You are on page 1of 7

DEMO : Purchase from www.A-PDF.

com to remove the watermark

9. Chaves SR. Costa RT. Dias RB, N onato SM, Abrão NJ. M ode­ a review o f UK and international fram ew orks [Internet], Bir­
lo de im plantação e operação do m odelo cuidador da U nim ed m ingham : H SM C; 2006 [capturado em 21 jul. 2011], Dispo­
Federação M inas em núcleos de atenção à saúde. In: Inovação nível em: http://w w w .im provingchroniccare.org/dow nloads/
e prática no gerenciam ento de condições crônicas: im plantan­ review _of_intem ational_fram ew orks__chns_hamm .pdf.
do o m odelo cuidador da Federação das U nim eds de M inas
24. Porter M. Kellogg M. K aiser perm anente: una experiencia en
Gerais. Belo Horizonte: Unim edM G ; 2010.
atención sanitaria integrada. RISAI [Internet]. 2008 [captura­
10. M endes EV. As redes de atenção à saúde. Belo H orizonte: do em 21 ju l. 2011 ]: I (1 ):9 p. Disponível em: http://pub.bsalut.
ESP-M G; 2009. net/cgi/view content.cgi ?t i le n am e= O&art ic le = 1003&context
= risai& ty p e= a d d itio n a l.
11. M ackw ay-Jones K, M arsden J, W indle J; M anchester Triage
Group. Emergency triage. 2nd ed. Malden: Blackwell; 2006. 25. Ham C. D eveloping integrated care in the NHS: adapting les­
sons from K aiser [Internet]. B irm ingham : NHS: 2006 [captu­
12. RA N D C orporation. Im proving chronic illness care evalua­
tion (IC IC E) [Internet], Santa M onica: RAND C orporation; rado em 21 jul 2011]. D isponível em: http://www.hsmc.bham.
ac.uk/docum ents/K aiserbriefingpaperM ay2006.pdf.
2010 [capturado em 15 nov. 2010]. D isponível em : http://
w w w .rand.org/health/projects/icice.htm l. 26. Noite E, M cKee M. Caring for people with chronic conditions:
13. Flem ing B, Silver A, O cepek-W elikson K, Keller D. T he re­ a health system perspective. London: Open University; 2008.
lationship between organizational system s and clinical quality 27. C om issão N acional sobre D eterm in an tes Sociais da Saúde.
in diabetes care. Am J M anag Care. 2004;10(12):934-44. As causas sociais das iniqüidades em saúde no Brasil: relató­
14. A sch SM , B aker DW, Keesey JW, B roder M, Schonlau M, rio final da CN D SS [Internet]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008
Rosen M, et al. Does the collaborative model improve care for [capturado em 21 ju l. 2011]. D isponível em: http://www.cn-
chronic heart failure? Med Care. 2005;43(7):667-75. dss.fiocruz.br/pdf/hom e/relatorio.pdf.

15. Baker DW, Asch SM. Keesey JW. Brown JA, Chan KS, Joyce 28. D ahlgren G, W hitehead M. Policies and strategies to promote
G, et al. Differences in education, knowledge, self-management social equity in health. B ackground docum ent to WHO - Stra­
activities, and health outcom es for patients with heart failure tegy paper for Europe [Internet]. Stockholm : Institute for Fu­
cared for under the chronic disease model: the improving chro­ tures Studies; 1991 [capturado em 14 abr. 2 011]. Disponível
nic illness care evaluation. J Card Fail. 2005; 11(6):405-13. em: h ttp ://id e a s.re p e c .O rg /p /h h s/ifsw p s/2 0 0 7 _ 0 1 4.htm l.

16. Schonlau M, M angione-Sm ith R, Chan KS, Keesey J, Rosen


M, Louis TA, et al. Evaluation of a quality im provem ent colla­
borative in asthm a care: does it improve processes and outco­
mes o f care? Ann Fam Med. 2005;3(3):200-8.
17. Chin M H, C ook S, Drum ML, Jin L, Guillen M, Humikowski
C a p ítu lo 1 5
CA , et al. Im proving diabetes care in m idw est com m unity
health centers with the health disparities collaborative. D iabe­
tes Care. 2004;27(l):2-8.
Prescrição de
18. Sim inerio LM, Piatt GA, Emerson S, Ruppert K, Saul M, So­
lano F, et al. Deploying the chronic care model to im plem ent Medicamentos e Adesão
and sustain diabetes self-m anagem ent training programs. Dia­
betes Educ. 2006;32(2):253-60. aos Tratamentos
19. H om er CJ, Forbes P, H orvitz L, Peterson LE, Wypij D, H ein­
rich P. Im pact of a quality improvement program on care and Jorge Umberto Béria
outcom es for children with asthm a. Arch Pediatr A dolesc
Med. 2005; 159(5):464-9. Pedro Lombardi Béria
20. G ilm er TP, O ’Connor PJ, Rush WA, Crain AL, W hitebird RR,
Hanson AM, et al. Impact o f office systems and improvement
Entre 50 e 70% das consultas médicas geram uma pres-
strategies on costs o f care for adults with diabetes. D iabetes
Care. 2006;29(6): 1242-8.
crição medicamentosa.1,2 Em relação ao desembolso propor­
cional direto da despesa total com saúde, os mais pobres gas­
21. Ministry of Health Planning. Population Health and Wellness.
tam mais com medicamentos.3
A framework for a provincial chronic disease prevention ini-
ciative. Victoria: MHP; 2003. Segundo Meville, a prescrição de medicamentos talvez
22. D epartm ent of Health. Supporting people with long term seja a melhor medida direta disponível para avaliar a qual*
conditions: an NHS and social care model to support local dade do trabalho médico em atenção primária.4 Por e x e m p lo -
innovation and integration [Internet]. Leeds: DH; 2005 [cap­ médicos que atendiam crianças com diarreia em postos de
turado em 14 abr. 20111. Disponível em: http://w w w.dh.gov. saude tinham comportamentos prescritivos diferentes d e sua
uk/en/Publicationsandstatistics/Publications/PublicationsPo- rotina usual quando suas consultas eram observadas (p re s e ie
licyAndGuidance/DH_4100252. viam mais soro reidratante oral e menos antibióticos). Alt'111
23. Singh D, Ham C; NHS Institute for Innovation and Im prove­ disso, alguns médicos tendiam a prescrições i n a d e q u a d a s
ment. Improving care for people with long-term conditions: se deliontarem com mães “difíceis” ou ansiosas/
Ferramentas para a Prática Clínica na Atenção Primária à Sa MM f »

FATORES QUE INFLUENCIAM A mente mais onerosas nos grupos sociais de menor renda, ape­
sar de as despesas, em termos absolutos, serem menores“.8
PRESCRIÇÃO Portanto, sempre que possível, deve-se prescrever medica­
Um dos maiores problemas da prática médica atual no mentos genéricos, que sao mais baratos do que os com nome
Brasil é a confusão existente no que já foi chamado de “selva fantasia, além de apresentarem a mesma segurança e qua­
terapêutica". Entre os fatores que contribuem para essa grave lidade.9 O mesmo não pode ser dito dos similares. Esses
situação, pode-se salientar: medicamentos têm nome fantasia, são mais baratos do que o
medicamento de referência, têm o(s) mesmo(s) princípio(s)
o exagerado número de apresentações comerciais,
ativo(s) dos de referência, mas devem ser intercambiáveis
medicamentos e princípios ativos, que chegam a milha­
com muita cautela, pois não apresentam a segurança e quali­
res, muito além dos preconizados como essenciais pela dade comprovada dos genéricos.9
Organização Mundial da Saúde;6
a propaganda intensa, parcialmente científica e com fre­
quência distorcida, realizada pela indústria farmacêutica;7 RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS
o inadequado ensino de terapêutica nas escolas médicas Antes de prescrever, o médico deve se fazer os seguintes
(muitas vezes o diagnóstico é mais enfatizado do que as questionamentos:
habilidades terapêuticas); E realmente necessária a utilização de umfármaco para
a educação continuada deficiente ou, via de regra, ine­ modificar o curso clínico deste problema? Se a resposta for
xistente; e positiva, o uso de cada fármaco deve ser justificado para o
paciente.
os mecanismos insuficientes de controle, em âmbito na­
cional, da produção, comercialização, publicidade, pres­ Que fármaco indicar? Deve-se prescrever sempre medica­
crição e consumo de medicamentos. mentos conhecidos, não caindo no fascínio da “última novida­
de terapêutica”. Sempre que possível, devem ser usados fárma-
cos isolados, pois, além de ser mais fácil o controle do esquema
Um dos perigos da prática de um médico de atenção pri­ adequado, são mais baratos. A regra do fármaco de escolha para
mária, pressionado peio grande número de atendimentos, cada doença ou agente infeccioso deve sempre ser seguida. An­
pode ser a utilização da prescrição como uma forma mais tes de prescrever um medicamento, seus efeitos indesejáveis
simples de encerrar uma consulta, bem como um pretenso e a interação com outras substâncias devem ser conhecidos
substituto de outras atitudes mais adequadas. pelo médico. Mulheres em idade fértil devem ser questionadas
sobre o tipo de anticoncepção que utilizam ou se apresentam
atraso menstrual. Deve-se lembrar que alguns medicamentos
reduzem a efetividade dos anticoncepcionais orais (p. ex., to-
RECOMENDAÇÕES GERAIS piramato).10Caso haja suspeita de gravidez, deve-se prescrever
somente medicamentos recomendados (ver Apêndice Uso de
É fundamental o estudo continuado, bem como o estudo Medicamentos na Gestação e na Amamentação). A escolha de
imediato no consultório sempre que necessário. Para tanto, é medicamentos em outras situações fisiológicas (infância, se­
importante ter à mão textos confiáveis e atualizados de far­ nilidade) ou patológicas (p. ex., prematuridade, insuficiências
macologia clínica. cardíaca, hepática e renal) deve privilegiar os fármacos que le­
O Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF) sam menos o usuário ou os sistemas comprometidos. Se isso
pode ser usado apenas para conferir composições e apresen­ for impossível, ajustes de esquemas devem ser feitos.
tações dos diversos produtos, pois também faz parte da pro­ Como deve ser administrado o fármaco? A dose, a via
paganda realizada pela indústria farmacêutica. O Formulário de administração, o intervalo entre as administrações e o
Terapêutico da Relação Nacional de Medicamentos Essen­ tempo de uso devem ser prescritos corretamente. Na dúvida,
ciais (Rename, ver Sites Recomendados, on-line), com mo­ consulte capítulos específicos deste livro ou outras fontes. A
nografias sobre todos os medicamentos essenciais da lista da linguagem deve ser acessível ao paciente, e a letra, legível.
Organização Mundial da Saúde, é fonte segura de informação. No final da consulta, o médico deve solicitar ao paciente a
Pode-se consultar os preços dos medicamentos (ver Sites descrição de como vai utilizar os medicamentos prescritos.
A prescrição realizada deve ser anotada de forma correta 110
Recomendados, on-line) ou solicitar informação a alguma
prontuário. É importante, também, ressaltar por quanto tem­
farmácia. A lista atualizada dos medicamentos disponíveis
po o paciente deve usar o medicamento. Existe exagero para
na farmácia popular mais próxima é essencial para a melhor
os dois lados: consumo por tempo menor do que o indicado e
utilização de produtos gratuitos, quando não disponíveis no
local do atendimento. consumo crônico quando não indicado.
O paciente está usando o u t r o fármaco ? Antes de pres­
Não se pode esquecer, conforme salienta Cordeiro, que
crever, o médico deve perguntar sempre ao paciente se e
“as práticas de consumo de medicamentos são proporcional­
quais medicamentos está usando, ficando atento para even­ tente com carimbo e assinatura, data da expedição da receita
(de até 180 dias), nome e endereço residencial do paciente.12
tuais interações nocivas.
Quais os efeitos esperados com a utilização dofármaco?
O paciente deve ser esclarecido quanto aos efeitos positivos e NORMAS GERAIS PARA PRESCRIÇÃO
negativos do medicamento prescrito e orientado a retornar se
houver qualquer manifestação diferente da esperada. Quando é tom ada a decisão de prescrever um medica­
mento, deve-se levar em conta que as duas principais funções
O fármaco poderá ser utilizado para outros fins que não da receita são inform ar o farm acêutico sobre qual fármaco
os da prescrição? Deve-se ter especial cuidado com a pres­ deve ser fornecido ao paciente e sob quais condições, e ins­
crição de determinados fármacos quando há risco de que se­
truir o paciente sobre as condições de uso do medicamento, o
jam usados em tentativa de suicídio ou para outros fins que
que é discutido adiante.
não os da prescrição. Isso pode ser feito prescrevendo-os em
pequenas quantidades de cada vez ou encarregando um fami­ Além disso, a receita é um docum ento legal que sujeita
liar pelo monitoramento da medicação. o m édico e o farm acêutico às leis de controle e vigilância
sanitária vigentes, devendo o clínico, portanto, seguir estas
É necessário recomendar que todos os medicamentos se­
normas:
jam guardados fora do alcance das crianças (p. ex., aspirina,
paracetamol, sulfato ferroso e teofilina são causas de intoxi­ -> Escrevê-la claramente a tinta (ou melhor, imprimi-la).
cação por vezes fatal). -> Evitar o uso de abreviaturas e term os técnicos, mesmo
Por último, é recomendável evitar a prescrição de tran­ que sejam de uso corriqueiro.
quilizantes para pessoas sadias em ocasiões de estresse agu­ -> Cuidar com a grafia dos núm eros, especialm ente o uso
do, como luto ou separação (ver Capítulo Abordagem da
de zeros e vírgulas, evitando, assim , erros de dosagem
Morte e do Luto). A dependência de tranquilizantes menores
que poderão ser letais.
está tomando as proporções de uma epidemia, controlável
com a prescrição criteriosa pelo clínico. Usar receituário apropriado para a classe do fármaco
prescrito.
-> Assinar claramente, datar e carim bar a prescrição.
FITOTERAPIA
-> Lembrar que apenas seis unidades comerciais podem ser
O médico de atenção primária deveria conhecer os fito- dispensadas por receita.
terápicos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) de
sua região, bem como as práticas tradicionais de uso desses A receita formal deve ser com posta pela seguinte se­
fármacos na população que ele atende. O Programa Nacional quência de inform ações:13
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituído em 2009," Cabeçalho: nome, endereço, telefone, instituição e nú­
propõe-se a inserir plantas medicinais, fitoterápicos e serviços mero de cadastro do profissional (geralm ente impressos
relacionados com a fitoterapia no SUS com segurança, eficácia no receituário).
e qualidade. O Ministério da Saúde incluiu no Elenco de Re­
ferência da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica uma Superinscrição: nome e endereço do paciente que re­
lista de medicamentos fitoterápicos passíveis de financiamento ceberá o medicam ento, seguido pela form a “uso oral",
para dispensação no SUS (ver Sites Recomendados, on-line). “uso intram uscular” , “uso nasal” , “uso intravenoso ',
“uso intra-articular”, “uso derm atológico”.
Inscrição: nome do fármaco, form a farmacêutica e sua
FARMÁCIA POPULAR concentração.
A Farmácia Popular é um Programa do Governo Federal Subinscrição: a quantidade a ser fornecida. No caso de
que visa disponibilizar à população, por meio de uma rede pró­ fármacos controlados, essa quantidade deve ser escrita
pria e da rede privada de farmácias e drogarias, medicamentos por extenso entre parênteses. Por exemplo, escreve-se
para tratar doenças como hipertensão arterial e diabetes. Dispensa 20 (vinte) com prim idos”.
Os medicamentos, de uso contínuo, têm descontos de Transcrição: as orientações para o paciente.
90%, sendo que alguns para o tratamento de diabetes e hiper­
tensão (p. ex., metformina, insulina, vários betabloqueadores -> Data, assinatura e carimbo.
e hidroclorotiazida) são gratuitos. Medicamentos para asma,
doença de Parkinson, glaucoma, anticoncepcionais, osteopo-
rose e rinite também estão disponíveis. TIPOS DE RECEITAS E SUBSTÂNCIAS
Para obter o medicamento na Farmácia Popular, o pacien­ CONTROLADAS
te precisa de seu CPF e um documento com fotografia, bem
Seguindo acordos internacionais, a legislação brasileira
como da prescrição médica contendo o CRM do médico emi­ classifica os medicamentos em grupos com regimes de con-
eção If Ferramentas para a Prática Clínica na Atenção Primária à Saútf«

trole diferentes. A maioria dos fármacos é prescrita em re­ Listas D, E e F: substâncias controladas pelo Ministério
ceituário comum. Para os antibióticos - incluindo os de uso de Justiça por terem propriedades entorpecentes ou psicotró­
dermatológico, ginecológico, oftálmico e otorrinolaringoló- picas ou por serem precursoras dessas substâncias.1415
gico é necessário receita comum dupla, e a validade é de
apenas 10 dias. No entanto, para substâncias controladas, é A validade das receitas para substâncias controladas é
obrigatório o uso de receituários ou notificações específicos, de 30 dias. As listas completas das substâncias controladas e
emitidos pela Secretaria de Vigilância Sanitária. A Agência maiores informações sobre a prescrição desses medicamen­
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) utiliza a seguinte tos estão disponíveis na página da Anvisa (ver Sites Reco­
classificação para as substâncias controladas (ta b e la 15.1 ): mendados, on-line).

Lista A (receita amarela)


AI: substâncias entorpecentes (analgésicos opioides) ADESÃO AOS TRATAMENTOS
A2: substâncias entorpecentes em concentrações espe­ A adesão dos pacientes é definida como o grau de segui­
ciais (analgésicos opioides e antagonistas) mento das recomendações médicas.16 A não adesão a trata­
A3: substâncias psicotrópicas (anfetamínicas) mentos com medicamentos pode ser classificada como erro
de omissão (um medicamento prescrito não é utilizado), erro
Lista B (receita azul)
de consumo (um medicamento não prescrito é consumido),
B l: substâncias psicotrópicas (benzodiazepínicos e bar­ erro de posologia (uma dose errada é utilizada) e erro no in­
bitúricos) tervalo entre as administrações (p. ex., uma vez ao invés de
duas vezes ao dia).16
B2: substâncias psicotrópicas anorexígenas
Lista C (receita branca, duas vias) Estima-se que entre 30 e 50% dos medicamentos pres­
critos para condições de longo curso não são usados confor­
C l: outras substâncias sujeitas a controle especial (an- me as recomendações recebidas. A não adesão não deveria
ticonvulsivantes, antidepressivos) ser vista como um problema do paciente. Ela representa uma
C2: substâncias retinoicas de uso sistêmico (receita es­ limitação fundamental da provisão dos cuidados de saúde,
pecial) frequentemente devido a uma falha na concordância com a
prescrição ou em identificar e proporcionar o suporte de que
C3: substâncias imunossupressoras (talidomida - recei­ o paciente necessita (ta b e la 15.2).17
ta especial)
O grau de adesão dos pacientes e o comportamento pres-
C4: substâncias antirretrovirais
critivo dos médicos devem sempre ser examinados simulta­
C5: substâncias anabolizantes neamente e como parte das avaliações da qualidade da atenção

TABELA 15.1 -> Tipos de notificações e receitas para medicamentos controlados

Tipo de notificação Notificação de Notificação de Notificação de Notificação de receita Receita de controle espe­ Receita comum em duas vias
receita A receita Bl receita B2 especial cial em duas vias

Medicamentos Entorpecentes Psicotrópicos Anorexígenos Retinoides sistêmicos Outras substâncias Antibióticos


e imunossupressores de controle especial,
(talidomida) antirretrovirais e anabo­
lizantes

Listas A1, A2eA3 B1 B2 C2eC3 C1,C4eC5 —

Abrangência Em todo o território Na unidade federada onde for concedida a numeração Em todo o território Em todo o território nacional
nacional nacional

Cor da notificação Amarela Azul Azul Branca Branca Branca

Quantidade máxi­ Quantidade sufi­ Quantidade sufi­ Quantidade sufi- Quantidade suficien- Quantidade suficiente Não há limite de quantidade
ma por receita ciente para 30 dias ciente para 60 dias ciente para 30 dias te para 30 dias para 30 dias (ou 5 ampo­ de caixas ou tempo de
(ou 5 ampolas, se (ou 5 ampolas, se las, se injetável) tratamento. A farmácia deve
injetável) seguir a orientação presente
injetável)
na prescrição médica

Quem imprime 0 profissional retira a numeração junto à Autoridade Sanitária e esco­ A receita de controle A receita é fornecida pelo
Autoridade sanitária
o talão da notifi­ lhe a gráfica para imprimir o talão às suas expensas. especial é fornecida profissional às suas expensas
cação pelo profissional às suas
Somente para medicamentos da lista C3: serão impressas às expensas
dos serviços públicos de saúde devidamente cadastrados junto ao expensas
órgão de Vigilância Sanitária Estadual.

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.14


I Medicina Am bulatorial

TABELA 15.2 Principais fatores que levam à não adesão ao tratamento comportamento) foi o maior preditor de adesão. O número
de tomadas diárias superior a quatro estava associado à não
FATORES INTENCIONAIS FATORES NÃO INTENCIONAIS
adesão.23 Como a adesão em muitos destes estudos foi esti­
Esquema terapêutico complexo, que exija Falta de acesso ao medicamento mada por autorrelato, a verdadeira adesão é provavelmente
mudança nos hábitos de vida do paciente prescrito
ainda mais baixa.
Aparecimento de efeitos colaterais dos Custo dos medicamentos
medicamentos prescritos
Uma metanálise sobre o efeito da ansiedade e da depressão
na adesão de pacientes não psiquiátricos atendidos por médicos
Remissão dos sintomas da doença em Entendimento equivocado da prescrição
não psiquiatras verificou que pacientes deprimidos apresenta­
tratamento
vam uma adesão três vezes menor do que os não deprimidos.24
Desconfiança do paciente em relação à Depressão, desmotivação, esquecimento
prescrição A não adesão de um paciente a uma terapêutica eficaz
poderá frustrar os objetivos tanto do médico quanto do pa­
ciente em reduzir sofrimento, prevenir enfermidades, me­
médica, pois, segundo Wright,16 muitas vezes uma prescrição lhorar o nível de funcionamento e aumentar a longevidade.
sinaliza o fim de uma consulta e não o início de uma aliança. Se o médico desconhece a não adesão do paciente, poderá
atribuir, equivocadamente, o resultado insuficiente a uma
Segundo revisões de literatura, a adesão a tratamentos
dosagem inadequada, à falha do esquema terapêutico ou a
medicamentosos de curta duração chega a 75% nos primeiros
um diagnóstico incorreto. Qualquer uma dessas conclusões
dias, porém menos de 25% dos pacientes ambulatoriais com­
pode levar o médico a agir de modo inapropriado. Assim, a
pletarão 10 dias de antibiótico para uma amigdalite bacteriana
medicação poderá ser trocada ou a dose aumentada. Novos
ou uma otite média. Como mostrado na TABELA15.3, a adesão ao
diagnósticos podem ser considerados, sendo o paciente sub­
uso de medicamentos para tuberculose, quando autoadminis-
metido a testes e a procedimentos desnecessários.25
trados, era de apenas 86%;18 para hipertensão e para tratamen­
to não farmacológico de diabetes, de apenas 50%;19,20 e para
retrovirais no tratamento de HIV/AIDS, de apenas 70%.21 Prevenção da não adesão
Em um estudo de base populacional em uma cidade no Geralmente é mais eficiente usar algumas estratégias
Sul do Brasil, a adesão referida em hipertensos foi de 72%, que irão melhorar a adesão de todos os pacientes no início
porém a maioria (69%) não estava com a pressão controla­ do tratamento do que tentar identificar os não aderentes mais
da. Referiam maior adesão os pacientes mais velhos e com tarde. Estratégias preventivas mínimas para todos os pacien­
maior número de consultas ao ano. Por outro lado, paraefei- tes devem incluir:
tos da medicação e transtornos psiquiátricos menores dimi­
nuíam a adesão.22 Outro estudo no mesmo local encontrou desenvolvimento de vínculo e confiança na relação com
57% de adesão ao tratamento com antirretrovirais em pacien­ o paciente (ver Capítulo Método Clínico Centrado na
tes com HIV/AIDS (dos pacientes considerados aderentes, Pessoa);
67% apresentavam carga virai inferior a 500 cópias/mL). A uso do esquema de tratamento mais simples possível; e
expectativa de autoeficácia (convicção na capacidade pessoal
-> instruções breves, claras e explícitas, que incluam o pro­
de controlar qualquer circunstância que dificulte seguir um
pósito e a duração do tratam ento, com repetição subse­
quente pelo paciente para testar a efetividade da comu­
TABELA 15.3 -> Prevalência de adesão ao tratamento de doenças crônicas em nicação (TABELA15.4).
contextos brasileiros
Uma revisão sistemática de estudos sobre adesão confir­
PREVALÊNCIA mou que o número de doses diárias prescritas está inversa­
TRATAMENTO # (<lNTEXTo4 H H M R I ,
ADESÃO(%) mente relacionado com a adesão. Prescrições simples, com
Tuberculostáticos Município de Carapicuíba, Grande São doses menos frequentes, resultam em melhor adesão.'6 Em
Paulo11 uma revisão de intervenções para promover a adesão ao ma­
Autoadministrados 86 nejo da tuberculose, cartões enviados para os não aderentes,
DOTS 92 uma combinação de incentivo monetário e educação em saú­
de e maior supervisão da equipe clínica aumentaram o núme­
Anti-hipertensivos 47 Unidades de saúde da família,
Blumenau, SC'9
ro de pessoas que completaram seu tratamento.27

72 Pelotas22
TABELA 15.4 —> Principais fatores que levam à maior adesão ao tra ta m e n to
Não farmacológico 52 Programa Saúde da Família, Centro de
Diabetes Saúde Ventosa, Belo Horizonte20 Boa relação médico-paciente

Antirretroviral 70 Revisão sistemática de 56 estudos, 19 Uso do esquema terapêutico mais simples possível ___
no Brasil2' Entendimento, por parte do paciente, do esquema terapêutico e do propósito do seu
57 Pelotas21 tratamento
Motivação
DOTS = direct observed treatment strategy (tratamento de observação direta).
............. *■' " " « w . W U M ■ « 1 1 II- 11 III. M i l . [I... I k I w
►Ferramentas para a Prática Clínica na Atenção Primária à Saúde

Em uma revisão de intervenções para auxiliar os pacien­ podem ajudar a aumentar a adesão. Para os idosos que podem
tes a seguirem a prescrição de medicamentos para tratamen­ apresentar problemas com a memória recente, a recomenda­
tos de curta duração, aconselhamento e informação escrita ção de que a dose diária do(s) medicamento(s) seja colocada
mostraram efeito na adesão e no desfecho clínico. As inter­ em um pequeno recipiente fechado pela manhã poderá ser
venções para tratamentos de longa duração que estiveram uma forma de facilitar o controle da dose prescrita.
associadas à melhora da adesão eram complexas, incluindo
combinações de cuidados mais convenientes, informação,
aconselhamento, lembretes, automonitoramento, reforço, te­ Diagnóstico da não adesão
rapia de família e outras formas adicionais de supervisão e A possibilidade de não adesão deve ser considerada em
atenção. Mesmo as intervenções mais efetivas não levaram todos os pacientes, devido à alta prevalência e à inabilida­
a um grande aumento na adesão e nos desfechos clínicos.28 de dos médicos em predizê-la intuitivamente. A ausência de
Instruções por escrito, além da receita, devem ser utiliza­ efeitos terapêuticos ou efeitos adversos esperados deve le­
das quando forem feitas mudanças no esquema de tratamen­ vantar suspeita, assim como a presença de outros fatores de
to, ou quando o esquema for complexo ou as instruções não risco associados à não adesão.
memorizadas totalmente. Poderão reforçar a adesão tanto a O primeiro passo para o diagnóstico de não adesão é per­
educação dirigida à correção de ideias errôneas e à motiva­ guntar ao paciente (de forma aberta, facilitadora e sem julga­
ção do paciente quanto a discussão dos possíveis efeitos ad­ mento) o que ele está fazendo para tratar seu problema. As
versos e o que fazer caso ocorram, do custo aproximado dos informações devem ser abrangentes, incluindo medicamen­
medicamentos, de alternativas terapêuticas e de consequên­ tos que estão sendo utilizados, frequência das doses, esqueci­
cias do não tratamento. Transferência negativa e reações con- mentos e tipos de tratamentos não farmacológicos que estão
tratransferenciais devem ser reconhecidas e trabalhadas.16 sendo seguidos. Deve-se perguntar especificamente sobre a
adesão no dia da consulta e no dia anterior. Quando o pa­
O cuidado individualizado das necessidades do paciente
ciente parece confuso ou não consegue informar o suficiente,
desde o início poderá aumentar sua satisfação e as chances
solicita-se que traga todos os frascos de medicamentos uti­
de adesão. Para tanto, é necessário que o médico responda
lizados ao consultório. Além de algumas surpresas que pro­
rotineiramente a algumas das seguintes perguntas:25
vavelmente surgirão (usar dois medicamentos com a mesma
-> Quem é este paciente? Quais são os seus traços de per­ composição, medicamentos que foram substituídos e conti­
sonalidade? Ele necessita mais ou menos informação e nuam sendo utilizados), essa técnica permite a contagem de
envolvimento em seu próprio cuidado? comprimidos para uma medida aproximada da adesão.33
Quais são as explicações e crenças do paciente sobre a Pelo menos quatro tipos de pacientes consultam um mé­
sua enfermidade? Qual é a sua atitude sobre a atenção de dico e não seguem as recomendações:
saúde? Que barreiras para adesão existem? (ver Capítulo
os que querem cumprir, mas não sabem como ou esque-
Antropologia e Atenção Primária à Saúde).
ceram-se de todas ou de algumas das recomendações;
De onde vem este paciente? Que fatores ambientais, -> os que sabem como, mas não se sentem suficientemente
como família e horário de trabalho, poderiam influenciar motivados para seguir as recomendações;
sua capacidade de seguir um esquema terapêutico?
-> os que não conseguem cumprir devido à pobreza, impos­
-> Por que o paciente está aqui? Quais são suas expectati­ sibilidade de conseguir medicamentos (p. ex., um estudo
vas, motivações e preocupações ao procurar atenção mé­ brasileiro com base populacional demonstrou que 90%
dica? O que desencadeou a presente consulta? dos medicamentos consumidos por crianças de até três
-> O paciente entende e aceita a explicação e a prescrição meses de idade foram comprados pelas famílias)34 ou
do médico? outros obstáculos externos; e
A entrevista motivacional é um meio de ajudar a pes­ -> os que mudam de ideia e, por diversas razões, decidem
soa a reconhecer a ambivalência e relutância que envolve a não mais seguir as recomendações (efeitos secundários,
mudança de comportamento (ver Capítulo Abordagem para análise de custo-benefício, melhora rápida).6
Mudança de Estilo de Vida).29’32
Para as crianças, os medicamentos líquidos gelados po­ Tratamento da não adesão
dem tornar-se mais palatáveis.33 Para pacientes com proble­ Na prática individual, é importante levar em considera­
mas em seguir um esquema oral fracionado e de duração pro­ ção, antes de realizar intervenções para aumentar a adesão,
longada, o uso de esquemas de dose única, oral ou parenteral, que a terapêutica seja racional e baseada em conhecimento
quando possível, reduz a não adesão, aumentando a efetivi­ médico estabelecido e que os riscos potenciais do tratamento
dade da terapia. Auxílio de familiares, lembretes, colocação sejam menores do que os benefícios esperados.16
do medicamento (desde que não tique ao alcance de crian­
ças) em locais onde o paciente vai regularmente (cabeceira Para o tratam ento da não adesão, é im portante m elho­
da cama, pia do banheiro, sobre a geladeira) são métodos que rar a com unicação com os pacientes. Antes que os pacientes
edicina Am bulatória

FIGURA 15.3 -> Desenho significando tomar duas colheres de chá duas vezes ao dia.
Fonte: Adaptada de Werner.35 __________________________________

^4 ^1 de seu próprio cuidado, obtenção de compromissos verbais e

o o o o contratos escritos, aumento da supervisão médica e familiar.


Estratégias simultâneas necessárias ao tratamento incluem
educação delineada para motivar o paciente, correção de ideias
FIGURA 15.1 -> Para lembrar a pessoa que não sabe ler ou que tem dificuldade em errôneas, introdução ou alteração de certas crenças, atitudes
compreender uma instrução escrita, pode-se utilizar um impresso como este. Nos qua­ e valores, reforço do senso de autoeficácia e reforço das ha­
drinhos em branco, desenha-se a quantidade de medicamento que ela deve tomar. É bilidades necessárias para a adesão. Às vezes, uma opção é o
preciso explicar com cuidado o que o desenho significa. tratamento parenteral de ação prolongada. Como a adesão ten­
Fonte: Adaptada de Werner.35
de a diminuir após o término das intervenções, as estratégias
efetivas deveriam ser mantidas por prazo indeterminado. Ten­
saiam do consultório, os médicos deveriam comprovar siste­ tativas de simplificação ou interrupção de uma estratégia que
maticamente se as recomendações foram entendidas. O uso teve bom resultado devem ser feitas gradualmente, ao mesmo
de material escrito com clareza ajuda os pacientes a lembra­ tempo em que a adesão continua a ser monitorada.2'’
rem as informações recebidas.
Para os que não sabem ler ou têm dificuldade em com­ ADESÃO A RETORNOS E
preender uma instrução escrita, deveriam ser usados símbo­
los visuais compatíveis com a cultura local. Por exemplo, de­ ENCAMINHAMENTOS
senhar uma colher ou comprimido para simbolizar o número Em relação à adesão a consultas de retorno, é importante:
de doses, sol e lua para dia e noite (fig u ra s 15.1 a i5 .3 ).
-> discutir o propósito da consulta;
Se o problema é de não compreensão das recomenda­
ções, o uso de maiores instruções verbais e escritas e/ou a -> negociar um intervalo de consulta que seja mutuamente
simplificação e personalização do esquema terapêutico são aceitável;
indicados. Se o paciente, mesmo assim, não compreende, personalizar o horário da consulta às necessidades do
será necessária a supervisão do uso do medicamento por um paciente;
familiar ou trabalhador da saúde.
-> obter concordância verbal do paciente; e
Quando a não adesão é voluntária, a estratégia delineada
para melhorá-la deve ser personalizada às necessidades indi­ marcar a consulta, em vez de deixar para o paciente a
viduais. Problemas de fundo, como depressão e alcoolismo, iniciativa de quando retornar.
devem ser tratados. O uso de métodos comportamentais será Faltar a uma consulta agendada pode ser sinal de aban­
frequentemente necessário, incluindo simplificação e personali­ dono de tratamento; assim, as fichas dos pacientes deveriam
zação do esquema terapêutico, uso de recipientes farmacêuticos ser revisadas diariamente pelo médico ou pela equipe. Q u a n ­
especiais ou cartões lembretes, automonitoramento pelo pa­ do indicado, e se possível, o paciente deve ser contatado por
ciente, negociação e envolvimento do paciente no planejamento telefone, correio ou visita domiciliar. Se o encaminhamento
a um especialista for necessário, é importante salientar ao pa­
ciente o propósito desse ato, assegurar o entendimento e a
concordância com o plano de referenciamento e, sempre que
possível, encaminhá-lo para um profissional específico, e não
para um grupo. Deve-se auxiliar, também, para que a co n su lta
seja agendada dentro de um curto período, se possível.

e © © © Referências
FIGURA 15.2 Desenho significando tomar meio comprimido quatro vezes ao dia. 2. Arrais PSD, Barreto ML, Coelho HL. Drug p r e s c r i p t i o n and
Fonte: Adaptada de Werner.35
dispensing from the patient's perspective: a community-ba:it

You might also like