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MA12 - Unidade 1

Números Naturais

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

February 25, 2013


Os Números Naturais

Números Naturais: modelo abstrato para contagem.


N = {1, 2, 3, ...}
Uma descrição precisa e concisa de N é dada pelos Axiomas
de Peano.
Noção fundamental: a de sucessor de um número natural (ou
seja, o número que, intuitivamente, vem logo depois dele).

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Os Axiomas de Peano

a) Todo número natural tem um único sucessor;


b) Números naturais diferentes têm sucessores diferentes;
c) Existe um único número natural, chamado um e representado
pelo sı́mbolo 1, que não é sucessor de nenhum outro;
d) Seja X um conjunto de números naturais (isto é, X ⊂ N). Se
1 ∈ X e se, além disso, o sucessor de todo elemento de X
ainda pertence a X , então X = N.

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O Axioma da Indução

O último dos axiomas de Peano é conhecido como Axioma da


Indução e é a base para um método de demonstração para
propriedades relativas aos números naturais (demonstrações
por indução).
Seja P(n) uma propriedade relativa ao número natural n.
Suponhamos que:
i) P(1) é válida;
ii) Para todo n ∈ N, a validez de P(n) implica a validez de P(n0 ),
onde n0 é o sucessor de n.
Então P(n) é válida qualquer que seja o número natural n.

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As Duas Operações: Adição e Multiplicação

A soma n + p é o número natural que se obtém a partir de n


aplicando-se p vezes seguidas a operação de tomar o sucessor.
Em particular, n + 1 é o sucessor de n, n + 2 é o sucessor do
sucessor de n, etc.
Quanto ao produto, põe-se n · 1 = n por definição e, quando
p 6= 1, np é a soma de p parcelas iguais a n.
Entretanto, até que saibamos utilizar os números naturais
para efetuar contagens, não tem sentido falar em “p vezes” e
“p parcelas”.
Por esta razão, é preciso definir estas operações por indução.

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Usando indução para definir as operações

Adição:
n + 1 = sucessor de n
n + (p + 1) = (n + p) + 1 .
Multiplicação:
n·1=n
n(p + 1) = np + n.
As propriedades destas operações (comutativa, associativa,
etc) podem ser demonstradas por indução.

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A Ordenação nos Números Naturais

Dados m, n ∈ N, diz-se que m é menor do que n, e escreve-se


m < n, para significar que existe algum p ∈ N tal que
n = m + p.
Propriedades:
Transitividade: Se m < n e n < p então m < p.
Tricotomia: Dados m, n ∈ N, vale uma, e somente uma, das
alternativas: m = n, m < n ou n < m.
Monotonicidade: Se m < n então, para qualquer p ∈ N,
tem-se m + p < n + p e mp < np.
Boa-ordenação: Todo subconjunto não-vazio X ⊂ N possui
um menor elemento.
A boa-ordenação pode muitas vezes substituir com vantagem
a indução como método de prova de resultados referentes a
números naturais.

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Exemplo: uma demonstração por indução

Provar a validez, para todo número natural n, da igualdade


P(n) : 1 + 3 + 5 + . . . + (2n − 1) = n2
Para n = 1, P(1) se resume a afirmar que 1 = 1. Supondo
P(n) verdadeira para um certo valor de n, somamos 2n + 1 a
ambos os membros da igualdade acima, obtendo

1 + 3 + 5 + . . . + (2n − 1) + (2n + 1) = n2 + 2n + 1,

ou seja:

1 + 3 + 5 + . . . + [2(n + 1) − 1] = (n + 1)2 .

Mas esta última igualdade é P(n + 1). Logo


P(n) ⇒ P(n + 1). Assim, P(n) vale para todo n ∈ N.

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Exemplo: uma demonstração por boa ordenação

Provar que todo número natural é primo ou é um produto de


fatores primos
Seja X o conjunto dos números naturais que são primos ou
produtos de fatores primos. Observemos que se m e n
pertencem a X então o produto mn pertence a X . Seja Y o
complementar de X . Assim, Y é o conjunto dos números
naturais que não são primos nem são produtos de fatores
primos. Queremos provar que Y é vazio. Com efeito, se Y
não fosse vazio, haveria um menor elemento a ∈ Y . Então
todos os números menores do que a pertenceriam a X . Como
a não é primo, ter-se-ia a = m · n, com m < a e n < a, logo
m ∈ X e n ∈ X . Sendo assim, mn ∈ X . Mas mn = a, o que
daria a ∈ X , uma contradição. Segue-se que Y = ∅ ,
concluindo a demonstração.

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MA12 - Unidade 2
Números Cardinais

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

February 25, 2013


Introdução

A importância dos números naturais provém do fato de que


eles constituem o modelo matemático que torna possı́vel o
processo de contagem.
Para contar os elementos de um conjunto é necessário usar a
noção de correspondência biunı́voca, ou bijeção, que é um
caso particular do conceito de função.

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Funções

Dados os conjuntos X , Y , uma função f : X → Y (lê-se


“uma função de X em Y ”) é uma regra (ou conjunto de
instruções) que diz como associar a cada elemento x ∈ X um
elemento y = f (x) ∈ Y .
O conjunto X chama-se o domı́nio e Y é o contra-domı́nio da
função f .
Para cada x ∈ X , o elemento f (x) ∈ Y chama-se a imagem
de x pela função f , ou o valor assumido pela função f no
ponto x ∈ X . Escreve-se x 7→ f (x) para indicar que f
transforma (ou leva) x em f (x)

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Exemplos

Sejam X o conjunto dos triângulos do plano Π e R o conjunto


dos números reais (que abordaremos logo mais). Se, a cada
t ∈ X , fizermos corresponder o número real f (t) = área do
triângulo t, obteremos uma função f : X → R.
Sejam S o conjunto dos segmentos de reta do plano Π e ∆ o
conjunto das retas desse mesmo plano. A regra que associa a
cada segmento AB ∈ S sua mediatriz g (AB) define uma
função g : S → ∆.
A correspondência que associa a cada número natural n seu
sucessor n + 1 define uma função s : N → N, com
s(n) = n + 1.

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Funções Injetivas

Uma função f : X → Y chama-se injetiva quando elementos


diferentes em X são transformados por f em elementos
diferentes em Y . Ou seja, f é injetiva quando x 6= x 0 em
X ⇒ f (x) 6= f (x 0 ).
Esta condição pode também ser expressa em sua forma
contrapositiva:

f (x) = f (x 0 ) ⇒ x = x 0 .

Nos três exemplos dados anteriormente, apenas o terceiro é de


uma função injetiva. (Dois triângulos diferentes podem ter a
mesma área e dois segmentos distintos podem ter a mesma
mediatriz mas números naturais diferentes têm sucessores
diferentes.)

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Funções Sobrejetivas

Diz-se que uma função f : X → Y é sobrejetiva quando, para


qualquer elemento y ∈ Y , pode-se encontrar (pelo menos) um
elemento x ∈ X tal que f (x) = y .
Nos três exemplos dados anteriormente, apenas o segundo
apresenta uma função sobrejetiva. (Toda reta do plano é
mediatriz de algum segmento mas apenas os números reais
positivos podem ser áreas de triângulos e o número 1 não é
sucessor de número natural algum.)

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Bijeções

Uma função f : X → Y chama-se uma bijeção, ou uma


correspondência biunı́voca entre X e Y quando é ao mesmo
tempo injetiva e sobrejetiva.
Exemplo. Sejam X = {1, 2, 3, 4, 5} e Y = {2, 4, 6, 8, 10}.
Definindo f : X → Y pela regra f (n) = 2n, temos uma
correspondência biunı́voca, onde f (1) = 2, f (2) = 4,
f (3) = 6, f (4) = 8 e f (5) = 10.
Exemplo. Seja P o conjunto dos números naturais pares
(P = {2, 4, 6, . . . , 2n, . . .}). Obtém-se uma correspondência
biunı́voca f : N → P pondo-se f (n) = 2n para todo n ∈ N. O
interessante deste exemplo é que P é um subconjunto próprio
de N.

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Números Cardinais

Diz-se que dois conjuntos X e Y tem o mesmo número


cardinal quando se pode definir uma correspondência
biunı́voca f : X → Y .
Nos dois exemplos do slide anterior, os conjuntos têm o
mesmo número cardinal.
Exemplo Sejam X = {1} e Y = {1, 2}. Evidentemente
não pode existir uma correspondência biunı́voca f : X → Y ,
portanto X e Y não têm o mesmo número cardinal.

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Conjuntos Finitos

Seja X um conjunto. Diz-se que X é finito, e que X tem n


elementos quando se pode estabelecer uma correspondência
biunı́voca f : In → X , onde In o conjunto dos números
naturais de 1 até n.
O número natural n chama-se então o número cardinal do
conjunto X ou, simplesmente, o número de elementos de X .
A correspondência f : In → X chama-se uma contagem dos
elementos de X .
A fim de evitar exceções, admite-se ainda incluir o conjunto
vazio ∅ entre os conjuntos finitos e diz-se que ∅ tem zero
elementos.

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Conjuntos Infinitos

Diz-se que um conjunto X é infinito quando ele não é finito.


Isto quer dizer que X não é vazio e que, não importa qual seja
n ∈ N , não existe correspondência biunı́voca f : In → X .
O conjunto N dos números naturais é infinito. Com efeito,
dada qualquer função f : In → N , não importa qual n se
fixou, pomos k = f (1) + f (2) + · · · + f (n) e vemos que, para
todo x ∈ In , tem-se f (x) < k, logo não existe x ∈ In tal que
f (x) = k. Assim, é impossı́vel cumprir a condição de
sobrejetividade na definição de correspondência biunı́voca.

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Propriedades dos números cardinais
1 O número de elementos de um conjunto finito é o mesmo,
seja qual for a contagem que se adote. Isto significa que se
f : Im → X e g : In → X são correspondências biunı́vocas
então m = n.
2 Todo subconjunto Y de um conjunto finito X é finito e
n(Y ) ≤ n(X ). Tem-se n(Y ) = n(X ) somente quando Y = X .
3 Se X e Y são finitos então X ∪ Y é finito e tem-se
n(X ∪ Y ) = n(X ) + n(Y ) − n(X ∩ Y ) .
4 Sejam X , Y conjuntos finitos. Se n(X ) > n(Y ), nenhuma
função f : X → Y é injetiva e nenhuma função g : Y → X é
sobrejetiva.

A primeira parte da propriedade 4 é conhecida como o


princı́pio das casas de pombos: se há mais pombos do que
casas num pombal, qualquer modo de alojar os pombos
deverá colocar pelo menos dois deles na mesma casa.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 2 ,Números Cardinais slide 11/12
Uma Aplicação do Princı́pio da Casa dos Pombos

Provar que, numa reunião com n pessoas (n ≥ 2), há sempre


duas pessoas (pelo menos) que têm o mesmo número de
amigos naquele grupo.
Imaginemos n caixas, numeradas com 0, 1, . . . , n − 1. A cada
uma das n pessoas entregamos um cartão que pedimos para
depositar na caixa correspondente ao número de amigos que
ela tem naquele grupo. As caixas de números 0 e n − 1 não
podem ambas receber cartões pois se houver alguém que não
tem amigos ali, nenhum dos presentes pode ser amigo de
todos, e vice-versa. Portanto temos, na realidade, n cartões
para serem depositados em n − 1 caixas. Pelo princı́pio das
gavetas, pelo menos uma das caixas vai receber dois ou mais
cartões. Isto significa que duas ou mais pessoas ali têm o
mesmo número de amigos entre os presentes.

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MA12 - Unidade 3
O Poder do Método de Indução

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

28 de Fevereiro de 2013
Princı́pio da Indução Matemática

Como atribuir significado preciso a expressões como


1 + 2 + · · · + n e 1 · 2 · . . . · n?
Princı́pio de Indução Matemática
Se P(n) é uma propriedade relativa ao número natural n, tal
que
i) P(1) é válida;
ii) Para todo n ∈ N, a validez de P(n) implica a validez de
P(n + 1).
Então P(n) é válida qualquer que seja o número natural n.
Base para demonstrações e definições por indução ou
recorrência.
Equivalente ao último axioma de Peano, com
X = {n ∈ N; P(n) é válida}.

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Exemplos de definição por recorrência

Como definir, apropriadamente, Sn = 1 + 2 + · · · + n?


Definimos S1 = 1
A seguir, supondo Sn definido, fazemos
Sn+1 = Sn + (n + 1).

Como definir, apropriadamente, n! = 1 · 2 · . . . · n?


Definimos 1! = 1
A seguir, supondo n! definido, fazemos
(n + 1)! = n! · (n + 1).

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Somatórios e Produtórios
Seja (xn ) uma sequência de elementos de um conjunto A
dotado de operações de adição e multiplicação.
O somatório
n
X
Sn = xi = x1 + x2 + · · · + xn
i=1

e o produtório
n
Y
Pn = xi = x1 · x2 · . . . · xn
i=1

podem ser definidos como se segue:


S1 = P1 = x1
Sn+1 = Sn + xn+1 , para todo n ∈ N
Pn+1 = Pn · xn+1 , para todo n ∈ N

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Exemplo: a soma Sn = 1 + 2 + · · · + n

Encontrando uma expressão para Sn

Sn = 1 + 2 + ··· + n
Sn = n + (n − 1) + · · · + 1

2Sn = (n + 1) + (n + 1) + · · · + (n + 1)

n(n+1)
Daı́, 2Sn = n(n + 1) e, portanto, Sn = 2 .

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Formalizando por Indução

Considere a sentença sobre os naturais:


P(n) : 1 + 2 + · · · + n = n(n+1)
2 .
i) P(1) : 1 = 1(1+1)
2 é verdadeira.
ii) Suponhamos que para algum n ∈ N, tenhamos P(n)
verdadeira.
Somando n + 1 a ambos os lados dessa igualdade, temos:

n(n + 1)
1 + 2 + · · · + n + (n + 1) = +n+1=
2
n(n + 1) + 2(n + 1) (n + 1)(n + 2)
= ,
2 2
o que estabelece a veracidade de P(n + 1).
Pelo Princı́pio de Indução, tem-se que a fórmula P(n) é
verdadeira para todo n ∈ N.

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Exemplo
Mostrar que 3 divide 5n + 2 · 11n nos inteiros, para todo n ∈ N

i) Para n = 1, temos que 3 divide 51 + 2 · 111 = 27.


ii) Suponha, agora, que, para algum n ≥ 1, saibamos que 3 divide
5n + 2 · 11n . Logo, 5n + 2 · 11n = 3a, para algum inteiro a.
Mutiplicando por 11 ambos os lados:

11 · 3a = 11 · 5n + 2 · 11n+1 = 5n+1 + 6 · 5n + 2 · 11n+1 .

Daı́:

5n+1 + 2 · 11n+1 = 11 · 3a − 6 · 5n = 3(11a − 2 · 5n )

Portanto, 3 divide 5n+1 + 2 · 11n+1 .


Logo, pelo Princı́pio de Indução Matemática, 3 divide
5n + 2 · 11n , para todo número natural n.

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Generalizando o Princı́pio da Indução Matemática

Seja P(n) uma sentença sobre N, e seja a ∈ N. Suponha que:


i) P(a) é verdadeira,
ii) Qualquer que seja n ∈ N, com n ≥ a, sempre que P(n) é
verdadeira, segue-se que P(n + 1) é verdadeira.
Então, P(n) é verdadeira para todo número natural n ≥ a.

Prova: Basta mostrar, por indução, que o conjunto


S = {m ∈ N; P(m + a − 1) é verdadeira} é igual a N.

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Exemplo

Mostrar que P(n) : 2n > n2 , para todo número natural n ≥ 5.

i) Temos que P(5) : 25 > 52 é verdadeira.


ii) Seja n ≥ 5 tal que 2n > n2 .
Multiplicando ambos os lados da desigualdade acima por 2,
obtemos 2n+1 > 2n2 .
Mas 2n2 > (n + 1)2 ?
Sim, para n ≥ 3, pois é equivalente a n(n − 2) > 1.
Daı́, 2n+1 > (n + 1)2 , o que significa que P(n + 1) é
verdadeira.
Logo, pela forma generalizada do Princı́pio de Indução
Matemática, a desigualdade vale para todo número natural
n ≥ 5.

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MA12 - Unidade 4
Aplicações do Princı́pio de Indução
Matemática

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

28 de Fevereiro de 2013
A Torre de Hanói


 
   


Transferir a pilha de discos para uma outra haste, deslocando


um disco de cada vez, de modo que, a cada passo, um disco
nunca esteja colocado sobre um disco menor.

1 O jogo tem solução para cada n ∈ N?


2 Em caso afirmativo, qual é o número mı́nimo jn de
movimentos para resolver o problema com n discos?
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Torre de Hanói: o jogo sempre tem solução!

Obviamente, o jogo tem solução para n = 1.


Suponhamos que o jogo tenha solução para n discos e vamos
mostrar que, daı́, decorre que o jogo também tem solução
para n + 1 discos.
Primeiro, transferimos os n discos superiores para uma das
outras hastes (isto é possı́vel, pela hipótese de indução).

 
 
    
   

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A seguir, transferimos o disco inferior para a outra haste.


 
     


Finalmente, transferimos os demais n discos para a haste em


que colocamos o disco maior (é possı́vel, pela hipótese de
indução e pelo fato de o disco inferior ser maior que todos os
outros)


 
 
   
 

Pelo Princı́pio da Indução, concluı́mos que o jogo tem solução


para todo n ∈ N.
Torre de Hanói: Qual é o número mı́nimo de
movimentos?

Executar a tarefa para n + 1 discos necessariamente envolve


retirar os n discos superiores, colocando-os em outra haste e,
depois de mover o disco inferior, recolocá-los sobre ele.
O número mı́nimo jn de movimentos é, portanto, tal que
j1 = 1
jn+1 = jn + 1 + jn = 2jn + 1, para todo n ∈ N.
É fácil mostrar, por indução, que jn = 2n − 1.
(Na Unidade 8, aprenderemos a encontrar a expressão para o
termo geral de sequências definidas por recorrências como
esta.)

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Os coelhos de Fibonacci
Um casal de coelhos recém-nascidos foi posto num lugar
cercado. Determinar quantos casais de coelhos ter-se-ão após
um ano, supondo que, a cada mês, um casal de coelhos
produz outro casal e que um casal começa a procriar dois
meses após o seu nascimento.
número de casais número de casais
mês total
do mês anterior recém-nascidos
1o 0 1 1
2o 1 0 1
3o 1 1 2
4o 2 1 3
5o 3 2 5
6o 5 3 8
7o 8 5 13
8o 13 8 21

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O número de casais de coelhos em um determinado mês (a
partir do terceiro) é igual ao número total de casais do mês
anterior acrescido do número de casais nascidos no mês em
curso, que é igual ao número total de casais do mês anterior
ao anterior.
Se un é o número de casais no n-ésimo mês, temos
u1 = 1
u2 = 1
un+2 = un + un+1 , para todo n ∈ N
Estas relações definem a chamada sequência de Fibonacci.
Retornaremos a ela na Unidade 8, quando obteremos uma
expressão para o seu termo geral:
 √ n  √ n
1+ 5
2 − 1−2 5
un = √
5

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A Pizza de Steiner
Qual é o maior número de partes em que se pode dividir o
plano com n cortes retos?
Número de cortes Número máximo de partes
1 2
2 4
3 7
... ...
n−1 pn−1
n pn
n+1 pn+1
O padrão observado acima sugere que o número máximo de
pedaços obtidos com n cortes é:
n(n + 1)
pn = 2 + 2 + 3 + . . . + n = +1
2
.
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A Pizza de Steiner: prova por indução

Com apenas um corte obtemos dois pedaços. Portanto, a


fórmula está correta para n = 1, pois p1 = 1(1+1)
2 + 1 = 2.
Admitamos que, para algum valor de n, a fórmula para pn
esteja correta. Vamos mostrar que a fórmula para pn+1
também está correta.
O ponto crucial é mostrar que são acrescentados n + 1
pedaços no (n + 1)-ésimo corte.

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Para que o (n + 1)-ésimo corte produza o número máximo de
pedaços, ele deve encontrar cada um dos n cortes anteriores
em pontos que não são de interseção de dois cortes. Neste
caso, como n pontos subdividem uma reta em n + 1 partes, ele
subdivide n + 1 regiões, criando assim, n + 1 novos pedaços.

Logo,

n(n + 1) (n + 1)(n + 2)
pn+1 = pn + n + 1 = +1+n+1 = +1
2 2
o que mostra que a fórmula está correta para n + 1.
Pelo Princı́pio da Indução, a fórmula está correta para todo
n ∈ N.

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O enigma do cavalo de Alexandre

O cavalo de Napoleão era branco, eanquanto o de Alexandre


tinha cor de bronze.
No entanto, vamos “provar” que todos os cavalos têm a
mesma cor!

Considere a sentença:
P(n) : Num conjunto com n cavalos, todos têm a mesma cor.
P(1) é obviamente verdadeira.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 4, Aplicações do Princı́pio de Indução Matemática slide 11/12
Suponha o resultado válido para conjuntos contendo n cavalos
e considere um conjunto

C = {C1 , C2 , . . . , Cn , Cn+1 },

com n + 1 cavalos.
Pela hipótese de indução:
Os cavalos em {C1 , C2 , . . . , Cn } têm a mesma cor.
Os cavalos em {C2 , . . . , Cn , Cn+1 } têm a mesma cor
Como estas coleções têm cavalos em comum, concluı́mos que
todos os cavalos em C têm a mesma cor (ou seja, o resultado
também é válido para conjuntos com n + 1 cavalos).
Logo, pelo Princı́pio da Indução, em um conjunto com n
cavalos, todos têm a mesma cor, para todo n ∈ N. (!!!)

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MA12 - Unidade 5
Progressões Aritméticas

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

9 de Março de 2013
Sequências Numéricas

Progressões Aritméticas são casos particulares de sequências


numéricas.
Uma sequência numérica é uma função x : N → R.
É comum denotar x(n) por xn e usar (xn ) para representar a
sequência.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 2/16


Progressões Aritméticas

Uma progressão aritmética é uma sequência na qual a


diferença entre cada termo e o termo anterior é constante.
Essa diferença constante é chamada de razão da progressão e
representada pela letra r .
Mais formalmente: (an ) é uma progressão aritmética quando
existe um número real r tal que an+1 = an + r , para todo
n ∈ N.

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Termo Geral

Em uma progressão aritmética (an )


para avançar um termo, basta somar a razão;
para avançar dois termos, basta somar duas vezes a razão;
e assim por diante;
Por exemplo, a13 = a5 + 8r
De modo geral,
an = a1 + (n − 1)r ,
pois, ao passar de a1 para an , avançamos n − 1 termos.

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Exemplo

O cometa Halley visita a Terra a cada 76 anos. Sua última


passagem por aqui foi em 1986. Quantas vezes ele visitou a
Terra desde o nascimento de Cristo? Em que ano foi sua
primeira passagem na era cristã?
Os anos de passagem do cometa foram 1986, 1910, 1834,... e
formam uma progressão aritmética de razão −76.
O termo de ordem n dessa progressão é

an = a1 + (n − 1)r = 1986 − 76(n − 1) = 2062 − 76n.

2062
Temos an > 0 quando n < = 27, 13 . . . . Portanto, os
76
termos positivos dessa progressão são os 27 primeiros.
Logo, ele nos visitou 27 vezes na era cristã e sua primeira
passagem na era cristã foi no ano a27 = 2062 − 76 × 27 = 10.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 5/16


Começando de a0 ou a1 ?

O preço de um carro novo é de R$ 15 000,00 e diminui de


R$1 000,00 a cada ano de uso. Qual será o preço com 4 anos
de uso?
Chamando o preço com n anos de uso de an , temos
a0 = 15000 e queremos calcular a4 .
Como a desvalorização anual é constante, (an ) é uma
progressão aritmética.
Logo, a4 = a0 + 4r = 15000 + 4 × (−1000) = 11000, ou seja,
o preço será de R$11 000,00.

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Progressões aritméticas e funções afins

Em uma progressão aritmética de razão não nula, o termo


geral é dado por um polinômio do primeiro grau em n:

an = a1 + (n − 1)r = r . n + (a1 − r ).

Reciprocamente, se em uma sequência o termo de ordem n for


dado por um polinômio do primeiro grau em n ela será uma
progressão aritmética de razão não nula.
Com efeito, se xn = an + b, (xn ) é uma progressão aritmética
na qual r = a e a1 = a + b.

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O gráfico de uma progressão aritmética

Portanto, uma progressão aritmética pode ser vista como uma


função afim, restrita ao domı́nio dos números naturais.
Em consequência, o gráfico de uma progressão aritmética é
um conjunto de pontos igualmente espaçados sobre uma reta.

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Soma dos termos de uma progressão aritmética

Sn = a1 + a2 + . . . + an−1 + an
Sn = an + an−1 + . . . + a2 + a1

2Sn = (a1 + an ) + (a1 + an ) + . . . + (a1 + an ) + (a1 + an )

(a1 + an )n
Sn = .
2

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Exemplos

A soma dos n primeiros números inteiros e positivos é

n(n + 1) n2 n
1 + 2 + 3 + ··· + n = = + .
2 2 2
A soma dos n primeiros números ı́mpares é

(1 + 2n − 1)n
1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) = = n2 .
2
Em ambos os casos, a expressão da soma é dada por um
polinômio do segundo grau em n, sem termo independente,

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 10/16


Soma dos termos de PAs e funções quadráticas

 
(a1 + an )n [a1 + a1 + (n − 1)r ]n r r
Sn = = = n2 + a1 − n.
2 2 2 2

O termo geral da sequência (Sn ) das somas dos n primeiros


termos de uma progressão artimética com r 6= 0 é dado por
um polinômio do segundo grau sem termo independente.
Reciprocamente, todo polinômio do segundo grau em n sem
termo independente é o valor da soma dos n primeiros termos
de alguma progressão aritmética com r 6= 0.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 11/16


Progressões Aritméticas de Segunda Ordem

O Operador ∆ (ou de diferença) para uma sequência é


definido por:
∆an = an+1 − an

Uma sequência (an ) é uma progressão aritmética se e somente


se (∆an ) é uma sequência constante.
Dizemos que uma sequência (an ) é uma progressão aritmética
de segunda ordem quando (∆an ) é uma progressão aritmética
não constante.
A sequência (Sn ) da soma dos n primeiros termos de uma
progressão aritmética é uma progressão aritmética de segunda
ordem.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 12/16


Teorema

Uma sequência é uma progressão aritmética de segunda


ordem se e somente se seu termo geral é dado por um
polinômio do segundo grau.
Se an = an2 + bn + c, então
∆an = a(n + 1)2 + b(n + 1) + c − an2 − bn − c = 2an + (2a + b),
que é um polinômio do primeiro grau. Logo, (∆an ) é uma
P.A. não constante e (an ) é P.A. de segunda ordem.
Se (an ) é P.A. de segunda ordem, então (bn ) = (∆an ) é uma
P.A. não constante. Mas an = a1 + (b1 + ... + bn−1 ). A soma
em parênteses é a soma dos n − 1 primeiros termos da P.A.
(bn ); logo tanto esta soma quanto an são expressos por
polinômios do segundo grau em n.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 13/16


Revisitando a Pizza de Steiner
Qual é o maior número de partes em que se pode dividir o
plano com n cortes retos?
Número de cortes (n) Número máximo de partes (pn )
1 2
2 4
3 7
4 11
No n-ésimo corte, n regiões são acrescentadas. Portanto,
(∆pn ) é uma P.A. e pn é uma P.A. de segunda ordem.
A expressão de pn é da forma pn = an2 + bn + c. Mas
p(1) = a + b + c = 2
p(2) = 4a + 2b + c = 4
p(3) = 9a + 3b + c = 7
Resolvendo o sistema, encontramos a = 12 , b = 21 e c = 1 e
n2 + n + 2
pn =
2
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 14/16
Progressões Aritméticas de Ordem Superior

Definição Uma sequência (an ) é progressão aritmética de


ordem k quando ∆an é progressão aritmética de ordem k − 1.
Observação: definição por recorrência

Teorema: Uma sequência é uma progressão aritmética de


ordem k se e somente se seu termo geral é um polinômio de
grau k.
Ver demonstração no livro-texto.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 15/16


Uma aplicação
Obter uma expressão para a soma Sn = 12 + 22 + . . . + n2
Como ∆Sn = (n + 1)2 é um polinômio de segundo grau, ∆Sn
é uma P.A. de segunda ordem. Portanto Sn é uma P.A. de
terceira ordem e seu termo geral é da forma
Sn = an3 + bn2 + cn + d.
Para calcular os valores de a, b, c e d, basta usar os valores
de Sn para n = 1, 2, 3 e 4.


 a+b+c +d =1
8a + 4b + 2c + d = 5


 27a + 9b + 3c + d = 14
64a + 16b + 4c + d = 30

1 1 1
Resolvendo: a = , b = , c = , d = 0. Então
3 2 6
1 1 1 n(n + 1)(2n + 1)
12 + 22 + 32 + · · · + n2 = n3 + n2 + n = .
3 2 6 6
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 5, Progressões Aritméticas slide 16/16
MA12 - Unidade 6
Progressões Geométricas

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

10 de Março de 2013
Progressões Geométricas

Uma progressão geométrica é uma sequência na qual o


quociente entre cada termo e o termo anterior é constante.
Esse quociente constante é chamado de razão da progressão e
representado pela letra q.
Mais formalmente: (an ) é uma progressão geométrica quando
existe um número real q tal que an+1 = an · q, para todo
n ∈ N.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 2/11


Termo Geral

Em uma progressão geométrica (an )


para avançar um termo, basta multiplicar pela razão;
para avançar dois termos, basta multiplicar duas vezes pela
razão;
e assim por diante;
Por exemplo, a13 = a5 · q 8
De modo geral,
an = a1 q n−1 ,
pois, ao passar de a1 para an , avançamos n − 1 termos.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 3/11


Começando de a0 ou a1 ?

A população de um paı́s é hoje igual a 100.000 habitantes e


cresce 2% ao ano. Qual será a população desse paı́s daqui a
10 anos?

Em 10 perı́odos, a população é multiplicada 10 vezes por 1,02


a10 = a0 · q 10 = 100.000 · 1, 0210 = 121.899 habitantes.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 4/11


Exemplo

Uma pessoa, começando com R$ 64,00, faz seis apostas


consecutivas, em cada uma das quais arrisca perder ou ganhar
a metade do que possui na ocasião. Se ela ganha três e perde
três dessas apostas, pode-se afirmar que ela:
A) Ganha dinheiro.
B) Não ganha dinheiro nem perde dinheiro.
C) Perde R$ 27,00.
D) Perde R$ 37,00.
E) Ganha ou perde dinheiro, dependendo da ordem em que
ocorreram suas vitórias e derrotas
V, V, D, V, D, D:
64 → 96 → 144 → 72 → 108 → 54 → 27
D, V, D, D, V, V:
64 → 32 → 48 → 24 → 12 → 18 → 27
O valor final é sempre R$ 27,00?

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 5/11


A cada vitória, a quantia é multiplicada por 32 ; a cada derrota,
é multiplicada por 21 .
Após três vitórias e três derrotas, os R$ 64,00 são
multiplicados três vezes por 32 e três vezes por 12 .
Logo, ao final, independentemente da ordem das vitórias e
3 1 3
derrotas, a pessoa terá 64 32 2 = 27 reais; ou seja, ela
perde 37 reais (alternativa D).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 6/11


Progressões geométricas e funções exponenciais

Como em uma progressão geométrica an = a0 q n , a função


que associa a cada natural n o valor de an é simplesmente a
restrição aos naturais da função exponencial a(x) = a0 q x .
O gráfico de uma progressão geométrica:

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 7/11


Soma dos termos de uma progressão geométrica

Sn = a1 + a2 + a3 + . . . + an−1 + an
qSn = a2 + a3 + a4 + · · · + an + an+1

Sn − qSn = a1 − an+1
(1 − q)Sn = a1 (1 − q n )

1 − qn
Sn = a1 + a2 + . . . + an = a1
1−q

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 8/11


Mostre que o número 444 . . . 488 . . . 89, formado por n dı́gitos
iguais a 4, n − 1 dı́gitos iguais a 8 e um dı́gito igual a 9, é um
quadrado perfeito e determine sua raiz quadrada.
444 . . . 488 . . . 89 = 
4 102n−1 + . . . + 10n + 8 10n−1 + . . . + 10 + 9


10n − 1 10n−1 − 1
= 4 · 10n · + 80 · +9
10 − 1 10 − 1
4 · 102n + 4 · 10n + 1
=
9 
2 · 10n + 1 2

=
3
Logo 444 . . . 488 . . . 89 é um quadrado perfeito e sua raiz
2 · 10n + 1 20 . . . 01
quadrada é = (n − 1 zeros)
3 3
= 6 . . . 67 (n − 1 seis).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 9/11


Limite da soma dos termos de uma progressão
geométrica

1 − qn
Sn = a1 + a2 + . . . + an = a1
1−q
Quando |q| < 1, temos lim q n = 0.
n→∞
Em consequência,
1 − qn 1−0
lim Sn = lim a1 = a1
n→∞ n→∞ 1−q 1−q
Logo:
a1
lim Sn = a1 + a2 + . . . = .
n→∞ 1−q

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 10/11


Exemplo

Qual é o limite da soma 0, 3 + 0, 03 + 0, 003 + . . . quando o


número de parcelas tende a infinito?

0, 3 1
0, 3 + 0, 03 + 0, 003 + . . . = = .
1 − 0, 1 3

Em outras palavras, a geratriz da dı́zima periódica


1
0, 33333 · · · é .
3

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 6, Progressões Geométricas slide 11/11


MA12 - Unidade 7
Recorrências Lineares de Primeira Ordem

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

17 de Março de 2013
Sequências definidas por recorrência

Sequências definidas por regras que permitem calcular


qualquer termo em função dos anteriores (usualmente do
antecessor imediato ou de uma quantidade pequena de
antecessores imediatos).
Uma progressão aritmética de primeiro termo a e razão r :
x1 = a, xn+1 = xn + r , para n ≥ 1
A sequência de Fibonacci:
x1 = 1, x2 = 1, xn+2 = xn + xn+1 , para n ≥ 1.
Equivalentemente, x1 = 1, x2 = 1, xn = xn−2 + xn−1 , para
n ≥ 3.
Não basta dar a lei de recorrência; é preciso também fornecer
o(s) primeiro(s) termo(s)

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 2/10
Exemplo

Quantas são as sequências de 10 termos, pertencentes a


{0, 1, 2}, que não têm dois termos consecutivos iguais a 0?
Seja xn o número de sequências com n termos respeitando as
condições do enunciado. Vamos contar separadamente as
sequências, de acordo com seu termo inicial.
O número dessas sequências começando por 1 é xn−1 .
O número dessas sequências começando por 2 também é xn−1 .
O número dessas sequências começando por 0 é 2xn−2
Logo xn = 2xn−1 + 2xn−2 , para n ≥ 3.
Além disso, x1 = 3
Daı́, obtemos
x3 = 2x2 + 2x1 = 22,
x6 = 448,

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 3/10
Recorrências Lineares de Primeira Ordem

Uma recorrência de primeira ordem expressa xn+1 em função


de xn .
Ela é dita linear quando essa função for do primeiro grau.

As recorrências xn+1 = 2xn − n2 e xn+1 = nxn são lineares e a


recorrência xn+1 = xn2 não é linear.

As duas últimas são ditas homogêneas, por não possuirem


termo independente de xn .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 4/10
Recorrências lineares homogêneas
Resolver a recorrência xn+1 = nxn .

x2 = 1x1
x3 = 2x2
x4 = 3x3
... ... ...
xn = (n − 1)xn−1

Multiplicando:

xn = (n − 1)!x1

Solução geral: xn = C · (n − 1)!

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 5/10
Recorrências lineares da forma xn+1 = xn + f (n)

x2 = x1 + f (1)
x3 = x2 + f (2)
x4 = x3 + f (3)
... ... ...
xn = xn−1 + f (n − 1)

Somando:
n−1
X
xn = x1 + f (k).
k=1

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 6/10
Exemplo
Resolver a recorrência xn+1 = xn + 2n , x1 = 1.

x2 = x1 + 2
x3 = x2 + 22
x4 = x3 + 23
... ... ...
xn = xn−1 + 2n−1

Somando:
xn = x1 + (2 + 22 + 23 + · · · + 2n−1 )
= 1 + 2 + 22 + 23 + · · · + 2n−1
2n − 1
=1
2−1
= 2n − 1.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 7/10
Recorrências lineares não homogêneas em geral

Se an é uma solução não-nula da recorrência xn+1 = g (n)xn ,


então a substituição xn = an yn transforma a recorrência
h(n)
xn+1 = g (n)xn + h(n) em yn+1 = yn +
g (n) · an
A substituição xn = an yn transforma

xn+1 = g (n)xn + h(n) em an+1 yn+1 = g (n)an yn + h(n).

Mas, an+1 = g (n)an , pois an é solução de xn+1 = g (n)xn .


Portanto, a equação se transforma em

g (n)an yn+1 = g (n)an yn + h(n),

h(n)
Ou seja, em yn+1 = yn + .
g (n) · an

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 8/10
Exemplo
Resolver xn+1 = 2xn + 1, x1 = 2
Uma solução não-nula de xn+1 = 2xn é, por exemplo,
xn = 2n−1 .
Fazendo a substituição xn = 2n−1 yn , obtemos
2n yn+1 = 2n yn + 1, ou seja, yn+1 = yn + 2−n .
Daı́:

y2 = y1 + 2−1
y3 = y2 + 2−2
... ... ...
yn = yn−1 + 2−(n−1) .

Somando:

yn = y1 + 2−1 + 2−2 + · · · + 2−(n−1)


= y1 + 1 − 2−(n−1) .
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 9/10
A recorrência original é xn+1 = 2xn + 1, x1 = 2.

Fizemos a substituição xn = 2n−1 yn e obtivemos a solução


yn = y1 + 1 − 2−(n−1) para a nova recorrência.

Daı́,
xn = 2n−1 yn = 2n−1 y1 + 1 − 2−(n−1) = 2n−1 y1 + 2n−1 − 1


= (1 + y1 )2n−1 − 1

Finalmente, de x1 = 2 e de xn = 2n−1 yn , temos 2 = 20 y1 .


Logo, y1 = 2 e a solução da recorrência é

xn = 3 · 2n−1 − 1, para n ≥ 1

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 7, Recorrências Lineares de Primeira Ordem slide 10/10
MA12 - Unidade 8
Recorrências Lineares de Segunda Ordem

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

17 de Março de 2013
Recorrências lineares de segunda ordem homogêneas
com coeficientes constantes

São recorrências da forma

xn+2 + pxn+1 + qxn = 0,

com q 6= 0 (se q = 0, a recorrência é, na verdade, de primeira


ordem)
A equação caracterı́stica da recorrência é:

r 2 + pr + q = 0
Veremos a seguir que as raı́zes da equação caracterı́stica
desempenham um papel fundamental na expressão da solução
geral para a recorrência.
Como q 6= 0, essas raı́zes são necessariamente não nulas.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 2/14
Raı́zes da equação caracterı́stica e soluções da
recorrência

Se r é tal que r 2 + pr + q = 0 , então xn = r n é solução da


recorrência xn+2 + pxn+1 + qxn = 0.
Substituindo xn = r n na recorrência:

xn+2 + pxn+1 + qxn = r n+2 + pr n+1 + qr n

= r n (r 2 + pr + q) = r n · 0 = 0.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 3/14
Consequência: Se r1 e r2 são raı́zes distintas de
r 2 + pr + q = 0, então xn = C1 r1n + C2 r2n é solução da
recorrência xn+2 + pxn+1 + qxn = 0, quaisquer que sejam os
valor das constantes C1 e C2 .
Sejam yn = r1n , zn = r2n e xn = C1 yn + C2 zn .
xn+2 + pxn+1 + qxn =
(C1 yn+2 + C2 zn+2 ) + p(C1 yn+1 + C2 zn+1 ) + q(C1 yn + C2 zn )
= C1 (yn+2 + pyn+1 + qyn ) + C2 (zn+2 + pzn+1 + qzn ) =
= C1 · 0 + C2 · 0 = 0,
já que yn e zn são soluções da recorrência.
(De modo geral, se yn e zn são soluções de uma recorrência
linear homogênea, qualquer combinação linear de yn e zn
também é solução da recorrência.)

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 4/14
Resolvendo a recorrência: caso r1 6= r2

Se as raı́zes de r 2 + pr + q = 0 (q 6= 0) são r1 e r2 , com


r1 6= r2 , então todas as soluções da recorrência
xn+2 + pxn+1 + qxn = 0 são da forma an = C1 r1n + C2 r2n , C1 e
C2 constantes.
Seja (xn ) uma solução qualquer de xn+2 + pxn+1 + qxn = 0. É
sempre possı́vel escolher constantes C1 e C2 tais que:

 C1 r1 + C2 r2 = x1

C1 r12 + C2 r22 = x2

(o sistema sempre tem solução única).


Vamos provar que xn = C1 r1n + C2 r2n para todo n natural.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 5/14
A afirmativa vale para n = 1 e n = 2, já que C1 e C2 foram
escolhidos de modo que isto ocorra.
Suponhamos válida para naturais n e n + 1. Temos
xn+2 + pxn+1 + qxn = 0. Logo
xn+2 = −p(C1 r1n+1 + C2 r2n+1 ) − q(C1 r1n + C2 r2n )
= −C1 r1n (pr1 + q) − C2 r2n (pr2 + q)
Somando e subtraindo C1 r2n+2 + C2 r2n+2 :
xn+2 =
−C1 r1n (r12 + pr1 + q) − C2 r2n (r22 + pr2 + q) + C1 r2n+2 + C2 r2n+2
Mas as expressões entre parênteses se anulam, levando a
xn+2 = C1 r2n+2 + C2 r2n+2 ,
o que completa a prova por indução.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 6/14
Exemplo

Determinar as soluções da recorrência


xn+2 + 3xn+1 − 4xn = 0.

A equação caracterı́stica r 2 + 3r − 4 = 0, tem raı́zes 1 e −4.

As soluções da recorrência são as sequências da forma


xn = C1 1n + C2 (−4)n , isto é,

xn = C1 + C2 (−4)n ,

onde C1 e C2 são constantes arbitrárias.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 7/14
A sequência de Fibonacci
F0 = F1 = 1, Fn+2 = Fn+1 + Fn , para n ≥ 0.
A equação caracterı́stica é r 2 − r − 1 = 0, que tem raı́zes
√ √
1+ 5 1− 5
r1 = e r2 = .
2 2
Logo:
√  √ 
1+ 5 n 1− 5 n
 
Fn = C1 + C2 .
2 2
Os valores de C1 e C2 são obtidos usando F0 = F1 = 1:

 C1 + C2 = 1
√ √
C1 1+2 5
+ C2 1−2 5

=1

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 8/14
Resolvendo o sistema, encontramos:
√ √
5+1 5−1
C1 = √ e C2 = √
2 5 2 5
Logo:
√  √ n √  √ n
5+1 1+ 5 5−1 1− 5
Fn = √ + √
2 5 2 2 5 2

√  √ 
1 1 + 5 n+1 1 1 − 5 n+1
 
=√ −√ .
5 2 5 2

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 9/14
O caso r1 = r2

Se as raı́zes de r 2 + pr + q = 0 são iguais (r1 = r2 = r ) então


yn = nr n é solução da recorrência xn+2 + pxn+1 + qxn = 0.
Como zn = r n também é solução, xn = C1 r n + C2 nr n é
solução da recorrência, quaisquer que sejam as constantes C1
e C2 .
Substituindo na recorrência:
yn+2 + pyn+1 + qyn = (n + 2)r n+2 + p(n + 1)r n+1 + qnr n
= nr n (r 2 + pr1 + q) + r n+1 (2r + p).
O primeiro parênteses é igual a zero (r é raiz da equação
caracterı́stica); como as raı́zes da equação caracterı́stica são
iguais, temos r = − p2 . Logo, 2r + p = 0 e o segundo
parênteses também é igual a zero.
Logo, yn = nr n e, de modo mais geral, xn = C1 r n + C2 nr n , é
solução da recorrência.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 10/14
Resolvendo a recorrência: caso r1 = r2

Se as raı́zes de r 2 + pr + q = 0 são iguais, r1 = r2 = r , então


todas as soluções da recorrência xn+2 + pxn+1 + qxn = 0 são
da forma C1 r n + C2 nr n , C1 e C2 constantes.
A prova é análoga ao caso em que r1 6= r2 .
primeiro, observamos que podemos escolher as constantes C1 e
C2 de modo que

 C1 r + C2 r = x1
,
C1 r 2 + 2C2 r 2 = x2

(o sistema tem solução única para todo r 6= 0).


depois, verificamos por indução que xn = C1 r n + C2 nr n , para
todo n ≥ 1.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 11/14
Exemplo

Resolver a recorrência xn+2 − 4xn+1 + 4xn = 0.

A equação caracterı́stica é r 2 − 4r + 4 = 0. As raı́zes são


r1 = r2 = 2.

A solução da recorrência é xn = C1 2n + C2 n2n .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 12/14
E se a recorrência não for homogênea?
Suponhamos que an seja uma solução da recorrência
xn+2 + pxn+1 + qxn = f (n). Toda solução da recorrência é da
forma an + yn , onde yn é uma solução da recorrência
homogênea xn+2 + pxn+1 + qxn = 0.
(Logo, para encontrar a solução geral de uma recorrência não
homogênea, ”basta”encontrar uma solução particular e
somá-la à solução geral da recorrência homogênea.)
Seja xn uma solução da recorrência. Temos:
xn+2 + pxn+1 + qxn = f (n)
an+2 + pan+1 + qan = f (n)
Subtraindo:
(xn+2 − an+2 ) + p(xn+1 − an+1 ) + q(xn − an ) = 0
Logo, yn = xn − an é uma solução da recorrência homogênea,
o que equivale a dizer que xn = an + yn , onde yn é solução da
recorrência homogênea.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 13/14
Exemplo
Considere a recorrência xn+2 − 5xn+1 + 6xn = 2.
Encontre uma solução particular constante para a recorrência.
Encontre a solução geral da recorrência.
Ache a solução da recorrência em que x1 = 0 e x2 = 2.
Para que an = C seja solução, deve-se ter C − 5C + 6C = 2,
ou seja, C = 1
A equação caracterı́stica da recorrência homogênea é
r 2 − 5r + 6 = 0, cujas raı́zes são r1 = 3 e r2 = 2. A solução
geral da recorrência homogênea é yn = C1 · 3n + C2 · 2n e a
solução geral da recorrência original é xn = yn + an , isto é:
xn = C1 · 3n + C2 · 2n + 1
Para que x1 = 0 e x2 = 2, deve-se ter

3C1 + 2C2 + 1 = 0
9C1 + 4C2 + 1 = 2
Resolvendo o sistema, encontramos C1 = 1 e C2 = −2, que
leva à solução: xn = 3n − 2.2n + 1
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 8, Recorrências Lineares de Segunda Ordem slide 14/14
MA12 - Unidade 9
Matemática Financeira

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

31 de Março de 2013
Conceitos Básicos

Principal (P): capital investido


Juro (J): remuneração do capital
Montante (M = P + J): principal acrescido do juro
J
Taxa de juros (i = ): razão entre juro e principal (referido à
P
duração do investimento)

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 2/14


Juros Compostos

Regime de investimento em que o capital é reinvestido por


sucessivos perı́odos, acrescido dos juros.
(que sempre incidem sobre o capital acumulado).
Exemplo: Principal de R$ 10000,00, investidos por 3 meses à
taxa de 2% ao mês.
Ao final do 1o mês: M = 10000 + 0, 02 · 10000 = 10200
Ao final do 2o mês: M = 10200 + 0, 02 · 10200 = 10404
Ao final do 3o mês: M = 10404 + 0, 02 · 10404 = 10612, 08

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 3/14


Teorema

No regime de juros compostos de taxa i, um principal C0


transforma-se, depois de n perı́odos de tempo, em um
montante Cn = C0 (1 + i)n .
No exemplo anterior, o montante ao final de 3 meses é:
M = 10000 · (1 + 0, 02)3 = 10612, 08

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 4/14


Juros compostos × juros simples

Juros simples: M = C · (1 + n · i)
Juros compostos: M = C · (1 + i)n
Muito raramente, o modelo de juros simples é realista, já que
os juros estão disponı́veis para reinvestimento.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 5/14


O dinheiro no tempo

Valor acumulado após n perı́odos: Cn = C0 (1 + i)n .


C0 é o valor atual do capital.
Cn é o valor futuro do capital
Para deslocar uma quantia para o futuro: multiplicar por
1 + i em cada perı́odo.
Para deslocar uma quantia para o passado: dividir por 1 + i
em cada perı́odo.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 6/14


Comparando fluxos de caixa

Um fluxo de caixa é uma sequência de pagamentos e


recebimentos ao longo do tempo.
Para comparar fluxos de caixa é essencial reduzi-los a uma
mesma data, movimentando, se necessário, as quantias ao
longo do tempo.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 7/14


Exemplo
Pedro tomou um empréstimo de 300 reais, a juros de 15% ao
mês. Dois meses após, Pedro pagou 150 reais e, um mês após
esse pagamento, Pedro liquidou seu débito. Qual o valor desse
último pagamento?
1) Representar os pagamentos ao longo do tempo:

2) Escolher uma época para igualar os pagamentos: 0, por


exemplo.
3) Igualar os pagamentos nesta data:
150 P
300 = + .
(1 + 0, 15)2 (1 + 0, 15)3
O último pagamento foi P = R$ 283,76.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 8/14
Exemplo

Pedro tem duas opções de pagamento na compra de um


televisor:
i) três prestações mensais de R$ 160,00 cada;
ii) sete prestações mensais de R$ 70,00 cada.
Em ambos os casos, a primeira prestação é paga no ato da
compra. Se o dinheiro vale 2% ao mês para Pedro, qual a
melhor opção?

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 9/14


Solução

Os esquemas de pagamento:

Calculando os valores na época 2:

a = 160(1 + 0, 02)2 + 160(1 + 0, 02) + 160 = 489, 66


70
b = 70(1 + 0, 02)2 + 70(1 + 0, 02) + 70 +
1 + 0, 02
70 70 70
+ + + = 480, 77.
(1 + 0, 02)2 (1 + 0, 02)3 (1 + 0, 02)4

Pedro deve preferir o pagamento em sete prestações.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 10/14


Uma loja oferece duas opções de pagamento:
i) à vista, com 30% de desconto.
ii) em duas prestações mensais iguais, sem desconto, a primeira
prestação sendo paga no ato da compra.
Qual a taxa mensal dos juros embutidos nas vendas a prazo?
Esquemas de pagamento:

Igualando os valores na época 0:


50
70 = 50 + .
1+i
Daı́, i = 1, 5 = 150%

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 11/14


A Fórmula das Taxas Equivalentes

Se a taxa de juros relativamente a um determinado perı́odo de


tempo é igual a i, a taxa de juros relativamente a n perı́odos
de tempo é I tal que 1 + I = (1 + i)n .

Exemplo: A taxa anual de juros equivalente a 12% ao mês é


I tal que 1 + I = (1 + 0, 12)12 Daı́,I≈ 2, 90 = 290% ao ano.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 12/14


Taxas equivalentes e taxas proporcionais

Uma taxa mensal de 2% ao mês não resulta em uma taxa


anual de 24% ao ano, e sim de
1, 0212 − 1 ≈ 1, 268 − 1 = 26, 8%.
Há, no entanto, o (mau) hábito de se referir a esta taxa como
sendo de ”24% ao ano, capitalizados mensalmente”.
A taxa de 24% ao ano é a taxa proporcional, enquanto a de
26, 8% ao ano é a taxa efetiva.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 13/14


Exemplo

Um capital é a juros de 6% ao ano com capitalização mensal.


Qual a taxa anual de juros à qual está investido o capital?
A taxa de 6% ao ano é a taxa proporcional, que corresponde a
6
uma taxa mensal de i = 12 = 0, 5% ao mês.
A taxa efetiva anual é I tal que 1 + I = 1, 00512 , o que
fornece I = 0, 0617.
Logo, a taxa efetiva anual é de 6, 17%.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 9, Matemática Financeira slide 14/14


MA12 - Unidade 10
Matemática Financeira - continuação

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

31 de Março de 2013
Séries de pagamentos
Uma série uniforme de pagamentos é uma sequência de
pagamentos iguais e igualmente espaçados ao longo do tempo.
Teorema: O valor de uma série uniforme de n pagamentos
iguais a P, um tempo antes do primeiro pagamento, é, sendo
1 − (1 + i)−n
i a taxa de juros, igual a A = P .
i

O valor da série na época 0 é


P P P P
A= + 2
+ 3
+ ··· +
1+i (1 + i) (1 + i) (1 + i)n
 n
1
1 − 1+i
P 1 − (1 + i)−n
= 1
= P .
1 + i 1 − 1+i i
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 2/13
Exemplo
Um bem, cujo preço à vista é R$ 120,00, é vendido em 6
prestações mensais iguais, a primeira paga no ato da compra.
Se os juros são de 10% ao mês, determine o valor das
prestações.

Igualando os valores na época −1:

120 1 − (1 + 0, 1)−6
=P
1 + 0, 1 0, 1
P ≈ 25, 05.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 3/13
Exemplo

Helena tem duas alternativas para obter uma copiadora:


a) Comprá-la por 150. Nesse caso, já que a vida econômica da
copiadora é de 5 anos, Helena venderá a copiadora após 5
anos. O valor residual da copiadora após 5 anos é de 20. As
despesas de manutenção são de responsabilidade de Helena e
são de 5 por ano, nos dois primeiros anos, e de 8 por ano, nos
anos seguintes.
b) Alugá-la por 5 anos, com o locador se responsabilizando pelas
despesas de manutenção.
Se o dinheiro vale 7% ao ano, qual é o valor justo do aluguel?

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 4/13
Solução
O fluxo de caixa da primeira alternativa:

O da segunda alternativa:

Igualando os valores na época 0:


5 5 8 8 12 1 − 1, 07−5
−150− − − − + = P .
1, 07 1, 072 1, 073 1, 074 1, 075 0, 07
Daı́, P = 39, 78.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 5/13
Perpetuidades

Teorema: O valor de uma perpetuidade de termos iguais a P,


um tempo antes do primeiro pagamento, é, sendo i a taxa de
P
juros, igual a .
i
O valor da série perpétua é:

1 − (1 + i)−n P
A = lim P = .
n→∞ i i

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 6/13
Exemplo

Se a taxa de juros é de 1% ao mês, quanto deve ser


economizado mensalmente durante 20 anos para assegurar
uma perpetuidade de R$ 1000,00?
O esquema de pagamentos e recebimentos é:

O valor economizado, na época 240, deve ser igual a


1000
= 100.000.
0, 01

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 7/13
Na data 0, o valor economizado é

1 − (1, 01)−240
P
0, 01
Levando-se este valor para a época 240, obtém-se

1 − (1, 01)−240 (1, 01)240 − 1


P · (1, 01)240 = P = 494, 63P
0, 01 0, 01
Logo, devemos ter 494, 63P = 100.000 e o valor mensal a ser
economizado deve ser igual a R$ 202,17.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 8/13
Sistemas de amortização
Ao se pagar em parcelas um débito, cada pagamento Pk tem
dupla finalidade:
uma parte (Jk ) quita os juros devidos.
o restante (Ak ) amortiza parte da dı́vida;
Planilha de amortização
k Pk Ak Jk Dk
0 − − − D0
... ... ... ... ...
k − 1 Pk−1 Ak−1 Jk−1 Dk−1
k Pk Ak Jk Dk
... ... ... ... ...
Relações:
Pk = Jk + Ak
Jk = i · Dk−1
Dk = Dk−1 − Ak

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 9/13
Sistema de Amortização Constante (SAC)

No sistema de amortização constante (SAC), a parcela de


amortização Ak em cada pagamento é constante.
Em consequência:
D0
Ak = ,
n
n−k
Dk = D0 ,
n
Jk = iDk−1 ,
Pk = Ak + Jk .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 10/13
Exemplo

Uma dı́vida de 100 é paga, com juros de 15% ao mês, em 5


meses, pelo SAC. Faça a planilha de amortização.
1
Como as amortizações são iguais, cada amortização será de 5
da dı́vida inicial.
k Pk Ak Jk Dk
0 − − − 100
1 35 20 15 80
2 32 20 12 60
3 29 20 9 40
4 26 20 6 20
5 23 20 3 −

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 11/13
Sistema Francês de Amortização (Tabela Price)

O sistema francês de amortização é caracterizado por


pagamentos Pk iguais.
Em consequência:

i
Pk = D0 ,
1 − (1 + i)−n

1 − (1 + i)−(n−k)
Dk = D0 ,
1 − (1 + i)−n

Jk = iDk−1

Ak = Pk − Jk .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 12/13
Exemplo
Uma dı́vida de 150 é paga, em 4 meses, pelo sistema francês,
com juros de 8% ao mês. Calcule o valor da prestação e faça
a planilha de amortização.
O valor da prestação é
i 0, 08
P = D0 −n
= 150 = 45, 29.
1 − (1 + n) 1 − 1, 08−4
.
A planilha de amortização é:
k Pk Ak Jk Dk
0 − − − 150, 00
1 45, 29 33, 29 12, 00 116, 71
2 45, 29 35, 95 9, 34 80, 76
3 45, 29 38, 83 6, 46 41, 93
4 45, 29 41, 93 3, 35 0

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 10, Matemática Financeira - continuação slide 13/13
MA12 - Unidade 11
Combinatória

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

29 de Abril de 2013
Princı́pio Fundamental da Contagem

Problemas de contagem são resolvidos explorando o


significado das operações aritméticas de adição, subtração,
multiplicação e divisão, com destaque para o papel da
multiplicação.

Princı́pio Multiplicativo (ou Princı́pio Fundamental da


Contagem):
Se há x modos de tomar uma decisão D1 e, tomada a decisão
D1 , há y modos de tomar a decisão D2 , então o número de
modos de tomar sucessivamente as decisões D1 e D2 é xy .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 2/8


Exemplo

Uma bandeira é formada por 7 listras que devem ser coloridas


usando apenas as cores verde, azul e cinza. Se cada listra deve
ter apenas uma cor e não se pode usar cores iguais em listras
adjacentes, de quantos modos se pode colorir a bandeira?
Colorir a bandeira equivale a escolher a cor de cada listra.
Há 3 modos de escolher a cor da primeira listra;
A partir daı́, 2 modos de escolher a cor de cada uma das
outras 6 listras.
A resposta é 3 × 26 = 192.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 3/8


Exemplo

Quantos são os números de três dı́gitos distintos?


Formar o número equivale a escolher cada um de seus dı́gitos.
O primeiro dı́gito pode ser escolhido de 9 modos, pois ele não
pode ser igual a 0.
O segundo dı́gito pode ser escolhido de 9 modos, pois não
pode ser igual ao primeiro dı́gito.
O terceiro dı́gito pode ser escolhido de 8 modos, pois não pode
ser igual nem ao primeiro nem ao segundo dı́gito.
A resposta é 9 × 9 × 8 = 648.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 4/8


A estratégia

1) Postura. Colocar-se no papel da pessoa que deve fazer a ação


solicitada pelo problema e ver que decisões devemos tomar.
2) Divisão. Sempre que possı́vel, dividir as decisões a serem
tomadas em decisões mais simples.
3) Não adiar dificuldades. Se uma das decisões a serem
tomadas for mais restrita que as demais, essa é a decisão que
deve ser tomada em primeiro lugar.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 5/8


Violando a terceira regra

Quantos são os números de três dı́gitos distintos?


A escolha mais restrita é a do dı́gito das centenas, porque ele
não pode ser 0.
O que ocorre se ignoramos este fato e decidimos começar pelo
dı́gito das unidades?
O dı́gito das unidades pode ser escolhido de 10 modos.
O das dezenas pode ser escolhido de 9 modos ( não pode ser
igual ao das unidades).
O das centenas pode ser escolhido de ... depende! (podem ser
7 ou 8 possibilidades, dependendo do 0 ter ou não ter sido
usado nas dezenas ou unidades).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 6/8


Nem sempre basta usar o Princı́pio Fundamental

Quantos são os números pares de três dı́gitos distintos?


Começando escolhendo dı́gito das unidades, que é o mais
restrito: há 5 possibilidades (0, 2, 4, 6 ou 8).
A seguir, escolhemos o dı́gito das centenas. O número de
possibilidades para esta escolha ... depende.
Se 0 for o dı́gito das unidades, há 9 possibilidades para o das
centenas (só não pode ser 0).
Se 0 não for o dı́gito das unidades, há 8 possibilidades para o
das centenas (não pode ser 0 nem o algarismo das unidades).
Solução: Dividir em casos, contados separadamente, e somar
os resultados.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 7/8


Dividindo em casos e somando
Quantos são os números pares de três dı́gitos distintos?
Para os números que terminam em 0
Para o dı́gito das unidades, há apenas 1 possibilidade.
Para o das centenas, há 9 possibilidades (só não pode ser 0).
Para o das dezenas, há 8 possibilidades (não pode ser os dois
já usados).
Logo, há 1 × 9 × 8 = 72 números terminados em 0.
Para os números que não terminam em 0
Para o dı́gito das unidades há 4 possibilidades.
Para o das centenas, há 8 possibilidades (não pode ser 0 nem
o das unidades).
Para o das dezenas, há 8 possibilidades (não pode ser os dois
já usados).
Logo, há 4 × 8 × 8 = 256 números terminados em 0.
Portanto, há 72 + 256 = 328 números pares de três algarismos
distintos.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 11, Combinatória slide 8/8


MA12 - Unidade 12
Permutações e Combinações

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

28 de Abril de 2013
Permutações Simples

De quantos modos podemos ordenar em fila n objetos


distintos?
A escolha do objeto que ocupará o primeiro lugar pode ser
feita de n modos;
A escolha do objeto que ocupará o segundo lugar pode ser
feita de n − 1 modos;
...
A escolha do objeto que ocupará o último lugar pode ser feita
de 1 modo.
O número total de possibilidades (cada uma das quais é
chamada de uma permutação simples dos n objetos) é
Pn = n(n − 1)(n − 2) · · · 1 = n!.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 2/13


Exemplo

Quantos são os anagramas da palavra “CALOR”? Quantos


começam com consoantes?
Cada anagrama corresponde a uma permutação dessas 5
letras. O número de anagramas é P5 = 5! = 120.

Para formar um anagrama começado por consoante:


A consoante pode ser escolhida de 3 modos;
As demais letras podem ser colocadas em qualquer ordem;
logo, há P4 = 4! = 24 possibilidades de ordenação.
Logo, há 3 × 24 = 72 anagramas começados por consoante.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 3/13


Exemplo

De quantos modos podemos arrumar em fila 5 livros


diferentes de Matemática, 3 livros diferentes de Estatı́stica e 2
livros diferentes de Fı́sica, de modo que livros de uma mesma
matéria permaneçam juntos?
Podemos escolher a ordem das matérias de 3! modos.
Feito isso, há 5! modos de colocar os livros de Matemática
nos lugares que lhe foram destinados, 3! modos para os de
Estatı́stica e 2! modos para os de Fı́sica.
O número total de possibilidades é
3!5!3!2! = 6 × 120 × 6 × 2 = 8 640

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 4/13


Permutações de elementos nem todos distintos

Quantos são os anagramas da palavra “BOTAFOGO”?


Se as letras fossem diferentes a resposta seria 8!.
Como as três letras O são iguais, quando as trocamos entre si
obtemos o mesmo anagrama e não um anagrama distinto.
Isso faz com que na nossa contagem de 8! tenhamos contado
o mesmo anagrama 3! vezes.
8!
O número de anagramas é = 6 720.
3!

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 5/13


Generalizando

O número de permutações de n objetos, dos quais α são


iguais a A, β são iguais a B, γ são iguais a C , etc, é
n!
Pnα,β,γ,... =
α!β!γ! . . .
.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 6/13


Combinações Simples

De quantos modos podemos selecionar p objetos distintos


entre n objetos distintos dados? Equivalentemente, quantos
são os subconjuntos com p elementos de um conjunto com n
elementos?
Observação: cada seleção de p objetos (ou seja, cada
subconjunto de p elementos) é chamada de uma combinação
simples de classe p dos n objetos.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 7/13


Combinações Simples
De quantos modos podemos selecionar p objetos distintos
entre n objetos distintos dados? Equivalentemente, quantos
são os subconjuntos com p elementos de um conjunto com n
elementos?
Começamos escolhendo, em ordem, p elementos, o que pode
ser feito de n.(n − 1) . . . (n − p + 1) modos.
Deste modo, cada subconjunto com p elementos é contado p!
vezes, já que ele aparece em cada ordem possı́vel.
O número de combinações simples de classe p de n objetos é:

n.(n − 1) . . . (n − p + 1) n!
Cnp = = .
p! p!(n − p)!

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 8/13


Exemplo

Com 5 homens e 4 mulheres, quantas comissões de 5 pessoas,


com exatamente 3 homens, podem ser formadas?
Para formar a comissão devemos escolher 3 dos homens e 2
das mulheres.
Logo, há C53 · C42 = 10 × 6 = 60 comissões.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 9/13


Exemplo

Com 5 homens e 4 mulheres, quantas comissões de 5 pessoas,


com pelo menos 3 homens, podem ser formadas?
Há comissões com: 3 homens e 2 mulheres, 4 homens e 1
mulher, 5 homens.
A resposta é

C53 · C42 + C54 · C41 + C55 = 10 × 6 + 5 × 4 + 1 = 81.

Um erro comum:
Começo escolhendo 3 homens, para garantir pelo menos três
homens (C53 modos).
A seguir, escolho mais 2 pessoas (C62 modos).
Logo, há C53 .C62 = 10.15 = 150 comissões (!).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 10/13


Permutações Circulares
De quantos modos 5 crianças podem formar uma roda?

A resposta não é 5! = 120 rodas, porque as rodas ABCDE e


EACBD, por exemplo, são na verdade a mesma roda.
Como cada roda pode aparecer em 5 posições, a resposta é
120/5 = 24.
De modo geral, o número de permutações circulares de n
n!
elementos é = (n − 1)!.
n

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 11/13


Combinações completas (ou com repetição)
Quantas são as soluções inteiras e não-negativas da equação
x1 + x2 + · · · + xn = p?
Cada solução da equação coresponde a uma forma de escolher
p elementos dentre 1, 2, . . . n, mas permitindo repetições. O
número de soluções é representado por CRnp .
Cada solução da equação pode ser representada por uma fila
de p sinais + e n − 1 sinais |, que separam as incógnitas.
Reciprocamente, cada fila desta forma corresponde a uma
solução.
Por exemplo: + + +| + ||+ corresponde à solução (3,1,0,1) da
equação x1 + x2 + x3 + x4 = 5.
Para contar a quantidade de tais filas, basta escolher p dentre
os n + p − 1 lugares para colocar os sinais +.
Logo, CRnp = Cn+p−1
p
.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 12/13


Exemplo

De quantos modos podemos comprar 3 sorvetes em uma


sorveteria que os oferece em 6 sabores distintos?
Chamando de xk o número de sorvetes do k-ésimo sabor que
vamos comprar, devemos determinar valores inteiros e
não-negativos para xk , k = 1, 2, 3, 4, 5, 6, tais que
x1 + x2 + · · · + x6 = 3.
O número de possibilidades é CR63 = C83 = 56 modos.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 12, Permutações e Combinações slide 13/13


MA12 - Unidade 13
Triângulo de Pascal e Binômio de Newton

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

4 de Maio de 2013
Triângulo de Tartaglia-Pascal

C00
C10 C11
C20 C21 C22
C30 C31 C32 C33
C40 C41 C42 C43 C44
C50 C51 C52 C53 C54 C55
... ... ... ... ... ... ...
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
... ... ... ... ... ... ...

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 2/3
Triângulo de Tartaglia-Pascal
Alternativamente:
C00
C01 C11
C02 C12 C22
C03 C13 C23 C23
C04 C14 C24 C34 C44
C05 C15 C25 C35 C45 C55
... ... ... ... ... ... ...

1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
... ... ... ... ... ... ...
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 3/3
Relação de Stifel
Cnp + Cnp+1 = Cn+1
p+1
.

Prova: Contar de dois modos diferentes os subconjuntos com


p + 1 elementos de {1, 2, . . . , n, n + 1}:
diretamente;
contando separadamente os subconjuntos incluindo ou
excluindo n + 1.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 4/3
Teorema das linhas
Cn0 + Cn1 + Cn2 + . . . + Cnn = 2n

Prova: Contar de dois modos diferentes os subconjuntos de


{1, 2, . . . , n}:
diretamente;
contando separadamente os subconjuntos de cada
cardinalidade.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 5/3
Combinações complementares
Cnp = Cnn−p (termos de uma mesma linha equidistantes dos
extremos são iguais).

Prova: escolher um subconjunto com p elementos equivale a


escolher seu complementar.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 6/3
Binômio de Newton

n
X
(x + a)n = Cnp ap x n−p
p=0

= Cn0 a0 x n + Cn1 a1 x n−1 + Cn2 a2 x n−2 + · · · + Cnn an x 0 .

Prova:
Considere o produto (x + a)n = (x + a)(x + a) . . . (x + a)
Para formar um termo igual a ap x n−p , é preciso tomar p
fatores iguais a a e n − p fatores iguais a x, o que pode ser
feito de Cnp modos.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 7/3
Exemplo

Determine o coeficiente de x 3 no desenvolvimento de

1 7
 
4
x − .
x

O termo genérico do desenvolvimento é


 p
−1
C7p (x 4 )7−p = C7p (−1)p x 28−5p .
x

O termo em x 3 é obtido quando 28 − 5p = 3, ou seja, se


p = 5.
O termo procurado é C75 (−1)5 x 3 = −21x 3 .
O coeficiente é −21.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 8/3
Exemplo

Mostre que Cn0 − Cn1 + Cn2 + . . . + (−1)n Cnn = 0 (ou seja, a


soma das combinações de taxa par de n elementos é igual à
soma das combinações de taxa ı́mpar).
Basta formar
Pon desenvolvimento de
n p p n−p
(1 − 1) = p=0 Cn (−1) 1 .

Note que, ao formar o desenvolvimento de (1 + 1)n ,


redescobrimos o Teorema das Linhas:
Cn0 + Cn1 + Cn2 + . . . + Cnn = 2n

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 9/3
Exemplo

Determine
 30o termo máximo do desenvolvimento de
3 1
4 + 4 .

Se uma pessoa responde ao acaso um teste com 30 questões


com 4 alternativas cada, qual é o número mais provável de
questões certas?
A probabilidade de acertar p questões é igual ao termo de
ordem p do desenvolvimento:
 p  (30−p) 30−p
p 1 3 p 3
tp = C30 = C30 .
4 4 430

Vamos descobrir para que valores de p os termos crescem.


Para isso, devemos estudar o comportamento de tp − tp−1 .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 10/3
Continuação

p 330−p p−1 3
31−p
tp − tp−1 = C30 − C 30
430 430
30!3 30−p 30!3 31−p
= 30

p!(30 − p)!4 (p − 1)!(31 − p)!430
30!330−p
= ((31 − p) − 3p)
p!(31 − p)!430
30!330−p
= (31 − 4p)
p!(31 − p)!430
31
tp > tp−1 ⇔ 31 − 4p > 0 ⇔ p < 4 = 7, 75 ⇔ p ≤ 7
7 323
O maior termo é t7 = C30 (ou seja, o número mais
430
provável de respostas corretas é 7).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 13, Triângulo de Pascal e Binômio de Newton slide 11/3
MA12 - Unidade 17
Probabilidade

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

17 de Maio de 2013
Teoria da Probabilidade

Teoria da Probabilidade: modelo matemático para incerteza.


Objeto de estudo: experimentos aleatórios.
Componentes de um modelo probabilı́stico:
Espaço amostral (S): conjunto de todos os resultados
possı́veis de um experimento aleatório.
Eventos : os subconjuntos do espaço amostral S.
Função de Probabilidade: uma função que associa a cada
evento A sua probabilidade P(A), satisfazendo:
P(A) ≥ 0, para todo evento A.
P(S) = 1 (o evento certo).
P(A ∪ B) = P(A) + P(B), se A e B são disjuntos (ou
mutuamente excludentes).

Para que um modelo probabilı́stico seja útil, P(A) deve


representar o grau de confiança em que o evento A ocorra.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 2/10


Propriedades da Função de Probabilidade

i) P(A) = 1 − P(A).

ii) P(∅) = 0.

iii) 0 ≤ P(A) ≤ 1.

iv) P(A − B) = P(A) − P(A ∩ B).

v) P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B).

vi) Se A ⊂ B então P(A) 6 P(B).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 3/10


Exemplo
Qual é o modelo probabilı́stico adequado para o lançamento
de um dado? Qual é a probabilidade de que saia um resultado
par?
O espaço amostral é S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
Se o dado é um cubo geometricamente perfeito e feito com
material homogêneo (um dado equilibrado ou honesto), não
há razão para acreditar que uma face saia mais
frequentemente que qualquer outra.
O modelo razoável é o equiprovável, que atribui
probabilidades iguais aos eventos correspondentes à ocorrência
de cada face (neste caso, iguais a 16 ).
O evento ”sair resultado par”corresponde ao subconjunto
A = {2, 4, 6} de S.
Sua probabilidade é
1 1 1
P(A) = P({2}) + P({4}) + P({6}) = 6 + 6 + 6 = 12 .
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 4/10
Modelos Equiprováveis
Modelo equiprovável: atribui probabilidade n1 a cada evento
unitário de um espaço amostral S = {a1 , a2 , . . . , an }.
Em consequência, a probabilidade de um evento
A = {a1 , a2 , . . . , ap } é
P(A) = P({a1 }) + . . . + P({ap }) = p · n1 = pn .
Portanto:
n(A) Número de casos favoráveis
P(A) = =
n(S) Número de casos possı́veis

(nos problemas mais interessantes, técnicas de Análise


Combinatória são usadas para calcular o numerador e o
denominador).
Atenção: o uso de modelos equiprováveis só se justifica
quando algum tipo de simetria permite concluir que os
resultados possı́veis têm a mesma chance de ocorrer.
dados, moedas, cartas, bolas iguais em urnas, etc.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 5/10
Exemplo

Duas bolas são retiradas seguidamente e sem reposição de


uma urna com 3 bolas brancas e 5 pretas, todas idênticas, a
menos da cor. Qual é a probabilidade de que a primeira seja
branca e a segunda preta?
Há quatro possibilidades para a cor das bolas: BB, BP, PB e
PP. Dos quatro casos possı́veis, apenas um é favorável. Logo,
a probabilidade é 14 .
A solução acima está ERRADA!
Não há qualquer razão para admitirmos, por exemplo, que a
probabilidade de tirar duas bolas brancas seja a mesma que a
de tirar duas bolas pretas, já que há mais bolas pretas do que
brancas na urna.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 6/10


Exemplo
Duas bolas são retiradas seguidamente e sem reposição de
uma urna com 3 bolas brancas e 5 pretas, todas idênticas, a
menos da cor. Qual é a probabilidade de que a primeira seja
branca e a segunda preta?
O espaço amostral adequado é o que considera que há oito
bolas b1 , . . . , b8 na urna e considera todos os possı́veis pares
(bi , bj ) de bolas distintas retiradas.
Como todas as bolas são idênticas, todos os pares possı́veis
têm a mesma chance de ocorrer (um modelo equiprovável!).
Número de casos possı́veis:
A primeira bola pode ser qualquer uma das 8.
A segunda pode ser qualquer uma das outras 7.
O número de casos possı́veis é 8 × 7 = 56.
Número de casos favoráveis:
A primeira bola pode ser qualquer uma das 3 bolas brancas.
A segunda pode ser qualquer uma das 5 bolas pretas.
O número de casos favoráveis é 3 × 5 = 15.
15
A probabilidade é 56 .
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 7/10
Exemplo
Em um grupo de r pessoas, qual é a probabilidade de haver
pelo menos duas pessoas que façam aniversário no mesmo
dia?
O número de casos possı́veis para os aniversários das r
pessoas é 365r .
O número de casos favoráveis a que todas aniversariem em
dias diferentes é 365 × 364 × · · · × (366 − r ).
A probabilidade de não haver pelo menos duas pessoas que
façam aniversário no mesmo dia é
365 × 364 × · · · × (366 − r )
365r
A probabilidade de haver pelo menos duas pessoas que
tenham o mesmo dia de aniversário é
365 × 364 × · · · × (366 − r )
1− .
365r
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 8/10
Continuação
Alguns valores da probabilidade de haver coincidência de
aniversários:
r Probabilidade
5 0, 03
10 0, 12
15 0, 25
20 0, 41
23 0, 51
25 0, 57
30 0, 71
40 0, 89
45 0, 94
50 0, 97

A partir de 23 pessoas, é mais provável que haja coincidência


de aniversários do que não haja!

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 9/10


E se um modelo equiprovável não for adequado?
Um dado tem a forma de um bloco retangular com as
dimensões da figura. Qual é a probabilidade de sair a face 1?

Como não há simetria perfeita, não é correto usar um modelo


equiprovável.
A simetria restante na figura permite escrever:
P({1}) = P({6}) = p
P({2}) = P({3}) = P({4}) = P({5}) = 1−2p 4
O valor de p pode ser estimado a partir das frequências de
ocorrência das diversas faces (é o papel da Estatı́stica).
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 17, Probabilidade slide 10/10
MA12 - Unidade 18
Probabilidade Condicional

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

17 de Maio de 2013
Exemplo
Um dado honesto é lançado duas vezes.
a) Qual é a probabilidade de sair 1 no 1o lançamento?
b) Qual é a probabilidade que que tenha saı́do 1 no 1o
lançamento, sabendo que a soma dos resultados foi 5?
a) O espaço amostral é S = {(1, 1), . . . , (6, 6)}; há 36 casos possı́veis.
O evento “1 no 1o lançamento” é A = {(1, 1), . . . , (1, 6)}; há 6
casos favoráveis.
6
A probabilidade de sair 1 no 1o lançamento é 36 = 16 .
b) Como a soma foi 5, podemos reduzir o espaço amostral a B = “a
soma é 5” = {(1, 4), (2, 3), (3, 2), (4, 1)}; há 4 casos possı́veis,
todos igualmente prováveis.
São favoráveis os casos que também estão em A, ou seja, os
elementos de A ∩ B = {(1, 4)}; portanto, há apenas 1 caso
favorável.
Logo, a probabilidade desejada é P(A|B) = n(A∩B) n(B) = 4 .
1

n(A∩B)/n(S) P(A∩B)
Note que P(A|B) = n(B)/n(S) = P(B)

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 2/14


Probabilidade Condicional

Dados dois eventos A e B, com P(B) 6= 0, a probabilidade


condicional de A na certeza de B (ou simplesmente, a
probabilidade de A dado B) é o número

P(A ∩ B)
P(A|B) = .
P(B)

A ideia: redistribuir proporcionalmente os valores de


probabilidade, de modo a atribuir a B probabilidade igual a 1.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 3/14


Exemplo

A tabela abaixo dá a distribuição dos alunos de uma escola, por


sexo e por carreira pretendida.
Feminino Masculino Total
Cientı́fica 12% 33% 45%
Humanı́stica 40% 15% 55%
Total 52% 48% 100%
Um aluno da escola é escolhido ao acaso. Sejam F , M, C e H os
eventos em que o aluno selecionado é do sexo feminino, do sexo
masculino, pretende carreira cientı́fica e pretende carreira
humanı́stica, respectivamente. Calcule P(F |C ) e P(H|M).

P(F ∩C ) 0,12 4
P(F |C ) = P(C ) = 0,45 = 15 ≈ 0, 27.

P(H∩M) 0,15 5
P(H|M) = P(M) = 0,48 = 16 ≈ 0, 31.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 4/14


Independência

Da definição de probabilidade condicional:

P(A ∩ B) = P(B)P(A|B) = P(A)P(B|A).

Esta expressão é útil para calcular a probabilidade da


interseção de dois eventos, principalmente em experimentos
realizados em etapas.
Quando P(A ∩ B) = P(A)P(B), os eventos A e B são
independentes.
Equivale a dizer que:

P(A|B) = P(A) e P(B|A) = P(B),

(desde que P(A) 6= 0 e P(B) 6= 0).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 5/14


Exemplo
Uma moeda tem probabilidade 0,4 de dar cara. Se ela for
lançada 5 vezes, qual é a probabilidade de que saiam
exatamente duas caras?
Os eventos “sair cara no i-ésimo lançamento” (i = 1, . . . , 5)
são independentes.
A probabilidade de que saia uma dada sequência com 2
caras(c) e 3 coroas(k) (por exemplo, cckkk) é igual ao
produto das probabilidades dos eventos correspondentes a
cada lançamento; logo, é igual a 0, 42 × 0, 63 .
Como há C52 sequências deste tipo, a probabilidade de
observarmos exatamente duas caras é
C52 × 0, 42 × 0, 63 = 0, 3456.
A probabilidade de se observarem k sucessos em n realizações
independentes de um experimento com probabilidade p de
sucesso é Cnk p k (1 − p)n−k (modelo binomial).

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 6/14


Exemplo

Uma urna contém 4 bolas brancas e 6 bolas pretas. Sacam-se,


sucessivamente e sem reposição, duas bolas dessa urna.
a) Qual é a probabilidade de ambas serem brancas?
b) Qual é a probabilidade de que a segunda bola seja branca?
c) Qual é a probabilidade de que a primeira bola seja branca,
sabendo que a segunda é branca?
a) Sejam B1 = {a primeira bola é branca} e B2 = {a segunda
bola é branca}.
A probabilidade pedida é:
4
P(B1 ∩ B2 ) = P(B1 ) · P(B2 |B1 ) = 10 · 93 = 15
2
.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 7/14


Exemplo
Uma urna contém 4 bolas brancas e 6 bolas pretas. Sacam-se,
sucessivamente e sem reposição, duas bolas dessa urna.
a) Qual é a probabilidade de ambas serem brancas?
b) Qual é a probabilidade de que a segunda bola seja branca?
c) Qual é a probabilidade de que a primeira bola seja branca,
sabendo que a segunda é branca?
b) Há duas possiblidades:
A primeira é branca (B1 ) e a segunda é branca (B2 )
ou
A primeira é preta (P1 ) e a segunda é branca (B2 )
Logo: P(B2 ) = P((B1 ∩ B2 ) ∪ (P1 ∩ B2 )) =
P(B1 ∩ B2 ) + P(P1 ∩ B2 ) =
P(B1 ).P(B2 |B1 ) + P(P1 ).P(B2 |P1 ) =
4 3 6 4 36
10 . 9 + 10 . 9 = 90 = 52 .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 8/14


Exemplo
Uma urna contém 4 bolas brancas e 6 bolas pretas. Sacam-se,
sucessivamente e sem reposição, duas bolas dessa urna.
a) Qual é a probabilidade de ambas serem brancas?
b) Qual é a probabilidade de que a segunda bola seja branca?
c) Qual é a probabilidade de que a primeira bola seja branca,
sabendo que a segunda é branca?
c) A probabilidade condicional pedida (P(B1 |B2 )) está na ordem
inversa da realização do experimento.
P(B1 ∩B2 ) P(B1 ).P(B2 |B1 )
P(B1 |B2 ) = P(B2 ) = P(B1 ).P(B2 |B1 )+P(P1 ).P(B2 |P1 ) =

4 3
10 . 9
4 3 6 4
=
10 . 9 + 10 . 9

12 1
12+24 = 3

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 9/14


Árvore de Probabilidades
São uma forma conveniente de representar experimentos
realizados em diversos estágios.

Os valores nos ramos do primeiro estágio representam


probabilidades e os demais, probabilidades condicionais.
A probabilidade de uma sequência de ocorrências é obtida
multiplicando-se os valores nos ramos.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 10/14
Exemplo
Para estimar a proporção p de usuários de drogas em certa
comunidade, pede-se ao entrevistado que jogue uma moeda: se o
resultado for cara, responda a “você usa drogas?” e, se o resultado
for coroa, responda a “sua idade é um número par?”. Assim, caso o
entrevistado diga sim, o entrevistador não saberá se ele é um
usuário de drogas ou se apenas tem idade par. Se 30% dos
entrevistados respoderem sim, qual é o valor estimado de p?

s = P(sim) = 0, 5p + 0, 5 · 0, 5.
Daı́, p = 2s − 0, 5 = 2 × 0, 3 − 0, 5 = 0, 1.
PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 11/14
O espaço amostral pode ser infinito
A e B lançam sucessivamente um par de dados até que um deles
obtenha soma de pontos 7 e vença o jogo. Se A é o primeiro a
jogar, qual é a probabilidade de ser o vencedor?
6
A probabilidade de obter soma 7 é 36 = 16 e a de não ser soma 7 é
1 5
1 − 6 = 6 ·.
Para A ganhar, ou A ganha na primeira mão, ou na segunda, ou na
terceira, etc.
A probabilidade de A ganhar na primeira mão é 16 .
A probabilidade de A ganhar na segunda mão é ( 65 )2 · 16 .
(nem A nem B podem obter soma 7 na primeira mão e A deve
obter soma 7 na segunda mão).
A probabilidade de A ganhar na terceira mão é ( 56 )4 · 61 , e
assim por diante.
A probabilidade de A ganhar é
1
1 5 2 1 5 4 1 6
6 + (6) · 6 + (6) · 6 + · · · = = 11 .
6
1−( 56 )2

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 12/14


O espaço amostral pode ser infinito

Selecionam-se ao acaso dois pontos em um segmento de tamanho


1, dividindo-o em três partes. Determine a probabilidade de que se
possa formar um triângulo com essas três partes.

Para que exista um triângulo de lados x, y − x e 1 − y devemos ter


x <y −x +1−y
y −x <x +1−y
1 − y < x + y − x.
Isto é equivalente a
x < 0, 5
y < x + 0, 5
y > 0, 5.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 13/14


Continuação
Escolher x e y pertencentes a [0, 1], com x 6 y , equivale a escolher
um ponto (x, y ) no triângulo T da figura abaixo.

O triângulo existirá se e somente se o ponto (x, y ) satisfaz x < 0, 5,


y < x + 0, 5 e y > 0, 5, o que corresponde à parte sombreada do
triângulo T .
A probabilidade de A = “as três partes formam um triângulo” é
proporcional à área da parte sombreada. Logo,
P(A) = P(A) área sombreada = 1 ·
P(S) = área de T 4

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 18, Probabilidade Condicional slide 14/14


MA12 - Unidade 21
Médias e Princı́pio das Gavetas

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

6 de Junho de 2013
Médias

Ideia geral de média: substituir uma lista de valores por um


único valor, que preserve uma certa caracterı́stica dessa lista.

Principais médias:
Média aritmética: preserva a soma dos valores.
Média geométrica: preserva o produto dos valores.
Média harmônica: preserva a soma dos inversos dos valores.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 21, Médias e Princı́pio das Gavetas slide 2/12
Definições

A média aritmética (simples) da lista de n números


x1 , x2 , . . . , xn é definida por
x1 + x2 + · · · + xn
x̄ = .
n
A média geométrica (simples) dos n números positivos
x1 , x2 , . . . , xn é definida por

g= n
x1 x2 . . . xn .

A média harmônica (simples) dos n números positivos


x1 , x2 , . . . , xn é definida por
n
h= 1 1 1
.
x1 + x2 + ··· + xn

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 21, Médias e Princı́pio das Gavetas slide 3/12
Médias Ponderadas

A média aritmética ponderada dos números x1 , x2 , . . . , xn com


pesos respectivamente iguais a p1 , p2 , . . . , pn é definida por
p1 x1 + p2 x2 + · · · + pn xn
.
p1 + p2 + · · · + pn
Quando os pesos são inteiros não negativos, corresponde à
média aritmética simples da lista em que p1 elementos são
iguais a x1 , p2 são iguais a x2 , etc.
Mas a definição também faz sentido quando p1 , p2 , . . . , pn são
números não negativos arbitrários.
Caso particular: quando p1 + p2 + . . . + pn = 1, a média
aritmética ponderada reduz-se a p1 x1 + p2 x2 + . . . + pn xn .

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Exemplo

Uma empresa produziu, durante o primeiro trimestre do ano


passado, 500, 200 e 200 unidades, em janeiro, fevereiro e
março, respectivamente. Qual foi a produção média mensal
nesse trimestre?
Queremos uma média M tal que, se a produção mensal fosse
sempre igual a M, a produção trimestral seria a mesma.
3M = 500 + 200 + 200
500+200+200
M= 3 = 300.
A média apropriada é a aritmética.

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Exemplo

Uma empresa aumentou sua produção durante o primeiro


bimestre do ano passado. Em janeiro e em fevereiro, as taxas
de aumento foram de 21% e 8%, respectivamente. Qual foi a
taxa média de aumento mensal nesse bimestre?
Queremos uma taxa média i tal que, se em todos os meses a
taxa de aumento fosse igual a i, o aumento bimestral seria o
mesmo.
(1 + i)2 = 1, 21 · 1, 08

1 + i = 1, 21 · 1, 08 ∼ = 1, 1432
i=∼ 0, 1432 = 14, 32% (note que a média aritmética dos
aumentos é 14,5%).
O fator de aumento médio é a média geométrica dos fatores
de aumento mensais.

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Exemplo
Uma viagem de automóvel de ida e volta foi feita com uma
velocidade de 48 km/h na ida e de 72 km/h na volta. Qual foi
a velocidade média em todo o percurso?
Queremos uma velocidade média v tal que, se todo o percurso
(de extensão igual a 2d) fosse feito nesta velocidade, o tempo
total de viagem seria o mesmo.
2d d d
= +
v 48 72
1 1
1 48 + 72 5
= = 288
v 2
v = 288
5 = 57, 6 km/h (note que a média aritmética das
velocidades é 60 km/h).
A velocidade média no percurso é a média harmônica das
velocidades.

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Propriedade

Se a média aritmética dos números x1 , x2 , . . . , xn é igual a x̄,


pelo menos um dos números x1 , x2 , . . . , xn é maior que ou
igual a x̄.
Se x1 < x̄, x2 < x̄, · · · , xn < x̄, terı́amos
x1 + x2 + · · · + xn < nx̄
x1 +x2 +···+xn
n < x̄
x̄ < x̄
o que é absurdo.

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Exemplo

Mostre que, em um grupo de 50 pessoas, há sempre pelo


menos 5 que nasceram no mesmo mês.
O número médio de pessoas por mês é 50 ÷ 12 = 4, 1 . . ..
Logo, em algum mês o número de nascidos nesse mês (que é
um inteiro) é maior que ou igual a 4,1..., ou seja, é maior que
ou igual a 5.

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O Princı́pio das Gavetas

Se n + 1 ou mais objetos são colocados em n ou menos


gavetas, então pelo menos uma gaveta recebe mais de um
objeto.
O número médio de objetos por gaveta é maior que ou igual a
n+1
n , que é maior que 1.
Logo, em alguma gaveta haverá um número de objetos maior
que 1 (ou seja, maior que ou igual a 2).

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Exemplo

Mostre que todo inteiro positivo n tem um múltiplo que se


escreve apenas com os algarismos 0 e 1.
Considere os n + 1 primeiros números da sequência 1, 11, 111,... e
os restos das divisões desses números por n. Esses restos só podem
ser iguais a 0, 1, 2, . . . , n − 1.
Pensando nos números como objetos e nos restos como gavetas,
temos mais objetos do que gavetas.
Pelo Princı́pio das Gavetas, há dois números (objetos) na sequência
que dão o mesmo resto (estão na mesma gaveta) quando divididos
por n.
Sejam estes números 11 ... 1 (p algarismos) e 11 ... 1 (q
algarismos), p < q.
A diferença desses números é um múltiplo de n e se escreve
11 . . . 10 . . . 0, com p algarismos 0 e q − p algarismos 1.

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Exemplo
Cinco pontos são tomados sobre a superfı́cie de um quadrado
de lado 2. Mostre que há dois desses pontos√tais que a
distância entre eles é menor que ou igual a 2.
Divida o quadrado de lado 2 em quatro quadrados de lado 1,
ligando os pontos médios dos lados opostos.

Pensando nos pontos como objetos e nos quadrados como gavetas,


temos mais objetos do que gavetas.
Pelo Princı́pio das Gavetas, alguma gaveta receberá mais de um
objeto, isto é, haverá dois pontos no mesmo quadrado de lado 1.
A distância entre esses pontos é no máximo igual ao comprimento

da diagonal do quadrado, que é 2.
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MA12 - Unidade 22
A Desigualdade das Médias

Paulo Cezar Pinto Carvalho

PROFMAT - SBM

6 de Junho de 2013
A desigualdade das médias

Teorema: Sejam A, G e H, respectivamente, as médias


aritmética, geométrica e harmônica de n valores positivos
x1 , x2 , . . . , xn .
a) A ≥ G ≥ H
b) a igualdade só ocorre quando todos os valores são iguais

Observação: G ≥ H decorre de A ≥ G

A≥G ⇒
1
+ x1 +... x1 q
1 1
x1 2
n
n
≥ n
x1 · x2 · · · x1n ⇒
n √
1
+ x1 +... x1
≤ n x1 x2 . . . xn ⇒
x1 2 n

H≤G

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O caso n = 2

Sejam x1 e x2 números positivos


x1 +x2 √
A−G = 2 − x1 x2

x1 +x2 −2 x1 x2
= 2
√ √
( x1 − x2 )2
= 2 ≥0

Além disso, a igualdade só ocorre quando x1 = x2 .

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O caso n = 2k
A prova é feita por indução.
Vale para k = 1 (corresponde a n = 2).
Suponhamos válida para n = 2k ; vamos mostrar que vale para
2n = 2k+1 .
x1 + . . . + xn + xn+1 + . . . + x2n
A=
2n
x1 +...+xn xn+1 +...+x2n
n + n
=
2
√ √
n
x1 · · · xn + n xn+1 · · · x2n

2

≥ 2n x1 · · · xn · xn+1 · · · x2n = G
Além disso, a igualdade só vale quando
x1 = . . . = xn , xn+1 = . . . = x2n e x1 · · · xn = xn+1 · · · x2n ,
ou seja, quando x1 = . . . = xn = xn+1 = . . . = x2n .
Logo, a propriedade é também válida para 2n = 2k+1 .
Por indução, a desigualdade das médias vale para todo n da
forma 2k .
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O caso geral

A prova consiste em completar a lista com valores iguais à


média aritmética dos n números, até o número de valores
tornar-se uma potência de 2.
Ilustramos para n = 3, quando completamos a lista x1 , x2 , x3
com um quarto valor igual a A = x1 +x32 +x3 .

A = x1 +x2 +x
4
3 +A
> 4 x1 x2 x3 A
A4 > x1 x2 x3 A
A3 > x1 x2 x3

A > 3 x1 x2 x3 = G
Além disso, a igualdade só vale quando x1 = x2 = x3 .

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 22, A Desigualdade das Médias slide 5/7
Exemplo

Mostre que, entre todos os retângulos de perı́metro 2p, o


quadrado é o de maior área.
Se os lados do retângulo são x e y , temos x + y = p, isto é, a
p
média aritmética de x e y é igual a .
2
A área do retângulo é S = xy .
Pela desigualdade das√médias:

xy 6 x+y
2 , ou seja, S 6 p2 .
p2
Logo, S 6 4 e a igualdade só é obtida quando x = y .
p
Portanto, o retângulo de maior área é o quadrado de lado 2 e
área p 2 /4.

PROFMAT - SBM MA12 - Unidade 22, A Desigualdade das Médias slide 6/7
Exemplo
Qual é o valor mı́nimo da área total de um bloco retangular de
volume 64 cm3 ? Quais são as dimensões do bloco neste caso?
Se as dimensões do bloco são a, b e c, temos V = abc = 64 e
S = 2(ab + ac + bc).
Aplicando a desigualdade das médias aos números ab, ac e
bc, temos:
ab+bc+ac

3 ≥ 3 ab · bc · ac
√3

S
≥ V 2 = 3 642 = 16
6

Logo, S ≥ 6 × 16 = 96 cm2 .

A igualdade ocorre quando ab = ac = bc, ou seja, quando


a = b = c.

Portanto, o valor mı́nimo da área é igual a 96√cm2 e ocorre


quando o bloco é um cubo de aresta igual a 3 64 = 4 cm.
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