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LETRAS|1
LETRAS|2
LINGUÍSTICA TEXTUAL
CARLA ALECSANDRA DE MELO BONIFÁCIO
JOÃO WANDEMBERG GONÇALVES MACIEL
Apresentação
CarosAlunos,
DandocontinuidadeaotrabalhoiniciadopelasdisciplinasdeLeituraeProduçãodeTextoIeII,a
disciplina de LINGUÍSTICA TEXTUAL abordará a história dos estudos sobre o texto, discutindo suas várias
concepções, questões relativas ao seu funcionamento, bem como processos e estratégias de sua
construção, de maneira que o objetivo da disciplina é acompanhar o quadro evolutivo dos estudos da
LinguísticaTextualesuacontribuiçãometodológicaedidáticaparaoestudodotexto.
Para alcançarmos esse objetivo, dividimos a disciplina em quatro unidades temáticas: a primeira
contemplará um breve histórico da Linguística Textual de modo que o aluno tenha uma visão de onde e
quandoelasurgiu,qualoseuobjetodeestudoequaisassuasfasesatéosdiasatuais.
Asegundaunidadeversarásobreosarticuladorestextuaisquetêmsidoobjetodereflexãoda
LinguísticaTextualdesdeosseusprimórdios,umavezqueumtextonãoésimplesmenteumamontoadode
palavras ou uma sequência de frases isoladas, mas sim uma unidade linguística com propriedades
estruturais específicas. Dentre os vários mecanismos articulatórios serão elencados: repetição de itens
lexicais,paralelismo,paráfrases,recorrênciadeelementosfonológicos,detemposverbais.
No tocante aos vários assuntos da Linguística Textual, a terceira unidade terá como prioridade a
discussão sobre o conceito de intertextualidade, a sua importância no processo da leitura e da escrita,
levantando questões relativas ao seu papel no processo ensinoͲaprendizagem da língua portuguesa de
modoquepossacontribuirefetivamentenaformaçãodoalunodoCursodeLetras.
Finalmente,aquartaunidadecontemplaráosgênerostextuaisemergentesnamídiavirtualeno
ensino,umavezquediantedapenetraçãoedopapeldatecnologiadigitalnasociedadecontemporâneae
dasnovasformascomunicativasaportadas,oestudodacomunicaçãovirtualnaperspectivadosgênerosé
particularmente interessante porque a interação onͲline tem o potencial de acelerar enormemente a
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evolução dos gêneros, tendo em vista a natureza do meio tecnológico em que ela se insere e os modos
comosedesenvolve.
Com este material em mãos, pretendemos contribuir para sua formação e ao mesmo tempo
esperandoasuaavaliação,sugestãoeopinião,demaneiraqueaparticipaçãoseráessencialparaobom
desenvolvimentodonossotrabalhoemumagrandeparceriaemproldosucessointelectualeprofissional.
Paratanto,vamosconstruirjuntos,trocandoexperiências.
Umabraçofraterno!
Osautores
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UNIDADE I
1
COSÉRIU,E.1955.Determinaciónyentorno.Dosproblemasdeumalingüísticadelhablar.RomanistischesJahrbuch,7:29Ͳ54.
2
WEINRICH,H.1966.LinguistikderLüge.Heidelberg,VerlagLambertSchneider.
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respeito à definição de operações lingüísticas subjacentes à produção do texto, ou seja, a sua
microestrutura;asegundarefereͲseàlocalizaçãodotextono processoglobaldecomunicação,ou,asua
macroestrutura.
AoutralinhadepensamentofoiaEstilísticaqueseserviudaretórica,dagramáticaedafilosofia.A
Estilística tinha por objeto todas as relações acima do nível da frase, considerando que até bem pouco
tempoamaiorunidadedalingüísticaeraafrase.
A terceira e última linha de pensamento foi a dos Formalistas Russos, pertencentes ao Círculo
Lingüístico Moscou. Dentro os quais têm Propp (analisou as estrutura dos contos populares), Jakobson
(rompeucomospadrõestradicionaisdeanálisedetexto)apartirdoesquemadecomunicação(emissor,
canal,código,interlocutoresetc.)
De acordo com Tafarello e Rodrigues (1993) também há precursores stricto senso, que de uma
formaoudeoutrativeramsuaatençãovoltadaparaotexto.Fazempartedesteconjuntodeprecursores:
Hjelmslev,Harris,Pike,Jakobson,Benveniste,Pêcheux,Orlandi,entreoutros.
Apóstermos,brevemente,explicadoquando,ondeequaisascausasdosurgimentodaLinguística
Textual,esboçaremosnestemomento,assuasfases,queparaBentes(2001),nahistóriadaconstituiçãoda
Lingüística textual não se pode ter com precisão uma sequência cronológica e homogênea no
desenvolvimento das teorias da lingüística de texto, porém, podemͲse definir três momentos teóricos e
bastantediferentesentresi:
Tentaremosexplicar,apartirdeagora,comosedeucadaumadessasfases:
1ª Fase: Transfrástica
DeacordocomKoch(2004),aprimeirafasesedeteveaoestudodosmecanismosinterfrásticosque
fazempartedosistemagramaticaldalíngua,cujousopossibilitariaaduasoumaissequênciaaoestatuto
detexto.
Nestaépoca,osestudospossuíamorientaçõesdiversas,podendoserestruturalistas,gerativistasou
até mesmo funcionalistas e dentre os fenômenos a serem explicados podemos citar a correferência, a
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pronominallização,aseleçãodoarttigo(definido
oouindefinido),aordemdaspalavvras,aconco
ordânciadoss
temposverbais,entreo
outros.
No entanto,um
mavezqueasgramáticassdafrasetin
nhamcomo unidadede estudooen
nunciado,foii
observado que essas gramáticas apresentavaam limitaçõ
ões, já que elas não ttraziam os fatores quee
ultrapassavvam o limitee das frases que só pod
diam ser visttas/ analisad
das no interrior do texto
o como, porr
exemplo,accontececom
macoͲreferência.
É interessante acrescentaar que, é nesta
n fase que muitoss estudioso
os apresentaaram váriass
denominaçõ
ões para o texto como mplo, “frase complexa”, “signo lingguístico prim
o, por exem mário” paraa
Hartmann (1968),
( “cadeia de prono
ominalizaçõees ininterrup
ptas” para Harweg
H (1968), “sequênccia coerentee
deenunciad
dos”paraIseenberg(1971 970).
1)ou“cadeiaadepressuposições”parraBellert(19
Lembrete!
Vocêpodeaqualquerhoraaccessar
<http://www.wwebartigos.com
m/articles/1636 68/1/LINGUISTICAͲTEXTUALͲEͲͲSEUSͲ
AVANCOS/paggina1.html>,eleerumartigonaaíntegrasobreaLINGUÍSTICATEXTUALESEU
US
AVANÇOS,pod dendoaumentaarmaisaindaossseusconhecim mentossobreo
oassunto.
Paraquevocêeentendamelh
hor,vamosaanalisarasegguintefrase::
Maria saiu
u gritando. Ela estava com
m muito medo
o.
Ao anallisarmos a frrase acima é
é notável a ligação entree o pronomee Ela e o refferente que,,
neste caso, é Maria. A ligação quee se dá entrre Maria e o
o pronome ELA
E (coͲreferente de Maaria), ocorree
essencialmeentepelapredicaçãodosdoiselemeentos,enão apenaspor umaquestãodeconcorrdância.Valee
à pena chamar a atençção para o faato de que só
s esse elem
mento de coesão por si não poderiaa garantir ao
o
longodeum
masequênciaaaexistênciadeumtextto.
Os elementos de coesão,, como as conjunções,, também foram
f temaa dos estud
dos na fasee
transfrástica. Um fato que chamo
ou a atenção
o de muitoss estudiosos estava relaacionado à presença
p dee
coerência, que ocorria mesmo não
o havendo as es em dado trecho, com
a conjunçõe mo podemos evidenciarr
atravésdaffraseabaixo::
Chamei po
or você, ningu
uém me ouviiu.
No exemploaciima,mesmo
ocomaausêênciadoconectivo(mas)),oouvinte//leitortemaacapacidadee
doglobaldaseqüência, porquepodeestabeleceerasrelaçõeeslógicoͲargumentativass
deconstruirosignificad
entreasparrtesdosenunciados.
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ma,podemosconcluirqueeaconstituiççãodeumteextocom
Doeexpostoacim
baseeapenasnassomadefrassesnãoestavvafuncionan
ndo,concord
da?!
Assimm,essaimpoortantequesstãoabreop
precedentepparaanecesssidadede
outrraformadettratamentopparaotexto,surgindoassGramáticassTextuais
queseconfiguraacomoaseggundafase daaLinguísticaTextual.
2ª Fase: Gramática
G as de textoo
Seggundo Marcu
uschi (1998),, as gramáticcas do texto
o introduziram, pela prim
meira vez, o texto como
o
objetodeeestudodalinguística,pro
ocurandoesttabelecerum
msistemadeeregrasfinito
oerecorren
ntequeseriaa
partilhado por
p todos oss usuários da
d língua. Tal sistema pe
ermitiria quee os usuárioss identificasssem se umaa
determinad
dasequênciaadefrasesco
onstituioun
nãoumtexto
oeseesseteextoébemfformado.De
eformaque,,
demaneiraaanáloga,esstasegunda fasedalinguísticatextu
ual,recebeu influênciasd
dogerativism
mo,levando
o
emconsideraçãoacham
madacompeetêncialinguíísticadofalaante.
brando,jáestudamosaaTeoriaGerrativa.Vocêpodeaquaalquermom
Sólemb mentoresgataressa
abordaggemnovoluume2emLLinguagens:usoserefleexões,p.77
plicandomelh
Exp hor,querem
mosdizerqueeatransição
odafasetransfrásticapaaraafasede
egramáticass
textuaisoco
orreupordo
oisfatoresim
mportantes:
1) a percepção que
q muitos te
extos não apresentavam o fenômeno da
d co-referen
nciação;
2) para a compreensão de
e textos seria
a essencial que
q se levasse em consid
deração o conhecimento
o
intuitivo do falante.
a) Verificar o que faz com que um texto seja um texto, em outras palavras, determinar seus
princípios de constituição, os fatores responsáveis pela sua coerência, as condições em que se
manifesta a textualidade;
b) Levantar critérios para a delimitação de textos;
c) Diferenciar as várias espécies de texto.
Emboraempenhadosnosentidodedesenvolverumagramáticatextual,taistarefasnãopuderam
sercontempladasporproblemasnaformulaçãodasGramáticasTextuais.
O primeiro se refere à conceituação do texto, que como já mencionamos, seria uma unidade
formal,dotadadeumaestruturainternaegeradaapartirdeumsistemafinitoderegras,internalizadopor
todos os usuários da língua. Semelhante, em sua formulação, à gramática gerativa da sentença, de
Chomsky, esse sistema finito de regras constituiria a gramática textual de uma língua. Com base nisto,
proporumpercursogerativoparaotextonãoseriafácil,jáqueelenãoconstituiumaunidadeestrutural,
origináriadeumaestruturadebaseerealizadapormeiodetransformaçõessucessivas.
Além disso, a separação entre as noções de texto (unidade estrutural, gerada a partir da
competência de um usuário idealizado e descontextualizado) e discurso (unidade de uso) acabou se
constituindoemumoutroproblemadasgramáticasdetextopelofatodestaseparaçãonãoterjustificativa,
umavezqueotextosópodesercompreendidoapartirdousoemumasituaçãorealdeinteração.
Apesardosproblemas,nãosepodenegaroméritodasgramáticasdetextoqueestabeleceramdois
pilaresparaaconsolidaçãodosestudosvoltadosaotextoeaodiscurso:
1) a verificação de que o texto constitui a unidade lingüística mais elevada se desdobrando ou se
subdividindo em unidades menores, igualmente passíveis de classificação, onde as unidades menores
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(inclusive oss elementos léxicos e gramaticais) devvem sempre ser considerradas a partiir do respectiivo papel na
a
estruturação
o da unidade
e textual;
2) a verificação
o que não ex
xiste continuid
dade entre frrase e texto, pois se trata
a de entidades de ordem
m
diferente e a significação
o do texto nã
ão constitui unicamente o somatório da
as partes quee o compõem
m.
Portanto, ao in
nvés de proccurar descreever a comp
petência texxtual do falaante, como pretendia a
a
gramáticatextual,ofoccomudoupaaraaanálisedecomose
econstituem
mostextos,o
oseufuncion
namentoeaa
suaproduçããoemumassituaçãorealdeinteraçãoverbal.
Para tanto, os estudiosos iniciaram a elaboração
e d uma Teoria de texto que o via não
de n mais daa
perspectivaa de um produto acabad
do, mas de um
u processo
o que é resu
ultado de asspectos sócio
oͲcognitivos,,
interacionaisecomuniccativos.
3ª Fase: Elaboração
E o de uma teoria de texto
DeacordocomMarcuschi(1998),nofin
naldadécadadesetentaa,acompetênciatextualdeixadeserr
o enfoque,, passando a noção dee textualidade a ser co
onsiderada, sendo tamb
bém relevan
ntes para a
a
Linguística Textual o co
ontexto, ou seja, o conjunto de con
ndições exteernas à língu
ua, e necessários para a
a
produção,rrecepçãoein
nterpretação
odetexto,etambémain
nteraçãojáq
queosentido
onãoestánotexto,mass
acontecenaainteraçãoeentreoescrittor/falanteeoleitor/o
ouvinte.
É im d Linguísticca Textual see dá com uma nova co
mportante ressaltar quee essa fase da oncepção dee
língua, encaarada agoraa, não mais como um sistema virtu
ual autônomo, mas com
mo um sistem
ma real quee
ocorreemd
dadoscontexxtosdecomunicação,ettambémcom
mumconceittodiferentedetexto,nããomaisvisto
o
comoalgop
prontoeacabado,esimcomoumprrocessoemcconstrução.
De forma que é possível notar
n que o
o objetivo nesta fase nãão é mais aa depreensão de regrass
subjacentess a um sisteema abstrato
o, mas uma análise e po
ossível explicação do teexto em funccionamento..
Comoafirm
maMarcusch
hi (1998),nesse estágio deevolução
oaLinguísticcaTextualasssumenitidaamenteumaa
feição interdisciplinar, dinâmica, funcional
f e processual, que não considera
c a língua com
mo entidadee
autônomao
ouformal.
Em seulivrointtituladoAco
oesãotextuaal,Koch(199
99,p.8)apreesentademaneirabastaanteclaraass
Teorias do Texto afirm
mando que embora
e elass sejam fund
damentadas em pressup
postos básiccos comuns,,
diferemmu nformeoenffoquepredominante.
uitoumasdasoutras,con
Citaremossosprincipaaisrepresenttantesdecaddaumadelaasafimdevisualizarmoss
aamplituddedocampo oedafluide
ezdelimitesentreasvárriastendênccias.No
entanto,vvocêpoderáconsultarolivroAcoessãotextual d deKoch(19999)napáginaa
8paraqueesozinhovoocêpossatirarassuascoonclusões..
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0
Beaugrande&Dressler–SeaproximamdalinhaamericanadaAnálisedoDiscursoeseusestudos
estãovoltadosaoscritériosoupadrõesessenciaisdetextualidadeedoprocessocognitivodotexto,sendo
centradosnotextooscritériosdetextualidadeacoesãoeacoerência,enquantoqueainformatividade,a
situacionalidade, a intertextualidade, a intencionalidade e a aceitabilidade são centrados nos usuários.
Entreoutrospressupostosadotadosestãoosdasemânticaprocedural,querealçamoestudodacoerência
edoprocessamentodotexto,nãosóoconhecimentodeclarativo(dadopeloconteúdoproposicionaldos
enunciados), mas também o conhecimento construído através da vivência, condicionado sócioͲ
culturalmente,queéarmazenadonamemória,sobaformademodeloscognitivosglobais.
GivóneoutrosestudiososfiliadosàlinhaamericanadaAnálisedoDiscurso,buscandosubsídiosem
pesquisas nas áreas da Psicologia da Cognição e da Inteligência Artificial estão voltados tanto com as
formas de construção lingüística do texto enquanto seqüência de frases, quanto com a questão do
processamento cognitivo do texto (isto é, com os processos de produção e compreensão) e,
conseqüentemente,comoestudodosmecanismosemodeloscognitivosenvolvidosnesseprocessamento.
NaconcepçãodeWeinrichtodaLinguísticaéLinguísticadeTexto.Oobjetivodosseustrabalhoséa
construçãodeumamacrossintaxedodiscurso,combasenotratamentotextualdecategoriasgramaticais
comoosartigos,osverbosetc.Utilizacomométodoheurísticoa“partituratextual”,queconsisteemunira
análisefrasalportipodepalavraseaestruturasintáticadotextonumsómodelo,talcomouma“partitura
musical a duas vozes”. Para o autor, o texto é uma seqüência linear de lexemas e morfemas que se
condicionamreciprocamenteeque,demodorecíproco,constituemocontexto:textoé,pois,“umandaime
dedeterminaçõesondetudoseencontrainterligado”,uma“estruturadeterminativa”.
Já Van Dijk vem, desde 1985, atuando na perspectiva da Análise Crítica do Discurso (Critical
DiscourseAnalysis).Seutrabalhoestárelacionadoàquestãodatipologiadostextos,noquedizrespeitoao
estudo das macroestruturas textuais, e ao das superestruturas ou esquemas textuais. Tendo dedicado,
inicialmente,maioratençãoàssuperestruturasnarrativas,passou,maistarde,aexaminaroutrostiposde
superestruturas,especialmenteasdonoticiáriojornalístico.
O trabalho de Petöfi a princípio se voltou para construção de uma teoria semiótica dos textos
verbaisdenominadadeTeSWeST(TeoriadaEstruturadoTexto–EstruturadoMundo).Estateoriavisaao
relacionamento entre a estrutura de um texto e a interpretação extensional (em termos de mundos
possíveis) do mundo (ou do complexo de mundos) que é textualizado em um texto, implicando, assim,
elemento conͲtextuais (externos ao texto) e cotextuais (internos ao texto). Como conseqüência,
atualmente, os interesses desse autor e de seu grupo estão direcionados à questão da
compreensão/produçãodetextos.
Para Schmidt, a textualidade é o modo de toda e qualquer comunicação transmitida por sinais,
inclusiveoslingüísticos,preferindoadenominaçãoTeoriadeTextoaLingüísticadeTexto.Segundooautor,
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o texto é “qualquer exxpressão de um conjunto lingüístico
o num ato de comunicaçção – no âm
mbito de um
m
‘jogo de attuação comunicativa’ – tematicameente orientaado e preen
nchendo um
ma função comunicativaa
reconhecíveel,ouseja,reealizandoum
mpotencialilocucionário
oreconhecíveel”.
nvém,ainda,lembrardosslingüistasffrancesesquesevoltamàsquestõesdeordemte
Con extualassim
m
também co
omo à operaacionalização
o dos fundaamentos teó
óricos dedicaados ao enssino como é
é o caso dee
Charolles,C
Combettes,V
Vigner,Adam
m,entreoutros.
Marcuschi(1983)apudKoch(1999)aprresentouumadefiniçãod
deLinguísticcaTextualao
odetectaross
pontos em comum às várias correentes acima mostradas, sugerindo que
q a Linguísstica do textto seja vistaa
dodasopera
comoestud daprodução, construção,
açõeslingüístticasecogniitivasreguladoraseconttroladorasd
funcionameentoerecepççãodetextossescritosouorais.
A Linguísttica Textua
al nos dia
as atuais
Você,tambbém,podecoonsultarolivvrodeKoch((2002,p.149
9)“Desvenda andoos
otexto” paraaseterumavisãomaisaampladalingguísticanosd
segredosdo dias
atuais.
esenvolvimeento pelo qual estão passando
Atualmente, see levarmos em consideeração o de p ass
investigaçõeesnaáreaccognitiva,qu
uestõesrelaccionadasao processameentodotexto
o,noquediizrespeitoàà
produçãoecompreensãão,àsestratégiassociocognitivaseinteracionaiss,entreoutraaspassaramaserofoco
o
de interesse de diverso
os estudioso
os do campo
o, como é o
o caso no Brrasil dos estudos desenvvolvidos porr
MarcuschieeKoch(Marrcuschi&Koch,1998;Ko
och&Marcu
uschi,1998; Marcuschi,1
1998,1999; Koch,1997,,
1998, 1999
9), e fora do
o Brasil como as obras de
d Heinemaann & Viehw
weger (1991)), Koch & Oesterreicher
O r
(1990),Nusssbaumer(19
991),Adam((1990e1993
3),eVanDijkk(1994,1995
5,1997),enttreoutros.
Além
mdointeresssequevem
msidodadossaosprocessosdeorganizaçãoglob
baldostexto
os,podemoss
ainda citarr a importâância a queestões de cunho
c socio
ocognitivos que
q envolveem a referrenciação, a
a
inferenciaçãão, o acesso ao conh
hecimento prévio etc.;; o tratamento da oralidade e da relação
o
oralidade/eescrita;eoestudodosgêênerostextu
uais,esteago
oraconduzid
dosoboutrassluzes,istoé,dentrodaa
perspectivaa bakhtinianaa, os gênero
os estão ocupando lugaar de destaq
que nas pessquisas sobrre o texto e
e
tornandoͲseehojeumteerrenoextrem
mamentepro
omissor(Kocch,2002).
Notocanteàqu
uestãodosgêneros,aind
dasegundoK
Koch(2002),valeàpenasalientararreleituraquee
vem sendo realizada na obra de Bakhtin
B 53), na qual o autor pro
(195 opõe o seu cconceito de gêneros do
o
discurso. Esssa releitura de Bahktin tem sido feeita com objjetivos didátticos, ou seja, para que possam serr
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2
aplicados no âmbito educacional, por muitos estudiosos como, por exemplo, na Inglaterra, a obra de
Swales; nos Estados Unidos, cabe ressaltar autores como Bhatia, Miller, Freedman, Coe e Bazerman; na
França,aobradeJeanͲMichelAdam,destacandoͲse,nestedomínio,ostrabalhosconduzidosporBernard
Schneuwly,JoaquimDolzeJeanͲPaulBronckart.
ÉimportanteaindaesclarecerqueosestudosdeSchneuwly,DolzeBronckartconsideramogênero
comosuportedasatividadesdelinguagem,definindoͲocombaseemtrêsdimensõesessenciais:
1) os conteúdos e os conhecimentos que se tornam dizíveis a partir dele;
2) os elementos das estruturas comunicativas e semióticas partilhadas pelos textos reconhecidos como
pertencentes a determinado gênero;
3) as configurações específicas de unidades de linguagem, traços, principalmente, da posição
enunciativa do enunciador, bem como dos conjuntos particulares de seqüências textuais e de tipos discursivos
que formam sua estrutura.
Deformaqueseestabelece,então,distinçãoentregêneros,tiposdiscursivosesequênciastextuais
quesãovistascomoesquemasquefazemparteda constituiçãodosváriosgêneros,variandomenosque
elesemfunçãodascircunstânciassociais.
Finalizando, é possível afirmar veementemente que a lingüística Textual tem contribuído
significativamente com seu escopo, tanto para o texto, quanto para a construção de sentido do mesmo,
alcançandoassim,grandesavançosnocampodatextualidade.
Vimos,atravésdesuasfases,queoqueeraapenasumestudodafrase,passouparaumestudoda
gramáticadetexto,natentativadesupriralgumaslacunasnãopreenchidaspelacorrenteestruturalistae
gerativista;elogoemseguida,chegouͲseaosconceitosdetexto,queporsuavezodefinenãomaiscomo
algoprontoeacabado,mascomoumprocessoemconstruçãoe,nessesentidoascontribuiçõestemsido
aindamaissignificantes,pois,hojesetemconceitosmaisglobaisdosejaumtexto,bemcomodosgêneros
textuais,gênerosdodiscursoetiposdesuportesdosgênerostextuais.
Assim, atualmente, a Linguística Textual tem como objeto particular de investigação não mais a
palavraouafraseisolada,masotexto,consideradoaunidadebásicademanifestaçãodalinguagem,isto
porquequeohomemsecomunicapormeiodetextos,ocorrendodiversosfenômenoslingüísticosquesó
podemserexplicadosnoseuinterior.
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UNIDAD
DE II
OS AR
RTICULLADOR
RES TEXXTUAISS
Os articuladorees textuais têêm se sido objeto de re
eflexão da linguística do
o textual de
esde os seuss
primórdios,,umavezqu
ueumtexto nãoésimplesmenteum
mamontoadodepalavraasouumasequênciadee
frasesisolad
das,massim
mumaunidad
delinguísticaacompropriiedadesestru
uturaisespecíficas.
Neeste estudo
o, o termo articuladorees fará referência à maaneira como
o os fatos e conceitoss
apresentados em um texto
t se encadeiam, com
mo se organ
nizam uns em
m relação ao
os outros e que valoress
assumem uns
u em relaação aos ou
utros. Dentrre os várioss mecanismo
os articulató
órios podem
mos elencar::
repetição de
d itens lexicais, paraleelismo, paráffrases, recorrência de elementos ffonológicos, de temposs
verbais,etcc.
1. A repetiçãoo ou reiteraçção de itens lexicais efe
etuaͲse entree elementoss do texto com base naa
presença de traços semânticos id
dênticos ou opostos e tem
t como propósito
p trrazer ao enunciado um
m
acréscimod
desentidoqueelenãoteriasemessseitem.Asfformaslexicaaisremetem
maelemento
osdomundo
o
textual,ou seja,cadaumdesseseleementostrazzconsigono
ovasinformaççõesdesenttidoqueseaacrescentam
m
ntos anteriores. A repettição pode realizarͲse
aos elemen r por meio da:: repetição d
do mesmo item lexical,,
nomesgenééricos,nominalização,su
ubstituição,ssinonímia,op
posição,hipeerônimoehiipônimos.
9 domesmoittemlexicalͲ aretomadadainformaççãosedápe
Repetiçãod elarepetição
o
dossmesmoseleementosouexpressõeslexicais.
Sóquem
mfazumch
hocolatetão
o gostoso
podefazerumbisccoitotãotão
otão delicio
oso.
(IstoÉ, 2
21/04/1999
9,BiscoitosSuíços)
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4
Eutenho
E prressa.
Eutenho
E dú
úvidas.
Eutenho
E medo.
Eutenho
E cââncer.
Nóspodemo
N osajudáͲlo.
(Veja,
( 01/03
3/2000,OnccologiaEINSSTEIN)
9 Nomesgenéricos–reitteraçãoprocessadapela utilizaçãodenomesgen
néricostipo::
o,pessoa,geente,coisa.
fato
Maisfoiisónomêspassadoqu
ueavontad
de de escrevver deuparaacrescer.A
A coisa
começo ouassim:Um
mdiafiqueiipensandooqueiasermaistardee.Resolviqueiaser
escritorra.”
(LígiaBo
ojungaNunes)
9 Nominalizaçção – empreego de form
mas que rem
metem, em ggeral, a um verbo,
v a um
m
o. Usualmente a nominaalização3 é o
adjeetivo e a arggumentos do enunciado o processo em
e que umaa
classsegramaticalqualquerééreconhecid
dacomoumsubstantivo.
Em
magreçacom
mSanavita.
Marianasecassou nofinallde2009.O
Ocasamento
o,entretantto,nãoduro
oumuito.
3
Segundo Trask (2004, p.2
207), o modo como as nomiinalizações se prestam para vários propóssitos comunicattivos tem sido
o
omatençãoesp
investigadoco pecialnoconteextodaLinguísticaSistêmica, emqueasnominalizaçõessããotratadascom moumtipodee
metáforagrammatical.
LETRAS|1
15
Sóquemfazu
umchocolattetão gosto
oso
podefazerum
mbiscoitotããotãotão d
delicioso.
(IsttoÉ, 21/04//1999,Bisco
oitosSuíçoss)
Esttaéalinha Brilhante.P
Produtosdeequalidade,desenvolvvidossóparafacilitara
suaavida.Comovocêjádeeveterperccebido,Brilh
hante estássempreinovvando.Sem mpre
enccontrandossoluçõesparaeconomiizaroseuteempo,semabusardosseubolso.SSÓ
PODIASERBRILHANTE.”
(Produtosdelimpeza– Caaras12/06//98)
9 o Ͳ A inform
Substituição mação é re
etomada pelo uso de llexemas ou expressõess
lexeemáticas(peerífrases).4
9 SinonímiaͲ arecorrêncciaàinformaaçãosedápeeloemprego
odesinônimosouquasee
ônimos.
sinô
“Obarullho éumdo
osproblemaasmaisgravvesqueafliggemnossaccivilizaçãon
nesteséculoo.
Osmilhõ
õesderuído
os querodeeiamohomemdiariam menteemqu uasetodoso oscantos,eem
suamaio
orpartesão
oproduzido
osporelem
mesmo.”
(Diaman
ntinoSilva)
4
Fraseourecu
ursoverbalqueeexprimeaquiloquepoderiasserexpressopo
ormenornúmeerodepalavras.
LETRAS|16
6
9 Oposição–oelementoaquesefazaalusãoéu
umopostodo
oreferentettextual.
“PolíticaaePoliticalhanãoseconfundem,nãosepareecem,nãosserelacionaamuma
comao outra.Apolíítica éahigiene dospaaísesmoralm
mentesadio
os.APoliticalha,a
maláriadospovosdemoralidaadeestragaada.”
(RuiBarrbosa)
9 Hiperônimo
o eHipônimos–quando
ooprimeiro
oelementom
mantémcom
mosegundo
o
uma relação to
odoͲparte, classeͲelemen
nto temͲse um
u hiperônim
mo, e quand
do o primeirro elemento
o
mantémcomosegundoum
marelaçãopaarteͲtodo,elementoͲclassse,temͲseo
ohipônimo.
Oprofessorcomprouumaparrelho eletrô
ônico.Oteleevisor éde3
32polegadaas.
(hiperôn
nimo)
Gruposderefugiad
dos chegamdiariamenttedosertão ocastigadopelaseca.SSão
pessoas famintas,m
maltrapilhass,destruídaas.(hipônim
mo)
Valee lembrar que nenhum lexema porr si só estab
belece relaçãão coesiva aalguma. Estaa ocorre em
m
decorrênciaadainserção
odolexemanotexto.
mo configurraͲse como um fenôm
2. O paralelism meno discursivo assinalado pela presença
p dee
repetiçõesn ntico.AliteraaturalinguísticaassociaͲͲ
onológico,morfológico,lexical,sintátticoesemân
nosníveisfo
o,demodoespecífico,ccomaideiad
derepetição
odeestruturas.
9 o sintático Ͳ é a prefeitaa correlação na estruturração sintátiica da frase..
Paralelismo
orrequando estruturasggramaticais repetidasem
Oco mformatosp
paralelosapresentamde
eterminadoss
paresfixosdep
palavrasecad
damembrodoparapare
eceemposiççãoestruturaalmenteidên
ntica.
LETRAS|1
17
Canção edaminhavida
odoventoe
ovarriaasffolhas,/ovventovarriaosfrutos,//oventovaarriaasflorees...//
Ovento
Eamin
nhavidaficaava/cadavvezmaischeeia/defruttos,deflorees,defolhass.//
Ovento
ovarriaaslluzes,/oventovarriaaasmúsicas,//oventovaarriaosarom mas...//
Eamin
nhavidaficaava/cadavvezmaischeeia/dearomas,deesttrelas,decâânticos.//
Ovento
ovarriaosssonhos/evvarriaasam
mizades.../ooventovarriaasmulheres.//
Eamin
nhavidaficaava/cadavvezmaischeeia/deafettosedemu ulheres.//
Ovento
ovarriaosmmeses/evvarriaosteu
ussorrisos..../oventovvarriatudo!///
Eamin
nhavidaficaava/cadavvezmaischeeia/detudo.
(ManuelBandeira,1986)
Nosssocéutem
mmaisestrelas,
Nosssasvárzeasstêmmaisfflores,
Nosssosbosqueestêmmaissvida,
Nosssavidamaisamores.
Gon
nçalvesDiass
d estruturaas paralelístiicas para a construção do sentido
PercebeͲse quee os textos se valem de o
poético,ouseja,osauttoresutilizam
mͲsedarepeetiçãodetermos,deesttruturas,de conteúdos, derecursoss
fônicosedeetemposverrbais.
Nalíngu
uaportuguessa,bonsparaalelismosse
eobtêmcom
moempregodealgumasconstruçõess
correlatasccomo:
a)
a não só... mas também...
b) não só... como tam
mbém...
c) não só... mas também...
d) ou... ou...
e) quer... quer...
f)) tanto... quanto...
g) quanto maais... mais / menos...
m
h) quanto menos... mais / menos...
m
LETRAS|18
8
Oparalelismosintáticopodeatuartamb
bémnosprovérbiosoud
ditospopularresqueseno
otabilizam.
Casadefferreiro,esp
petodepau.
o exemplo citado,
Pelo c perceebeͲse que o mo se realiza pela justap
o paralelism posição das unidades
u daa
análisesintááticainternaamenteestru
uturadasdefformasidêntticas(substantivo+preposição+sub
bstantivo).
9 Paralelismo
o semântico
o – é a perrfeita correlaação entre as ideias co
oordenadas,,
con
nsiderandoo
oaspectológicoͲsemânticconafrase.
EmReciife eVitória,porexempplo,oproblemadadro
ogaemuitomenosgravvedoque
noRiod
de Janeiro eemSão
e Paulo.
9 o rítmico – é a simetrria na consttrução da frrase, consid
Paralelismo derando seu
u
asp o. No paralelismo rítmico, os segm
pecto rítmico mentos fônicos da frasse ou do ve
erso devem
m
apresentarumcertoisocron
nismo,ouseeja,aparecem
memintervaalosiguais.
9
Sevoccêgritasse,
sevoccêgemesse,
sevoccêtocasse
avalsavienense,,
sevoccêdormissee,
sevoccêcansassee,
sevoccêmorressee…
Masvvocênãomo
orre,
vocêééduro,Joséé!
CarlossDrummon
nddeAndraade
LETRAS|1
19
A cadência
c pro
osódica dos versos de Drummond
D envolve
e o leeitor em um
m ritmo que
e remete ao
o
compassotternáriodavvalsavienense,oquereeduplicaose
entidodameensagem.Em
mboraesse recursosejaa
muitousado
onapoesiam
metrificada,percebeͲsetambémose
euusonaprrosa.
Aalde
eiaquenun
ncamaisfoiamesma
Eraum
maaldeiaddepescadorresdeondeaalegriafu ugira,eosd
diaseasnoiitesse
suceddiamnumamonotoniasemfim,das mesmas coisas que aconteciam m,das
mesmmas coisas que
q se diziam m,dos mesmos gestoss que se faziiam,eosolhares
eramtristes,baççospeixesquejánadaprocuravam m,porsaberreminútilpprocurar
qualq
quercoisa,oosrostosvaziosdesorrrisosedesu
urpresas,amorteprem matura
morandonoenfaado,sóasin ntermináveisrotinasdo odiaadia,prisãodaqu ueles
quesehaviamco ondenadoaasimesmoss,semesperanças,nen nhumaoutraapraia
ndenavegar...
práon
Atéqueomar,quebrandou ummundo,anuncioud delongequeetrazianassuas
ondasscoisanovaa,desconheecida,formaadisformeq queflutuavaa,etodosvvieramà
mseapressar,trouxeacoisae
praia,,naespera...Ealificaraam,atéqueeomar,sem
adep
positounap praia,surpreesatriste,umhomemm morto...
ALVESS,Rubens.A
Aaldeiaqueenuncamaisfoiamesma.Dispon
nívelem:
<http://br.groups.yahoo.com m/group/saadashiva/meessage/268>.
Acesssoem:12//06/2010.
9 Rupturas com
c o paralelismo –
– A falta de paralelismo pode
e ocasionarr
ongruências que provoccam estranh
inco hamento na frase, em face
f de coo
ordenações logicamentee
inacceitáveis.
9
MarcelaaamouͲmed
durantequin
nzemeseseeonzeconto
osderéis;n
nadamenoss.
(MachadodeAssis)
Noexemplo
oacima,MachadodeAsssispropõeu
umacoorden
naçãoemrelaçãoànoçããodetempo
o
e à noçção de dinheeiro, o que leva a uma falta de parralelismo é devido
d à nattureza heterrogênea doss
termos coordenado
os.PercebeͲssequeoauttorsugereirronicamenteeumarelaçããoamorafun
ndamentadaa
nointerressefinanceeiro,istoé,o
otempodoaamorcorresp
pondeaotem
mpododinh
heiro.
LETRAS|20
0
Nomeioodocaminh
hotinhaum
mapedra/ttinhaumap
pedranomeeiodocaminho/tinhauma
pedra/nomeiodo
ocaminhottinhaumap
pedra.
CarlosD
DrummonddeAndradee
LendoosversosdeDrumm
mondacima, percebeͲse queo terceeiroversoqu
uebrarepenttinamenteaa
extensãofô
ônicadosverrsosanteriorres,essaqueebrasugereo
otropeçopro
ovocadopelapresençaincômodadaa
pedra,quemetaforizau
umobstáculo
ododiaadiaahumano.
3. A paráfraseééoprocesso
onoqualoeenunciadore
eformuladorrmantémco
omoenunciaadoanteriorr
uma relação de equivaalência semâântica (explicação, reiteração, ênfasse), com o o
objetivo de assegurar a
a
intercompreeensão entrre os participantes da in
nteração, istto é, no mo
omento em que escreve
emos vamoss
formulando
oasideias,reealizandoum
matessituraccoesaeorgaanizada.
Parafrassear significaa reafirmar, em palavrass diferentes,, o sentido d
de um texto
o. É também
m
mointuitodereafirmáͲlaa,esclarecêͲͲ
ummecanissmodesefaazerreferêncciaaumaobraquelheéanteriorcom
la.Éestabelecerumareelaçãodeinttertextualidade.
Vejaamososexemplosasegu
uir:
M
Meuserevap oreinalidaiinsana
Meusdiascconsumirdeterraemterrra,
dotroopeldepaixõ õesquemeaarrastava.
embanqueetescomreisstodososdiaas;
Ah!Ceegoeucria,aah!míseroeeusonhava
comigoapançaencheutambémTob bias
emmim mquaseimortalaessêncciahumana.
naAlemanhaa,naFrança,,naInglaterrra...
Deqqueinúmero ossóisamennteufana
Oh!secrettárioquetãoobemcomiass!
exxistênciafalazmenãodo ourava!
Nãosejasmole:denteeagudoferraa
Maseissucumb beNaturezaescrava
naapróprialínggua,queaindaagoraenccerra
aomaal,queavidaaemsuaoriggemdana.
ochoruumedaquelaasiguarias!
Prazeeres,sóciosmmeusemeustiranos!
Marinhas((1),meuneggo,setuvisse
es
Estaaalma,queseedentaesinããocoube,
oquedebbomnestabarrigacoube e,
noabbismovossu umiudosdessenganos.
éimpossíveelqueaoprantoresistisses.
Deus,ó óDeus!...Qu
uandoamorrteàluzme
QuandooRiioaPetrópolismeroube e(2)
r
roube
desçaotrremcomfinaasgulodices,,
ganheummomenttooqueperd deramanos
saibadesceroquesub birnãosoubee!
saib
bamorreroq quevivernão osoube.
OlavoBilaac
Bocage
LETRAS|2
21
Livro– Gênesis
1.Noprin
ncípio,DeusccriouoBiteo
oByte.EdeleescriouaPalaavra.Enadam
maisexistia.EDeusseparrouoUm
doZero;;eviuqueerrabom.EDeu usdisse:“Queosdadosexxistam,evão oparaosseusslugaresdevidos”,e
criouosdissquetes,osdiscosrígidoseosdiscoscoompactos.
2.EDeusdisse:“Queaapareçamoscomputadorres,esejamlu ugarparaosdisquetes,eparaosdisco
osrígidos
eparaosdiscoscom
mpactos”.EnttãoDeuschaamouoscomputadoresdee“hardware””.Enãohaviaaainda
ware.MasDeuscriouosproggramas;edissseͲlhes:“Vão o,multipliqueemͲseeenchaamamemória”.
3.EDeussdisse:“VoucriaroProgrramador,eelleirágovernaarosprogram mação”.EDeuscriou
maseainform
oProgrramador,eco olocouͲonoCCPD;eDeusmmostrouaesttruturadoDO OSedisse:“P
Podesusarto
odosos
diretórioses
d subdiretóriosmasNUNCA AUTILIZAROWWINDOWS”.
4.ED
Deusdisse:“NãoébompparaoProgram madorestarsó”.Elefezacriaturaqueeiriaolharparao
programaadoreadmirááͲlo,eamaraascoisasqueeelefaz.EDe
euschamouͲaa“Analista”.EEforamdeixaadossob
oD
DOSeerabom m.
5.MasBILLeramaissespertoqueeasoutrascrriaturasdeDe
eus.EBILLdisseparaoUssuário:“Foim
mesmo
assimqu
ueDeusdisse e,quenãopodiasexecutarnenhumpro ograma?Com mopodesfalaardealgoqueenunca
experrimentaste?NNoprecisomoomentoemq queexecutaresoWINDOW WStornarͲteͲͲásigualaDeeus.E
podeeráscriartud
dooquequiserescomum msimplestoqu uenomouse”.EntãoaAn nalistainstalo
ouo
WINDOOWS,edisseaoProgramaadorqueerabom.
6.OProgramadorrcomeçouaprocurarnovvosdrivers.EDeuspergun ntouͲlhe:“Qu
ueprocuras?””Eo
Programadorrespoondeu:“Estou
uaprocuradeenovosdrive DOS”.EDeusdisse:
ersquenãoeencontronoD
“Que
emdissequeprecisavasdenovosdrive ers?ExecutassteWINDOW WS?”.
7.EDeusdisseaoBILLL:“Serásodiaadoportodassascriaturas.EaAnalistaestarásemprezangadacontigo.E
vendderásoWIND DOWSparato odoosempree,esempreccomproblemaas”.
8.EdiisseàAnalista:“OWINDOOWSirádesap pontarͲteecomertodaatuamemóriaa;eterásqueeusar
programassreles,eirásadormecereemcimadosm manuais”.
9.EdisseaoProgramaador:“TodososteusproggramasterãoerroseirásccorrigiͲlosatééofimdosteeusdias”.
10.EDeusexpulso
ouͲosdoCPD
D,fechouapo
ortaecolocouumapassw
word.
Dispo
onívelem:<htttp://aulaporrtuguesonline
e.no.sapo.pt//parafrases.h
htm>.
Apó
ós a leitura dos
d exemplo
os acima, peercebeͲse qu
ue a paráfrase é uma reeprodução discursiva
d naa
qualsetrad
duzemoutraaspalavrasu
umtexto,deemodoquasseliteral,oq
queadiferenciadacópia.Essetipo
o
deatividadeetextualém
muitopraticaadapelaesco
olaeseháe
expansãodeideiasqueconsolidaum
mmanuscrito
o
comnovossignificados,,temͲseumaaparáfraseccriativa,posssibilitadapelaaimaginação
odoaluno.
A paráfrase
p nãão anula o que
q foi anunciado ante
eriormente, mas buscarr retomáͲlo com outrass
palavras,co
omvistasato
ornaramensagemmaisclaraemaisprecisaparaaoleitor.
Dentro da prática de reescriitura, as paaráfrases sãão comumente introdu
uzidas peloss
marcadoressdereformu
ulaçãodotip
po:istoé,ou
useja,oumelhor,melho
ordizendo,d
dizendodeo
outraforma,,
emoutrasp
palavras,etc.
LETRAS|22
2
PR O V A de que não são exatamente os
tempos, mas o caráter de cada povo que
determina as tradições, é o consumo de
tomar banhos. Ou de não tomar banho.
Os gregos e romanos, por exemplo,
sempre foram adeptos da prática. Já os
europeus, em pleno século XIX, fugiam da
água como se ela fosse praga.
Literalmente. É que como a água quente
dilata os poros, os médicos europeus
acreditavam que os banhos facilitavam a
entrada de germes. Ou seja, fugir das
banheiras era recomendado como uma
medida de higiene. Outra crença dizia que
a água amolecia o organismo e impedia o
crescimento. Assim, crianças eram
frequentemente impedidas de entrar no
banho
SOALHEIRO, Bárbara. Como fazíamos sem... São Paulo: Panda Books, 2006.
(KOCK;ELIAS,2009,p.169)
4. Recorrência de elementos fonológicostrataͲsedefatossuprassegmentais,comoaentonação,o
metro,arima,oritmo,assonâncias,aliterações,etc.Vejamososexemplosabaixo.
JoãoMarcelodaSilvaElias,4ªsérie,ColégioMadreAlix
LETRAS|23
(K
KOCH;ELIAS,20
009,p.171)
Opoeetaéumfingidor:
Fingetãocompleetamente,
Quecchegaafingirqueédorr
Adorquedeveraassente.
FernandoPessoaa
5. Recorrênccia de tempoos verbais
O uso
u dos tem
mpos verbais está direetamente liggado ao no
osso tipo dee atitude comunicativaa
(WEINRICHII apud KOCH e ELIAS, 2009). Os tempos
t verb
bais: pretériitos perfeito
o, imperfeito
o, mais quee
perfeitoefuturodopreetéritodoindicativoservvemparanaarrareostem
mpos:presente,futurod
dopresente,,
pretéritopeerfeitosimpllesecompostodoindicaativoservem
mparacomentar,criticarreapresentaarreflexões..
Afimdeexeemplificaroqueéditoacima,selecio
onamosotexxtonarrativo
o“Umdomin
ngonãolegaal.”
UMDO
OMINGONÃ
ÃOLEGAL
Naquelamadruga adadedomingo,estávamos todossdormindo,,poisé umdiaespecial
paraodescanso.QQuandoderepenteou uço batidasn naporta,m
muitoamedrrontada,ma as
avouabriͲla
curiosa a.Quandoa abri aportaadepareiͲm mecomdoisscarasenorrmesecom
armasnamão.MMepediram parafazers
p silênciopoisssóqueriam
m asjóias,o
ocarro,o
microͲccomputadoor,oseletroͲͲeletrônicoss.Fiqueiboq
quiabertaetremendod demedo.
Oscara
assão muittoágeis,qua
andoeucon nsegui cairemmim,ellesjáestava
am longe,
escapeei comvidaemeusfammiliaresconttinuavam dormindo.
d
MariaLucineide
Disponívvelem:<http:://www.unigrran.br/revistass/interletras/eed_anterioress/n1/inter
_estudo
os/coesao.htm
ml>.Acessoem
m:20/05/2010
0.
omingonãolegal”éumanarraçãoqu
Oteexto“Umdo ueseiniciacomumadjuntoadverbiaaldetempo,,
seguidopelloverbo“esstar”,empregadonopreetéritoimperfeito(modo
oindicativo),,tempoͲzero
odomundo
o
narrado.Em
mseguidahááinserçãodeeumcomentáriodopro oiséumdiaaespecialdedescanso.”,,
odutor:“...po
comoempregodotempoͲzerodom
mundocomeentado,istoé
é,opresentee.
LETRAS|24
4
Nosegundoperíododoprimeiroparágrafo,éusadootempopresente–“ouço”,“vouabriͲla”–,
marcando um dos momentos mais relevantes da narrativa. Segundo a teoria de Weinrich, trataͲse da
metáforatemporal,istoé,oempregodeumtempodeumdosmundosnointeriordooutro.Esterecurso
imprime maior atenção, maior engajamento, uma vez que consiste no uso de um tempo do mundo
comentadonointeriordomundonarrado.
Omomentodemaiortensão,denominado“clímax”,aconteceno3ºperíododo1ºparágrafo,onde
overbo“abrir”tambéméempregadonopresente,paraaseguirsurgir“...depareiͲme...”,expressãono
pretéritoperfeito,tempoͲzerodomundonarrado.
No período seguinte o verbo “pedir” encontraͲse no pretérito perfeito e o verbo “querer”, no
pretéritoimperfeito,tempossemperspectivadomundonarradoquemanifestamaçãopropriamentedita,
1ºplano,passandopara“panodefundo”(“mepedirampara...poissóqueriamasjóias,...”).Interessante
perceber que o pano de fundo, normalmente registrado no início do texto, neste aparece no clímax,
quandooautorapresentaomotivoquedesencadeouaaçãoprincipal.
No segundo e último parágrafo, o emprego do verbo “ser” no presente denota um aspecto
descritivodospersonagens“...sãomuitoágeis,...”,mesmorecursoutilizadoem:“...,poiséumdiaespecial
para descanso.” para, novamente, serem empregados o pretérito perfeito “...eu consegui cair...” e “...
escapeicomvidae...”seguidodopretéritoimperfeito“estavam”e“continuavam”,repetindooquejáfoi
explicadonofinaldoprimeiroparágrafo.
LETRAS|25
UNIIDADE
E III
INTERTTEXTUALIDADE
E
ValeapenallembráͲloqueaaintertextualidadejáfoimenccionadano
volumetrês,nadiscipliinade
LembrreͲse LeituraeProoduçãodeTexto oIInaunidadedeTextoeTexxtualidade,
p.124.Portanto,estamosnesstemomentoreesgatandoumcconceitoque
jááfoiintroduzido.Vamosrelemmbrar?verbo.
UmdosobjetivvosdaLinguíísticaTextuaaléestudar ostiposde intertextualiidadeesuassfunçõesno
o
processodaaescritaeleeituradetexxtos.Mas,o queéinterte
extualidade??Deondesu
urgeesseterrmo?Qualaa
suaimportââncianopro
ocessodaleitturaeescrita?Qualasu
uaimportânccianoensino
odeLínguaP
Portuguesa??
Onossoobjetivo,nesteemomento, seráodereesponderaccadaumdesssesquestion
namentosno
osentidodee
paraaformaçãodoaluno
contribuirp odoCursodeLetras.
De acordo com o E Ͳ Dicion
nário de term
mos literário
os de Carlos Ceia (2005), como se pode
p notar a
a
constituição
o da próprria palavra, intertextua
alidade significa relação
o entre texxtos. De ou
utra forma,,
poderíamoss dizer que a alidade seriaa a referênciia Ͳ explícitaa ou implícitaa Ͳ a outros textos, quee
a intertextua
podemser orais,escrito
os,visuais,p plásticas,do cinema,da música,dap
porexemplo,dasartesp propaganda,,
etc.Assim,esse“diálogo”entretexttosrecebeo
onomedeintertextualida
ade.
Vejaamos,napráática,umexeemplodecomosedáain
ntertextualid
dade.Leiaassletrasdasd
duasmúsicass
abaixoevejjaseháalgumarelaçãoeentreelas.
Paraquementir?
P
Paraquemen tir
tu
uaindanãoteens Praquementirtantoassim
Essed
domdesaberriludir? Setusabesqueeeusei
Praq
quê?Praquem mentir, Quetuunãogostasddemim?
Sen
nãohánecessiidade Setusabesqueeuttequero
Demetrair?? Apeesardesertra
aído
Praquementir Pelo
oteuódiosinccero
Setuaindanãottens Oupoorteuamorfinngido?
Amalííciadetodammulher?
Praquementir,seeusei (VadicoeNoelRosaa,1934)
Quegostasdeoutro o
Quetedizzquenãoteq
quer?
LETRAS|26
6
DomdeIludir
Nãomeevenhafalaarnamalícia
detodaamulher
Cadaumsabeado oreadelíciia
deseroqueé.
Nãommeolhecom moseapolíccia
andassseatrásdem
mim.
Caleab ocalenabocanotíciaruim.
boca,enão
Vocêssabeexplicaar
Vocêssabeentend der,tudobe em.
Vocêeestá,vocêé,,vocêfaz.
Vocêquer,vocêteem.
Vocêddizaverdad
de,averdad de
éseud
domdeiludir.
Comop podequereerqueamulher
váviveersemmenntir.
(CaetaanoVeloso,1982)
Apó
ósaleitura, épossívelo
observarqueeamúsicadeCaetanoV
Velosomantéémumdiálo
ogoexplícito
o
com a de Vadico/Noel
V Rosa. Outro
o exemplo de intertextualidade pode ser visto n
nos poemas “Meus oito
o
anos” de Casimiro de Abreu
A e Osw
wald de And
drade. O prim
meiro foi esccrito no século XIX e o segundo foii
escrito no século XX. Portanto, o segundo teexto cita o primeiro, esstabelecendo
o com ele uma
u relação
o
intertextuall.
Meu
usoitoanos M
Meusoitoano
os
Oh!Quesaudad
dequetenho
o O
Oh!Quesaud
dadequeten
nhoD
Daaauroradamiinhavida, aauroradam
minhavida,
Dam
minhainfâncciaquerida Daminhainfâânciaquerida
Queosanosnão
otrazemmaais Queosanosn
Q nãotrazemm
maisNaquelle
Queamor,quessonhos,quefloresNaqu
uelas qu
uintaldeterrra
tardesfagueirass DaruaSãoAn
ntônioD
ombradasbaananeiras
Àso baixodaban
eb naneira
Debaixodoslaraanjas! Se
emnenhumlaranjais!
CasimirodeAbrreu O
OswaldAndra
ade
LETRAS|2
27
ntertextualid
A in dade se faz presente em
e vários caampos como o da propaganda, po
or exemplo..
Observe a criatividad
de da cam blicitária da Hortifruti que é um
mpanha pub ma rede varejista
v dee
hortifrutigraanjeiros do Brasil, que está
e presentte nos estad d Janeiro e Espírito San
dos do Rio de nto com 21
1
lojas,porondecirculam
mmaisde13
3milhõesdeeclientesessãocomerciaalizadas150 miltoneladaasdefrutas,,
legumesevverdurasanu
ualmente.
Fontte:http://vejab
brasil.abril.com..br/blog/deͲorigemͲcarioca/20 boͲvesteͲpradaͲeͲmuitoͲmais//
009/10/oͲquiab
mopodemossconstatar,h
Com háaquiumeexemplode intertextualidadequereemeteaoutrrotextoquee
foi o título
o de um filme,
f de grande
g suceesso, chamaado “O diab
bo veste Prada”, umaa adaptação
o
cinematográfica do besstͲseller literrário de 200
03 de Lauren Weisbergeer, lançado em junho de
d 2006. No
o
onte, conheccer o textoͲͲfonte ou o modo de cconstituição é condição
entanto, paara estabeleecer essa po o
necessáriap
paraaconstruçãodesen
ntido.
Na questão da construção de sentido, observaͲse a incorporaação da inteertextualidad
de como um
m
argumento quechama aatençãoimediatado leitor,uma vezquesettratadeumacampanhaapublicitáriaa
cujotítuloéé‘Aquianatturezaéaesstrela’,quecconsegueatrrairaatençããoparaprod
dutossobreo
osquaisnão
o
hámuitoquefalar,aatravésdeumaparód
diadefilmessdesucessocomosprod
dutos.
Aparód diaocorrequandoarellaçãointertextualtemcomoobjettivoprovocaarainversãão
do(s)seentido(s)dotextoͲbasee.SegundoC Citelli(2003
3:54),“aparródiapodeserconcebiida
comoesstratégiaco orrosãodosvalorescon nsagradossocialmente,dealteraççãodos
conceito oscristalizados,semprresobreodomíniodoggestogozad dor,engraçaado,cômico
o,
irônico””.Porexemp plo,aschargges,assátirras.
LETRAS|28
8
Assim, vale à pena reafirmar que, para o processo de compreensão, além do conhecimento do
textoͲfonte, também é necessário considerar que a retomada de texto ou textos em outro(s) texto(s)
conduzaconstruçãodenovossentidos,jáqueestesfazempartedeoutrasituaçãodecomunicação.
Naliteratura,eatémesmonasartes,aintertextualidadesefazpresente,umavezquetodotexto,
sejaeleliterárioounão,éoriginadodeoutro,sejadiretaouindiretamente.Qualquertextoquesereferea
assuntosabordadosemoutrostextoséconsideradocomoexemplodeintertextualização.
A intertextualidade está presente em áreas como na pintura. Veja as várias versões da famosa
pinturadeLeonardodaVinci,MonaLisa:
MonaLisa,LeonardodaVinci.Óleosobre MonaLisa,deMarcelDuchamp,1919
tela,1503
MonaLisa,FernandoBotero,1978 MonaLisa,propagandapublicitária
Comojáditoanteriormente,épossívelencontrarexemplosdeintertextualidadeemváriasáreas,
comoapintura,aliteratura,amúsica,apropaganda,ocorrendotambémemváriosgêneroscomoacharge.
LETRAS|29
A título de ilustração, temos abaixo um exemplo desse gênero criado pelo chargista Duke onde se vê a
referênciaaumcontextopolíticoque,atravésdaintertextualidadecomumamúsicadogrupoSolteirõesdo
forró,notaͲseaconstruçãodeumacríticaaatuaçãodopolíticoemcartaz.
Você Não Vale Nada Mais Eu Gosto de Você
Solteirões do Forró
Composição: Dorgival Dantas
LETRAS|30
socialdaco Vejamosumexemplocittadopelaau
oletividade.V utoraqueilustraexatameenteainterttextualidadee
nosentidoeestritosenso
o.
De acordo com
m Koch (2006 ha acima se pode constatar a inserção de outrro texto – o
6), na tirinh o
intertexto––constituído
opreviamentteepartedaanossamem
móriasocial,u
umavezqueeémuitocom
mumotexto
o
“Oministérriodasaúdeadverte:fumarfazmalasaúde”.N
Nestecaso,eemboranão existaaexp
plicitaçãodaa
fonte,éposssívelconstaatarainterteextualidade, porqueote
extoͲfontejááfazpartedenossamem
móriasocial,,
mplamentediivulgadoemvárioscanais,sendo,portanto,facilm
jáqueéam menteresgatadopelosle
eitores.
Tam
mbém é posssível falarem
m intertextu
ualidade em sentido amp
plo, lato sen
nsu, que se faz
f presentee
em todo e qualquer teexto, como componentee decisivo de
d suas cond
dições de produção, ou
u seja, ela é
é
condiçãomesmadeexistênciadeteextos,jáqueehásempreu
umjáͲdito,q
queantecedeeatododize
er.
Recomendaamosaleituradaspágin nas85,86e8
87dolivrod
deIngedoreK Koch,
sevocêdessejaraprofun ndarmaisesssaquestão..Referência::KOCH,Inge
edore
GrunfeldViillaça.Lereccompreendeer:ossentidoosdotexto.SãoPaulo:
Contexto,2
2006.
Intertextuualidade explícita
e e intertextuualidade implícita
i
Apó
óstermosexxplicadooco
onceitodeinttertextualidaade,passaremosagoraaaabordaram
maneirapelaa
qual a interrtextualidade pode se constituir, qu
ue seria explícita ou imp
plicitamente. Isto quer dizer
d que oss
textospodeemseentrelaaçardeduassmaneiras.D
Deumamaneiradireta,ttambémchamadadeexp
plícita,como
o
é o caso em
m que um autor
a cita o texto de outro autor in
ncluindoͲo nu
um texto dee sua autoriaa, e de umaa
maneira ind mplícita, que consiste naa introdução
direta ou im o, no texto, de um intertexto cuja fonte não é
é
fornecida.
onstanteumtextoretom
Éco marpassagen
nsdeoutro.Q
Quandoacon
ntececitação
odafontedo
ointertexto,,
osedános discursosrelatados,nascitaçõeserreferências; nosresumoss,resenhase
istoé,como etraduções,,
chamamosissodeinterrtextualidadeeexplícita.
LETRAS|3
31
VejamosagoracomoocorreàintertextualidadeexplicitaatravésdeumanúnciodaPfizer,veiculado
pelarevistaVejade2005.
Paixão segundo Nando Reis: “Faz muito tempo, mas eu me lembro...
você implicava comigo. Mas hoje eu vejo que tanto tempo me deixou
muito mais calmo. O meu comportamento egoísta, o seu temperamento
difícil. Você me achava meio esquisito e eu te achava tão chata. Mas
tudo que acontece na vida tem um momento e um destino.
Viver é uma arte, é um ofício. Só que precisa cuidado. Prá perceber que
olhar só prá dentro é o maior desperdício. O teu amor pode estar do seu
lado. O amor é o calor que aquece a alma. O amor tem sabor prá quem
bebe a sua água. Eu hoje mesmo quase não lembro que já estive
sozinho. Que um dia eu seria seu marido, seu príncipe encantado.
Ter filhos, nosso apartamento, fim de semana no sítio. Ir ao cinema todo
domingo só com você do meu lado. O amor é o calor que aquece a alma.
Para Nando Reis, paixão significa estar do seu lado. Para Pfizer, paixão é
o que faz a gente pesquisar as curas para os males que afetam a
qualidade de vida dos homens e mulheres. E a gente faz isso todos os
dias. Com paixão.
Muitoprazer,
nóssomosaPfizer
Fonte:RevistaVeja.SãoPaulo:abril,ed.1.929,ano38,n.44,02nov.2005
Do Seu Lado
Nando Reis
Faz muito tempo, mas eu me lembro... você implicava comigo
Mas hoje eu vejo que tanto tempo me deixou muito mais calmo
O meu comportamento egoísta, o seu temperamento difícil
Você me achava meio esquisito e eu te achava tão chata
Refrão
Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino
Viver é uma arte, é um ofício
Só que é preciso cuidado
Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício
O teu amor pode estar do seu lado
O amor é o calor que aquece a alma
O amor tem sabor pra quem bebe a sua água
Considerando o texto publicitário, podemos dizer que ele dialoga com o poema de Drummond
ocorrendo uma intertextualidade implícita, visto que o autor do poema No meio do caminho não é
mencionado.
Vale à pena destacar que o leitor que tenha o conhecimento prévio do poema pode fazer a
remissãorapidamenteàquelee,consequentementenotarqueumtextodialogacomooutro.Contudo,se
nãoacontecerumaidentificaçãodereferênciasaopoemadeDrummond,serádifícilparaoleitoratribuir
umnovosentidoaotextodapropaganda.
LETRAS|33
No quedizresp
peitoàpropaaganda,oqu
uesevêéum
mapeloàpo
opulaçãono tocanteaoiimpactoquee
apoluiçãovvemcausand
doaonosso planeta,ond
de,notaͲse, porconsegu
uinte,noqueefoiditoae
existênciadee
umdiscurso
odecunhoid
deológico.
Sob
b este ponto de vistaa, o que podemos considerar
c c
como mais importante
e é que a
a
omouminsttrumentoauxiliaraleitura,enriqueccendoͲa,defformaqueaa
intertextuallidadepossaaservistaco
suapresenççaauxilienoprocessodeeconstruçãodesentidop
paraotexto..
É im
mportante dizer
d que para
p que a intertextualiidade possaa auxiliar o processo de leitura, é
é
fundamentaal que o reconhecime
r ento do inttertexto seja feito, po
orém isso d
dependerá dos
d amploss
conhecimen
ntosqueoleeitorpossateeremsuamemóriadiscu
ursiva.
Vocêpodeaaqualquerin nstanteconssultarosegu
uinteendereeço
(http://acd..ufrj.br/~pea
ad/tema02//intertextuallidade2.htm))eteracessoao
ofessoraMa
textodapro ariaChristinaadeMottaMMaiadaFacu uldadede
Letras/UFRJJeaprofund darporsimeesmoosseussconhecimen ntossobrea
a
intertextuallidade.
LETRAS|35
Nosdiasatuais,aescolatemprocuradoenfatizarotrabalhodeleituraeaproduçãodetextos,ao
mesmotempo,quetentaumequilíbriocomaanálisedasestruturasdalínguaeseuuso.Dessamaneira,o
professorpodepormeiodainteraçãocomváriosgênerostextuaiseointertextopresenteneles,averiguar
as experiências anteriores do aluno enquanto leitor e deixarͲse guiar pelas dicas deixadas pelo autor no
textoparaconsiderartambémoimplícito,inferindo,assimasintençõesdoautor,possibilitandoaoalunoa
oportunidadededesempenhartantoopapeldeleitor,quantoodeprodutordetextos.
Baseado em propostas interativas, o processo ensino/aprendizagem deve promover o
desenvolvimento do individuo em uma dimensão integral e nesta perspectiva, o trabalho do professor,
dentreoutros,seriaodedesenvolvernoalunadoacapacidadedeidentificaçãodointertexto,umavezque
aintertextualidadeéumfenômenoquefazpartedaproduçãodesentidoepodeacontecerentretextos
expressosporlinguagensdistintas.Assim,oprofessorpoderiainvestir,emsuasaladeaula,nofatodeque
todotextoéprodutodeoutrostextos,jáquetodapalavraédialógicaequeoquesedizemumtextoéa
respostaaoutroalgoquejáfoiditoemoutrostextos.
LETRAS|36
UNIDADE IV
Oestudoacercadosgênerostextuaisnãoénovoevemsendotratadodesdeosanos60quando
surgiram a Linguística de Texto, a Análise Conversacional e a Análise do Discurso. Atualmente, no Brasil,
presenciaͲseumaexplosãodeestudosnaárea.
Na tradição ocidental, os gêneros textuais já perduram por mais de vinte e cinco séculos e este
termo “gênero” estava ligado especialmente aos gêneros literários. Segundo Swales (apud MARCUSCHI,
2008,p.147),“anoçãodegênerojánãomaissevinculaapenasàliteratura,otermoéfacilmenteusado
parareferirumacategoriadistintadediscursodequalquertipo”.
FalamͲsemuito,hoje,emgênerostextuaisemergentesnocontextodatecnologiadigital,gêneros
virtuais ou digitais, os quais possuem características muito semelhantes à dos gêneros já conhecidos
tradicionalmente,nasváriasformasdecomunicaçãoenapráticadalinguagemescritadasociedade.
Não é difícil constatar que nos últimos dois séculos foram as novas tecnologias, em
especial as ligadas à área da comunicação, que propiciaram o surgimento de novos
gênerostextuais.Porcerto,nãosãopropriamenteastecnologiaspersequeoriginamos
gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas
atividadescomunicativasdiárias(MARCUSCHI,2005)
Diante da penetração e do papel da tecnologia digital na sociedade contemporânea e das novas
formas comunicativas aportadas, o estudo da comunicação virtual na perspectiva dos gêneros é
particularmente interessante porque a interação onͲline tem o potencial de acelerar enormemente a
evolução dos gêneros, tendo em vista a natureza do meio tecnológico em que ela se insere e os modos
como se desenvolve. Esse meio propicia, ao contrário do que se imaginava, uma “interação altamente
participativa”.
LETRAS|37
Se tomarmos o gênero segundo a visão Marcuschiana, como texto concreto, situado histórica e
socialmente, culturalmente sensível, recorrente, relativamente estável do ponto de vista estilístico e
composicionalenavisãobakhtiniana,servindocomoinstrumentocomunicativocompropósitosespecíficos
como forma de ação social, notaͲse que um novo meio tecnológico, na medida em que interfere nessas
condições,devetambéminterferirnanaturezadogêneroproduzido.
Uma das peculiaridades da mídia virtual é a centralidade da escrita, uma vez que a tecnologia
digital depende totalmente da escrita. Para Marcuschi (2005) com a era eletrônica não se pode mais
postularcomopropriedadetípicadaescritaarelaçãoassíncrona,caracterizadapeladefasagemtemporal
entreproduçãoerecepção,jáqueosbateͲpaposvirtuaissãosíncronos,ouseja,realizadosemtemporeale
essencialmente escritos. Nesse sentido, existem vários aspectos a serem considerados, pois as novas
tecnologiasnãomudamosobjetos,masasnossasrelaçõescomeles.
DavidCrystalemseulivro,LinguagemeaInternet,aodestacaro“papeldalinguagemnaInternete
oefeitodaInternetnalinguagem”noschamaaatençãoparaosseguintesaspectos:
x do ponto de vista dos usos da linguagem, temos uma pontuação minimalista,
uma ortografia um tanto bizarra, abundância de siglas e abreviaturas nada convencionais,
estruturas frasais pouco ortodoxas e uma escrita semi-alfabética;
4 BateͲpapoICQ(agendado) Encontrospessoais(agendados?)
5 BateͲpapovirtualemsalasprivadas Conversações(fechadas?)
6 Entrevistacomconvidado Entrevistacompessoaconvidada
7 Aulavirtual Aulaspresenciais
8 BateͲpapoeducacional (Aulaparticipativaeinterativa???)
9 VídeoͲconferência Reuniãodegrupo/conferência/debate
10 Listadediscussão Circulares/sériesdecirculares(???)
11 Endereçoeletrônico Endereçopostal
(MARCUSCHI,2005,p.31)
LETRAS|39
Segundooautor,essesgênerostêmcaracterísticasprópriasedevemseranalisadosemparticular.
Nemsempretêmumacontrapartemuitoclaraenãosepodeesperarumaespecularidadenaprojeçãode
domínios tão diversos como são o virtual e o real. Esses gêneros são mediados pela tecnologia
computacionalqueofereceumprogramadebase(umaferramentaconceitual)eservemͲsedatelefonia.
De certo modo, esses gêneros são diversificados em seus formatos e possibilidades e dependem do
softwareutilizadoparasuaprodução.NocasodoseͲmails,porexemplo,temosváriosprogramasparasua
elaboração.
Ainda na visão de Marcuschi (2005), uma das características centrais dos gêneros em ambientes
virtuais é serem altamente interativos, geralmente síncronos (com simultaneidade temporal), embora
escritos.IssolhesdáumcaráterinovadornocontextodasrelaçõesentrefalaͲescrita.Alémdisso,tendoem
vistaapossibilidadecadavezmaiscomumdeinserçãodeelementosvisuaisnotexto(imagens,fotosetc.)e
sons(músicas,vozes)podeͲsechegaraumainteraçãocomapresençadeimagem,voz,músicaelinguagem
escrita numa integração de recursos semiológicos. Quanto a isso, há outro aspecto nas formas de
semiotização desses gêneros relativo ao uso de marcas de polidez ou indicação de posturas. São os
conhecidos emoticons (ícones indicadores de emoções) ao lado de uma espécie de etiqueta netiana
(etiquetas da Internet), trazendo descontração e informalidade à formulação (monitoração fraca da
linguagem),tendoemvistaavolatilidadedomeioearapidezdainteração.Contudo,estesaspectosnãose
distribuemporigualaolongodosgêneros.
Com base nos estudos de Marcuschi (2005), vimos que há uma variedade de gêneros virtuais.
Dentreessavariedadedescreveremososqueessepesquisadorconsideracomoosmaisconhecidoseque
podemestarconsagradospelasváriasinstigaçõesaolongodessasduasdécadas.
E-Mail
O gênero eͲmail (electronic mail) surgiu em 1972/3 nos Estados Unidos. O termo se refere à
correspondênciaeletrônica,oucorreioeletrônico,comotambéménomeado.Aprincipalcaracterísticado
eͲmailéoassincronismodasmensagenseofatodepossibilitaroenviodesonseimagensrapidamente.
Essegêneroagregacaracterísticasdealgunsgênerosbemconhecidosdetodos:dacarta,domemorando,
dobilhete,daconversainformal,dascartascomerciaiseatémesmodeumtelegrama.Noentanto,mesmo
que haja a segurança do envio, pode ocorrer várias limitações que impeçam o retorno ou feedback da
correspondência. O destinatário pode estar com sua caixa de correio lotado de mensagens lidas ou não
lidas,ocasionandoarecusadeoutrasnovas.
Quantoaosinteragentes,oseͲmailspodemapresentarumacaracterísticainteressante:(a)deum
emissor a um receptor; (b) de um emissor a vários receptores simultaneamente, no caso de se mandar
mensagenscomcópias.Quandoàspossibilidadesdeváriossimultaneamenteremeteremaumoudevários
LETRAS|40
simultaneamente remeterem a vários é mais difícil e pouco usual. Essas variações não trazem grandes
conseqüências para a natureza dos textos quanto à sua estrutura, mas podem interferir nas escolhas
lingüísticas,comonocasodeumacartapessoalaumamigoouumacircularatodaumacomunidade.O
caso(a)caracterizatipicamenteoseͲmailsenquantoformapessoaldecorrespondência.
Quantoaoformatotextual,énormalcomparáͲlocomumacarta.Temumcabeçalho(padronizado,
fixo e posto automaticamente pelo programa, cabendo ao usuário apenas preencher). Parece um
formulário de estrutura bipartite, identificando uma parte préͲformatada e outra livre com o corpo do
textopropriamente.Poderecebertextosanexados(attachment).DeummodogeraloeͲmailtem:
1) endereço do remetente: automaticamente preenchido
2) endereço do receptor: deve ser inserido (quando não for uma resposta)
3) possibilidade de cópias: a ser preenchido, visível ou não ao receptor
4) assunto: deve ser preenchido
5) data e hora: preenchimento automático
6) corpo da mensagem com uma saudação, texto e assinatura
7) possibilidade de anexar documentos com indicação automática ao receptor.
8) inserção de carinhas, desenhos e até mesmo de voz (MARCUSCHI, 2005, p.40).
VejamosaseguirumexemplodeeͲmail:
Paravisuaalizardifereentesimage
ensdeemotticons,vocêêpoderáaceessaro
seguintelink:
ww.internerrd.xpg.com..br/emotico
http://ww ons.html
5
Netiquetasssãoregrasvisan
ndoumbomco onvíviodentrodacomunidade edeumalistad
deeͲmails,etaambéméválidaaparaqualquerr
outracomuniccaçãopeloeͲmail.
6
Aoladodas palavras,osemmoticonssãou utilizadospara transmitiroesstadodeespíritto(emoções)d dosinterlocutoresnainternett
com caracterees disponíveis no teclado. Os emoticons sm
mileys representtam um rosto com o qual se pode sorrir, chorar ou fingirr
algumsentimeentosegundoaavontadeeoestadodeespírittodousuário.
LETRAS|42
2
Listas de discussão
As listas de discussão estão hoje entre os gêneros mais praticados na comunidade acadêmica,
agregando pessoas com interesses específicos, também chamados de comunidades virtuais, que se
comunicamdeformaassíncrona,viaeͲmail,mediadaporumresponsávelqueorganizaasmensagensefaz
triagens. Enquanto no eͲmail e no chat predominam a linguagem informal, nas listas de discussão, em
geral,sãodiscutidostópicosacadêmicos,oquelevaosparticipantesausaremumalinguagemmaisformal.
Acaracterísticamaiscomumentreessesgêneroséousointensodalinguagemescrita.NocasodoeͲmaile
dochat,encontramostraçosmarcantesdalinguagemoral,masnaslistasdediscussão,háquemdigaque
sentefaltadapresençafísica,devidoodiscursosermaisformal.
ParaMarcuschi(2005,p.58),nãoexistemtemasfixos,masexistealgoassimcomoumenquadre
geraldetemasquepodemserfaladospelosparticipantesdessaslistas.Elasnãosãodefinidaspelonúmero
de participantes e sim pela natureza da participação e identidade do participante. Este é identificado ou
peloseunomeoupeloseuendereçoeletrônico.
Aprincipalcaracterísticadalistadediscussõeséatransmissãodeinformaçõessobreostópicosda
lista, úteis ao grupo, não permitindo mensagens pessoais ou de interesses individuais. Esse gênero pode
servir como um instrumento de grande aproveitamento no âmbito educacional, uma vez que propicia a
produçãodeconhecimentoapartirdeumaaprendizagemcolaborativa.
Blog
Blogécorrupteladapalavrainglesaweblog(webͲaredemundialdecomputadores–elog–tipo
de diário de bordo). Essa ferramenta de autoͲexpressão surgiu da utilização do software Blogger,
desenvolvidopelaempresanorteͲamericanaEvanWiliams,comoalternativapopularparaapublicaçãode
textosnarede,eanãonecessidadedeconhecimentosespecializadosemcomputaçãoparafazêͲlofoi,sem
dúvidas,umdosmotivosdosucessologradoporela.
Osblogssãoespaçosvirtuaisdelivredebateedivulgaçãosobreosmaisdiversosevariadostemas,
pormeiosdosquaisossujeitosexpressamsuasidéiaseopiniõeseinteragemintensamente,mesmoque
numa relação assíncrona, com outros internautas, graças à facilidade para edição, atualização e
manutençãodostextosnarede
Eficiente forma para a expressão das individualidades, os blogs, quando do seu surgimento em
agostode1999,alcançarampopularidadesendoutilizadoscomodiáriosvirtuaisdivulgadosnarede,onde
os blogueiros ou blogistas, em geral, adolescentes nessa época, faziam desabafos pessoais, relatavam
sobre suas vidas e experiências, exibiam seus problemas sentimentais. Ainda são muitos os que mantêm
LETRAS|43
seus blogs como diário
os virtuais, porém, com a popularizaação do seu uso, passaraam a servir de palco dee
discussões efontedein
nformações dediversos setores,passsando,assim
m,aferrameentadeapre
endizagem.ÉÉ
natural enccontrarmos, hoje, blogs de artistas, políticos, exxecutivos, jorrnalistas, méédicos, educcadores e dee
todotipodeeprofissionaais,quepubllicamnaredenãoapenaastextossob
bresuasproffissõeseprod
duções,mass
tambémacercadeprob
blemassociaaisepolítico
os,instigando
oumadiscusssãoque,naamaioriadasvezes,não
o
caberiaserfeitaemouttrolugar.
Odesenvolvimeentotecnológicodigitalp
proporcionou
uosurgimen
ntodesuporrtesnovospaaraaescrita,,
etodososttextospodem
mserescrito
oselidosind mentedesuafonteoureferência.A leituranãoͲͲ
dependentem
dventodohiipertexto7no
linear,surgidacomoad ovasformasdeler,escre
ociberespaçço,implicano ever,pensarr
eaprender,,noqualép oseencaminheporumdiálogointeertextual,se
possívelqueecadasujeito eguindoseuss
interesseseesuacuriosid
dade,comacessoilimitaadoaoutrostextos,apartirdeescolh
hassucessivaas,pormeio
o
dos links. Essa
E renovaçção das form
mas por meeio das quaiis se viabilizzará o conheecimento nãão pode serr
negligenciadaporeducadoresepro
ofessores.O blogéumadasmaisimportantese popularesfaacetasdessaa
mentadeen
nossaferram nsino,ociberrespaço,euttilizáͲlonop
processodeeensinoͲapren
ndizageméffundamentall
paraaform
maçãodeindiivíduoscapazesdeinteraagirnesteno darevoluçãotecnológica.
ovomundod
Marcuschi(2005,p.34Ͳ35)estabeleceo
osaspectosp osblogscomosendo,enttreoutros,aa
principaisdo
mporalassínccrona;otextocorrido;affunçãolúdicaeinterpesssoal;otemalivre;oestio
relaçãotem oinformal;aa
presençadeediferentessemiosesep
participantessmúltiplos.
Seggueumexem
mplodeumteextopostado
opeloProfesssorJarbasN
NovelinoBarrato,residentenacidadee
de São Paulo, que intittula seu blog
g como send
do um espaçço de comun
nicação sobrre o uso de Weblogs naa
educação.
Tuesda
ay,April05,,2005
Aescriitaestámorrrendo?
Percorroosblogsdo4° anod dePedagogia.Poucasn novidades.P Produçãommuitopeque ena.Por
queserá?Analistaasradicaisddosmeiosd decomunicaaçãoanunciiamofimdaescritaou uuma
reduçããosignificativado"mundodasletras".Issoteemavercom meducação o.Jáescuteimaisde
umaveezprofessoresdizendo oqueépreccisoreduzirasdemand dasdeleiturradosaluno
os,assim
comossimplificarttextosindispensáveisp paraaaprenndizagemdeealgunsconteúdos.Diizemtais
mestreesque"éisssoqueosalunosquereem".Quempensadesssaformaachaqueoutrros
meiospodemsub bstituiraesccritasempeerdadeconnteúdo.Infeelizmenteisssonãoéverdade.
Menossescritaemmenosleiturrasignificarrãodiminuiççãodecapaacidadeanalíticaedessensode
históriaaqueforam
mganhosco omomundo odasletras.Porissovo
oucontinuaarinsistindo
oem
maiorproduçãon nosblogsdeeminhasalu unas.
posted
dbyJarbasa
at10:22AM
M
7
O nome hipertexto foi cun
nhado por Theo
odor Nelson em
m 1964, mas não se refere ap
penas ao texto
o no ambiente virtual e sim a
a
todosaquelessquepermitem mumaleituranãolinear,comooaatividadedeleituradeverbetesemdicio onários,oude referênciasem m
enciclopédias..
LETRAS|44
4
O post
p acima é um exempllo claro do novo
n encaminhamento que
q o uso dos blogs vem
m tomando..
Porém,oob
bjetivodeto
odososblogueiros,seja osqueusam
mseusblogs comodiário
ovirtualouaaquelesque,,
ofessor Jarbaas, utilizamͲno para dissseminação do
como o pro d conhecimento, é o m
mesmo – “divvulgar idéiass
através da produção textual
t para que o mun
ndo todo te
enha acesso a elas. O q
que os diferrenciam é a
a
linguagem:dosadolescentes,inform os,maiscuidada”(Cidinh
mal;osoutro ha)
Quaanto aos parrâmetros po
ostulados po
or Marcursch
hi (2005), peercebemos q
que o post do
d professorr
possuiu,ain diáriovirtualpropriamen
ndaquenão sendoumd ntedito,apreesentaamaioriadascarracterísticas,,
ouseja,trataͲsedeum
mtextocorrid
do,detema livre(oauto
oroptouporredigiracercadesuap
preocupação
o
com a diminuição da quantidade
q d sujeitos) e participantes múltiplos, que carracterizam a
de leitura dos a
referida rellação tempo ona, nos quatro comentários que o
oral assíncro o professor recebeu po
or seu post,,
levantando,,assim,umaadiscussãoacercadotem
mapropostocomoutroseducadores.
Os blogstêmpotencialparaenvolverm
maisosalunoseassimrrequererotrabalhopedagógico.Em
m
todas as disciplinas, é possível a utilização
u do
os blogs, dessde para o debate
d de ttemas atuaiss até para a
a
divulgação deprojetos escolares.Sããomuitasassatividades quepodem seracopladaasaousode
essemeiodee
comunicaçãão. Incentivvar a publicaação dos alu
unos na rede
e é darͲlhe confiança
c e estimulo paara produzir,,
pensar,edeesenvolveru
umavisãocriiticadomundo.
Parasabeerumpou ucomaisssobreblog
g everasu
uautilizaççãono
processooensinoeaprendizaagem,acesseolink::
<http://rrevistaesco
ola.abril.com.br/lingguaͲportu
uguesa/praaticaͲ
pedagogica/blogͲd diarioͲ423586.shtml>.
8
Aspectos interessantes neste sentido podem ser observados no trabalho de Otto PETERS (2002), especialmente no capítulo
dedicado a essa questão. Também o trabalho de Christiane H. Faustini (2001) traz observações úteis para entender o
funcionamentodessamodalidadedeensino.
LETRAS|46
noprocessoescrevereͲmailsexpondoasdúvidasouacessarmateriaisqueestejamdisponíveisnarede,ou
entãoleroseͲmailsqueforammandadosdeformaelepessoalouaoscolegasemgeral.
Para Marcuschi (2005), as aulas virtuais, mesmo em seu formato de texto corrido, constituindo
praticamenteumlivronomeiovirtual,têmumaorganizaçãohipertextualcomascondiçõestecnológicasde
acessoselincagensrápidasediversificadas.
Bate-papo educacional
A diferença básica do gênero bateͲpapo educacional na relação com os bateͲpapos virtuais em
salas abertas é o fato de os participantes se conhecerem ou serem identificados por seus nomes
(MARCUSCHI,2005).Essegênerotextualtemsuacomposição,formaoperacional,bemcomoestiloeritmo
definidosporsuafunçãoprincipalqueéainstrucional.Contacomafiguradoprofessoreosparticipantes
na condição de alunos, o que já determina a estratégia de alocação das contribuições. Contudo, dada a
natureza virtual e a impossibilidade de um controle efetivo como em sala de aula real tradicional, e as
diferenças naturais nos equipamentos em conexão, ele mantém praticamente as mesmas características
queosbateͲpaposemsalasconvencionais.
Marcuschi(2005,p.55)asseveraque,
Afiguradoprofessorémuitomaisdeuminstrutoredirimidordedúvidas,queincentiva
os demais participantes a agirem com contribuições pessoais. Isso é possível tendo em
vistaocarátersíncronodoevento,istoé,trataͲsedeumainteraçãoonͲline,aocontrário
do que ocorria no caso da aula virtual tal como vista acima. Nesses chats temos uma
relaçãosíncrona,comojánotado,eissopodeocasionardistúrbioseatécaosemcertos
casos. Essas aulas não deveriam exceder os 60Ͳ90 minutos, pois a partir desse ponto
perdeͲse a concentração e se instala um cansaço físico pelo fato de se digitar o tempo
todo.
NasaulasvirtuaisnoformatodebateͲpapo(aulasChat),PaivaapudMarcuschi(2005,p.55)nodiz
que,
Nas comunidades virtuais de aprendizagem, abandonaͲse o modelo de transmissão de
informaçãotendoafiguradoprofessorcomoocentrodoprocessoeabreͲseespaçopara
aconstruçãosocialdoconhecimentoatravésdepráticascolaborativas.Assimasdúvidas
dosalunossãorespondidaspeloscolegasedeixamdeserresponsabilidadeexclusivado
professor.
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Neste gênero não há, na maioria dos casos, a possibilidade de conversas paralelas ou reservadas
escondidas dos demais participantes. O número de participantes é reduzido a um máximo de 10Ͳ15 por
encontros.Otempoédelimitadoaummáximode60Ͳ90minutos.Otópicoédecertomododeterminado
por questões que estão na pauta do curso ou daquela unidade em debate. Todos participantes têm o
mesmostatus,comexceçãodomonitorou‘professor’queteráomaiornúmerodeturnosemaistempo
para respostas. Neste sentido, observaͲse que o professor pode esperar várias perguntas e respondêͲlas
emblocoouentãoresponderumaauma,oqueexigemuitadisciplinaporpartedosalunosquenãopodem
assoberbáͲlocomperguntas(MARCUSCHI,2005,p.55)
VejamosabaixoumexemplodebateͲpapoeducacional.
Karla; Falandoemliteratura,vocêtemalgumacoisaparameensinaratrabalhar
diferenteasfigurasdelinguagem?
Eduardo; GratopeloestímuloTeresaeboatardeprocê.
Karla; BoatardeTeresa
Eduardo SimKarla.existemuitacoisahojeemdiasobreaquestãodeestilorelacionadaao
quesedenominou"víciodelinguagem".Vejaarevisãoqueestásendofeitada
elipse,darepetição,doanacolutoeoutrosaspectos.
Karla; Aprendiliteraturadecorando,edetestodecorar,achoquenãolevaninguéma
lugarnenhum.Estoutendodificuldadesemensinarasfiguras,minhasidéiasestão
falhandonacriatividadedestetipodeaula.
Vera; Voltei!!
Eduardo; Imaginoqueoquesechamoudefiguradelinguagemfoiapenasumaestilização
dasformasorais.Énistoquesefundaaretórica.
Eduardo; Viva,Vera!
Eduardo; Sevocêteminteresseemrevisõessobreaquestãodasfigurasdelinguagem,veja
asreflexõessobreametáforaeaanalogiabemcomoaassociaçãoqueestão
sendofeitashoje.
Vera; Estádifícil,masvoutentar.Lamentoterperdidopartedadiscussão.
Eduardo; Possomandaravocêumabibliografiasobreotema.
Karla; Maisumaqueaceitoimensamente...vocêestáanotandooquepreciso,poisjáme
perdi...
Eduardo; Entaõ,Renata,vocêjáseencontrounessabalbúrdaordenada?
Karla; PossochamáͲlodevocê,jáchamando?
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Eduardo; Sim.Todomundodevemechamardevocê.Assimficamostodosiguais.minha
grandevantagemsobrevocêséqueeuliunsmesesantesdevocêsoslivrosque
vãolerdaquiprafrente.
Karla; Quebom.Estougostandomuitodeconversarcomvocê
Eduardo; Idem.
(MARCUSCHI,2005,p.56)
AofazeraleituradogêneropercebeͲsequeEduardoéoprofessoroupelomenosaquelequeneste
casoconduzaconversa.Háumtópicoemandamento,maselenãoéconduzidodeformalinear.
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