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AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA CENTRAL DE CURATIVOS

AÇÃO DAS ARGILAS EM TRATAMENTOS ESTÉTICOS:


REVENDO A LITERATURA
CLAY ACTION IN AESTHETIC TREATMENTS: REVIEWING THE LITERATURE

Sandra Aparecida Medeiro Marcus Vinicius da Silveira Lanza


MBA em Estética Clinica - UNIGRANRIO Mestrado em Ciências da Reabilitação
Professora da UNIVERSO Especialização em Estética e Cosmética
samedeiro@gmail.com Professor da UNIGRANRIO

RESUMO

Embora ainda hoje pense-se que tratamentos estéticos com argilas sejam novidades, registros
históricos mostram que eles são milenares, uma vez que foram encontrados registros de que os
Egípcios já os utilizavam em 3000 A.C, ou seja, sua utilização é tão antiga quanto a própria
humanidade. Atualmente, existem diversas aplicações industriais para as argilas: em cosméticos,
sabões, velas, ornamentação, cerâmica, cimento, abrasivos, isolantes elétricos, defensivos
agrícolas, lubrificantes, etc. O objetivo desta revisão foi descrever o uso das argilas, suas
propriedades físicas e químicas, e seus efeitos fisiológicos, quando aplicada especificamente
em tratamentos estéticos. As propriedades das argilas variam conforme sua composição,
podendo ser ativadoras da microcirculação periférica, absorventes, antioxidantes, calmantes,
analgésicas, cicatrizantes, descongestionantes, purificadoras, refrescantes, regeneradoras ou
bactericidas, conferindo assim, diversos efeitos sobre os tratamentos estéticos, tais como: retardo
do envelhecimento; alívio da tensão, da fadiga muscular, da insônia e da má circulação;
eliminação de toxinas; entre outros. Nossa pesquisa bibliográfica conclui que os elementos
minerais liberados pelas argilas no meio aquoso, quando em contato com a pele, têm sua entrada
facilitada, pois os íons são absorvidos pelos queratinócitos, o que facilita também sua entrada
nos espaços intersticiais das células da epiderme e derme, possibilitando a obtenção de
resultados satisfatórios, quando usadas em tratamentos estéticos tanto faciais e corporais,
como em tratamentos capilares.
Palavras-chave: Argila, pele, tratamentos estéticos; propriedades físico-químicas.

ABSTRACT

Despite the fact that nowadays we may still think that aesthetic treatments with clay are
novelties, historical records prove that they have been used for thousands of years. Historical
records have been found attesting that the Egyptians have been using them since 3000 B.C.
Thus, such use is as ancient as humankind. At present, we find different industrial uses: in
cosmethics, soaps, candles, ceramics, cement, abrasives, electrical isolantes, agriculture
defensives, lubrifyngs, etc. The objective of this review has been to describe clay use, its
physical and chemical properties, along with its physiological effects, as applied specifically
towards aesthetic treatments. As clay properties can vary according to their composition, they
can serve several functions such as peripheral microcirculation activators, absorbers,
antioxidants, calming, analgesic, healers, decongestants, purifying, refreshing, regenerators
or anti-bacterias. Clay properties also have other different positive effects on aesthetic treatments
such as: insomnia, bad circulation, tension and muscular fatigue release; aging retard; toxin
elimination; and others. According to the literature, mineral elements released by clay in aqua
medium, and in contact with the skin, can easily penetrate due to ions absorption by
keratinocytes, which also allows such entrance onto the dermo-epidermal strata interstitial cell
spaces. Therefore, we can perceive highly satisfactory results from clay use for facial and body
as well as for hair aesthetic treatments.
Keywords: Clay, skin, aesthetic treatments, and physical and chemical properties.

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SANDRA MEDEIRO & MARCUS LANZA

Institutos que se especializaram em argiloterapia


1. INTRODUÇÃO (apostila de Argila Terapêutica AZOUBEL,
2014).
Os pesquisadores DORNELLAS e
Embora em um primeiro momento possa MARTINS (2013) citam diversas aplicações
parecer que tratamentos estéticos com argilas industriais para as argilas, em cosméticos, sabões,
sejam novidades, registros históricos provam velas e sabonetes, ornamentação, cerâmica,
totalmente o contrário. Tais tratamentos são cimento, abrasivos, isolantes elétricos, defensivos
milenares, conforme registros encontrados de agrícolas, lubrificantes, entre outros. O Brasil,
que os Egípcios já usavam a argila desde 3000 de norte a sul, possui um inesgotável manancial
AC, como medicamento e para mumificação de de argila de todos os tipos e variadas cores, de
seus mortos. A argila do Nilo era utilizada no acordo com sua composição estrutural. Sendo
cotidiano de diferentes maneiras, tais como, que, as propriedades das argilas variam
Estética, mumificação e, principalmente, na cura. conforme sua composição, podendo ser
Já na Mitologia Grega, atribuiu-se a Prometeu, ativadoras da microcirculação periférica, e
Deus dos Titãs, e a seu irmão, Epimeteu, a também absorventes, antioxidantes, calmantes,
incumbência de fazer o homem, assegurando- analgésicas, cicatrizantes, descongestionantes,
lhe todas as faculdades. Conta-se que este tomou purificadoras, refrescantes, regeneradoras,
um pouco de terra, recentemente separada do bactericidas etc. Estas propriedades conferem
céu na criação, e ainda rica em sementes celestiais à argila diversos efeitos nos tratamentos estéticos,
ocultas, misturou—a com água e fez o homem à tais como retardo do envelhecimento; alívio da
semelhança dos deuses (NICKEL, 1995). tensão, fadiga muscular, insônia e má circulação;
Aristóteles referiu-se à argila, como um e eliminação de toxinas, entre outros
recurso que conserva e trata a saúde. Galileu e (MASCKIEWIC, 2014).
Discóride, célebres anatomistas gregos, assim O objetivo deste estudo de revisão
como os árabes Avicena, recorreram ao barro bibliográfica é descrever o uso das argilas, suas
diversas vezes, para tratamentos de saúde, propriedades físicas e químicas, e seus efeitos
relatando sua eficácia. (LAMAITA, 2014). fisiológicos, quando aplicadas especificamente
Mahatma Gandhi, o Unificador da Índia, em tratamentos estéticos, com a finalidade de
sempre aconselhava a cura pelo barro. Durante que tal utilização possa ser realizada com maior
a Segunda Guerra Mundial, quando a disenteria segurança, obtendo-se resultados realmente
ocorreu na França, o uso da mostarda com o satisfatórios.
barro foi bem sucedido no tratamento desse mal.
Graças a Gandhi e a alguns Naturopatas do início
do século XX, como Strumpt, Luís Kuhme,
Adolf Just e Kneipp, relatos importantes foram 2. REVISÃO DA LITERATURA
deixados sobre os tratamentos com argila. Essas
contribuições foram importantes para que Países
da Europa adotassem a argila na medicina oficial Passamos agora a rever as caracteristicas
para a cura de doenças, em especial, a fisicas e quimicas das argilas, suas cargas e
tuberculose. Atualmente, existe na Alemanha, propriedades, e sua ação.
Suíça, Escandinávia e, também no Brasil,

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AÇÃO DAS ARGILAS EM TRATAMENTOS ESTÉTICOS: REVENDO A LITERATURA

2.1 Características Físicas e Químicas das negativa permanente, resultado da substituição


Argilas iônica de Si4+ por Al3+ nas camadas tetraédricas
de Sílica, ou da substituição de Al3+ por Mg2+
Em geral, as argilas derivam de rochas nas camadas octaédricas de Alumina. Sendo
base do tipo cristalina e eruptiva como os que, o alumínio apresenta valência (3+) menor
Feldspatos, Granitos e Basaltos que, durante um do que a do Silício (4+), a estrutura dos alumino
longo e lento período de decomposição causada silicatos apresenta uma carga negativa para cada
pelo vento, chuvas, temperaturas frias e quentes, átomo de alumínio. Esta carga é balanceada por
e também de erosão, através das partículas de cátions alcalinos ou alcalino-terrosos, chamados
areia que, carregadas pelo vento, causam a de cátions de compensação, intersticiais ou
fragmentação da rocha maciça em grãos de trocáveis, normalmente o Na+, K+ ou Ca2+, que
vários tamanhos, chegando a constituir 75% das são livres para moverem-se e serem trocados
rochas, sendo compostas basicamente de Silicato por outros cátions em solução (AGUIAR e
de Alumínio Hidratado e diversos minerais, os NOVAES, 2002).
quais, determinam suas propriedades, cor e tipo.
Portanto, o elemento principal que compõe a 2.1.2 Cargas variáveis, representados por
argila, também determina sua cor. Desse modo, Óxidos, Hidróxidos e pela Matéria
a argila cinza, creme ou esverdeada, é rica em Orgânica
Ferro-Ferroso; enquanto a argila laranja e
avermelhada é rica em Ferro-Férrico. Já a cor A atividade eletromagnética das partículas
branco-amarelada é resultante do Alumínio e coloidais é de suma importância para os solos, e
Magnésio. Nas regiões de litoral, a argila é rica a maior atividade se encontra nas menores
em Iodo, apresentando várias cores, como partículas do solo (argilas-particulas <2µm). São
marrom, preta, roxa, verde e azulada. Também, elas as responsáveis pela adsorção de íons ao
tem grande capacidade de absorção, devido a solo e pelas suas atividades de natureza físico-
sua granulometria, que geralmente é de 1 a 2 química (ALBAN MULLER, 2004). De modo
micras (COELHO et al., 2007). geral, a crosta terrestre é formada por mais de
Segundo SOUZA SANTOS (2003), na 60% de átomos de oxigênio, pouco mais de 20%
natureza, há diferenças entre as argilas quanto de átomos de silício e 6 a 7% de átomos de
às propriedades físico-químicas; e quanto à alumínio, aparecendo com porcentagem atômica
capacidade de troca catiônica (CTC), cátions ao redor de 2% os átomos de Fe, Ca, Mg, Na e
trocáveis e área superficial específica (ASE). K. Os demais elementos químicos representam
Estudos realizados por BELL & GILLMAN cerca de 1% da proporção atômica média
(1978; ALLEONI e CAMARGO 1994), encontrada na crosta terrestre, e desses apenas
concluíram que, na superfície dos constituintes o Ti possui alguma importância volumétrica na
dos solos existem cargas elétricas que podem arquitetura da crosta (MACHADO, 2000).
ser basicamente classificados em dois grupos:
2.2 Propriedades Cosméticas e
2.1.1 Cargas Permanentes ou Constantes - Terapêuticas das Argilas
principalmente Argilas Silicatadas
Segundo MASCKIEWIC (2014), para
As argilas tipo 2:1 (Montmorilonita, Ilita e fazer uso da argiloterapia de maneira correta e
Vermiculita) e 2:2 (Clorita), possuem carga com garantia de seus benefícios, são necessários

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estudos científicos sobre sua utilização, afim de


obter-se um tratamento seguro e eficaz.
Portanto, é importante compreender e identificar
cada tipo de argila e suas propriedades, bem
como sua estrutura molecular e em camadas, as
quais conferem características de absorção,
adsorção e liberação de seus próprios
constituintes. Suas partículas microscópicas, com
elevado poder de absorção de toxinas e calor,
possuem elementos químicos semelhantes aos do
corpo humano, como Silício, Alumínio, Cálcio,
Ferro, Potássio, Magnésio, entre outros; além
de possuírem ainda propriedades anti-
inflamatórias, cicatrizantes e desintoxicantes 3- Adsorção: Fixação de moléculas de uma
(LAMAITA, 2014). substância (o adsorvato) na superfície de
Segundo DORNELLAS e MARTINS outra substância (o adsorvente). Essa
(2013), as argilas apresentam propriedades propriedade fornece à argila a capacidade
cosmetológicas, devido às trocas iônicas que de adsorção de toxinas ( Fig. 1).
ocorrem entre seus elétrons livres (íons de
Manganês, Magnésio, Alumínio, Ferro, Sílica,
Titânio, Cobre, Zinco, Cálcio, Fósforo, Potássio, Quando a argila é aplicada, estabelece-
Boro, Selênio, Lítio, Níquel, Sódio e outros) e a se um sistema de troca entre a pele e os vários
própria pele. Portanto, possuem propriedades elementos da argila, como o Ferro, Silício,
que são fundamentais para os tratamentos Manganês, Alumínio, e outros indispensáveis para
estéticos: a manutenção do organismo. A presença de tais
minerais na argila confere-lhe diferentes efeitos
1- Liberação dos elementos: a argila libera no organismo, tais como: estimula a
os íons que a constituem (ativos). Isto microcirculação cutânea; permite a troca de
ocorre, devido a sua capacidade de reter energia dos elementos minerais com a área
água e fazer trocas iônicas de íons como tratada; regula a queratinização da pele,
o Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio, entre promovendo descamação (peeling suave), e,
outros, com a pele. consequentemente, renovação celular; desinfiltra
os espaços intercelulares; regula a secreção
2- Absorção: A absorção é a passagem de sebácea da pele, melhorando os quadros de
substâncias do local de contato, que pode acne; revitalizante, nutritiva e hidratante, elimina
ser a pele, os endotélios, um órgão ou os radicais livres, retardando assim, o
capilares, para o sangue. É um processo envelhecimento; auxilia na suavização de marcas
físico-químico no qual ocorre a passagem de expressão; ativa a circulação sanguínea e
de elementos químicos e vários nutrientes linfática; promove melhora na elasticidade e
provenientes das argilas, chegando às firmeza, proporcionando uma revitalização à pele;
células, passando através das membranas e suaviza manchas de depilação em axilas e
celulares. virilha. Sendo usada em máscaras, elimina

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toxinas, limpa e tonifica a pele. Ressalte-se ainda minerais como Hematita, Maghemita, Goetita e
que sua ação revitalizante, analgésica, Gibsita apresentam predominância de sítios de
cicatrizante, desodorizante, tonificadora e retenção de ânions (CTA) em relação à retenção
catalisadora auxilia nos processos de de cátions (CTC) (COSTA et al., 1999,
emagrecimento, tratamento de FEG e gordura SPOSITO et al., 2003).
localizada. Estimula a circulação sanguínea, A CTC de um solo também é dependente
ajudando tanto no tratamento da celulite quanto da presença dos coloides orgânicos. Estes são
da gordura localizada. Com melhor circulação, formados a partir da decomposição química e
as células absorvem mais nutrientes e oxigênio, biológica dos materiais orgânicos adicionados ao
proporcionando assim, sua regeneração. Possui solo (McBRIDE ET al. 1996). Os produtos finais
efeito tensor, devido a sua formulação que é rica deste processo apresentam coloração escura e
em Oligoelementos que participam da formação uma alta densidade de cargas negativas devido
das fibras elásticas da pele (DORNELLAS e à presença de grande quantidade de grupos
MARTINS, 2013). carboxílicos, fenólicos, amídicos, imidazólicos e
alcoóis na superfície das cadeias orgânicas
2.2 Ação das Argilas na Pele (SPOSITO et al., 2003). Baseado nas
propriedades das argilas, quando suas partículas
Segundo COSTA ET al. (1999), a são coloradas em contato com a água, os cátions
capacidade de troca catiônica (CTC) é a que estão adsorvidos nela são liberados para o
quantidade de cátions que um mineral argiloso meio aquoso que se torna rico em
ou argila pode adsorver ou trocar, ou seja, mede Oligoelementos livres. Presume-se então, que
a distribuição das cargas elétricas disponíveis na estando estes Oligoelementos livres, se integram
superfície das partículas do solo para a retenção ao manto hidrolipídico que, contribui para a
de água e cátions dispersos na solução do solo. permeação destes íons como um carreador. Uma
Os valores de CTC de um solo dependem da vez integrados ao MNF, os Oligoelementos são
classe textural, do tipo de mineral de argila carreados através do espaço intersticial e pela
presente e do teor de matéria orgânica. Partículas bicamada de fosfolipídios para dentro das células
menores (fração argila, ö<2µm) apresentam um da pele. Neste caso, tanto os elementos
grande número e uma grande área superficial por hidrofóbicos quanto os hidrofílicos podem ser
unidade de massa (COSTA et al., 1999). permeados pela epiderme e derme. Se as argilas
Os solos mais argilosos apresentam estiverem misturadas a óleos naturais, a
maior CTC do que solos arenosos (SPOSITO permeação será melhor ainda, uma vez que os
ET al., 2003). Sendo que, solos com óleos naturais são compatíveis com a membrana
predominância de argilas silicatadas tendem a celular (SPOSITO et al., 2003), que é a estrutura
apresentar maior CTC do que solos com que delimita todas as células vivas, separando o
predominância de Óxidos de Ferro e Alumínio. meio intracelular do meio extracelular (que pode
Estes minerais apresentam cargas dependentes ser a matriz dos diversos tecidos). Ela não é
do pH, do solo (variando de 5 a 7), no qual, os estanque, funciona como uma “porta” seletiva
óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio que a célula usa manter a constância do meio
apresentam grande parte de suas cargas positivas intracelular, que é diferente do meio extracelular
(SPOSITO et al., 2001), que repelem e pela recepção de nutrientes, dos sinais químicos
eletrostaticamente os cátions dispersos na do meio extracelular e mantém o potencial
solução do solo. Isto é, nestes valores de pH, elétrico da célula. Por ser o componente celular

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mais externo e possuir receptores específicos, a desenvolvimento de Staphylococcus aureus


membrana tem a capacidade de reconhecer em cultura.
outras células e, diversos tipos de moléculas
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2007). 3. Cobre (Cu):
A entrada dos Oligoelementos na pele
ocorre devido à capacidade de troca de cátions O cobre desempenha importante
das argilas (CTC). Neste processo, os íons função no processo de fixação do oxigênio, na
adsorvidos na sua superfície têm carga elétrica e melanogênese, sendo ainda no combate a todas
por isso, quando entram em contato com as as manifestações infecciosas.
células da pele que possuem potencial elétrico,
ocorre uma migração dos íons para as células 4. Enxofre (S):
da capa córnea. Outro fator que facilita a entrada
dos Oligoelementos é a água, que, contendo os O enxofre é um componente dos
íons, é absorvida pelos queratinócitos, o que Aminoácidos nas proteínas da pele. Tem efeito
facilita a sua entrada nos espaços intersticiais das antisséptico.
células da epiderme e derme. Sendo que um dos
principais elementos é o Óxido de Ferro que tem 5. Manganês (Mn):
papel importante na respiração celular e na
transferência de elétrons (MEDEIROS, 2007), O manganês atua na biossíntese do
As carências deste elemento na pele manifestam- colágeno, apresentando ação anti-infecciosa e
se na epiderme que fica fina, seca e com falta de também cicatrizante, auxiliando ainda como
elasticidade. Também são necessários outros antialérgico.
elementos para manter a saúde da pele sendo
que, seus efeitos serão descritos: 6. Magnésio (Mg):

O magnésio tem o poder de fixar os íons


1. Silicio: de potássio e do cálcio e de manter o gel celular,
ou seja, de auxiliar na hidratação.
Sua carência produz desestruturação do
tecido conjuntivo, com sinais de envelhecimento. 7. Zinco (Zn):
Este elemento tem papel fundamental na
reconstituição dos tecidos cutâneos e na defesa Sua concentração é relativamente elevada
do tecido conjuntivo. Tem ação hemostática, na pele, sua carência causa aumento da
purificante, adstringente e remineralizante. queratinização (LYRA, 2010).
Reidrata a pele e as mucosas e reduz as
inflamações. Também tem ação na elasticidade Portanto, todas as argilas possuem em sua
da pele atuando na flacidez tissular. composição, quantidade maior ou menor de
elementos minerais, e todas agem da mesma
2. Aluminio (A1) maneira, quando em contato com o tecido
epitelial, fazendo trocas com área tratada.
O aluminio atua contra a falta de
tonicidade, tem ação cicatrizante, e inibe o

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AÇÃO DAS ARGILAS EM TRATAMENTOS ESTÉTICOS: REVENDO A LITERATURA

3. MATERIAL E MÉTODOS REFERÊNCIAS

1. ALLEONI, L.R.F.; CAMARGO, O.A. MODELOS


Este trabalho foi realizado a partir de DE DUPLA CAMADA DIFUSA DE GOUY-CHAPMAN
E STERN APLICADOS A LATOSSOLOS ÁCRICOS
pesquisa bibliográfica em material já publicado PAULISTAS. Sci. Agr., Piracicaba, 51(2):315-320, maio/
a respeito da argiloterapia, constituído ago., 1994.
2. AGUIAR, M R. M. P. ; NOVAES, A. C.
principalmente por livros e artigos científicos. REMOÇÃO DE METAIS PESADOS DE EFLUENTES
Com o objetivo de realizar uma análise INDUSTRIAIS POR ALUMINOSSILICATOS. Quim.
interpretativa das referências sobre as Nova, Vol. 25, No. 6B, 1145-1154, 2002.
3. ALBAN MULLER. ARGILAS NATURAIS
propriedades físico-químicas das argilas e sua “ALBAN MULLER” Montmorillonite. Informativo
atuação na pele, quando utilizada em tratamentos Técnico. Pharma Special, 2004. http://
estéticos. Foram adotados como critério de www.pharmaspecial.com.br/imagens/literaturas/
Lit_ARGILAS.pdf.Acesso em 15/02/2014.
inclusão, periódicos publicados em Inglês e 4. AZOUBEL, M. L. Argila Terapêutica. Disponível
Português, que contemplassem o tema e tivessem em: <http://gerontologia.casas.blog.br/2008/06/07/
historia-sobre-a-argila/>. Acesso em: 01 out. 2013.
sido publicados entre os anos de 1999 a 2014. 5. COELHO, A. C. V. ; SOUZA SANTOS, P. ;
Para a pesquisa foram utilizados livros, teses, SANTOS, H. S. Argilas especiais: o que são,
artigos científicos, monografias, resumos e caracterização e propriedades. Química Nova (Online),
v. 30, p.146-152, 2007.
publicações em anais de congressos científicos, 6. COSTA, A. C. S. et al. Capacidade de troca
e sites. Após leitura dos trabalhos selecionados, catiônica dos colóides orgânicos e inorgânicos de
os dados foram compilados para a redação da latossolos do Estado de latossolos do Estado do Paraná
do Paraná do Paraná. Acta Scientiarum. 21(3): 491-496,
presente revisão. 1999. ISSN 1415-6814.
7. DORNELLAS, E.; MARTINS, S. O poder das
argilas: geoterapia. Disponível em: <http://
w w w. c a s a c l e a n . c o m . b r / d o w n l o a d s /
3. CONCLUSÃO OpoderdasArgilas.pdf> Acesso em: 01 fev.2013.
8. LAMAITA, G. Argiloterapia: Menos toxinas e
mais vitalidade. Disponível em: http://
equilibriopleno.blogspot.com/
Através da revisão bibliográfica 2009_06_01_archive.html>. Acesso em: 01 nov. 2013.
realizada, pode-se concluir que os elementos 9. JUNQUEIRA, L. C., CARNEIRO, J. “Biologia
minerais liberados pelas argilas no meio aquoso, Celular e Molecular”. Editora Guanabara Koogan, Rio
de Janeiro, 1991. 5ª Edição. Cap. 1. OLIVEIRA, Oscar;
quando em contato com a pele, têm sua entrada RIBEIRO, Elsa & SILVA, João Carlos “Desafios
facilitada, uma vez que os íons são absorvidos Biologia”. Editora ASA, Porto, 2007. 2ª Edição. Cap.1.
10. LYRA, C. S. Geoterapia: os poderes medicinais
pelos queratinócitos, facilitando sua entrada nos
da argila Copyright © 2010.Terapêutica.
espaços intersticiais das células da epiderme e lyraterapeutica@gmail.com.
derme, possibilitando assim, a obtenção de 11. NICKEL, E. H.; Can. Mineral. 1995, 33, 689.
12. MACHADO, F. B.; MOREIRA, C. A.;
resultados satisfatórios, quando usadas em ZANARDO, A.; ANDRE, A.C.; GODOY, A. M.;
tratamentos estéticos tanto faciais e corporais, FERREIRA, J. A.; GALEMBECK, T.; NARDY, A. J. R.;
quanto capilares. ARTUR, A.C.; OLIVEIRA, M. A. F. Enciclopédia

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SANDRA MEDEIRO & MARCUS LANZA

Multimídia de Minerais. [on-line]. ISBN: 85-89082-11-3 Prático, Ano: 2007. Pag. 112. ISBN 85-86870-52-1.
Disponível na Internet via WWW. URL: http:// 16. SANTOS, C.P.F. et al. Caracterização e Usos de
www.rc.unesp.br/museudpm. Acesso em jan/ 2014. Argilas Bentonitas e Vermiculitas para Adsorção de
13. McBRIDE, M. B. et al. MOVEMENT OF HEAVY Cobre (II) em Solução. Cerâmica: 48, 308-314
METALS THROUGH UNDISTURBED AND (2002).SOUZA SANTOS, P. Em Proceed. 12th Intl. Clay
HOMOGENIZED SOIL COLUMNS. Soil Science Conf.; Dominguez, E.A.; Cravero, F., eds.; Elsevier,
161:740-750 1996. Amsterdam, 2003, p. 323-330.
14. MASCKIEWIC, E. Argila. Revista Bel Col, 17. SPOSITO, G.; ZABEL, A. Cadernos de Ciência
Ed.55, jan. 2014. & Tecnologia, Brasília, v. 20, n. 3, p. 391-411, set./dez.
15. MEDEIROS, G. M. S. Geoterapia - Manual Teórico- 2003.

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