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Apresentação da obra
A sua ligação amorosa foi comandada à distância por uma entidade que se
denomina destino.
. Pedro da Maia
. Maria Monforte
. Carlos da Maia
. Maria Eduarda
Cruges: “um diabo adoidado, maestro, pianista, com uma pontinha de génio”, é
o intelectual incompreendido e marginalizado, que representa os artistas da
música;
Steinbroken: o político neutro, que nunca se compromete e representa os
diplomatas;
João da Ega: representa o intelectual dos grandes ideais, incoerente nas suas
posições, alheio a convenções, mas vitima do meio que irreverentemente
contesta;
Carlos: português educado superiormente, dotado de um gosto requintado que
se distancia da mediocridade do meio social que o rodeia, mas vítima de um
diletantismo e ociosidade que o impedem de concretizar os seus projectos a
vencer;
Comentar o episódio:
Dez anos depois, Carlos regressa a Lisboa, mas não sem antes passar por Santa
Olávia. Carlos almoça no Hotel Bragança com Ega, que lhe conta todas as
novidades.
Entretanto, aparecem Alencar e Cruges, que falam dos anos que passaram:
Alencar cuidava agora da sobrinha, pois a sua irmã morrera, e Cruges e Carlos
convida-os para um “jantarinho à portuguesa”.
Após o almoço, Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete, quando chegam ao Chiado
verificam que nada mudou, pois continua do mesmo modo aquando a sua
partida.
Pelo caminho encontram Dâmaso, que casara com a filha mais nova de um
comerciante falido e para além de ter de sustentar toda a família, sofria a traição
da mulher.
Aos poucos, Carlos toma consciência do novo Portugal, ainda mais decadente
que à dez anos atrás. Vêem Charlie, já um homem, e encontra Eusebio, que fora
obrigado a casar com uma mulher forte, pois o pai dela apanhara-os a namorar.
No capítulo XVIII, todos esses acontecimentos levam a que Carlos saia do seu
país e parta numa viagem com João da Ega.
B - Ega
C - Dâmaso
Caracterização Física
Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros
largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina,
castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos
cantos da boca. Como diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da
Renascença".
Caracterização Psicológica
Carlos era culto, bem-educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é
fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e
generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o
gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério e de
o concretizar). Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a
esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade
parasita, ociosa, fútil e sem estímulos. Mas também devido a aspectos
hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade.
Ega
Caracterização Física
Ao nível físico, brinca com a sua magreza, com o seu monóculo e com o bigode
arrebitado. Usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço
esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.
Caracterização Psicológica
Ao nível intelectual, revela a sua dualidade romântica e regeneradora.
Dâmaso
Caracterização Física
Era baixo, gordo, "frisado como um noivo de província". Era sobrinho de
Guimarães. A ele e ao tio se devem, respectivamente, o início e o fim dos
amores de Carlos com Maria Eduarda.
Caracterização Psicológica
Dâmaso é uma suma de defeitos. Filho de um agiota, é presumido, cobarde e
sem dignidade.
Obcecado pelo “chique a valer”, vive dividido entre a admiração bacoca por
Carlos, que considera "um tipo supremo de chique", e os ciúmes e a inveja que a
superioridade do amigo e a sua relação com Maria Eduarda lhe provocam.
B - O diletantismo
O mal do diletantismo impede que se fixe a atenção num trabalho sério sem se
deixar desviar por solicitações acidentais, Carlos “tinha nas veias o veneno do
diletantismo” (Capitulo IV).
C - Apreciação do estrangeiro
D - Depreciação do português
F - A inacção da sociedade
Uma certa falta de fibra, uma certa tendência para a inacção, uma certa “moleza
no agir”. Numerosos exemplos, de que se destaca o vendedor de bilhetes com
“duas mãos brutas e moles” a arranjar troco (capítulo XI), mas principalmente
no capitulo final, onde o próprio Carlos pasma da abundância de jovens ociosos
que se passeiam: “que fazem ali, às horas de trabalho, aqueles moços tristes de
calça esguia?” (capítulo XVIII)
G - O romancismo
O mal do romancismo, concebido não como estética, mas com atitude perante a
vida: “Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim?
Românticos, isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo
sentimento e não pela razão” (Capítulo XVIII)
Simbolismo
A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte. Agora, (no
último capítulo) coberta de ferrugem simboliza o desaparecimento de Maria
Eduarda, os seus membros agora transformados dão-lhe uma forma monstruosa
fazendo lembrar Maria Eduarda e monstruosidade do incesto. Esta estátua
marca então, o início e o fim da acção principal. Ela é também símbolo das
mulheres fatais d' Os Maias - Maria Eduarda e Maria Monforte.
O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e
a morte, foram testemunhas das várias gerações da família. Mas também,
simbolizam a amizade inseparável de Carlos e João da Ega.
Não é difícil lermos o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo
Ramalhete. No início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se
símbolo da esperança e da vida, é como que um renascimento; finalmente, a
tragédia abate-se sobre a família e eis a cascata chorando, deitando as últimas
gotas de água, a estátua coberta de ferrugem, tudo tem um carácter sombrio.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e
disposto em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa
transparecer a realidade de destruição e morte. E se os Maias representam
Portugal, a morte instalou-se no país.
4. O cedro e o cipreste;
8. Viagem de Carlos
O estrangeiro surge-nos como um recurso para resolver problemas.
- Maria Eduarda segue para Paris quando descobre a sua relação incestuosa
com Carlos.
- O próprio Carlos resolve a sua vida falhada com a fixação definitiva em Paris.
9. Realismo
O Realismo é anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta
a nossos próprios olhos para condenar o que houver de mau na nossa
sociedade».
10. Naturalismo
Eça é um escritor mais realista do que naturalista. O Naturalismo é «um método
de pensar, de ver, de reflectir, de estudar, de experimentar, uma necessidade
de saber, mas não uma maneira especial de escreve. Nos seus romances - a
hereditariedade, o meio ambiente em Os Maias, Carlos, como a mãe, era apenas
instinto, desejo, produto do meio. Também naturalista nessa obra é o realce que
o autor dá ao subconsciente freudiano, sugerindo os pensamentos de Carlos
após a revelação de Ega.
11. Geração de 70
Assim se designa o grupo de jovens intelectuais portugueses que manifestaram
um descontentamento com o estado da cultura e das instituições nacionais. O
grupo fez-se notar a partir de 1865, tendo Antero de Quental como figura de
proa integrando ainda literatos como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo
Braga, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis e Guilherme de
Azevedo. Juntos ou, como sucedeu mais tarde, trilhando caminhos de certa
forma divergentes, estes homens marcaram a cultura portuguesa até ao virar do
século (se não mesmo até à República), na literatura e na crítica literária, na
historiografia, no ensaísmo e na política.
. O diagnóstico dos males de Portugal: não ter criado um figurino próprio e ter
adoptado, exagerando em tudo, os figurinos estrangeiros;
14. Mensagem
A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção
iminentemente crítica.
É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia, que Eça
concretiza a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações
totalmente diferentes, falharam na vida. Pedro falha com um casamento
desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos falha com uma ligação incestuosa, da
qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e apagada em Paris sem
qualquer projecto seriamente útil.
Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas
e políticas diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de
70 e das Conferências do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso.
Mas não foi isso que sucedeu e é este facto que o escritor pretende evidenciar
com o episódio final - o fracasso da Geração dos Vencidos da Vida.