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2008

Propriedade Intelectual e Governança da Internet


Carlos A. Afonso | Pedro Mizukami
Propriedade Intelectual e Governança da Internet
Carlos A. Afonso | Pedro Mizukami

A tutela da propriedade intelectual tem se tornado um


assunto de primeira importância para a construção da
governança da Internet. A proteção concedida aos direitos
(WSIS), organizado pela Organização das Nações Unidas
(ONU) em duas fases: 10 a 12 de dezembro de 2003, em
Genebra, e 16 a 18 de novembro, em Tunis. A primeira fase
autorais, marcas e patentes tem se tornado um assunto chave do WSIS resultou na elaboração da Declaração de Princípios
para a opção entre diversos modelos de regulação de assuntos de Genebra e do Plano de Ação de Genebra, e a segunda, na
que, por vezes, não guardam uma relação imediata – e de fácil redação do Compromisso de Tunis e da Agenda para a Sociedade
percepção – com o tema da propriedade intelectual. da Informação de Tunis.

Valendo-se da oportunidade representada pela realização O WSIS teve como finalidade ser um espaço para discussões a
no Rio de Janeiro do IGF, o Internet Governance Fórum, entre respeito de como as tecnologias da informação e comunicação
os dias 12 e 15 de novembro, de 2007, o presente artigo busca poderiam ser utilizadas para o cumprimento dos princípios
localizar como o debate sobre propriedade intelectual tem e metas da United Nations Millenium Declaration. A idéia,
sido conduzido nos fóruns de discussão sobre governança em síntese, é a de que as tecnologias da informação e
na Internet. Especial atenção é oferecida à programação do comunicação ofereceriam enormes potenciais para a
IGF-Rio, embora as conclusões aqui apresentadas tenham ampliação de acesso à informação e conhecimento, de modo
por escopo indicar um cenário mais abrangente, no qual que a falta de acesso às próprias tecnologias repercutiria
propriedade intelectual é vista como um tópico fundamental negativamente em questões de desenvolvimento.
para a construção de um ambiente aberto, democrático e
plural de regulação da rede. Durante o WSIS, desenvolveu-se, assim, um conceito
de governança da internet muito mais amplo do que o
habitual – que se limita a aspectos técnicos da estrutura e
1. Formação de um fórum funcionamento das redes, como, por exemplo, os protocolos
global sobre governança da Internet: que possibilitam a formação da internet, processos de fixação
de standards, o sistema de nomes de domínio, etc. – e tem
O Internet Governance Forum (IGF) é fruto dos trabalhos na internet uma “global facility available to the public”, cuja
realizados no World Summit on the Information Society administração deveria ser transparente e democrática, com

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envolvimento de governos, setor privado, sociedade civil e Ressalte-se que o IGF, conforme o item 73 da Agenda de
organizações internacionais. Administração da internet, de Tunis, tem como objetivo somar-se às estruturas já
acordo com a Declaração de Princípios de Genebra, engloba estabelecidas de governança da internet e não substituí-
não apenas problemas estritamente técnicos, mas também las, atuando como um facilitador de contatos entre os
a discussão de qualquer política pública relevante à gestão múltiplos interessados em questões de governança
da rede como recurso globalmente disponível. – governos, sociedade civil, empresas, organizações
intergovernamentais – oferecendo recomendações e
Tendo esse contexto como pano de fundo, o IGF surgiu, melhores práticas como vetores para a instituição de
mais especificamente, das discussões realizadas na segunda políticas públicas em diversos níveis. Prevê-se que o IGF
fase do WSIS, prevendo-se a sua criação no item 72 da deverá reunir-se periodicamente. A reunião do Rio, a
Agenda de Tunis, que determinou a composição de um ser realizada nos dias 12 a 15 de novembro de 2007, será a
novo fórum para a discussão de políticas públicas relativas segunda, tendo a primeira reunião ocorrido em Atenas, em
ao tema da governança da internet, procurando incentivar 2006, dela emergindo uma série de “coalizões dinâmicas”,
diálogo entre múltiplos interessados (abordagem multi- concentradas em interesses específicos, que voltarão a se
stakeholder), de forma multilateral e transparente. reunir no Rio este ano.

Dentre as atribuições do IGF, pode-se apontar como as


mais importantes: discutir políticas públicas relativas aos 2. Propriedade intelectual e
elementos-chave da governança, tendo em vista proporcionar governança da internet
sustentabilidade, robustez, segurança, estabilidade e
desenvolvimento da internet; interagir com entidades “Propriedade intelectual” não é um rótulo desprovido de
intergovernamentais; facilitar a troca de informações problemas. Como é freqüentemente lembrado, abriga direitos
e melhores práticas, fazendo uso do conhecimento das relativos a bens que, apesar de terem como característica
comunidades acadêmica, científica e técnica; identificar comum a intangibilidade que é própria da informação,
questões emergentes e levá-las ao conhecimento de considerada em sentido amplo, são bastante diferentes
governos e público em geral, fazendo recomendações entre si. Quando se fala em propriedade intelectual, pode-
quando pertinente; e fortalecer e incentivar o engajamento se fazer referência a direitos autorais, patentes, marcas
das partes interessadas nos processos existentes e futuros registradas, cultivares, topografias de circuitos integrados
de governança da internet. Nota-se, ao mesmo tempo, etc., de modo que em algumas ocasiões fazer menção a
uma nítida preocupação de fomento à inclusão digital e à proprie­­dade intelectual pode causar confu­sões indesejadas,
participação de países em desenvolvimento nos processos principalmente em se tratando da discussão de políticas
de governança, o que reflete a vinculação original do WSIS públicas – o que vale para um regime ideal de direitos autorais
aos princípios da United Nations Millenium Declaration. não necessariamente vale para um regime ideal de patentes.

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Por outro lado, o rótulo pode ser conveniente como foco Observando as coalizões dinâmicas que se formaram no
aglutinador de questões que envolvem todos ou boa parte IGF Atenas e vão estar presentes no IGF Rio, há apenas
dos direitos envolvidos, como o acesso ao conhecimento. uma que inclui de forma ostensiva os IPRs dentre suas
De toda maneira, o termo tão fortemente se inseriu no preocupações principais: A2K@IGF (access to knowledge at
repertório conceitual do direito, da economia e da política, IGF). As demais coalizões tratam do tema indiretamente,
bem como em estruturas institucionais corporativas e de como parte de uma pauta mais abrangente, ou simplesmente
direito internacional, que é inviável abandoná-lo. Resta o não o abordam pelo mesmo não guardar qualquer conexão
problema, entretanto, de se fazer distinções quando se usa com o tópico a ser debatido. A coalizão da Internet Bill of
uma sigla como IPRs (intellectual property rights), tamanha Rights merece menção como exemplo de coalizão que toca
sua abrangência. Quando se propõe a analisar a presença dos em temas de propriedade intelectual, mas possui metas
IPRs no IGF Rio, esse problema é palpável: quais tópicos, mais abrangentes, como o estabelecimento de diretrizes
dentre o vasto leque disponível, seriam relevantes? para a regulação de direitos fundamentais – aqui incluídos
aqueles relacionados às IPRs – no ambiente de Internet.
Os IPRs que têm maior grau de importância em questões
relativas à governança da internet – no sentido amplo de Dentre os temas presentes no IGF, a julgar pelas coalizões
governança adotado pelo IGF –, são os direitos autorais, dinâmicas formadas e pelo cronograma do evento, podemos
devido aos instrumentos que a tecnologia digital e as apontar os seguintes como focos potenciais de discussão
estruturas de distribuição de conteúdo da rede conferiram os seguintes: (a) exceções e limitações a direitos autorais;
à pessoa média para a reprodução e modificação facilitada (b) modelos alternativos de licenciamento; e (c) TPMs
de informação. O presente artigo acompanha a prevalência e sistemas de DRM. Evidentemente, não se esgota o rico
atual dos direitos autorais em debates dedicados à análise repertório de temas de direitos autorais – muito menos
de políticas públicas em propriedade intelectual, e propriedade intelectual em geral –, a partir dos tópicos
procura identificar, nas discussões a serem realizadas indicados, e é muito provável que outros sejam lembrados
no IGF Rio, possíveis pontos de contato entre a agenda durante o evento. Mas para os propósitos do presente artigo,
do evento e problemas relacionados a direitos autorais. é suficiente fazer uma breve exposição dos temas eleitos, e
Outros IPRs, entretanto, também são muito relevantes para identificar sua possível presença nas sessões do IGF Rio.
a governança da internet, como é o caso das patentes e das
marcas registradas. Patentes, em particular, são relevantes 2.1 Direitos autorais – exceções e limitações
no que concerne à própria definição de open standards,
um tema bastante presente no IGF Rio, e em relação Conforme a internet e, em geral, tecnologias da informação
ao desenvolvimento de software livre, que tem um e comunicação ampliem as possibilidades de acesso a con­
papel estrutural muito importante para o funcionamento teúdo, e de acesso às ferramentas para produção de conteúdo,
da rede. regimes de exceções e limitações aos direitos autorais

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surgem como uma das preocupações fundamentais de de um regime de direitos autorais por demais rígido e
governança. Se por um lado se assegura direitos exclusivos inflexível sobre a educação e sobre a própria produção de
a autores (e àqueles a quem são transferidos esses direitos), conteúdo que os direitos exclusivos procuram incentivar.
como forma de incentivo à criação e divulgação de obras O principal motivo pelo qual não se costuma falar a respeito
intelectuais, por outro há interesses de acesso e uso de de exceções e limitações com a devida profundidade e
conteúdo que precisam ser sopesados em relação aos amplitude pode ser atribuído à apropriação, que vem desde
incentivos que, teoricamente, as normas de direitos autorais a fundação dos regimes de direito autoral, por parte de
proporcionam. um número reduzido de atores, do processo legislativo
referente à matéria. Essa apropriação resultou na positivação
O tema das exceções e limitações é extremamente relevante de normas que atendem a interesses predominantemente
para as discussões do IGF. Caso se defenda uma arquitetura industriais, em detrimento de outros tão relevantes quanto,
normativa hostil a algumas das mudanças tecnológicas, e impõe barreiras discursivas a quaisquer movimentos
sociais e econômicas em curso, é possível que a própria de reforma.
estrutura da rede seja conformada de modo a excluir
acesso a conteúdo, ou à possibilidade de manipulação e Após a explosão da internet e da tecnologia digital, essa
transformação de informação por parte dos usuários da situação tem aos poucos se modificado. Alguns setores
rede. Preservar um ambiente em que exista um efetivo da sociedade, antes alheios a debates de política pública
equilíbrio de interesses entre autores, editores e usuários autoral, se viram, pela primeira vez, inseridos em intensas
de conteúdo – categorias que cada vez mais têm um elevado discussões relativas às funções e atributos dos direitos
grau de sobreposição –, sem que se coloque entraves às autorais. A questão das exceções e limitações surge, assim,
novas possibilidades proporcionadas pela internet, seja como inevitável, porquanto intimamente ligada à própria
em relação a novos modelos de negócio, seja em relação ao fundamentação para um regime de direitos autorais. Idéias
desenvolvimento de tecnologia ou democratização de acesso como a de acesso ao conhecimento, além disso, surgem como
às ferramentas de produção e distribuição de informação, foco aglutinador de questões relacionadas à produção e
é talvez a principal preocupação que pode ser lembrada fluxo de informação, e forçam uma maior exposição do tema
quando se associa as idéias de governança de internet à de das exceções e limitações, agora analisadas tendo-se como
direitos autorais. parâmetro uma série de outros direitos que antes tinham
presença mais reduzida na avaliação crítica dos regimes
Apesar de sua importância, uma análise histórica do tradicionais, ou eram tidos como de convivência harmoniosa
percurso seguido pelo tema das exceções e limitações com esses regimes.
ao direito autoral demonstra que eles ficam em segundo
plano em muitos debates para os quais seriam de extrema No que concerne a um fórum como o IGF, entretanto, alguns
relevância. É o caso, por exemplo, dos efeitos negativos problemas de direito comparado podem ser apontados.

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Se alguns países ainda têm alguma tradição na discussão muitas vezes interpretadas sem qualquer observância
dos potenciais efeitos negativos dos direitos autorais aos fundamentos constitucionais do regime autoral.
sobre outros direitos e interesses, como é o caso dos EUA, Diversidade em abordagens quanto à implementação de um
o contrário ocorre em países como o Brasil, no qual um sistema de exceções e limitações, portanto, é outro fator
forte discurso de fundamentação jusnaturalista impede a ser considerado em um fórum internacional. É preciso
que a função dos direitos autorais seja abordada de forma encontrar um repertório comum para a discussão do tema
crítica, e investigada com seriedade tanto em relação a seus das exceções e limitações, de modo que se estabeleça
aspectos teóricos, quanto em relação à sua implementação orientações que levem em conta a diversidade observável
normativa prática. em relação a argumentos de fundamentação e formas de
implementação, para a proposta de políticas públicas
Nessa perspectiva, autores são tomados como gênios frágeis compatíveis com o contexto atual da internet, e sem que se
e carentes de proteção em níveis extremos, sem a qual todo sacrifique os potenciais de inovação e acesso a conhecimento
o processo de produção cultural deixaria de existir, quando que ele traz.
em realidade é possível apontar arranjos diferenciados
para produção de informação e, por conseqüência, dife­ 2.2 Modelos alternativos de licenciamento
rentes modelos legislativos que poderiam ser propostos
em contraposição ao tradicional. Há, desta maneira, Com a explosão e popularização do movimento do software
uma variedade de pontos de vista em relação à força dos livre, e com a estratégia de marketing do movimento open
argumentos de fundamentação dos direitos autorais entre source, novos modelos de licenciamento que oferecem
diferentes países, o que é relevante lembrar em se tratando alternativas ao padrão das leis de direitos autorais
de um fórum global como o IGF. Observe-se que a difusão começaram a proliferar, e serem amplamente adotados
de novos argumentos relativos a estratégias de produção de como plataformas para colaboração coletiva, ou mesmo
informação, como os apontados por Benkler e von Hippel, para a sustentação de modelos de negócio inovadores
dentre outros, também devem ser lembrada, à medida baseados em produção individual, não-colaborativa.
que esses argumentos conduzem a uma reavaliação dos O caso paradigmático é o do conjunto de licenças do projeto
paradigmas utilitaristas e jusnaturalistas tradicionais. Creative Commons.

Outro problema que merece destaque é a existência de As bases jurídicas para a elaboração de licenças livres, em
mais de um modelo para o estabelecimento de exceções e geral, são as mesmas estabelecidas pelo regime tradicional de
limitações aos direitos autorais. É muito diferente o modelo direitos autorais, tendo como base a concessão autor-usuário
pautado por critérios gerais do fair use americano, daquele de permissões variáveis, em oposição à habitual reserva de
vigente em países de tradição romano-germânica, que todos os direitos atribuídos ao autor, típica dos modelos de
operam a partir de listas rígidas de exceções e limitações, negócio que se desenvolveram após a criação dos sistemas

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de copyright/direitos autorais, iniciada a partir do século Para questões de governança de internet, é relevante
XVIII, com o subseqüente deslocamento, nas estruturas apontar que da mesma forma como as licenças livres atuam
de produção cultural, de uma dominância do mecenato de modo a sustentar plataformas legais para se repensar o
para uma dominância do mercado. Toda a arquitetura direito autoral, e para que atores em dispersão ao redor
jurídica que foi erigida e se modificou para acompanhar do mundo colaborem coordenadamente na produção
essa transição funciona a partir de certas pressuposições a de conteúdos diversos, também se inserem em um
respeito de como o mercado cultural funciona, e de quais contexto de crise da propriedade intelectual, e de contra-
seriam os melhores arranjos jurídico-econômicos para ofensivas de atores interessados em maximizar, em graus
proporcionar a autores os incentivos necessários produzir absoluto, o regime já estabelecido, ao invés de procurar
e assegurar que continuem produzindo. adaptar-se às transformações tecnológicas, sociais e
econômicas correntes.
Ocorre que, ao contrário do que a lógica habitual sustenta,
e do que as doutrinas jurídicas e econômicas pregam, o À medida que novas criações sempre dependem,
fenômeno da motivação para a produção de conteúdo não em alguma medida, de criações pretéritas, a produção
é plenamente contemplado, em todas suas sutilezas, pelas normativa recente de direitos autorais, bem como outras
teorias de fundamentação dos regimes de direitos autorais. normas afins (como as que impõem sanções à violação
Motivação para produção não depende necessariamente de de TPMs e sistemas de DRM), pode perturbar o
incentivos econômicos, e mesmo quando depende, pode ecossistema institucional que viabiliza a produção
não depender da existência direitos exclusivos. colaborativa, assim como produções individuais que
dependam em grande medida do reaproveitamente
Se por um lado, todavia, os modelos de licenciamento de material não necessariamente livre de proteção de
alternativos dependem do regime tradicional de copyright/ direitos autorais.
direitos autorais, por outro também são exemplos muito
nítidos de como o sistema vigente é desequilibrado Como a internet é, por excelência, o ambiente que torna
em favor de certos modelos de negócio e estruturas de possível essas novas modalidades de produção cultural, é
produção cultural, que podem inclusive atuar em alguns importante que políticas públicas referentes à governança
contextos como incentivos negativos para produção. da internet incorporem, como preocupação fundamental,
Os modelos de licenciamento livre fazem parte, dessa a defesa de um espaço que dê continuidade a iniciativas
maneira, de um movimento que procura modificar “de de produção/manutenção/gestão de informação fora das
baixo para cima” as normas estabelecidas de direito estruturas tradicionais industriais. Ressalte-se que isso
autoral, a partir do direito contratual, fazendo com que implica, no caso de software, ter em mente não apenas
as relações produtor-distribuidor-usuário de conteúdo as normas de direitos autorais, mas também a legislação
sejam repensadas na prática. sobre patentes.

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2.3 TPMs e sistemas de DRM Tanto as TPMs quanto os sistemas de DRM têm sérios
problemas de implementação. Os problemas podem ser
Outro tema potencialmente relevante para as discussões a técnicos, uma vez que até o presente momento não houve
serem realizadas no IGF Rio é o das TPMs (technical/techno­ um sistema de DRM que fosse inviolável, e pendente um
logical protection measures – medidas técnicas/tecnológicas de até o momento utópico sistema de trusted computing – um
proteção) e sistemas de DRM (digital rights management – ecossistema inteiramente fechado de componentes de
gestão digital de direitos ou gestão de direitos digitais). hardware e software –, não há perspectiva de se eficazmente
controlar reprodução e manipulação de informação por via
Tanto TPMs quanto sistemas de DRM costumam ser lembrados tecnológica. Os problemas de implementação também são
em conjunto, ainda que os conceitos não sejam inteiramente jurídicos, devido ao fato de que sistemas de DRM podem
equivalentes. Há uma sobreposição muito grande entre eles, encontrar barreiras no direito de determinados estados,
mas a rigor, TPMs são quaisquer medidas técnicas destinadas como é o caso do Brasil, cuja legislação consumerista
ao controle de acesso e/ou uso de conteúdo, enquanto sistemas impossibilita práticas corriqueiras em se tratando
de DRM são arranjos complexos de tecnologias destinados de contratos eletrônicos de conteúdo digital, como a
à execução automatizada de contratos eletrônicos. Como a disposição de direitos pelo consumidor via contrato
função mais visível de um sistema de DRM é, com efeito, de adesão. Por último, há problemas conjunturais de
controlar acesso e uso de conteúdo, faz-se a equiparação implementação, pois o contexto econômico, social e
entre TPMs e sistemas de DRM, o que por vezes pode impor tecnológico atual é hostil à insistência em modelos de
obstáculos a uma compreensão adequada dos fenômenos. negócio que procuram apenas modificar os antigos para o
espaço da rede, ao invés de se adaptar às radicais alterações
Os debates concentram-se em torno da reprodução não- provocadas pela transição de uma economia de informação
autorizada e pirataria, quando na realidade os sistemas de industrial para uma economia de informação em rede, e
DRM objetivam, principalmente, tornar auto-executáveis pela intensificação de formas colaborativas de produção
contratos de adesão relacionados a conteúdo digital, e assim de conteúdo alavancadas pela internet.
viabilizar modelos de negócios baseados em discriminação
de preço abusiva, envolvendo ao mesmo tempo a cobrança Importante notar que a partir do uso de sistemas de DRM
de usos de conteúdo antes não-cobrados, como por exemplo ocorre um deslocamento do núcleo normativo básico das
o número de vezes em que se pode ouvir uma determinada normas de direito de autor, impostas por lei, para normas
música. Outro componente habitual de sistemas de DRM é de direito contratual, impostas por apenas uma das partes
o uso de instrumentos monitoração de hábitos de consumo da relação de consumo, em relação à regulação de condutas
para a composição de bases de dado que, além de servirem a concernentes ao uso de bens intelectuais. Estabelece-se,
marketing direcionado, são um bem em si mesmo, protegido assim, um sistema totalmente privado de normas relativas
em alguns países como propriedade intelectual. a acesso e uso de obras em formato digital: um dos objetivos

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desses sistemas é, com efeito, estabelecer normas auto- minantemente técnicos relacionados à própria infra-
executáveis – porquanto implementadas por meios técnicos estrutura da internet, tais como o sistema de nomes de
– de controle de acesso e uso de conteúdo, em franco domínio, fixação de standards, peering e interconexão etc. São
desrespeito às limitações de direito de autor estabelecidas assuntos mais intimamente ligados à idéia de governança de
pelo ordenamento jurídico. rede no seu sentido original, mais estrito;

Como TPMs e sistemas de DRM dependem, muitas vezes, de b) Acesso agrupa preocupações voltadas a problemas de
comunicação remota entre computadores e das estruturas da inclusão digital, tendo em vista a análise de políticas públicas
internet, podem ser considerados uma questão prioritária que poderiam fomentar ambientes institucionais aptos a
em discussões sobre governança, principalmente incentivar a construção de infra-estrutura técnica/sócio-
quando podem provocar mutações estruturais na própria econômica de modo a garantir possibilidade de acesso a
configuração da rede, caso insista-se na adoção obrigatória, populações não-conectadas;
por via legal, de certos standards, práticas e sistemas
de controle de conteúdo. Há diversos motivos para que c) Diversidade cuida, em síntese, de diversidade lingüística
não se defenda a adoção desses sistemas, mas há atores na internet. O inglês, nos dias de hoje, atua como a língua
interessados em que eles sejam não apenas tecnicamente franca da internet, e existe a preocupação, por parte de
implementados, mas também sustentados e protegidos por alguns atores, quanto ao espaço dedicado em rede a outras
lei, em prejuízo a quaisquer outros direitos afetados. línguas, comparativamente muito menor, e quanto a uma
conseqüente escassez de conteúdo em língua não-inglesa;

3. O debate sobre propriedade d) Abertura trata de acesso a, e fluxo de, informação, tanto
intelectual no IGF Rio em relação ao direito de liberdade de expressão, quanto a
direitos de propriedade intelectual;
A agenda do IGF Rio foi dividida em seis grupos temáticos:
recursos críticos da Internet, acesso, diversidade, e) Segurança, como o nome autoriza a concluir, reúne
abertura, segurança e questões emergentes. Para maiores tópicos tão diversos como a prevenção de crimes digitais,
detalhes, pode-se consultar o synthesis paper elaborado a privacidade, terrorismo, e a proteção de crianças na
partir de todas as contribuições enviadas ao IGF pelos atores Internet;
envolvidos, mas os grupos temáticos podem ser resumidos
da seguinte maneira: f) Questões emergentes, por fim, visa a debater a formação
de políticas públicas para a Internet, levando-se em
a) Critical internet resources (recursos críticos da consideração questões como os impactos econômicos e
internet) é um rótulo que faz referência a tópicos predo­ políticos do crescimento da rede, os efeitos provenientes

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da expansão de conteúdos gerados por usuários e as Protect Fundamental Rights (WS 13), Upholding Human Rights
possibilidades de aplicação da legislação antitruste para on the Global Internet - Toward a Unified Industry Solution
garantir a livre concorrência na Internet. (WS 14), Open Standards (DC 5), The Intersection of Open ICT
Standards, Development and Public Policy (WS 6), Signposts,
Todas as sessões e workshops do IGF podem ser relacionados Benchmarks, and the Public Interest: Solving the Challenge of
a pelo menos um dos grupos acima mencionados. O grupo Keeping an Open Medium Open (BPF 10), Online Collaboration
mais diretamente relevante, em se tratando de IPRs, é o (DC 8), Cybercrime Convention (BPF 14), A2K@IGF (DC 9), e
de abertura, mas há espaço para a discussão de tópicos do Public Policy on the Internet (WS 31).
direito da propriedade intelectual em qualquer dos demais,
ainda que de forma tangencial. Dito de outra forma, é Observe-se que, para que se considere “diretamente
evidente que os IPRs não terão papel de destaque em uma relevantes” as sessões em se tratando de IPRs, é necessário
sessão dedicada, por exemplo, à proteção de crianças em encarar-se o problema dos direitos de propriedade
ambientes na internet; e quanto mais estritamente técnico intelectual de forma mais ampla do que simplesmente
for o tópico, além disso, como a transição do sistema IPv4 para a questão de uma barganha entre entes privados e a
IPv6, menor a possibilidade de que temas de propriedade coletividade, sopesando-se incentivos para produção e
intelectual entrem em jogo. Mas pela onipresença atual da acesso a informação. É importante considerar os danos
propriedade intelectual, não seria de todo inusitado que colaterais que um regime inflexível de propriedade
mesmo em sessões mais técnicas os IPRs venham a surgir intelectual pode ter sobre direitos fundamentais como
como objeto de debate. privacidade, liberdade de expressão, educação, por um lado,
e por outro, políticas públicas estatais como – utilizando o
Para fazer-se um levantamento da presença dos direitos de exemplo do Brasil – , “garantir o desenvolvimento nacional”
propriedade intelectual nas sessões do IGF Rio, convém, (CF/88, art. 3º, II), “erradicar a pobreza e a marginalização
primeiramente, identificar em quais delas eles poderiam e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (CF/88,
ser considerados diretamente relevantes. Analisando o art. 3º, III), fomentar a “produção, promoção e difusão
cronograma, podemos apontar como de especial interesse de bens culturais” (CF/88, art. 215, II), promover “o
as seguintes sessões: FOEonline (DC1), The Digital Education desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação
and Information Policy Initiative: Towards the Development tecnológicas” (CF/88, art. 218, caput), dentre outras.
of Effective Exceptions to and Limitations on Copyright in the
Realm of Digital Education (WS7), Fundamental Freedoms Foi a partir da consideração de uma concepção de
in the Internet Governance Forum: Protecting and Promoting propriedade intelectual que admite que determinadas
Freedom of Expression, Freedom of Assembly and Association, configurações normativas concedendo direitos exclusivos a
and Privacy in the Information Society (WS 10), Internet Bill criadores podem ter danos colaterais além dos mais visíveis
of Rights (DC 3), Content Regulation and the Duty of States to desequilíbrios entre as esferas pública e privada no jogo

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entre incentivos para criação e acesso a bens culturais, que a Education (WS7), A2K@IGF (DC 9) e Internet Bill of Rights
lista de sessões acima foi elaborada. (DC 3), Cybercrime Convention (BPF 14) e Open Standards (DC
5)/The Intersection of Open ICT Standards, Development and
Essa não é, necessariamente, a visão que orientará a Public Policy (WS 6). Outra sessão provavelmente relevante
evolução das sessões do IGF Rio, principalmente quando os é Signposts, Benchmarks, and the Public Interest: Solving the
IPRs não forem um dos temas principais da pauta, ainda que Challenge of Keeping an Open Medium Open (BPF 10). A própria
sua relevância direta seja evidente. Exemplificando: é muito natureza das idéias de access to knowledge e information policy
possível que uma sessão como Online Collaboration (DC 8), impõe a discussão de temas de propriedade intelectual, e a
para a qual os temas do licenciamento livre e do regime de WS 7 explicitamente faz referência ao tema das exceções e
exceções e limitações a direitos autorais são particularmente limitações a direitos autorais. Os open standards dependem,
pertinentes, acabe se limitando a questões mais técnicas ainda, como já lembrado, da isenção de pagamento de
de infra-estrutura de rede, ou construção de ferramentas royaties de qualquer espécie, no que os IPRs surgem como
colaborativas como wikis. tema a ser discutido. A sessão da Cybercrime Convention, por
sua vez surge como espaço relevante para a discussão de
Também é possível que as várias sessões dedicadas ao IPRs em razão da preocupante tendência internacional de se
tema da liberdade de expressão, que é um direito que fazer uso do direito penal para o fortalecimento de sistemas
pode sofrer danos colaterais gravíssimos em razão de de direito autoral. A sessão da coalizão dinâmica da Internet
um regime desequilibrado de propriedade intelectual, Bill of Rights, por último [CAF, help].
concentrem-se em discussões relativas a crimes contra
a honra, direito à imagem, censura governamental da Analisadas as sessões em que os IPRs seriam, em tese,
internet, dentre outros temas, e deixem os IPRs em diretamente relevantes, resta uma série de sessões em
segundo plano. Além disso, há sessões extremamente que a propriedade intelectual é um tema indiretamente
abrangentes – como, por exemplo, Public Policy on the relevante, mas poderia ganhar destaque dependendo
Internet (WS 31) – nas quais os IPRs potencialmente do desenvolvimento das discussões. As seguintes
podem ter lugar de destaque, mas em que pela própria sessões encaixam-se nesse perfil:, Public participation in
diversidade de temas abrigados, discussões sobre Internet Governance: Emerging Issues, Good Practices and
propriedade intelectual não são apostas certas. Proposed Solutions (BPF 1), Promoting Network Security and
Constructing a Harmonious Internet (BPF 2), Freedom of
Pode-se dizer, entretanto, com bastante segurança, que Expression as a Security Issue (WS 3), Protecting Children
os IPRs serão discutidos com alguma profundidade nas from Sexual Exploitation through ICTs (WS 9), ‘Quality’ and
seguintes sessões: The Digital Education and Information the Internet: Using and Trusting Internet Content (WS 17), The
Policy Initiative: Towards the Development of Effective Exceptions Global Culture for Cybersecurity (WS 19), The Intersection of
to and Limitations on Copyright in the Realm of Digital Open ICT Standards, Development, and Public Policy (WS 20),

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Child Protection Online (BPF 12), Legislative Responses to possibilidade de que não se confira ênfase aos IPRs nessas
Current and Future Cyber-threats (WS 21), Security and Privacy sessões, a menos que os atores interessados em vê-las em
Challenges for new Internet Applications: A Multi-stakeholder pauta provoquem sua inclusão.
Approach (WS 23), Privacy (DC 7), ‘Privacy in Internet Identity
Management: Emerging Issues and New Approaches’ (WS 26),
Towards a Development agenda for Internet Governance (WS 4. Algumas reflexões sobre o papel
28), Framework of Principles for the Internet (DC 10), Internet da propriedade intelectual no processo
Governance - What Strategies for Developing Countries, What futuro de governança da Internet
Strategy for Africa? (WS 32).
Algumas conclusões podem ser apontadas sobre o papel
Observe-se o grande número de sessões relativas a que o debate sobre propriedade intelectual desempenha na
segurança na internet. Isso ocorre por dois motivos: formação do IGF, levando-se em conta a estrutura de suas
como a tecnologia de base para segurança tem alto grau duas primeiras versões (Atenas e Rio).
de sobreposição com a tecnologia utilizada para TPMs e
sistemas de DRM, e como esses sistemas também podem De início, é importante ressaltar que a concepção criada
ser conceptualizados como respostas a problemas de pelos responsáveis pela organização do IGF-Rio no sentido
segurança, abre-se espaço para a discussão, por via de que o fórum realizado na cidade carioca deveria ser
reflexa, de questões relativas aos IPRs. Outro motivo é “Athens-plus” é repleta de significados. A criação de tal
que expressões como “cibersegurança” e “ciberameaças” conceito parte de uma percepção que não desprestigia a
podem render conexões com “ameaças” como a primeira versão do fórum, ocorrido em Atenas em 2006,
pirataria, possivelmente associada intencionalmente, mas indica para a necessidade de superação, de avanço nos
em estratégia de marketing, a ameaças outras, como debates iniciados em Atenas.
terrorismo e pornografia infantil. É claro que artifícios
argumentativos como as associações indevidas apontadas Essa noção de avanço nos debates sobre os temas de
não necessariamente irão despontar no IGF, mas trata- governança representa uma oportunidade de transformar
se de uma estratégia freqüentemente utilizada por certos o evento do Rio no marco inicial de uma reflexão sobre
atores da indústria do conteúdo. o processo do IGF. Fala-se aqui em “processo” pois em
Atenas, por ser a primeira reunião do fórum, havia uma
As sessões sobre desenvolvimento, por fim, são ex­ expectativa sobre como o evento e suas irradiações iam
tremamente relevantes em se tratando de acesso a se acomodar. No Rio, por outro lado, como se trata da
conhecimento, mas como questões de desenvolvimento segunda reunião do fórum, já existe um passado sobre
podem ser transferidas inteiramente para problemas o qual refletir e um futuro para o qual pode-se traçar
diferentes, como a inclusão digital, por exemplo, existe a algumas previsões.

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O papel ocupado pelo tema da propriedade intelectual na painel. Nesse ponto, é preciso analisar os conceitos de
edição carioca do IGF é promissor, pois, como visto, de pluralidade, ou multistakeholder, que domina as discussões
forma direta ou indireta, o tópico está presente em uma série do IGF.
de painéis, workshops e comunicações individuais que serão
realizadas durante o evento. Se tanto é verdade, é necessário Se, por um lado, parece certo que a pluralidade de perfis na
perceber que alguns vícios da formação do próprio IGF composição dos painéis de discussão é uma, senão a única,
podem colocar em foco a produção de resultados que essa forma de assegurar a legitimidade do processo do IGF, reside
série de intervenções podem vir a ter. justamente nas noções de pluralidade e de processo o ponto
que deveria ser objeto de maiores atenções por aqueles que
Em primeiro lugar, a amplitude dos temas debatidos nas participam da organização de um fórum de elevada qualidade
mesas principais do IGF, e esse comentário vale tanto como o IGF.
para o evento de Atenas, como para o evento do Rio, deve
ser analisado. A composição de temas com ampla carga de Ao contar com perfis plurais e diversificados, o IGF expressa
abstração e contendo uma série de outros temas em espécie as mais diferentes opiniões sobre os mais diferentes assuntos
pode ser uma vantagem, pois facilita a composição de relacionados à governança da Internet. Sendo assim, um
painéis nos quais cada palestrante possa oferecer uma visão esforço para organizar as idéias expostas e fazer com que as
diferente sobre o mesmo assunto, em geral. mesmas sejam apresentadas de forma a evidenciar as suas
conexões e divergências é um dos desafios que se impõem à
Tomando, por exemplo, os casos dos painéis sobre organização do fórum.
abertura e diversidade, a imensidão de temas que podem ser
reconduzidos debaixo dessas rubricas pode ter um resultado A pluralidade deve ser uma virtude do fórum, e não a
negativo quando se observa a realização de efeitos práticos razão para que o mesmo perca efetividade e força na
na formação de propostas. Como os painéis possuem uma apresentação de suas propostas. Justamente por isso
orientação bastante abrangente no número de temas é preciso unir os conceitos de pluralidade e processo:
possíveis de serem abordados, corre-se o risco de se ter uma das formas de transformar a pluralidade em motor
não um debate, mas uma sucessão de discursos curtos que de formação de resultados é estruturar um processo do
não guardam conexões visíveis para a audiência menos IGF que não seja deslanchado ano a ano pela comissão
especializada. organizadora como se uma nova partida precisasse ser
dada nas discussões.
De outro lado, a possibilidade de transformar os painéis
principais em locais para a apresentação de discursos curtos É preciso que o IGF tenha um processo que ultrapasse a
e com pouca reflexão mútua é agravada pela diversidade realização dos eventos em si e que, durante o intervalo de
dos perfis dos palestrantes que terminam por compor cada um ano que separa os fóruns presenciais, crie métodos

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de impulsionar os debates ocorridos no ano anterior, É com grande expectativa que se aguarda as discussões sobre
apontando para resultados cada vez mais concretos no propriedade intelectual no IGF-Rio. O presente artigo,
evento seguinte. fazendo jus à natureza plural do fórum, espera servir a uma
série de funções: de um lado, funcionar como um guia sobre
Esse papel é desempenhado, na atual dinâmica do IGF, pelas quais eventos a serem realizados no IGF-Rio abordarão a
coalizões dinâmicas, que se reúnem entre os fóruns anuais questão da propriedade intelectual, mas de outro, fomentar
e tem, na maior parte dos casos, começado a apresentar o debate sobre o conteúdo e sobre o processo relativo às
alguns resultados significativos, transformando pluralidade essas questões.
de atores em algo não apenas valoroso para a legitimação
do processo, mas essencial para a formação de efeitos O processo do IGF deve ser crescente e buscar alcançar
concretos. propostas efetivas para a regulação dos tópicos incluídos
na pauta de seus eventos. Espera-se que os agentes
A partir do IGF-Rio, será de vital importância implementar envolvidos no debate sobre propriedade intelectual, no
um processo que mantenha o fórum operante durante todo Rio e nas próximas edições do fórum, possam liderar esse
o ano e possa criar, ao longo dos cinco anos previstos para a movimento.
sua realização, efetivas propostas sobre governança da rede.
O IGF não é, e nem pode ser, apenas mais um seminário
internacional de grande porte, no qual participantes dos
mais diversos setores se reúnem para ouvir e discutir,
durante poucos dias, assuntos da atualidade sobre tecnologia
e formas de sua regulação.

Nessa direção, a questão da propriedade intelectual


é estratégica para a construção do processo do IGF. À
pluralidade de fóruns internacionais que debatem os
mais diferentes aspectos dos IPRs pode-se aplicar o
mesmo raciocínio feito com relação ao IGF como um todo:
pluralidade deve ser um benefício e não um ônus. Se diversas
outras instâncias cuidam de debater o futuro da propriedade
intelectual, o IGF pode se tornar o evento centralizador
desses debates, refletindo, ano após ano, como o debate
sobre propriedade intelectual evolui e como essa evolução
atinge o desenvolvimento da Internet.

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