto módulo
va que essas taxas de movimentação não sâo recomendados nas aplicações
são obtidas em condições de execução em substratos de baixa integridade ou re-
ideais, controladas em laboratório, O sistência (KLOSOWSKI, 1989).
potencial de o selante desenvolver sua Segundo a ISO 11600 (2002), os se-
completa capacidade de movimenta- lantes com módulo menor que 0.4 MPa,
ção dependerá do projeto da junta, de quando ensaiados pela ISO 8339 (2005),
um adequado preparo do substrato, da são classificados como selantes de bai-
correta instalação dos constituintes da xo módulo, Acima desse valor, são con-
junta e da correta aplicação do selante. siderados de alto módulo. Os selantes
de módulo muito baixo são desejáveis
na maioria das juntas de movimentação;
5,7.2 R e c u p e r a ç ã o elástica
entretanto, segundo Klosowski (1989),
Quando as tensões que causam alon- a fim de viabilizar economicamente a
gamento são retiradas, o selante pode produção da junta, os selantes de alto
voltar à sua largura inicial (recuperação módulo também podem ser especifica-
completa) ou pode dispor somente de dos, combinando-se sua capacidade de
uma recuperação parcial. A capacidade adesão e de movimento com a resistên-
do selante de recuperar sua largura ini- cia mecânica do substrato.
cial é chamada de recuperação elástica,
a qual. sendo maior que 60%, segundo a
5.7.4 Dureza
norma ISO 11600 (ISO, 2002), determina
que é elastomérico. A dureza do selante, após sua apli-
Hã selantes elastoméricos com eleva- cação e cura. é a medida utilizada como
da capacidade de retornar à sua dimensão verificação rápida do estado da cura
original. Por outro lado, os selantes plás- e dos efeitos do tempo e do envelhe-
ticos, quando solicitados por um movi- cimento na estrutura do polímero A
mento, recuperam apenas parcialmente a dureza dos selantes varia com a tempe-
sua dimensão original (COGNARD,. 2004). ratura. Alguns podem ter um aumento
grande na dureza após o envelhecimen-
to ou exposição ao calor. Segundo Klo-
5.73 M ó d u l o d e elasticidade
sowski (1989), deve-se ter cuidado com
O módulo de elasticidade do selante aqueles que endurecem rapidamente
é, possivelmente, sua mais preocupante nos primeiros meses ou primeiros anos,
pois podem ter seu desempenho com- sistemas apropriados para cada tipo de
prometido e. por consequência, a dimi- substrato, desde os selantes aos demais
nuição da sua vida útil, constituintes da junta - primer, fita iso-
Panek e Cook (1991) presumem que as ladora ou limitador de profundidade -.
faixas de módulo do selante estão asso- que estarào em contato com o selante
ciadas à dureza Shore A. Observam que os e devem ser compatíveis com ele.
selantes de baixo módulo permanecem A coesão é a propriedade do selan-
na faixa de 10 a 20 Shore A, os de médio te que lhe permite manter-se homogé-
módulo incluem-se na escala de 20 a 35 neo e íntegro, sem que ocorra a ruptura
Shore A e que os de alto módulo se en- interna, quando solicitado até o limite
quadram na escala de 30 a 65 Shore A. de suas propriedades. Um movimento
A dureza do selante é medida pela da junta, maior do que a capacidade
avaliação da resistência à penetração do selante de suportá-lo, pode levar ã
de uma agulha normalizada, realizada ocorrência de falha dentro do corpo do
com auxilio de um durômetro "Shore material do selante. As falhas em selan-
A" com escala de 0 a 100, e pode ser tes sào normalmente observadas como
realizada pelo método de ensaio ASTM falhas de coesão do próprio selante ou
C661 [ASTM, 2006). de aderência entre o selante e o substra-
to, ou ambos. Esses tipos de falhas serão
abordados no capítulo seguinte. As pro-
5.7.5 A d e s ã o e coesão priedades de adesão e coesão dos selan-
tes elastoméricos podem ser avaliadas
As propriedades de adesão e coesão
segundo o método de ensaio da ASTM
do selante são responsáveis pela estan-
C719-93 (ASTM, 2005), sob movimenta-
queidade da junta. A adesão do selan-
ção cíclica (Ciclo de Hockman), a partir
te está relacionada à sua capacidade
do emprego do equipamento de tração
de permanecer aderido ao substrato.
e compressão ilustrado na Figura 5.8, Esse
Obtê-la e mantê-la por um longo prazo
método de ensaio é um procedimento
é o desafio que se tem ao se produzir
acelerado para avaliar o desempenho de
uma junta. Segundo Ledbetter, Hurley
selantes sujeitos à imersão em água, tra-
e Sheehan (1998), a adequada adesão
ção e compressão cíclicas e mudanças
depende do contato efetivo entre ma-
de temperatura, em condições de cura
teriais adesivamente compatíveis e da
previamente estabelecidas.
ausência de camadas que apresentem
superfícies fracas ou contaminadas. Carbary e Kimball (2005)3 recomendam
Desse modo, devem ser selecionados que, além do teste de adesão realizado

3 Laurence Carbary e David J. Êíimball são membros do Comité C24 da ASTM e consultores da DOW
CORNING CO e estiveram presentes em reunião do Grupo selantes e desmoldantes. CONSITRA
(Consórcio Setorial para Inovação em Tecnologia de Revestimentos de Argamassa). Reunião ocor-
rida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 18 abril de 2G0S.
quando da avaliação de movimentação Alguns selantes podem exibir tam-
cíclica, seja realizado também o teste bém a perda do peso como um resultado
de adesão superficial (adhesion-in-pe- do envelhecimento, por causa da perda
el), peio método de ensaio ASTM C794 do solvente. Outros podem somente se
(ASTM, 2006), pelo qual se determina a tornar mais rígidos, tendo reduzida sua
força de adesão do selante ao substra- capacidade de movimentação, ao enve-
to e as características e propriedades de lhecer pelo excesso de calor.
aderência de um selante elastornérico. A resistência ao envelhecimento do
Segundo essa norma, o resultado selante pode ser avaliada por dois mé-
obtido do teste denota a capacidade de todos de ensaio da ASTM; o C792-04
um selante curado manter sua aderên- (ASTM, 2008), que analisa o envelheci-
cia ao substrato, sob severas condições, mento do selante causado pelo calor,
Esse método de ensaio é empregado avaliando-se a perda de peso, craquela-
por alguns fabricantes para avaliar as mento e riscos; e o C793 (ASTM, 2005),
características adesivas da combinação que permite avaliar a ação acelerada do
seíante/prímer com substratos. tempo, Os requisitos estabelecidos peia
ATM C920 [ASTM. 2008) estão descri-
tos no capítulo 6, na tabela 6,5.
5,7,6 Resistência a o
envelhecimento
5.7.7 M a n u t e n ç ã o da c o r e
A resistência ao envelhecimento do
compatibilidade
selante é a sua capacidade de suportar
a exposição à radiação solar, bem como O manchamento do selante em
o envelhecimento em virtude do ca- uma fachada é uma ocorrência esteti-
lor e da contaminação atmosférica, os camente indesejável Segundo a ASTM
quais reduzem gradativamente a sua Cl 193 (ASTM, 2009), a mudança de cor
durabilidade. dos selantes pode ser causada por eflo-

FEGURA 5.8 Equipamento


de compressão e íroçâo
(Hockmart Cycle}, empregado
nc avaliação da adesao e
coesão de selantes.
Fonte; Dow Corning CO,
rescência (blooming), por absorção da Na opinião de Carbary e Kirnball
radiação ultravioleta e radiação visível, (2005)^. no caso dos revestimentos ce-
por calcinação (chalking) e poluentes na râmicos, este não é o melhor método,
atmosfera, por partículas, por soluções pois é mais aplicável para avaliar a com-
de limpeza e por absorção de materiais patibilidade dos selantes com mármores
que se encontram adjacentes ãs juntas e granitos, Eles recomendam o emprego
de movimentação. Segundo esse do- do método da ASTM G248 (ASTM, 2008),
cumento, os próprios materiais cons- que avalia a probabilidade de um selan-
tituintes da junta e os acabamentos te causar uma mancha em um substrato
do seu entorno, com o tempo e a ex- poroso por causa de sua exsudação quí-
posição aos raios ultravioletas, podem mica e consiste em sujeitar amostras de
escoar lentamente ou soltar materiais selantes a esforços de compressão e, ao
plásticos dentro do selante, causando mesmo tempo, a quatro condições de
a mudança de cor ou perda de adesão. exposição: sob condições padrão de la-
Também, os acessórios podem ter resí- boratório, armazenamento em um forno,
duos superficiais ou contaminantes que exposição em um dispositivo fluorescen-
podem migrar para dentro do selante, te de raios ultravioletas e condensação..
causando efeito nocivo.

A mudança de cor do selante é uma 5.8 Tipos de selantes


evidência potencial de reação quími-
ca prejudicial e ainda que inicialmente Os selantes são agrupados segun-
não haja perda de adesão, a alteração do o composto químico principal que
da cor pode ser indício de futura perda lhe serve de base, sendo os comumen-

de adesão. te encontrados no mercado à base de


acrílico, poliuretano, ou silicone, cujas
Outra característica do selante, que
principais características serão discuti-
também pode ser afetada pela incom-
das na sequência e estão sintetizadas na
patibilidade com os demais constituin-
Tabela 5.3.
tes, é a capacidade de cura completa
do selante, o que prejudica o desenvol-
5.8J S e l a n t e s acrílicos
vimento de sua resistência.
A norma de especificação de selan- Sâo produtos à base de resinas
tes elastoméricos, a ASTM C920 (ASTM, acrílicas que podem ser dispersas em
2008), indica o método de ensaio da solventes ou em agua (AFNOR, 2002).
ASTM CSlO-OSa [ASTM, 2005), para de- Curam por processo de evaporação do
terminar se uma amostra de um selante solvente ou da água (secagem) e têm
pode manchar o substrato e se o pró- um comportamento que varia de plás-
prio selante mudará a cor quando ex- tico a elastoplástico. Segundo Wool-
posto ao tempo. man e Hutchinson (1994). os selantes à
base de água apresentam característi-
4 Citados na nota de rodapé anterior.
cas de adesão inferiores aos seiantes à 5.8.2 S e i a n t e s de p o l i u r e t a n o
base de solvente.
São produtos que contêm de 35% a
Wooirnan e Hutchinson (1994) ad-
45% de polímeros e 30% de filler (PA-
vertem que os seiantes à base de água
NEK e COOK, 1991), São seiantes elásti-
somente podem ser aplicados em fa-
cos que se, monocomponentes, curam
chadas se for assegurada sua cura antes
quando em contato com a umidade at-
da ocorrência de chuva.
mosférica e, se multicomponentes, sua
Segundo Panek e Cook (1991), a capa- cura ocorre por reação química interna
cidade de movimentação dos seiantes (AFNOR, 2002).
acrílicos ê limitada porque eles endure- Segundo Panek e Cook (1991), altera-
cem com o tempo, como resultado da ções na dureza ao longo do tempo ou
evaporação do solvente. A sua dureza por ação do calor podem indicar falhas
pode chegar a 35 Shore A e é atingida na formulação. Esses autores afirmam
na cura final, que acontece entre 1 e 2 que os seiantes de adequada qualidade
anos, manterão essa propriedade física ao lon-
Em virtude desse precoce endureci- go do tempo, uma vez que a dureza do
mento dos seiantes acrílicos, que resulta selante está relacionada às suas proprie-
na redução de suas propriedades de mo- dades de acomodação dos movimentos.
vimentação, aqueles autores advertem AI ém d i sso, os a utores afirmam q u e os
que devem ser especificados apenas seiantes de poliuretano adequadamente
dentro dos limites de ± 7,5% a ± 12,5%, formulados têm excelente resistência ao
mesmo que a especificação do produto UV e ao ozônio e náo vão fissurar depois
cubra movimentos de até ± 25%. de um longo tempo de exposição à luz
Segundo Woolnnan e Hutchinson solar. Apesar disso, os poliuretanos colo-
(1994), a sua vida útil quando estão su- ridos podem se descolorir com o tempo,
jeitos a movimentos cíclicos frequentes devendo essa propriedade ser avaliada
é muito reduzida. Afirmam, ainda, que a por meio de ensaio, caso a manutenção
causa mais comum de falhas em seiantes da cor seja um requisito do projeto.
acrílicos são as deformações plásticas
que se devem aos movimentos excessi-
5.8.3 Silicones
vos ou por falha de adesão em substra-
tos friáveis. Segundo o DTU 44.1 (AFNOR, 2002),
Possivelmente, pela sua baixa capa- os silicones sào utilizados na maior parte
cidade de movimentação e suscetibili- das juntas de construção, São geralmen-
dade ãs condições ambientes, o sei ante te seiantes elásticos que curam quando
de base acrílica não tenha sido reco- em contato com a umidade atmosféri-
mendado por Beltrame e Loh (2009) ca e distinguem-se uns dos outros pelo
como adequado para aplicação em fa- seu sistema químico de cura, podendo
chada de edifícios. ser acética ou neutra. Ambos curam em
contato com a umidade do ar, Os silico- des de diferentes polímeros. Os silico-
nes de cura acética liberam ácido acético nes com poliuretano, por exemplo, sâo
durante seu processo de cura, enquanto silicones híbridos e, segundo Ferme e
OS de cura neutra não liberam subprodu- Oliveira (2003), são considerados como
tos ácidos ou corrosivos, inseridos no grupo mais moderno de
Os silicones de cura acética tendem selantes, podendo ser aplicados em
a atrair sujeira por eletricidade eletros- substratos úmidos; além disso, para a
tática; assim, quando aplicados em su- maioria dos substratos, nâo necessita da
perfícies como revestimentos cerâmicos aplicação de primers (somente requeri-
de fachadas, podem acarretar o apareci- dos para superfícies extremamente po-
mento de manchas escuras, o que limita rosas). Possuem elevada resistência às
sua utilização. Os silicones de cura neu- intempéries e aos ratos ultravioleta,
tra são os mais recomendados para esse
tipo de substrato (FERME e OLIVEIRA,
5.8.5 C o n s i d e r a ç õ e s finais
2003 BELTRAME e LOH, 2009).

Segundo Woolman e Hutchinson Cada tipo de selante tem suas van-


(1994}, os silicones têm a taxa de endure- tagens e desvantagens e, como regra
cimento muito lenta; portanto, raramen- geral, os selantes de poliuretano e de si-
te o endurecimento seja um fator que licone são os mais recomendados para
possa causar falha nas juntas, Esse tipo revestimentos cerâmicos de fachadas,
de selantetem uma vida útil prevista, se- sobretudo por serem mais resistentes
gundo os autores, de 20 a 30 anos, ao intemperismo e apresentarem me-
lhor capacidade de deformação que os
Segundo Ferme e Oliveira (2003),
selantes acrílicos.
os silicones podem ser de alto módulo
(mais utilizados em colagens estruturais) Outro tipo de selante, também cita-
ou de baixo módulo, Ambos sào produ- do nas normas de execução de reves-
tos de alto desempenho e com excelente timentos cerâmicos de fachadas - BS
resistência ao intemperismo e ao enve- 5335: part2 (BSl, 2QÜÓ) e AS 3958.2 [AS,
lhecimento. o que os tornam produtos 1992) - são os â base de polissulfetos.
de longa expectativa de vida útil. Podem Contudo, esses selantes sào mais utili-
ser disponibilizados com dureza Shore A zados na fixação de vidros, nâo sendo
que varia de 25 a 50 e com capacidade utilizados no mercado brasileiro em
de movimentação de ffl25% até +100%, revestimentos cerâmicos de fachadas.
-50%, como indica a Tabela 5.3. Por isso, esse tipo de selante não será
abordado neste trabalho,

5.8.4 Silicones híbridos A Tabela 5.3 sumariza as caracterís-


ticas, vantagens e desvantagens dos se-
Os selantes híbridos são aqueles lantes anteriormente abordados.
que combinam as melhores proprieda-
TABELA 5.3 Principais iipos de seiantes empregados em [untas de fachado e SUJOS características.

Com- Fator de Tempo de


Tipo de Manutenção Expectativa
porta- acomo- Dureza cura após Vantagens Desvantagens
selante da aparência de vida
mento dação aplicado

Excelente resistência aos raios


ultravioletas.
Elevada aderência sem necessidade
Acrílico dc pfimer. Podem apresentar retração.
(base de Plasto- Aceitam pintura sobre a superfície
3 a 14 dias Quando solúveis ern agua. rio
água ou elãstico/ 5% a 12.5% 25 a 30 Média 10 a 20 anos curada.
{cura por secagem) oferecem resistências inversáo.
base de Plástico
solvente) ESaiio custo. Recuperação elástica lenta.
Facilidade de acabamento e limpeza.
Permitem aplicação em presença de
umidade (algumas formulações).

Apresentam ótima elasticidade


e memória de retorno, excelente
3 a 14 dias resistência ao intemperismo. elevada
Poliuretano (taxa de cura de- expectativa de vida útil
(monocom- Etâstico 2S% a 35% 15 a 40 pende da tempe- Boa 20 ano* Não recebem pintura.
Nâo apresentam retração.
ponente) ratura e umidade
relativa) Ótima aderência em diversos subs-
tratos (na maioria das vezes sctr> a
necessidade de primar),

Poliuretano Exigem equipamentos mecânicos


Geralmente possuem maior
(multicom- Elástico 15 a 40 Rápida 603 20 anos. para mistura e limpeza rigorosa de
disponibilidade decores.
ponente) aplicação.

Ejtecelente resistência ao
Elástico intemperismoe ao envelhecimento, Os silicones tendem a atrair sujeira,
la 14 dias tornando-os produtos de longa náo pela consistência "grudentaf
Altomódulo
25% 20 a 30 (cura depende da expectativa de vida útil. Possuem antes da polímeriiação, mas sim por
Silicone Balxo- Excelente 25 afros
50% a 100% 10 a 20 umidade relativa excelente alongamento e memória eletricidade elástica. Isso muitas
módulo de retorno, excelente aderência, fácil vezes limita a sua utilização em
do ar)
aplicação e ampla disponibilidade fachadas de coloração clara.
de cores.

Fonte: LEDBETTER. HURLER: 5HEEHAN (1998).


I I
r

6
CAPITULO

Desempenho de Juntas Seladas

Requisitos de desempenho
das juntas seladas
Como são parte do subsistema de revestimentos cerâmicos
de fachadas, as juntas seladas devem satisfazer aos requisitos de
desempenho relacionados à durabilidade, dissipação de tensões,
estanqueidade e estética, enfocados na sequência,

6.1.1. Durabilidade

Um dos principais desafios na produção de uma junta selada


é tornã-la durável, ou seja, fazer que tenha capacidade contínua
de acomodar os movimentos impostos pela estrutura e pelas
condições ambientais âs camadas de revestimentos e que se
mantenha íntegra, não apresentando problemas que comprome-
tam o desempenho do revestimento ao longo de sua vida útil.
A durabilidade da junta selada está relacionada a fatores de
degradação e envelhecimento do material selante que, segundo
a ASTM C1193 (ASTM, 2009), de modo geral, ocorrem principal-
mente pela fotodegradação causada pelos raios ultravioleta e
ciclos de aquecimento e resfriamento em conjunto com a ação
da água.
Além disso, a durabilidade da junta útil dos elementos da fachada. Por ou-
relaciona-se também aos cuidados no tro lado, nessa mesma parte da norma,
projeto e na sua execução, A inadequa- há a indicação de que o prazo de garan-
da execução das juntas de movimen- tia do selante é de um ano com relação
tação seladas é apontada por autores à aderência. Além disso, recomenda que
como Woolman e Hutchinson (1994) e a estanqueidade da fachada deva ser ga-
Gorman e colaboradores. (2001) como rantida por um período mínimo de três
uma das principais causas de falhas. As- anos. Não há referência sobre exigência
sim, para que se alcance a vida útil dese- de resselamento em função da vida útil
jada das juntas preenchidas por sistema esperada para a fachada, e essa ativida-
selante. é importante aliar, sobretudo, de é de fundamental importância para
à adequada especificação do selante e o adequado desempenho da junta ao
aos demais constituintes da junta uma longo da vida útil do edifício.
criteriosa aplicação dos materiais, Diante dessas recomendações, po-
Segundo Ledbetter, Hurley e She- de-se afirmar que, no atual estágio de
ehan (1998) uma junta selada, quando desenvolvimento tecnológico brasilei-
bem especificada e executada, tem ro, a norma vigente pouco auxilia nas
uma expectativa de vida útil limitada a, especificações de desempenho das
possivelmente, 20 anos. Esses mesmos juntas seladas, devendo essa função
autores afirmam que o período de vida ser exercida pelo projetista, que deverá
útil pode ser previamente estimado considerar as exigências previstas para
através de ensaios de envelhecimento o empreendimento.
acelerado a serem realizados com os
materiais e componentes específicos
6.1.2» A c o m o d a ç ã o de
que se pretende utilizar.
movimentos
No Brasil, não se tem estabelecida a
vida útil de juntas seladas. A norma de A junta deve ser prevista para aco-
desempenho ABNT, NBR15575-Í (2008), modar os possíveis movimentos rever-
recentemente editada e focada em síveis e irreversíveis que possam vir a
edifícios de até cinco pavimentos, es- ocorrer nos painéis de revestimento. E,
tabelece a vida útil dos revestimentos para cumprir essa função, é necessário
aderidos em fachadas de edifícios como que seja adequadamente projetada, o
de pelo menos 20 anos para edifícios que implica dimensionamento e posi-
com padrão mínimo de desempenho e cionamento apropriados; além de ter
de 30 anos para os de padrão superior. também especificação do selante corre-
No entanto, não faz referência ã vida to para suportar as agressões ambientais

1 O conteúdo da N&R15575 (ABNT, 2008) refere-se a sistemas que compõem edifícios habitacio-
nais de até cinco pavimentos, independentemente dos seus materiais constituintes e do sistema
construtivo utilizado.
e os movimentos previstos. O dimensio- formação de fissuras ou qualquer aber-
namento incorreto ou a especificação tura no revestimento que possibilite
do selante inadequada aos movimentos a penetração de ãgua pela vedação,
a que as juntas estarão sujeitas pode contribuindo com o cumprimento do
contribuir para sua ruptura precoce, que requisito de desempenho das fachadas
pode acontecer sob a forma de perda de relativo à estanqueidade da água (OLI-
adesão ao substrato ou ruptura coesiva VEIRA e MOREIRA, 2005}.
do selante (ASTM C1193, 2009}, como Além de impedirfissurasno painel de
poderá ser visto no sub item. revestimento, a própria junta constituí
Os seiantes podem ter maior ou um ponto frágil em relação á estanquei-
menor capacidade de acomodação dade, como anteriormente comentado.
de movimentos em função de suas ca- Assim, as juntas seladas devem promo-
racterísticas específicas, como o fator ver uma barreira contra a infiltração de
de acomodação, recuperação elástica, água e de ar pela vedação. Entretanto,
modulo de elasticidade e dureza Sho- o sistema de selamento somente cum-
re. conforme foi abordado no capítulo prirá essa exigência se não se deteriorar
anterior. ao longo do tempo, isso é. se não sofrer
As juntas de movimentação têm falhas, seja por deterioração dos mate-
também a função de compensar varia- riais de que é constituído, como falha
ções dimensionais inevitáveis de placas coesiva, seja por perda de adesão do
cerâmicas, esquadrias e variações dimen- selante,
sionais no conjunto dos elementos na
construção. Entretanto, especificamente
6.1.4. Estética
quanto as tolerâncias dos elementos da
construção, infelizmente, no Brasil ain- As juntas em fachada são elementos
da não foram estabelecidas referências, frequentemente muito visíveis; portan-
Esse quadro é diferente em outros países, to, é importante que. além dos requisi-
podendo-se exemplificar com as normas tos de desempenho técnicos, os fatores
britânicas que permitem desvios cons- estéticos sejam apropriadamente con-
trutivos ao nível de ptanicidade, prumo siderados quando se faz a especificação
e alinhamento dos elementos construti- de uma junta e, posteriormente, quan-
vos, da ordem de 2 mm por pavimento, do essa é executada.
no caso de paredes planas e janelas (LE- Existe a tendência de fazer as juntas
DBETTER, HURLEY e SHEEHAN, 1998). de movimentação bem estreitas e de
aumentar os espaços entre elas. a fim
de reduzir seu impacto visual na arqui-
6.1.J. E s t a n q u e í d a d e
tetura do edifício. Essa tendência pode
Como uma das funções da junta é conflitar com sua função de acomodar
acomodar os movimentos, sua espe- os movimentos e de resistir ãs tensões
cificação objetiva também impedir a que provocam.
Há também o apelo do mercado e movimentação podem desencadear um
dos próprios projetistas â indústria de conjunto de manifestações patológicas,
seíantes para que suas cores sejam mui- que comprometem estética e funcional-
to próximas das cores das placas cerâ- mente o revestimento e oneram os cus-
micas; entretanto, como bem afirmam tos de manutenção da edificação,
Ledbetter, Hurley e Sheehan (1993), essas
As falhas mais comuns nas juntas se-
tentativas sâo raramente bem-sucedidas,
ladas sâo, segundo Chew (1999): perda
pois a cor inicial do selante é perdida ao
de adesão; falha na coesão; escorrimen-
longo do tempo, seja pelo acúmulo de
to; dobramento e intrusão; deformação
sujeira, que ocorre de maneira diferen-
excessiva; ataque químico; desgaste
ciada entre o selante e as placas cerâmi-
precoce e desagregação,
cas, seja pelos efeitos do intemperismo
que também variarão para cada um. Essas podem ocorrer por fatores,
como:
Observa-se, portanto, que, para sa-
tisfazer a esses requisitos de desempe- * Deficiências de projeto e de especi-
nho, não cabe simplesmente preencher ficação das juntas.
as aberturas das juntas. Os materiais e
• Escolha incorreta do selante.
componentes de sua constituição pre-
cisam ser capazes de cumprir as exigên- • Aplicação sobre substrato contami-
cias de acomodação de movimentos, nado ou com umidade.
estanqueidade, durabilidade, além da • Não observância da temperatura
estética. Todos os requisitos devem ser adequada e recomendada para apli-
compatíveis às exigências de vida útil cação.
especificadas em projeto.
• Defeitos na preparação da superfí-
Diante dessas exigências, busca-se re- cie ou na aplicação do selante.
gistrar como as juntas devem ser consti-
• Falta de utilização de primer, em
tuídas e, na sequência, as características
a p I ic aç ões espec iai s.
que os materiais e componentes devem
apresentar, • Falhas nos materiais selantes.
• Ocorrência de movimentações nâo
previstas.
6.2. Defeitos em juntas
Focalizando os revestimentos cerâ-
seladas
micos de fachadas, as principais falhas
A uti lização de juntas de movimenta- observadas são as descritas nos itens
ção seladas tem sido polêmica por causa que seguem.
da ocorrência de manifestações patoló-
gicas relacionadas a elas. em revestimen- 6.2.1 Perda de a d e s ã o d o s e l a n t e
tos cerâmicos em fachadas relativamente
novas. Quando não adequadamente A perda de adesão é o tipo mais
projetadas ou executadas, as juntas de comum de falha do selante. É a perda
da ligação entre o matéria! se!ante e o • Preenchimento da junta; deve ser
substrato [Figura 4.7) e pode representar observada a colocação correta do
um grave problema em juntas de facha- limitador de profundidade ou da
das, pois implica a perda de função do fita isoladora para fornecer a área de
selante, o que resulta em problemas de adesão adequada e evitar o terceiro
estanque idade no sistema de revesti- ponto de adesão.
mento. • Temperatura inicial da junta: a tem-
Segundo Ledbetter, Hurley e Sheehan peratura a que a junta está sujeita no
(1998), a falha na adesão pode se originar, momento de aplicação do selante
com muita facilidade, durante a aplicação influencia no modo em que ela vai
do selante. Alguns fatores críticos a serem trabalhar. Recomenda-se que a ins-
observados para evitar que ocorra a falha talação do selante seja realizada em
na adesão são relacionados a seguir. temperaturas medianas, para que
ela não trabalhe sob tração ou com-
• Condições de superfície: qualquer pressão extremas.
tipo de contaminação ou de partícu- • Acabamento final eficaz: o acaba-
las soltas deve ser removido da super- mento final bem realizado é funda-
fície em cujo selante será aplicado. A mental para remover as bolhas de
superfície também deve estar seca. ar, para assegurar o perfeito contato
• Primer: o uso de primer é recomen- com o substrato e obter o perfil cor-
dado pelos fabricantes em alguns reto do selante.
casos. Nesses casos, deve ser aplica-
do o produto para o tipo de selante Aíém desses fatores, a perda de ade-
utilizado, observando o tempo de são também pode ocorrer por falhas
secagem recomendado. na especificação ou por deficiência do
material selante, sendo alguns aspectos
relevantes destacados na sequência.

• O selante é inadequado para o subs-


trato e não adere nete.
• Envelhecimento precoce do selante;
o selante toma-se resistente e mais
limitado em sua potencialidade do
movimento, acarretando falha, pois
ê m • - m i não pode mais absorver o movimen-
to exigido.
• A junta tem largura insuficiente, de
modo que o selante não tem outra
possibilidade a não ser romper em
FIGURA 6.1 Rupíuru cdesiva: perda de
sua adesão com o substrato. Deve-se
adesão do selanie.
assegurar na fase de projeto que a
Fonte: CHEW [1999].
adesão selante-substrato não per-
maneça tensionada excessivamente tação menor do que a especificada pelo
por causa do dimensionamento ina- fabricante e especificada para a junta,
dequado da largura e profundidade Assim, torna-se clara, mais uma vez, a
do selante. importância do controle de qualidade
Atém de todos os cuidados a serem do material selante.
tomados, para cada aplicação especi- Segundo Klosowski (1989), na recu-
fica, a adesão do selante ao substrato peração de juntas com ruptura coesiva,
deve ser testada em laboratório, o que as opções são;
pode ser feito pelo método de ensaio
• Ampliar a junta de modo que pos-
da ASTM C719-93 (ASTM, 2005), confor-
sa ser utilizado um novo selamento
me referenciado anteriormente.
ernpregando-se selante com a mes-
ma capacidade de movimento que o
6.2,2. Falha coesiva d o s e l a n t e original.

A falha coesiva acontece dentro do * Deixar a junta do mesmo tamanho


corpo do material do selante (Figura e substituir por um selante com ca-
4,8). Essa falha começa frequentemente pacidade de movimento maior que
com um pequeno entalhe no material. o rompi d O-
Segundo o ACI 224 (ACI. 1995), a causa
mais provável de uma falha coesiva é a 6.2.3, E n r i j e c i m e n t o e
ocorrência de um movimento da junta
c r a q u e l a m e n t o do s e l a n t e
maior do que a capacidade do selante
de suportá-lo. De maneira análoga, a O calor, a chuva e a luz solar podem
falha coesiva poderá ocorrer caso um degradar o selante levando à oxidação,
selante tenha capacidade de movimen- exsudaçáo dos seus constituintes e á
perda dos aditivos que o constituem,
tais como plastificantes etc, Nesses
casos, o selante está sujeito ao endu-
recimento, à degradação e eventual fis-
C V t f,
V • .V-
suração (Cognard, 2004) {Figura 4.9), os

FIGURA 6.3 Enrifecimento do s-eloriie,


FIGURA 6.2 Vista frontal de urino |unta com fiss-ufoçõo e perdo do adesõo.
que apresenla rupiura coesiva. Fonte: C H E W |1999).
quais pode ser indício da degradação do pelo selante, tanto em superfícies
do polímero e da falta de resistência do porosas quanto em não-porosas é di-
material à ação dos raios ultravioleta, fícil, mas não impossível. A remoção
pode ser obtida utilizando-se um ma-
terial apropriado ao tipo de fluído, ao
6.2.4. M a n c h a m e n t o d o s e l a n f e
tipo de poluição ambiental ou partícu-
O manchamento é um efeito visual las de sujeira.
esteticamente inaceitável, causado pe- Resumindo o que foi anteriormente
los materiais selantes sobre as superfí- apresentado, têm-se que as falhas em
cies circundantes ás quais os selantes juntas de movimentação seladas estão
estão aderidos (Dow Corning, 2005). relacionadas às deficiências de projeto,
como ilustra a Figura 4.10. execução e procedimentos de manu-
Um sei ante, dependendo de sua for- tenção. notadamente:
mulação e da qualidade de seus compo-
nentes, pode causar manchamento em • Ausência de dimensionamento da
substratos porosos ou não-porosos por abertura,
causa da migração do fluido para dentro • Posicionamento inadequado da junta.
dos poros do substrato, o que mancha a • Escolha de materiais inadequados ás
superfície exposta adjacente ao sei ante. condições de utilização,
Dessa forma, o fluído pode descolorir a
• Deficiência nas características dos
superfície do substrato ou atrair polui-
materiais de preenchimento.
ção ou partículas do ambiente,
• Deficiências na produção das juntas.
Segundo a ASTM C1193 [ASTM, 2009],
• Ausência de manutenção ao longo
a remoção do manchamento provoca-
da vida útil da edificação,

Portanto., o tipo de falha que pode


ocorrer em uma junta depende de inú-
meros fatores, assim como do tipo de se-
lante utilizado, A Tabela 6.1 correlaciona
as falhas e as suas possíveis causas.
Além dessas deficiências, percebe-
se que a realidade nacional é agravada
por ser o selante um dos materiais com
os quais a própria engenharia, os mes-
tres e os operários não estão familiari-
zados, o que possibilita um tratamento
inadequado em seu uso, resultando em
FIGURA 6.4 Manchamento do seíanfe e uma deficiente utilização, como afirma
do revestimento. CHAVES (1998).
TABELA 6.1 Possíveis cousas de folhas em juntas selados

Destacamento
Perda de Falha
Tipo de falha e causas Manchamento de revestimento
adesão coesiva
cerâmico

Erro de dimensiona mento X X X

Especificação inadequada do selante X X X X

Excesso de movimentação X X X

Profundidade excessiva X X

Profundidade insuficiente
X X X
(seSamento muito superficial}

Falha no preparo de superfície X

Falhas na aplicação X X

Adaptada de FERME: OLIVEIRA (2003.)


I I

7
CAPITULO

Projeto de Juntas em
Revestimentos

O conhecimento existente sobre tecnologia de produção de jun-


tas de movimentação seladas em outros países destaca a impor-
tância da realização de um criterioso projeto. Comitês técnicos
internacionais de normalização e pesquisa vém empreendendo
estudos há muito tempo e destacam em seus documentos defi-
nições, parâmetros e critérios de projeto de juntas seladas, como
é o caso do ASTM Committee C241 - Building Seals and Sealants,
fundado nos Estados Unidos em 1959: do joining Technology Re-
search Centre, hã mais de 25 anos na Universidade de Oxford2;
além dos grupos de estudo do Centre Scientifique et Technique
du Bàtiment (CSTB) e do RILEM Technical Committee TC139-DBS
- Technical Committee of Durability on Buitding Sealants.

Trazendo a experiência do Reino Unido, destaca-se o trabalho


de W o o l man e Hutchinson (1994), em que afirmam que nos mui-
tos anos em que as juntas dos edifícios foram sendo seladas, di-
versos edifícios precisaram ter suas juntas reseladas por causa da

1 Fonte http://w w w.astm.o rg/CGM MI T/CO MM! TTEE /C 24 .htm.


2 Fonte http://www.braokes.ac.uk/other/jtrc/welcome_tojtrc.htm.
ocorrência de patologias, Com isso. foi aspecto funcional, mas também à
possível identificar os principais motivos facilidade de sua execução que. cer-
para essas patologias acontecerem, os tamente, vai influenciar em suas ca-
quais estão relacionados principalmen- racterísticas finais.
te à. especificação incorreta do sei ante, • selecionar um sistema de selante, a
aplicação deficiente e até mesmo a sé- partir de suas especificações e das
rias falhas de projeto, como o incorreto exigências de durabilidade que se
posicionamento da junta. deva ter para a junta, antes da ne-
A especificação de juntas de movi- cessidade de um reselamento.
mentação é uma importante etapa do • avaliar o selante escolhido nas con-
processo de produção de revestimen- dições específicas de utilização,
tos. a ponto de. na literatura internacio-
• detalhar completamente as aber-
nal consultada, ser tratada como uma
turas e os materiais que vão fazer o
atividade que merece um projeto espe-
seu selamento.
cífico, usualmente denominado "Joint
Design" ou seja, "Projeto de Junta" Woolman; Hutchinson (1994) e Hut-
A leitura dos capítulos anteriores chinson e colaboradores (1995) propu-
leva ao entendimento de que. para a seram "percursos" para a realização do
especificação de juntas seladas, estão projeto de juntas de fachadas que con-
envolvidos, entre outros fatores, o en- templam as atividades anteriormente
tendimento dos movimentos do edifí- destacadas. Suas proposições foram
cio e das características das camadas de adaptadas pelas autoras em uma propos-
revestimentos, além das condições de ta de "processo de projeto de juntas de
meio ambiente em que a edificação esta movimentação para revestimentos cerâ-
inserida e da tecnologia de selantes. É micos de fachadas! a qual é apresentada
necessário, portanto, que esse conjunto na Figura 7.1. As etapas desse processo se-
de informações seja analisado dentro de rão comentadas nos itens que seguem.
uma visão sistêmica do edifício, em que
sejam considerados os principais aspec-
tos destacados na sequencia, os quais
7.1 Avaliação da edificação
foram reunidos a partir das propostas de e das condições de
Ledbetter. Hurley e Sheenan (1998) e da exposição
experiência das autoras:
As atividades para especificação de
• enter de r a f u nçâo q ue a j u nta deverá juntas devem ser iniciadas pela avaliação
cumprir na situação específica para a da edificação, a partir da análise de pro-
qual se pretende especifícã-la, jetos, para se diagnosticar e caracterizar
• selecionar os locais mais apropria- o comportamento dos substratos. Entre-
dos para o posicionamento das tanto, uma premissa para o projeto de re-
juntas, visando não apenas ao seu vestimento é evitar o uso desnecessário
I Ertsoios
Seleçõo e especificação dos Ensaios em laboratório.
materiais de preenchimento. Testes de aplicação do sei ante e de
compatibilidade in bco.
v
Especificação dos condições de produção:
Preparação das superfícies;
Método de execução;
Ferre mentas;
Curo;
Limpeza frrtdl;
Controle de qualidade;
Critérios de aceitação;
Requisites de monulençcc e substituição dos materiais selnntes.

Implaní-açâo do projeto em obra.


\
Controle ernõescorretivos.

T z
inspeção final e liberação.

FIGURA 7,1 Proposto de fluxo de atividades para desenvolvimento do Projeto de Juntas Seladas.

de juntas. Elas somente devem ser previstas após cuidadosa avaliação sobre a sua real
necessidade e o estabelecimento dos requisitos de desempenho (BS 6093. BS1, 2006).
Para tanto, nesta fase, o projetista de revestimentos deve reunir informações que
possibilitem o seu entendimento acerca dos fatores que originam movimentos na
fachada do edifício e que lhe permita deste serão fundamentais para a corre-
fazer a previsão do comportamento ta especificação das juntas.
potencial das camadas de revestimen- As informações necessárias para a
to em razão daqueles fatores e, por especificação de juntas devem ser co-
consequência, o comportamento da letadas durante a fase inicial do projeto
própria junta. de revestimentos. Medeiros (1999), com
Nos documentos consultados, não base em Asimow (1968), propôs que o
foram encontrados critérios ou diretri- processo de projeto de produção de
zes específicas que direcionem a rea- revestimentos cerâmicos de fachadas
lização dessa avaliação da edificação, ocorra em várias etapas. Segundo esse
com o objetivo de dimensionamento autor, é na fase inicial de análise e de-
de juntas. Algumas normas definem finição do projeto de revestimento que
parâmetros, não muito detalhados, a as informações necessárias para avalia-
serem considerados na etapa do proje- ção da edificação devem ser levanta-
to. A norma inglesa BS 5385: parti (BS1, das. Essas informações sâo sintetizadas
2006), por exemplo, afirma que se de- na Tabela 7.1,
vem considerar as características dos A fase inicial do projeto de reves-
materiais das camadas do revestimento, timentos é constituída por uma coleta
as áreas revestidas e as condições de de informações sobre a obra objeto do
temperatura e umidade previstas; no projeto de revestimento. Para tanto, é
entanto, não fornece parâmetros espe- necessário que o projeto arquitetôni-
cíficos para essa análise, co seja analisado, incluindo o projeto
A norma australiana AS 3958,2 (1992), das fachadas e também o estrutura! e
por sua vez, explica que a especificação o de alvenaria (quando existente), além
das juntas de movimentação é influen- de informações gerais a respeito do
ciada pelo tipo de estrutura, sua idade, produto edifício. Caso a obra esteja
dimensões do edifício, geometria da em andamento, deverá fazer parte da
superfície a ser revestida, dimensões e avaliação uma visita criteriosa com re-
potencial de expansão por umidade das gistro fotográfico e das condições de
placas cerâmicas, dimensões das juntas produção da obra.
de assentamento e localização de jun- A avaliação da edificação consiste,
tas construtivas. Mais uma vez, porém, sobretudo, na análise do projeto de es-
nâo são apresentados os parâmetros
truturas do edifício, na qual se buscam
que permitam definir se a fachada ana-
informações acerca da rigidez dos ele-
lisada possui maior ou menor potencial
mentos estruturais que apoiam as alve-
de movimentação,
narias de fachada: características de lajes
As referências consultadas atribuem e vigas de borda, ou em balanço, flechas
a responsabilidade pela definição das previstas, tudo isso para serem localiza-
características das juntas ao projeto e, dos os pontos críticos de concentração
por consequência, ao projetista; por- de tensões nos quais, possivelmente,
tanto, os conhecimentos e experiência devem ser posicionadas as juntas, Por
TABÊLA 7,1 Anã ise e definições iniciais do Projeto de Revestimentos

Etapas Descrição das atividades

Estudo detalhado de cada uma das fachadas do edifício, suas


condições de exposição, possibilidades de ocorrência de choques
Avaliação das condições de
térmicos, incidência de chuvas, ventos, poluição atmosférica e
exposição da fachada
outras condições relativas ao meio ambiente no qual a construção
se insere.

Estudo das características arquitetônicas que possam interferir


no desempenho do revestimento cerâmico da fachada.
Análise da arquitetura da
Considera-se. nesta etapa, a avaliação da geometria, formas, tipo
fachada
de empreendimento, local da construção e características do
entorno da obra.

Análise técnica da deform abi! idade potencial da estrutura, ao


longo do tempo, considerando-se elementos críticos indutores
de tensões prejudiciais ao substrato e ás outras camadas dos
Avaliação da deformabiUdade
revestimentos cerâmicos de fachada. Devem ser considerados
da estrutura
parâmetros como; módulo de deformação do concreto, rigidez
dos elementos e rigidez global da estrutura, fluência, sequência e
métodos construtivos empregados na sua produção.

Avaliação das condições das superfícies das paredes, necessidade


de preparação da base e aplicação de camada de regularização.
Avaliação das características Avaliação das potenciais movimentações intrínsecas das paredes
das paredes externas de vedação, sua resistência mecânica, principalmente da superfície,
capacidade de absorção de deformações e regiões que podem
provocar o surgimento de tensões.

fonte: MEDE IRQS (1999).

vezes, as informações não constam d o tipos de revestimentos constituem infor-


projeto estrutural, tal c o m o o diagrama mações importantes a serem utilizadas
de isodefornn ações, mas devem ser soli- para o posicionamento das juntas.
citadas a o projetista da estrutura. Assim, recomenda-se que, para diag-
Complementarmente a essa análise, nosticar e caracterizar o comportamen-
no projeto de arquitetura, as informações t o dos substratos, se busque conhecer
específicas, c o m o características dos ma- o melhor possível as características d o
teriais d e acabamento especificados, a edifício e d o ambiente para se identi-
geometria da edificação - altura d o edi- ficar os movimentos da estrutura, os
fício, existência de varandas e p lati ban- movimentos d e origem térmica e os
das, trechos e m curvas, as dimensões das ocasionados pela umidade, conforme
aberturas - e o encontro de diferentes foi discutido no capítulo 3 deste livro.
7.2 Dimensionamento distância aproximada de 3 metros,
coincidindo, de preferência, com a
de juntas
transição entre materiais na base.
O dimensionamento de juntas con- Essa primeira versão da norma foi
siste na definição do posicionamento e substituída em 197S pela BS 5385: part 2
das dimensões da abertura da junta (lar- (BSI. 1978), a qual apresentou novas reco-
gura e profundidade). mendações quanto ao posicionamento
Uma vez que a necessidade das jun- das juntas, trazendo regras genéricas a
tas de movimentação foi estabeleci- serem consideradas pelo projetista, as
da na etapa de avaliação, quanto mais quais são aqui sintetizadas:
cedo for definido seu posicionamento
na fachada, durante o processo de pro- • juntas estruturais pre-existentes: as
jeto do edifício, mais adequado poderá juntas de movimentação previstas
ser seu dimensionamento, pois maiores para a estrutura, o ernboço e a alve-
serão as chances de se obter a colabo- naria devem ser prolongadas e suas
ração dos demais projetistas. Ledbetter. dimensões mantidas até a camada
Hurley e Sheehan (199S) lembram isso de revestimento cerâmico. Os ma-
quando afirmam que, na maioria dos teriais de preenchimento devem
casos, o projeto de juntas é iniciado também atender aos requisitos de
em um estágio tardio, em que o proje- desempenho para as movimenta-
tista tem pouco controle sobre o seu ções previstas,
posicionamento, sobretudo, porque se • Em locais em que haja o encontro
consideram principalmente questões de revestimentos produzidos com
estéticas e o tamanho dos painéis e de materiais distintos.
seus componentes, os quais já foram
• Nos ângulos verticais externos, po-
previamente definidos.
dendo ser posicionadas a uma dis-
tância entre 25 e 100 cm, a partir da
7.2.1 P o s i c i o n a m e n t o mudança de plano do revestimento.
• Nas junções entre diferentes tipos
As normas de projeto e execução de materiais na base, quando o re-
de revestimentos cerâmicos de fa- vestimento cerâmico for contínuo
chadas apresentam regras genéricas sobre ela.
para o posicionamento das juntas de
• juntas horizontais a cada pavimento,
movimentação. A primeira versão da
coincidindo com o fundo da laje ou
norma inglesa, de revestimento ce-
da viga, na região da fixação da alve-
râmico de fachada, o CP 212: part 2
naria á estrutura.
[BSI, 1966), trazia a recomendação de
que as juntas fossem posicionadas • juntas verticais entre 3 a 4,5 m, em
horizontalmente, a cada pavimento quinas internas ou nas junções da
e, verticalmente, separadas por uma entre alvenarias e pilares.
A norma inglesa, B5 5385; part2 (BSI, a) juntas horizontais
1991), manteve as recomendações para
Em geral, as juntas de movimenta-
o posicionamento das juntas da norma
ção horizontais devem ser posicionadas
de 1978 e acrescenta:
em todos os pavimentos, na região do
• As juntas horizontais devem ser pre- encontro da alvenaria com a estrutura,
ferencialmente locadas no topo e local em que há um grande potencial de
no fundo da laje ou viga de borda, deformações diferenciais devido a jun-
• As juntas verticais devem ser loca- ção de materiais com comportamento
das nos cantos internos e em todas distinto, o que pode comprometer o
as junções da alvenaria com a estru- revestimento,
tura de concreto. Essas juntas de movimentação ho-
rizontais a cada pavimento podem ser
A norma inglesa foi recentemente
tanto juntas de trabalho (com o seccio-
revisada, estando em vigência a BS 5385:
namento da camada de emboço), quan-
part2 {BSI, 2006), Entretanto, na nova
to juntas de dessolidarizaçào (apenas na
versão da norma, nada foi alterado em
camada do revestimento cerâmico). A
relação ãs recomendações anteriores.
escolha por um ou outro tipo deverá ser
Regras semelhantes às da norma in- feita a partir da análise do projetista em
glesa para o posicionamento das juntas
relação ao comportamento do edifício
em revestimentos cerâmicos de fachadas
(Figura 7.2).
estão incorporadas em diversas normas
Nos casos em que se considera que
e documentos encontrados na literatura.
A maior parte dos documentos a que as a intensidade de movimentação da es-
autoras tiveram acesso recomenda jun- trutura não trará danos ao revestimento,
tas horizontais em cada pavimento, na podem ser empregadas juntas de desso-
região do encontro da alvenaria com a lidarizaçào, as quais atuam somente para
estrutura e juntas verticais espaçadas a o alívio das tensões ocasionadas pela
distâncias que variam de 3 a 6 metros. As movimentação intrínseca da camada de
principais recomendações encontradas acabamento. Por outro lado, consideran-
estão sintetizadas na Tabela 72, do-se a possibilidade de deformações

A partir dessas diferentes especi- na ligação estrutura-vedação e, por con-


ficações, na sequência, são propostas sequência, a deformação da camada de
algumas diretrizes que poderão ser uti- revestimento, deverá ser prevista a junta
lizadas como referência ao se desenvol- de trabalho, com as características ante-
ver um projeto de junta, lembrando-se riormente apresentadas.
sempre que as condições específicas Hã também a possibilidade de se
de cada caso deverão ser consideradas empregar juntas de dessolidarizaçào e
pelo projetista e que a especificação da de trabalho alternadamente, objetivan-
junta é de sua inteira responsabilidade.
do reduzir as seções no emboço que
Legenda

I^Hl Junto de Trabalho

|! ' Junto d e Dessolidorizaçâo

I Estruturo

FIGURA 7.1 Exemplo de posicionamento de [unias de movimentação em projeto -


elevação.
TABELA 7,2 Recomendações porá posicionamento de juntas de movimentação em revestimen-
tos cerâmicos de fachadas.

Referência Posicionamento

Juntas horizontais: em cada pavimento, na região do encunhamento da alvenaria, espaçadas


a no máximo cada 3 metros.
Juntas verticais: espaçadas a uma distância máxima de 6 metros.
Juntas verticais au horizontais: sobre juntas estruturais, devendo ser respeitadas em
Norma Brasileira posição e largura em toda espessura do revestimento.
NBRB75S Juntas verticais ou horizontais [junta de dessolidarizaçào):
(ABNT, 1996) * cantos verticais e mudanças de direção do plano de revestimento, por exemplo, enn
quinas externas e internas;
* em encontros da área revestida com pisos e forros, colunas, vigas ou com outros tipos de
revestimentos;
• onde houver mudanças de materiais que compõem o substrato.

Juntas horizontais: em cada pavimento, no alinhamento inferior de vjgas e lajes,


Norma Juntas verticais: espaçadas a uma distância de 3 a 4.5 metros e em quinas internas.
Australiana Juntas verticais ou horizontais:
• sobre junta estrutural existente:
AS 3958.2 • nos encontros do revestimento cerâmico com diferentes materiais de acabamento;
(AS. 1992) • sobre encontros de diferentes materiais do substrato, quando o revestimento é contínuo
sobre o mesmo.

., ., . Juntas horizontais: em cada pavimento, distância minima de 3 metros.


Norma Alema
DIN 18515-1 J u n T a s verticais: espaçadas a uma distância de 3 a 6 metros.
Juntas verticais ou horizontais: entre diferentes materiais de revesti mentos ou
(DIN. 1998}
componentes construtivos.

Technical Report Juntas horizontais e verticais: não especifica distâncias. Esta norma orienta que deve ser
CEN/TR13548 especificada uma área (quadrada) ou distância minima entre as juntas. Os diferentes limites
ou valores de referência devem ser estabelecidos de acordo com as condições ambientais.
C E N (2004)

Juntas horizontais e verticais: para variações de temperatura atê 38 C as juntas devem ser
Norma posicionadas a distâncias máximas de 4,87 m (16 pés), tendo abertura de 1.27 cm (1/2"}. Para
Americana variações de temperatura acima de 38 9C, adicionar 1,6mm à abertura da junta, para cada
incremento de 9,44 T,C (15 °F).
ANSI Al 08,
Todas as juntas construtivas, de controle e de expansão do substrato.
A118 & A1Î6
(ANSI. 2008) As juntas devem ser posicionadas sempre que o revestimento encontrar restrições
(e*tremidade*) e onde ocorrerem mudanças nos materiais da base.

Juntas horizontais: em cada pavimento, preferencialmente em todas as mudanças materiais


no substrato, no topo e no fundo da laje ou da viga de borda.
Juntas verticais: espaçadas a uma distância de 3 a 4,5 metros, preferencialmente locadas
sobre juntas estruturais, cantos internos e em todas as junções da alvenaria com a estrutura
Norma Inglesa de concreto.
Juntas verticais ou horizontais:

8S 53S5:part2 • sobre junta estrutural existente;


(BSI. 2006) • nos encontros do revestimento cerâmico com diferentes materiaisde acabamento:
• sobre encontros de diferentes materiais do substrato, quando o revestimento é contínuo
sobre ele;
• nos ângulos verticais externos, podendo ser posicionadas a uma distância entre 25 e
100 cm, a partir da mudança de plano do revestimento.
podem possibilitar a infiltração de água, utilizados contramarcos, nem sempre
Esse procedimento preserva as caracte- a face superior da esquadria coincide
rísticas estéticas da fachada, pois as fa- com o fundo da viga de borda, região
ces dos dois tipos de junta são muito de contato com a alvenaria de vedação,
semelhantes. como pode ser visto na Figura 7,3.
Cabe destacar que o posicionamen- Quanto mais distante a esquadria
to de juntas nesta região nem sempre estiver do fundo da viga, mais distante
é facilmente resolvido, pois hã interfe- a junta ficará posicionada em relação â
rência também com as esquadrias de região de maior solicitação e, portanto,
janelas. É comum que o projeto de ar- poderá não cumprir sua função. Nessas
quitetura preveja o posicionamento da situações, recomenda-se que a distância
junta na face superior da esquadria; no entre o fundo da viga e a efetiva posição
entanto, principalmente quando são da junta não seja superior a 25 mm.

Fundo do vigo

Cavidade da junta

FIGURA 7.3 Junla horizontal; posícionornenío não coincide com o fundo da viga,
b) Juntas verticais As juntas verticais são também re-
comendadas para subdividir painéis
As juntas de movimentação verticais
de revestimento, sendo espaçadas a
são também localizadas preferencial-
distâncias máximas de 6 metros (NBR
mente nos encontros entre a alvenaria e
13755) em painéis cegos. De preferencia,
a estrutura, sendo que algumas diretrizes
deve-se posicionar esta junta no alinha-
balizam as decisões de projeto quanto
mento do encontro dos componentes
ao posicionamento dessas juntas.
estruturais com a alvenaria (Figura 7.4).
As juntas de trabalho, deverão ser Para tanto, podem ser especificadas jun-
especificadas em locais onde hã lajes tas de trabalho, de dessolidarizaçào ou
ou vigas em balanço na fachada, sendo de transição entre materiais, de acordo
posicionadas no alinhamento do en- com a função necessária no painel de
contro desse elemento estrutural com revestimento.
seu pilar de apoio.
De modo gerai, para o emprego
As juntas de dessolidarizaçào, por
de qualquer dos tipos de juntas, as di-
sua vez, sào recomendadas nas mudan-
mensões e as aberturas existentes nos
ças de direção do revestimento, em to-
painéis devem ser criteriosamente ana-
das as quinas externas e internas.
lisadas, subdividindo-se as fachadas em

• Jufl ' ü óii VÜEKSTO

m Junta do DmwteksrjTjçâo
I I FrSnjfjx:

Pa-specrtra

FIGURA 7,4 Exemplo de posiciono mento de juntas de movimentação em projeto - pbnto e


perspectiva.
áreas de no máximo 18 m3, como pres- a) Largura
creve a NBR 13755 {ABNT, 13755].
A junta deve ser prevista para acomo-
Mesmo estabelecendo as regras ge- dar a somatória dos diversos movimen-
rais, documentos mais recentes como o tos de tração e compressão, reversíveis
HANDBOOK FOR CERAMIC TiLE INS- e irreversíveis, que poderáo ocorrer nos
TALLATION (TCA, 2008] náo propõem pontos de maiores tensões. Essa previ-
diretrizes gerais para o posicionamen- são também depende do movimento
to e dimensionamento das juntas, in- que se quer absorver, se é um movimen-
formando que as recomendações nele to da base ou um movimento da cama-
presentes são indicativas e não preten- da de acabamento,
dem definir as suas especificações para
Uma maneira de definir a largura da
um projeto em particular.
junta é estimando-se a quantidade de
Percebe-se que esse consenso foi movimento máximo que poderá so-
sendo introduzido nos documentos frer em sua utilização - de expansão e
mais recentes. As experiências têm de- contração - e considerando esse valor
monstrado que a definição do tipo e do como a dimensão mínima que a junta
posicionamento das juntas é influencia- preenchida por determinado sei ante
da por particularidades da construção, poderá obter (ASTM C1472, 2006).
materiais das camadas, constituição da
Conhecendo-se a magnitude dos
base, condições de temperatura e umi-
movimentos a que estará sujeita, a lar-
dade previstas e o tamanho das áreas
gura total da junta é obtida conside-
revestidas, assim como os movimentos
rando-se o fator de acomodação do
previstos para o edifício como um todo.
selante que será empregado, como in-
Assim, para cada elemento da estru- dica a Equação 7,2.2.1;
tura e seus revestimentos, os principais
movi mentos e sua magnitude devem ser
/Ví * 100
identificados e considerados no projeto Equação 72.2.1
MAF
de juntas, para localizarem os pontos
críticos de tensões, onde possivelmen-
Sendo:
te as juntas deverão ser posicionadas,

L; Largura inicial da junta (mm]


M: Movimento máximo da junta (mm)
7.2.2 A b e r t u r a da junta: largura e
profundidade MAF: Fator de acomodação do selante
{movement acommodotion factor)
Os itens que seguem têm por objetivo
aplicar o conjunto de informações encon- Dessa forma, quanto maior a capa-
tradas acerca da tecnologia de produção cidade de movimentação do selante,
de juntas de movimentação aos revesti- aumenta-se a possibilidade de se redu-
mentos cerâmicos de fachadas. zir a abertura da junta.
É interessante observar que alguns Considerando as recomendações de
documentos recomendam que a largura distâncias entre as juntas horizontais
da junta seja múltipla da magnitude do e verticais entre 3 e 6 metros, estabe-
movimento. O TCA (2008), por exem- lecidas nas referências estudadas, ela-
plo, recomenda que a largura da junta borou-se o diagrama da Figura 7,5, para
seja quatro vezes o tamanho do movi- exemplificar a determinação da largura
mento previsto. Nesse caso, entende- das juntas de movimentação.
se que seja considerado que será usado Nesse exemplo, a previsão da largura
um selante cujo fator de acomodação da junta foi feita em função da variação
serã de, pelo menos, 25%, da temperatura de superfície (At), apli-
Quanto aos valores limites da lar- cando-se as Equações 3,2,1,1 e 7,2.2.1. Para
gura da junta em fachadas, o DTU 44.1 o cálculo das aberturas, foi utilizado um
(AFNOR, 2002) recomenda que estejam coeficiente de movimento térmico linear
entre 8 mm e 30 mm, utilizando selante da placa cerâmica de 10 x 106 DC e definiu-
cujo fator de acomodação seja de, no mí- se que o selante possui fator de acomo-
nimo, 25%, Além dessas recomendações, dação de 25%, tendo resultado em uma
foram encontradas as do TCA (2008) abertura mínima de junta de 8 mm.
para revestimentos cerâmicos que limita É importante ressaltar que neste
a largura entre 9,5 mm e 12,7 mm; acredi- exemplo foi considerado apenas O mo-
ta-se, porém, que esses valores estejam vimento térmico das placas cerâmicas
possivelmente atrelados a variações de e que, para a determinação da largura
temperatura específicas do locai, da junta para acomodar demais movi-

Dislõncia enlre juníos (m)

Largura da ju
16 rnt
| mi

[ 12 mi

[ IGmi

a mrr

FIOU RA 7,5 Diagrama paio determinação da largura da |unío em função da vau ação da
tempera fura.
mentos, é necessário um estudo mais camada de ernboço; caso seja prevista
abrangente. para controle da fissuração, o ernboço
deve ser cortado parcialmente em sua
b) Profundidade da junta profundidade, como indica a Figura 7.6,
sendo esse detalhe o recomendado no
A profundidade da junta de movi-
presente trabalho, pois contribui para
mentação no sistema de revestimento
minimizar problemas de estanqueidade
cerâmico é determinada peio corte da
do revestimento.
camada de ernboço, A decisão de rea-
lizá-lo em toda a espessura da camada
c) Profundidade do se (ante
de ernboço ainda não é unânime nos
documentos normativos ou de referên- A profundidade do selante também
cia estudados. é especificada no projeto de juntas e
Segundo a SS 5385: part2 (2006), a deve ser rigorosamente verificada, so-
AS 3958,2 (AS, 1992) e a CEN/TR 13548 bretudo, durante a aplicação do selante.
(CEN, 2004). a junta, de movimentação O fator de forma é a relação dimen-
deve se estender através da espessu- sional entre a largura (L) e a profundi-
ra das placas, da camada de fixação e dade (P) da seção formada do selante
de toda a camada de ernboço. O TCA em uma determinada junta, conforme
(2008), por sua vez, determina que o ilustra a Figura 7,7. A profundidade do
critério para a abertura do ernboço ao selante deve ser medida no centro do
executar a junta, é o tipo de movimento perfil do selante, que tem a forma de
que a junta terá de acomodar. Segundo ampulheta.
o documento, caso a junta esteja pre- Segundo Ledbetter, Hurley e She-
vista para acomodar movimentos de ehan (1998), nos movimentos da junta,
expansão, deve estender-se por toda a extensão do selante faz que ocor-

PIOÍU iiiiidfldí npio»mfl do (Jo code na COUHHICI .


EmbDÇQ

FIGURA 7.6 Perfil do junto de movimentação com corte parcial no ernboço paro controle
de fissuração.
ra a redução em sua seção transversal ra e a profundidade acomodará melhor
de maneira nâo-uniforme, localizada, os movimentos, sem se romper.
sobretudo, no centro da seção, onde O fator de forma de um selante de-
é observada a sua redução máxima. A pende de suas características intrínse-
dificuldade de extensão do selante au- cas. assim as proporções entre largura
menta, quanto maior for sua profundi- e profundidade (fator de forma) e as
dade original. Esse efeito produz grande profundidades máximas recomendadas
concentração nos limites da interface para alguns tipos mais comuns de selan-
do selante com o substrato. Assim, o tes estão relacionadas na Tabela 7.3.
controle da profundidade do selante
faz-se necessário para minimizar essas d) Influência das condições de tem-
tensões. Uma junta de movimentação peratura
com proporção adequada entre a largu- Os movimentos da junta são deter-
minados principalmente a partir das

Junta de ítesíolidaitíD^õo

l loigiiia da jante
P = pfoíufididade do selcnle

M
'r

FIOU RA 7,7 Seção de junics de dessolidarização e de ira bolho; representação do falar de


formo do selanie.
TABELA 7,3 Fator de forma para diferentes tipos de selantes.

Profundidade máxima
Tipo de selante
(mm)

Elásticos 2:1 20

Elastoplásticos 2:1 a 1:1 20

Plastoelásticos 1:1 a 1:2 20

Plásticos 11 a 1:3 25
Fonte: LEDBETTER. HURLEY e SHEEHAN (1998).

variações de temperaturas. Assim, para rão, a junta estará fechada. Logo. quando
o cálculo da largura da junta, deve ser ocorrer contração térmica dos materiais
considerada, também, a temperatura adjacentes nos meses frios, ocorrerá o
em que será realizada a aplicação do aumento da abertura da junta, estenden-
selante. principalmente se a execução do o selante, como ilustra a Figura 7.8 (c).
for prevista para ocorrer em períodos
de temperaturas extremas.
7.3 Seleção dos materiais
Quando executada em temperatu-
ras moderadas, a junta estará sujeita Estando definidas a posição e as di-
tanto á tração quanto á compressão, ou mensões das juntas, a etapa seguinte
seja. a abertura estará em uma dimen- é voltada para a escolha dos materiais
são ilustrada na Figura 7.8 (a) mediana. que tenham propriedades para o cum-
Essa situação de aplicação é a mais ade- primento das exigências de durabilida-
quada, urna vez que os movimentos não de das juntas do edifício.
são extremos como os descritos nos
casos seguintes,
7 . J J Escolha do s e l a n t e
Em razão do movimento térmico, se
o selante for aplicado durante os meses O selante é o material responsável
mais frios do ano, a junta estará aberta pelo cumprimento da maior parte das
(porque os elementos construtivos es- funções da junta; assim, sugere-se iniciar a
tarão contraídos), Consequentemente, seleção dos materiais pela sua determina-
quando ocorrer a dilatação térmica dos ção e, em seguida, escolhe-se os demais,
materiais adjacentes, nos meses quen- que deverão ser compatíveis com ele.
tes do verão, a abertura estreitar-se-á,
Os fabricantes devem indicar clara-
comprimindo o selante, como ilustra a
mente nas especificações técnicas dos
Figura 7,8 (b).
seus produtos o potencial de adesão
Por outro lado, se o selante for apli- dos seus selantes aos vários materiais
cado durante os meses quentes do ve- utilizados na construção civil. As con-
dições de preparo de superfície e de Como anteriormente enfatizado, a
irnprimação também devem ser clara- capacidade de movimentação do se-
mente definidas [LEDBETTER, HURLEY lante deve ser suficiente para absorver
e SHEEHAN, 1998; COGNARD. 2004). os possíveis movimentos que ocorrerão
no sistema de revestimento. Caso con-

Atos ttêíos Bulias


temperatoos iemperDfuioj

ai Selante aplicada no |unfa em lempercturos moderadas.

Boixtis Médias lempotoias: Alias tempêraiuros:


iemperoturoí seipnle íampriuifo setaite dfpmenie
comprimido
b) Seiante aplicado em boixas temperaturas.

Baixas tempewtwis: Méjids iempanjiuras: AJlns tempHDiurK


sfiSonie cfliamenfê irotiopflíi sètonte iro [fanado

cj Selanle aplicado em alias temperaturas.

FIGURA 7.8 Influência da iempeíatura na execução do junta. Comportamento de junías


seladas em lemperaturos moderadas, Fonte; TREWCOINCOÃPORATEDi20001,
trário, podem ocorrer falhas sob a for- Os catálogos dos materiais, informa-
ma de ruptura adesiva ou coesiva que ções de fornecedores, verificação em
levam, também, à degradação da junta edificações vizinhas, ensaios em labo-
(ASTM C1193,2009). ratório e experimentações no local são
fortes importantes de que o projetista
Conforme descrito no item 7.2,2,
poderá lançar mão para obter as infor-
a largura da junta pode ser obtida em
mações necessárias para a definição do
função dos movimentos previstos e da
selante. cujas principais, segundo Led-
capacidade de movimentação do selan-
better, Hurley e Sheehan (1998) são:
te que se rã empregado; porém, quando
essa característica do sei ante ainda não • Aparência do selante no início e ao
estiver definida, tendo-se determina- longo do tempo: o projetista deve es-
do os movimentos e a largura da junta, tar ciente de que escolher determina-
emprega-se a mesma Equação 7,11.1, iso- da cor de selante para uma aplicação
lando o fator de acomodação do selante específica pode ser dispensável, uma
(MAF), com o objetivo de determinar a vez que pode mudar de cor em pou-
capacidade de deformação que o selan- cos anos, dependendo do local e das
te deverá apresentar, para que se faça a condições ambientais.
especificação da classe mínima do selan- • Características do substrato: pro-
te, determinando seu fator de acomoda- priedades do selante necessárias
ção, como indica a Equação 7,3.1.2: para adesão, interação química, in-
teração física (manchamento) e ne-
M * 100
MAF = Equação 7.3.1.2 cessidade de primers,
• Condições a que estarão expostos:
envelhecimento, vandalismo.
Sendo:
• Períodos prováveis de manutenção:
MAF: Fator de acomodação do selante custo, facilidade de ressela mento,
(movemefi1! acommodation factor) * Condições previstas para a aplicação:
í. : Largura iniciai da junta (mm) acesso, época do ano, preparação da
A4: Movimento máximo da junta (mm) superfície, movimentos possíveis do re-
vestimento durante o tempo de cura

Além das propriedades relacionadas Segundo os autores, o projetista, ao


à capacidade de movimentação, a esco- definir o tipo de selante, deve fornecer
lha do selante deve reunir informações ao executor as informações necessárias
relevantes para se definir as característi- para a aquisição e aplicação do selan-
cas necessárias ao cumprimento dos re- te. as quais consistem em informações
quisitos de desempenho estético e de gerais sobre os produtos, propriedades
durabilidade, em função dos períodos necessárias durante a aplicação e pro-
em que se espera determinar a execu- priedades de uso, que devem ser forne-

ção do reselamento. cidas no projeto de juntas (Tabela 7.4),


TABÊLA 7A Informações a serem, fornecidas pelo Projetísía de Revestimentos na especificação
do selante.

Informações gerais
Descrição Tipo genérico do sei ante/mecanismo de cura
Cor Escala de cores disponíveis
Consumo Densidade
Vida útil antes da utilização Condições de armazenamento requeridas
Substratos Compatibilidade física, química, adesiva
Norrnas/cõ digos/especi fica ções BS/ISO/ASTM
Instruções de uso Mistura, aplicação
Falhas Tipos mais comuns de falhas

Propriedades para aplicação e cura


Escala de temperatura e umidade Min ima/máxima para aplicação e cura
Dimensão da junta Min ima/más; ima para aplicação do selante
Vida útil de aplicação Condições indicadas para aplicação e acabamento
Cura inicial Tempo previsto para inicio de cura
Cura total Tempo previsto para fim de cura
Necessidade e tipos de primer para substratos comuns
Adesão Umidade da superfície aceitável ou não
Problemas de superfícies

Propriedades em uso
Módulo Tensão e temperatura indicadas na tração
Fator de acomodação Com identificação da norma utilizada para determinação da
propriedade
Largura/profundidade Dimensões e tolerâncias recomendadas
Adesão e coesão Requisitos a serem cumpridos pelo selante para capacidade de
movimento sob condições do Ciclo de Hockman ASTM C719
Adesão superficial Requisitos a serem cumpridos pelo selante para força de
adesão nos substratos (ASTMC794)
Dureza Requisitos a serem cumpridos pelo selante para Dureza
Shore pelo método de ensaio ASTM C661
Resistência ao calor Requisitos a serem cumpridos pelo selante para resistência
ao calor pelo método de ensaio ASTM1246
Estabilidade de cor Requisitos desejados para estabilidade de cor
Características de movimento Plástico, elástico etc,
Resistência Química e à ação da água
Vida útil Normalmente esperada
Adaptada de LEDBETTER, HURLEYe SHEEHAN{1998).
Uma prática adotada no projeto de d o selante e a sua compatibilidade aos
juntas d e movimentação é a realização demais elementos d o sistema,
de ensaios para averiguar as caracte- A partir d o conjunto de normas d e
rísticas dos materiais constituintes e selantes d o comitê C24 da ASTM, elen-
t a m b é m para assegurar a durabilidade cou-se na Tabela 7.5 alguns dos métodos

TABELA 7.5 Requisitos poro aceiíação de selantes para uso em substratos de argamassa e vidro.

Requisito de selantes para uso em substratos


Característica
de argamassa (Use M) Método de ensaio
do selante
A S T M C920

ASTM C719 Standard Test


A perda em área total de adesão e coesão nas
Adesão/coesão Method for Adhesion and
áreas de 3 amostras nào deve ser maior que 9
Capacidade de Cohesion of Elastomeric
cmJ, quando testados pelo método ASTM C719
movimento Joint Sealants Under Cyclic
com argamassa ou outro substrato específico.
Movement {Hockman Cycle).

A força de adesão superficial para cada amostra


ASTM Q794 Stand Test
Adesão deve ser maior que 22.2 N quando testado de
Method for Adhesion-in-Peel
superficial acordo com método de ensaio ASTM C794 em
of Elastomeric Joint Sealants.
substrato de argamassa ou outro substrato.

ASTM C661 Standard Test


O selante para áreas não trafegáveis (uso NT),
Method for Indentation
após apropriadamente curado, deve ser maior
Dureza Hardness of Elastomerie-
que 15 e menor que 50 Shore A, quando testado
Type Sealants by Means of a
de acordo como método de ensaio ASTM Cóól.
Durometer.

ASTM C1246 Standard Test


Nào deve ocorrer perda de peso superior a 7%
MethodforEffects of Heat
Resistência ã do peso original do selante.fissurasou riscos
Aging on Weight Loss. Cracking,
ação do calor quando testados pelo método de ensaio ASTM
and Chalking of Elastomeric
C1246,
Sealants After Cure.

O selante nâo deve apresentar fissuras maiores


ASTM C793 Standard Test
que as apresentadas na Figura 5.7 após ter
Envelhecimento Method for Effects of
sido exposto aos raios ultravioleta e a baixas
acelerado Accelerated Weathering on
temperaturas e ao ensaio de flexào quando
Elastomeric Joint Sealants.
testado pelo método de ensaio ASTM C793.

A cor do selante aos 14 dias de cura. a 23 °C


e 50% de umidade relativa do ar, deverá ser ASTM C510 Standard Test
acordada entre o comprador e o fornecedor. Method for Staining and
Estabilidade
O selante náo devera apresentar nenhum Color Change of Single-
de cor
rnanchamento na superfície em uma base de or Multicomponent Joint
argamassa ci mentida quando testado pelo Sealants.
método ASTM C51G.
Fonte: ASTM C92Ö (ASTM. 200&J
de ensaios exigidos peia norma de es- ao uso e às condições de exposição, As-
pecificação de selantes elastoméricos, sim, em todo caso, é importante con-
a ASTM C920 (ASTM, 2008), os quais sultar o fabricante, devendo-se sempre
podem ser considerados mais aplicáveis utilizar o primer recomendado para
para assegurar o desempenho desses cada tipo de selante.
materiais, quando aplicados às juntas de Além disso, é imprescindível que
fachadas. Entretanto, cabe destacar que sejam realizados testes de adesão no
esses métodos não estão inteiramente próprio local, antes da execução do
desenvolvidos e disponíveis nos labora- se lamento das juntas. Um teste pratico
tórios de ensaios do mercado brasileiro, para avaliação da aderência em campo,
sendo, portanto, uma proposta a ser ava- que auxilia a detectar problemas de
liada pelo meio técnico, aplicação, limpeza inadequada, uso in-
devido de primer, aplicação de maneira
inadequada ou configuração incorreta
7.1.2 Especificação do primer
da junta, ê apresentado por Beltrame
Como anteriormente salientado, em e Loh (2009). Deve ser realizado no lo-
revestimentos cerâmicos de fachadas, cal da selagem, após a cura do selante.
O primer deve ser especificado sempre geralmente entre 7 e 21 dias, São feitas
que houver a indicação do fabrican- pequenas incisões nas laterais e na se-
te do selante ou em situações em que ção da junta e, ao puxar o selante. este
possa haver a liberação de umidade re- deve se romper no ponto final da inci-
sidual, como nos casos em que a aplica- são (Figura 7.9}.
ção do selante venha a ser feita antes
da cura completa das argamassas (o que
7.3.) Especificação do l i m i t a d o r
não é recomendado como boa prática)
ou quando a aplicação ocorrer em dias de p r o f u n d i d a d e
após períodos de chuvas. As normas
Quanto à escolha do limitador de
ANSI A108; A 118; A136 [ANS!. 2008) ad-
profundidade, pelo desconhecimen-
vertem que para alguns tipos de selan-
to da importância de suas funções no
tes o uso de primer é imprescindível nas
desempenho da junta, em muitas obras
laterais das placas cerâmicas,
tem ocorrido o emprego de materiais
Segundo a ASTM C1193 [ASTM. 2009), residuais de obra, como papelão, partes
o primer é especialmente desenvolvido de sacos de cimento ou mesmo man-
pelo fabricante de selante e sua formu- gueira de PVC em substituição ao limi-
lação deve ser adequada aos diferentes tador {FERME, 20Ü5)J.
selantes, substratos e, em alguns casos,

3 FERME, L F. G. Informações registradas em reunião do grupo selantes e desmoldantes. CONSI-


TRA (Consorcio Setorial para Inovação enn Tecnologia de Revestimentos de Argamassa). Reunião
ocorrida na Escoiá Politécnica da Universidade de Sào Paulo, em 18 agosto de 2Õ0!>
A ASTM C1193 (ASTM, 2009) reco- rística antiaderente com o selante a ser
menda que o limitador de profundi- empregado.
dade de espuma de células fechadas A escolha dos demais componen-
tenha um diâmetro 25% a 33% superior tes da junta deve considerar sua com-
á largura da junta, para assegurar uma patibilidade com os selantes, entre
adequada compressão quando colo- os próprios materiais e com os subs-
cado. É importante lembrar que alguns tratos, para prevenir sua deterioração
tipos de limitador de profundidade po- prematura, que resulta na perda da
dem ser incompatíveis com o substrato estanqueidade da fachada, pois, oca-
ou com o selante com os quais serão sionalmente, materiais que estão nas
utilizados, podendo causar manchas em proximidades, mas não em contato di-
um ou em outro; por isso, é importante reto com o selante, podem ter efeito
realizar teste de compatibilidade antes sobre o selante aplicado (ASTM C1193,
da sua utilização. 2009). A incompatibilidade entre os
materiais e o selante pode causar, no
mínimo, a descoloração do selante ou,
73.4 Especificação da fita
em seu extremo, a deterioração ou a
isoladora
perda da adesão. Os materiais selan-
Quanto à escolha da fita isoladora, tes devem ser compatíveis também ás
é importante comprovar sua caracte- condições ambientais,

FIGURA 7.9 Tesie poro verifícoção da adesão do selcnte em campo.


(BELTRAME e Loh, 2009).
r

8
CAPITULO

Fotos: M a r c e l o Scandcroii

Orientações para
Execução das Juntas

O adequado desempenho da junta depende, além de um ade-


quado projeto, de mâo de obra capacitada para bem executar o
que foi especificado no projeto. Na pratica, mesmo que se ad-
quira o melhor selante e desenvolva um adequado projeto que
contemple. Inclusive, a sequência de atividades de execução, a
junta pode ter seu desempenho comprometido se não for cor-
retamente executada,
A norma BS 6093 (BSI, 2006) lista diversos fatores importan-
tes a serem observados durante o controle da execução, desta-
cando que:
• o posicionamento das juntas deve ser realizado rigorosamen-
te de acordo com o estabelecido em projeto.
• deve-se observar rigidamente a sequência de atividades es-
pecificadas para a execução do conjunto,
• cada etapa da execução deve ser inspecionada antes do ini-
cio da próxima atividade.
* operações difíceis de serem realizadas, como a abertura das
juntas e o acabamento do selante, deverão ser cuidadosa-
mente observadas para quê sejam executadas corretamente.
Visando auxiliar no desenvolvimen- A membrana impermeabilizante,
to de um adequado projeto para pro- quando presente, é realizada após a
dução, na sequência sâo apresentadas completa cura do emboço, antes do
as principais atividades envolvidas na assentamento das placas cerâmicas, e,
execução e no controle da produção por fim, apenas após o assentamento
das juntas, e rejuntamento das placas cerâmicas é
realizado o se lamento da junta.

Para iniciar o processo de produção


8.1 Atividades que
dos revestimentos das fachadas, é fun-
antecedem a execução damental que as principais movimenta-
ções da estrutura tenham ocorrido, Ou
8.1.1 Planejamento do trabalho:
seja, para minimizar os efeitos das de-
prazos entre etapas formações da estrutura sobre as alvena-
rias e os revestimentos, é fundamental
As etapas de execução da junta ocor-
que a execução do revestimento se
rem em fases distintas do processo de
inicie após pelo menos 60 dias da exe-
produção dos revestimentos de fachada,
cução da estrutura e 14 dias da fixação
A abertura da junta é a atividade que
das alvenarias, as quais devem ter sido
dá inicio à sua execução, havendo duas
executadas hã, no mínimo, 30 dias.
possibilidades principais para isso: em
Além desses prazos iniciais, devem
conjunto com a execução do emboço
ser observados prazos mínimos entre
ou, posteriormente, com o emboço en-
etapas de revestimento de fachada. Es-
durecido.
ses prazos têm de ser estabelecidos no
O corte da junta após o emboço en- projeto de produção do revestimento;
durecido traz o inconveniente de exigir portanto, são de atribuição do projetis-
o corte mecânico com disco, o que ele- ta. A título de referência, na Figura 8.1
va o custo de produção. Além disso, a sâo apresentados os prazos mínimos
operação de corte com disco expõe o recomendados com base na ABNT NBR
revestimento a um maior potencial de 13755 (1996), os quais são fundamentais
danos, principalmente em função das para a qualidade do revestimento,
dificuldades de realização da atividade,
que podem comprometer a obtenção 8.1,2 Ferramentas e
da correta geometria da junta. Assim, equipamentos
sempre que possível, deve-se dar pre-
ferência ao corte com a camada de A adequada produção das juntas
emboço recém-aplicada. Esse proce- pressupõe profissionais devidamente
dimento permite a realização da junta treinados e o uso de ferramentas ade-
sem o emprego de disco de corte, uma quadas ao seu trabalho.
técnica recomendada por este trabalho Para demarcar o posicionamento,
e apresentada a seguir. realizar a abertura da junta no emboço
Etapa e Execução Fases de Execução do e aplicar a membrana, é necessário que
Revestimento junto de movimentação o profissional tenha em mãos: nível, ara-
Proz&s mínimos entre as etojws
me, trena, masseira, pincel, régua-guia e
cortador do revestimento, além de ma-
terial para execução da membrana de
impermeabilização da abertura - mem-
brana industrializada ou resina acrílica
e cimento - e seus equipamentos de
segurança, como pode ser visto nas Fi-
guras 8.2 e 8,3.

Para o preenchimento das juntas,


além dos materiais de preenchimento
- limitador de profundidade, fita isola-
dora e sei ante - são necessários: escova
macia para limpeza do fundo da junta,
pano branco, trena, pincel, estilete, pis-
tola aplicadora do selante. espátula ou
tubo de PVC para acabamento e os equi-
FIGURA 8.1 Prazos mínimos o serem obe- pamentos de segurança (Figura 8.4).
decidos entre as etapas de execução do
revestimento.

FIGURA 8.2 Principais ferramentas e equipamentos uiilizados nas etapos de abertura e


execução de membrana impeimeabilizonte das iuntas.
FIGURA 8,3 Detalhe da réguo-guic e cortador
do revestirnenlo.

FIGURA 8.4 Principais ferramentas e materiais utilizados na etopo de preenchimento das


juntas setadas.

8.2 Abertura da junta coincida com o encontro da alvenaria

A execução da junta inicia-se com a com a estrutura, na região superior das


demarcação da sua posição, conforme as esquadrias. Nesses casos, deve-se tomar
definições de projeto, Para essa atividade, cuidado com o posicionamento da jun-
emprega-se mangueira de nível (Figura ta, pois a abertura deverá estar o mais
8.S) para as juntas horizontais e os arames próximo possível da região de encon-
de referência para as juntas verticais. tro da alvenaria com o fundo da viga,
É comum que o projeto de revestimen- Essa região nem sempre coincide com
to preveja uma junta horizontal que o alinhamento superior da esquadria da
FIGURA 8.5 Demarcação da
posição da junta horizontal na
fochoda, com auxílio do nível
de mangueira.

janela, onde é comum o projetista es- da esquadria com relação ao fundo da


pecificar o posicionamento da junta, viga. Nesse caso, o posicionamento da
O afastamento do fundo da viga em junta acompanhando o topo da esqua-
relação à face superior da esquadria de- dria pode resultar num posicionamento
pende da precisão geométrica do vão inadequado da junta [Figura 8.6}.
da esquadria e da técnica adotada para Nesses casos, para evitar problemas
sua fixação. Quando do uso de contra- de mau funcionamento da junta, reco-
marcos previamente fixados à alvenaria, menda-se que o afastamento máximo
pode ocorrer um excessivo afastamento entre o posicionamento da junta e o

Ajunto não coincide


com o fundo da viga

FIGURA 8,6 Posicionamento inadequado da junta - grande afastamento da regiào de encontro


da alvenaria com a estrutura,
fundo da viga não seja superior à meta- A ferramenta denominada frisador
de da espessura do revestimento. tem dupla função: permite o corte da
Após a demarcação, a abertura da jun- argamassa e a compactação da região
ta (corte do emboço) deve ser realizada da junta, conso!idanda-a.
imediatamente após a execução do re- A abertura da junta resultante des-
vestimento. O corte deve ser festo com se procedimento deve apresentar seção
o auxílio de uma régua dupla, cujo afasta- uniforme, ter a superfície compactada e
mento resulta na espessura definida para não deve apresentar irregularidades que
ajunta e de um frisador que deve ter a se- prejudiquem o ajuste e a compressão do
ção transversal prevista (Figuras 8.7 e 8.8). limitador de profundidade [TCA, 2008). O
executor deve estar orientado a comuni-

FIGUFtA 8.7 Execução do corte da juniG com auxílio de régua e frisador.

FIGURA 8.8 Detalhe da régua dupla e frisador em utilização.


car ao gestor da obra qualquer problema 8.3 Membrana
na abertura da junta, como dimensões
impermeabilizante
inadequadas da abertura., ausência de ali-
Após a abertura da junta, decorri-
nhamento e desagregação do substrato.
do o período de secagem do emboço
Assim, para liberação do serviço, é
e realizada a limpeza do locai da junta,
importante que se verifiquem a largura
é possível executar a membrana imper-
e a profundidade da junta, com o auxí-
meabilizante sobre a superfície da junta.
lio de um gabarito., sua correta localiza-
O passo a passo para esse tratamento
ção, seu nivelamento e alinhamento e a
da cavidade da junta é ilustrado nas Fi-
integridade das bordas.
guras 89 e 8,10.

(o) Covidode do junta preporodo poro receber


a membrana impermeabilizante,

(tinhoso tomplelameníe sâco e Iimpero do IdcgE da junta)


1
(b) Execuçôo da membrana impermeabilizante.

PIMI -I- wèu de polistes


+ demãos do misturo de i&íinfl oailira e cimento oo produto irdustiiolirodo

(c) Limpeza d a junta. (d) Assem a mento das placas cerâmicas,

Remoção domaleiioi solo rom


vosswro nw« e litói úmida

FIGURA 8.9 Juriias de Trabalhe: tratamento impermeabilizante da abertura do junto.


[aí Preparo da superfície - aplicação
de primer à base de resino acrílico e
cimento ou produto industrializado

(bí Posicionamento de véu de poliéster


com a aplicação da l g demão de resi-
na acrílica e cimento ou produto indus-
trializado.

[c] Aplicação da 2 S demao de resina


acrílico e cimento ou produto industria-
liza do.

(d) Apliccção d c 3 â demao de resino


acrílica e cimenta ou produto industria-
lizado.

FIGURA 8.10 Procedimento para execução de membrana impermeabilizante e estiuíuia


com véu de poliéster.
Após a aplicação e secagem da aplicador: verificar a limpeza da junta;
membrana, pode ter início o assen- conferir sua largura com a largura es-
tamento das placas cerâmicas (Figura pecificada em projeto; realizar corre-
8.9 (d)) e, posteriormente, completa- tamente a imprimação dos substratos;
se o preenchimento da junta. verificar o correto posicionamento do
limitador de profundidade, a correta
profundidade do selante e o correto
8.4 Proteção durante acabamento da junta.

o assentamento do
8.5.1 Limpeza
revestimento cerâmico
A cavidade da junta permanecerá A superfície e os poros do substra-
sem preenchimento até que o assenta- to da junta devem estar livres de subs-
mento e rejuntarnento do revestimento tâncias deletérias, como óleos, graxas,
cerâmico terminem, Assim, enquan- materiais pulverulentos, resíduos de ar-
to se executa o revestimento cerâmi- gamassas e materiais solúveis em ãgua.
co, a proteção da cavidade da junta é Segundo a A5TM C1193 {2009). esses
essencial, de forma a impedir que se contaminantes podem reduzir a capaci-
acumule argamassa colante e de re- dade do selante de aderir ao substrato;
juntamento em seu interior. Resíduos por isso, têm de ser removidos comple-
dessas argamassas que eventualmente tamente.
caiam na abertura da junta devem ser Além disso, é importante que a ca-
imediatamente retirados, pois, caso en- vidade da junta esteja seca. A umidade
dureçam ali, poderão prejudicar as ati- do substrato impede a aderência do
vidades de preenchimento e selamento primer e do selante que serão aplica-
da junta. dos na junta. Cabem algumas exceções
para a aplicação de selantes ã base de
dispersão aquosa, pois admitem a pre-
8.5 Preparo dos substratos sença de alguma umidade superficial
O correto preparo dos substratos (BELTRAME E LOH, 2009),
da junta para receber a aplicação do A ASTM C1193 (2009) também adver-
material selante assegura sua correta te que a qualidade da limpeza da cavi-
adesão e consiste na limpeza da cavi- dade da junta é tão importante quanto
dade. imprimação da superfície com a à qualidade do selante. Os principais
aplicação do primer especificado em procedimentos para essa limpeza sâo
projeto e proteção da abertura da jun- ilustrados na Figura 8.11.
ta. Para tanto, Gorman e colaborado-
Apesar de alguns autores recomen-
res (2001) destacam que. na execução
darem o uso de solventes para remoção
das juntas, é de responsabilidade do
das sujidades de substratos nâo-poro-
[a] Limpeza da cavidade da [unta com
uma escova de cerdas macias, com com-
pleto remoção de ma Serial pulverulento.

[b] Toda a sujeira contida na junta é pas-


sível de remoção com o escova e deve
ser compíetameníe retirada nesta etapa
do processo.

[cj Limpeza do junto com pono seco,


limpo e branco [100% algodão). O pro-
cedimento deverá ser repelido sucessiva-
mente, até que o pano não demonstre
sinois de sujeira.

[d] Momento correio para c conlinuidade


do procedimento .

FIGURA s . n Procedimento para limpeza da cavidade da junta (substrato).


sos, a ASTM C1193 (2009) não os indica, uma apresentação limpa e de geometria
uma vez que tendem a dissolver conta- regular, A fita adesiva deve ser aplicada
minantes e, então, novamente deposi- nas laterais da junta que será produzida,
tá-los em seus poros. Nessa situação, a pressionando-a fortemente nas regiões
remoção torna-se mais difícii. Quando de rejunte. para evitar a penetração do
as incrustações forem de difícil remo- sei ante,
ção, recomenda-se, além da escovaçâo, Após a limpeza e proteção das
a aplicação de ar-comprirnido, bordas, deve ser tomado especial cui-
dado contra a entrada de substâncias
8.5,2 Proteção das bordas que podem contaminar o selante. A BS
5385-2 (BSI, 2006) recomenda que as
A proteção das bordas deve ser reali-
juntas que aguardam preenchimento
zada colocando-se fita adesiva de papel
sejam protegidas por uma fita adesiva.
crepe sobre as placas cerâmicas rente à
Por outro lado, o documento reco-
abertura, evitando cobrir a superfície
menda que, nos casos em que houver
onde o selante vai aderir (Figura 8.12 e
umidade nas juntas, que elas perma-
Figura 8.13), A proteção das bordas da
neçam expostas, a fim de permitir sua
junta contribui para a qualidade do aca-
completa secagem.
bamento do selamento, pois confere-lhe

FIGURA 8.12 Abertura da [unia preparada para aplicação do-selante, com a fixação
de fita de papel crepe sobre o superfície da placa cerâmica para evitar a aderência do
selante.
[a] Aplicar a fita adesivo sobte as placas
cerâmicas rente à absrluro da junta.

[b] É importante aplicar a fita somente


onde será aplicado o selante naquele
mesmo dia.

j _ J t ^ fc) Pressionar o fita adesiva sobre as jurtr


B tas de assentamento para evitar a pene-
^ t ^ ^ H I l H ^ ^ ^ j i n tração do selante sobre o rejunfe.

FIGURA 8.13 Proteção das bordas dos placas cera micas na obsrtura da junla.

8,5,3 I m p r i m a ç ã o geralmente, depois de aberto, a validade


é pequena. Deve-se observar também
O uso de primer para melhorar a
o tempo em aberto recomendado pelo
adesão do selante aos substratos da
fabricante, ou seja, o tempo entre a apli-
junta não substitui a limpeza. Quando
o projeto recomenda a imprimação, é cação do primer e do selante, observan-

importante observar os prazos infor- do-se ainda as temperaturas mínimas e


mados na embalagem do produto, pois, máximas de aplicação recomendadas.
Nos casos em que a aplicação do se- fície antes da sua reaplicação, devendo-
lante ultrapassar o tempo em aberto, o se consultar previamente o fabricante
primer deverá ser reaplicado. Nessa situ- (Beltrame e Loh, 2009), O s demais cui-
ação, em função do tipo de selante e do dados, ilustrados na Figura 8.14, devem
primer, pode ser necessário lixar a super- ser rigorosamente adotados.

THV
1 I^

a] O primer deve ser aplicado uniformemen-


. jklí î
b) O primer deve ser aplicado internamente
te nos laterais da junta, em uma cornada mui- à junta, nas superfícies onde será aderido o
to fina para que não escorra nem se acumule selante. Deve ser aplicada após a proteção
na superfície. das bordas das placas cerâmicas, a fim de
evitar manchas no reveslimento.

c) Caso o lernpo em aberto do primer ultrapas-


sar o recomendada, & a junta não tiver sido
selada, ele deverá ser retirado e reaplicado
antes do selamento, pois tende a impedir a
adesão do selante,

d) Coso o primer escorra sobre o revesti-


mento cerâmico, deve ser removido imedia-
tamente, pois pode causar manchas de difícil
remoção.

FIGURA 8.14 Aplicação do pr/mer no interior da


abertura da junta.
8.6 Posicionamento podem ser liberados gases que poderão
acarretar danos ao seiante ainda não
do Limitador de
curado (bolhas, por exemplo), compro-
profundidade metendo, com isso, sua capacidade de
O limitador de profundidade deve acomodação dos movimentos.
ser inserido na abertura da junta e posi-
cionado, a fim de garantir a profundida-
de do setante especificada em projeto 8.7 Aplicação do seiante
[DIN18540, 2006), como indica a Figura É importante avaliar o melhor mé-
8.15, todo para a aplicação do seiante antes
de iniciar o serviço. As temperaturas no
Alguns cuidados durante a intro-
momento da aplicação, os substratos,
dução do limitador na abertura são
as ferramentas utilizadas e os profissio-
fundamentais para que se obtenha seu
nais envolvidos são variáveis que inter-
correto posicionamento e se garanta o
ferem no resultado dessa etapa, tanto
fator de forma do seiante (Figuras 8.16 e
na produtividade quanto na qualidade
Figura 8,17},
dos serviços.
A ASTM C1193 (ASTM, 2009) reco-
Sobretudo, quanto ãs condições de
menda que, durante a sua colocação na
temperatura, deve-se dar preferência a
junta, devem ser tomados cuidados es-
horários com temperaturas moderadas
peciais no manuseio dos limitadores de
para aplicar o seiante. quando a abertura
células fechadas, não utilizando ferra-
da junta estará numa dimensão mediana,
mentas pontiagudas para auxiliar na sua
como foi observado no item 72.24 - In-
introdução (Figura 8.17), Se a película
fluência das condições de temperatura.
que envolve o limitador for danificada.

-i

Corre parcinl limitador de praFumfcfcide


do firtlbòto fiÜ 33cÚ superiar à
loigurn {2a) da junto

FIGURA 8,15 Correto posicionamento do limitador de profundidade: garantia da distância


necessária ao falar de formo do seiante.
r m

a] Inserir firmemente o limitador de profundi- [bf O limilodor de profundidade deve-ser in-


dade na abertura do junta. troduzido no interior da junta regutarcdo-se a
distância da face externa, a fim de garantir o
"fator de forma" do selante (relação largura:
profundidade).

fc) Ao aplicar o selonte, devese assegurar,


com o auxílio de trenó ou gabarito, a pro-
fundidade especificada em profelo (fator de
forma).

FIGURA 8.16 Posicionamenio do Limitador de Profundidade.

1
1 p
i
d
Cp v' 1 j.

FIGURA 8.17 Nunca pressionar


o íimitodor de profundidade com
ferramenta ponliagudo.
1 J

Além disso, recomenda-se não aplicar os selantes quando a temperatura d o


substrato estiver abaixo d e 5*C o u acima d e 4(TC, temperatura essa que p o d e ser
excedida pelas placas cerâmicas de cor escura. N o manual da D o w Corning (2005)
é recomendado que o selamento da junta seja feito quando sua superfície estiver
fria e for passar por mínimas alterações e o seu fio d e corte. Alguns dos testes
de temperatura, tipicamente no fim da propostos por Beltrame e L o h (2009)
tarde. são apresentados na Tabela 8.1.

A equipe que realizou o trabalho A aplicação d o seiante d e v e ser fei-


registrado por Beltrame e Loh (2009) ta c o m a pistola aplicadora e d e manei-
propõe testes práticos qualitativos e m ra uniforme, para que não se formem
obra, a fim de auxiliar na escolha d o bolhas de ar. O aplicador deve manter
mater iat e no controle da qualidade d o constantes o posicionamento e a ve-
selamento das juntas. O s testes avaliam locidade d e extrusão d o seiante {Bel-
o desempenho dos selantes quanto ã trame e Loh, 2009). d e m o d o a garantir
sua facilidade d e aplicação e d e acaba- o preenchimento t o t a l da junta, c o m o
mento, o seu potencial de escorrimento pode ser visto na Figura 8.18.

TABELA 8.1 Tesies pfóücos em obro poro ovaliaçoo do desempenho do seiante no momento
da npiicaçâo.

Característica
Teste prático Condição necessária
avaliada

À avaliação deve ser realizada aplicando-se o


5elantes facilmente
seiante na abertura da junta, a fim de avaliar o
extrudados exigem menores
esforço na extrusão.
tempo e esforço do
Facilidade de Utilizando uma mesma pistola aplicadora, aplicador.
Aplicação diferentes aplicadores fazem a aplicação em
O seiante deve apresentar
uma junta em momentos distintos, tanto na
facilidade de extrusão, tanto
temperatura mais baixa, quanto na mais alta
no inverno como no verão.
prevista para o período de aplicação,

O produto deve apresentar


A avaliação deve ser realizada aplicando-se o
boa consistência e não aderir
seiante na abertura da junta com a dimensão
ás ferramentas no momento
especificada para a obra.
da aplicação,
Facilidade de Utilizando o mesmo tipo de ferramenta,
Deve também garantir o
Acabamento diferentes aplicadores fazem o acabamento
fator de forma e o contato
da junta em momentos distintos, tanto na
contínuo com as laterais da
temperatura mais baixa quanto na mais alta
junta, além de assegurar uma
prevista para o período de aplicação,
superfície lisa e uniforme.

Quando aplicados na largura


Aplicar, sobre uma junta em fachada, uma
Potencial de e na profundidade da junta
grande quantidade de seiante e verificar se hâ
Escorrimento e na temperatura durante a
escorrimento ou formação de ondulações do
do Seiante aplicação, o seiante não deve
produto, antes e depois da cura completa.
apresentar escorrimento.

(Fonte; BELTRAME e LOH, 200?)


FIGURA 8.18 Influência do velocidade ria aplicação do selante.
| Fonte; Bell ra me e Ldh, 200%

Outras instruções e informação dos produtos. Algumas recomendações


técnicas d o fabricante devem ser cri- para aplicação d o selante são ilustradas
teriosamente observadas nos catálogos na Figura 8.19.

(a) O bico plósfico do tubo do selante


deve ser cortodo em ângulo de 45° no
medida da junto, a fim de preencher com-
pletamente a abertura.

(b) O selante somenie deve ser aplicada


após se assegurar que a junta esteja com-
pletamente limpa e seca.
Reccmenda-se que a aplicação ocorra
imedrosamente após a colocação do li-
mitador de profundidade para prevenir a
absorção de água por chuva ou conden-
sação,

FIGURA 8.19 Aplicação a o selante.

continua
[c) A aplicaçao deve ser uniforme, para
que não se formem bolhas de ar.

[d] O aplicador deve manter consfonies


o posicionamento e a altura do pistola,
fazendo-a deslizar sobre o percurso do
junta em velocidade constante.

FIGURA 8.19 Aplicação do selante.

Quanto à utilização de produtos para usadas para o acabamento final do


auxiliar no acabamento do sei ante, Bel- selante sejam previamente testadas
trame e Lohr (2009) recomendam que quarto à possibilidade de causar man-
não devem ser utilizados sabão, deter- chamento, impedir a adesão ou formar
gente, água, óleos ou outros produtos, película sobre o selante, uma vez que
pois podem reagir com o selante e im- no movimento da junta pode haver fis-
pedir a sua cura, formar bolhas, alterar a suração. Algumas instruções para aca-
cor ou promover o seu craqueamento. bamento do selante são elencadas na
Sobre esse assunto, a D IN 18540 Figura 8.20.
(1995) recomenda que as substâncias
í M 1
1

\) A 1
jo] O ccabomenio do junta pode ser feílo [d] Caso o selante coia na superficie do re-
com espátula pSássica, metálica ou luba de vestimento, deve ser retirado ímediatamenle.
PVC |Fon1e: Beltrome e lah, 2009).

I I U - L 1J
. r* -ji

1J
rfl
Ljrf-11 \

V j r "

|b) Quando a opção paro acabamento for [e) Remover a fita adesiva logo após o aca-
um tubo de PVC, esse deverá ser girado so- bamento.
bre a junta, para que se rei ire o excesso de
sela ri te.

|c) Caso existam falhas no selante, o aplicador (f) A junta esíó pronta e deve ser preservada até
poderá executor retoques manualmente, usan- a cura total do selante, Esse prazo de cura lotai
do a ponta dos dedos, desde que esteja de é de aproximadamente 7 dias. O p.'azo de libe-
luvas de borracha. ração final deve ser informado pelo bbricante do
sebnte ou projetista.

FIGURA 8,20 Acabamento do selante.


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Weber Quartzolit:
há mais de 70 anos com você

A Weber Quartzolit está presente desde 1937 no mercado brasi-


leiro de argamassas industrializadas com uma cobertura geográ-
fica em constante expansão o que possibilita a chegada de seus
produtos em todo o país.
Em 1972, lançou seu produto de maior sucesso, o Cimentcola
Quartzolit argamassa colante para assentamento de placas cerâ-
micas, que representou uma inovação para o mercado da época.
Sempre inovando, a empresa investe em segmentação, trazendo
para seus consumidores novidades para otimização das obras
como argamassas que assentam e rejuntam simultaneamente, de
secagem rápida, sem poeira e impermeáveis.

Em meados de 2.000, mais uma novidade agradou o setor da


construção civil brasileira. A Weber Quartzolit inovou o sistema
de revestimento de fachadas ao desenvolver o sistema de mo-
nocapa. reavivando as vantagens técnicas e estéticas dos reves-
timentos minerais.
Líder absoluta no mercado de argamassas prontas para a
construção civil é reconhecida pela qualidade dos seus produtos
entre todos os que atuam neste segmento.
Outra marca que a Weber Quartzolit vem deixando ao longo
de sua existência é a de apoiar e incentivar a formação profissio-
nal de aplicadores, técnicos e de todos os profissionais do setor
da construção civil, como por exemplo, a colaboração para a edi-
ção deste livro o qual esperamos que seja de grande valia a todos
que o consultarem e um incentivo às autoras a continuarem seus
trabalhos de pesquisa.

^weber
quartzolit
Esta publicação tem c o m o objetivo apresentar e discutir a tecnologia
de produção de juntas de movimentação em revestimentos cerâmicos de
fachadas, visando contribuir para um melhor entendimento deste detalhe
construtivo e para o estabelecimento da boa prática de execução.

O livro, dividido em oito capítulos ricamente ilustrados, traz infor-


mações a respeito do comportamento dos revestimentos de fachadas,
que leva à necessidade de utilização de juntas de movimentação; dos re-
quisitos de desempenho das juntas e propriedades dos seus constituintes
para atendimento das exigências; das causas e métodos de prevenção de
falhas nas juntas e dos métodos de ensaios para controle da qualidade
dos materiais utilizados no selamento. Um dos capítulos indica o caminho
do processo de projeto para a produção das juntas de movimentação e o
último capitulo traz uma sequência, passo-a-passo, com orientações para
execução das juntas, as atividades que antecedem a execução, os cuida-
dos a serem tomados durante o revestimento até a aplicação do selante e
os principais controles de produção,

A obra está fundamentada em uma investigação da bibliografia, na-


cional e internacional, acessível sobre o assunto e em um levantamento
de campo em que se resgatou a experiência das autoras no desenvolvi-
mento e aplicação de projetos de revestimentos, além de entrevistas com
projetistas e visitas em obras.

08.2062-JUMO
ISBN 97S-K5-7266-225-3

P0 weber
quartzolit 9

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