You are on page 1of 6

Roger Ebert, crítica do filme original, de 1977 (disponível em

https://www.rogerebert.com/reviews/star-wars-1977), sobre o filme ser uma retomada de


valores narrativos tradicionais:

Minha lista de ‘filmes extra-corpóreos” [Denominação que Ebert explica antes na


crítica, ao se referir a filmes que são absolutamente imersivos em sua narrativa] é
curta, e contém filmes que vão de “Bonnie e Clyde”, ao comercialismo de “Tubarão” e
a brutalidade de “Taxi Driver”. Em algum nivel, eles me envolvem de forma tão
imediata e ponderosa que perco minha capacidade analítica e noção de desconexão.
O filme está acontecendo, e está acontecendo comigo.

O que faz Star Wars uma experiência tão única é que ele acontece de maneira tão
inocente e engraçada. Normalmente é a violência que me puxa tão fortemente para
um filme –violência psicológica no caso de um personagem de Bergman ou a
mordida irracional de um tubarão. Mas quase não há violência em Star Wars. [...]. Ao
invés disso, há entretenimento tão direto e simples que todas as complicações do
filme moderno parecem se vaporizar.

"Star Wars" é um conto de fadas, uma fantasia, uma lenda, encontrando suas raízes
em algumas de nossas ficções mais populares. O robô dourado, o piloto com cara de
leão, e o pequeno computador em rodas devem ter sido sugestões do Homem de
Lata, o Leão Covarde e o Espantalho em “O Mágico de Oz”. (…) O equipamento é de
‘Flash Gordon’ e de ‘2001: Uma Odisséia no Espaço”, mas a realeza é de Robin Hood,
os heróis são de westerns e os vilões são uma mistura de nazistas com feiticeiros.
"Star Wars" faz uso de nossas fantasias pulp enterradas em nossa memória, e o faz de
maneira tão brilhante que reativa velhas emoções, medos, empolgações como se
nunca as tivéssemos abandonado.
(…)
O filme se apoia na força de narrativa pura, na forma mais básica de storytelling
conhecida pela humanidade, a Jornada. Todos os melhores contos que lembramos de
nossa infância tem a ver com herois indo em direção a uma viagem por estradas
cheias de perigo, esperando encontrar tesouro ou heroísmo. Em ‘Star Wars”, George
Lucas mira o simples e poderoso recorte do espaço sideral, o que é algo inspirado,
uma vez que não existem mais mapas na terra que avisam, “Aqui há dragões”.

Crítica positiva de Charles Champlin para o L.A. Times, também vendo paralelos com o western:

Tributos a filmes antigos foram frequentemente sátiras bragas que sugerem


que toda aquela produção fora bizarra. ‘Star Wars’ é uma celebração, trata-
se de um grande tributo ao passado; possui uma vida própria que é robusta
e livre, não necessitando de poderes de lembrança para ser completamente
apreciado. Faz uso de alguns dispositivos dramáticos do passado pelo
simples motivo de que funcionavam tão bem (e provavelmente por
evocarem respostas fortes e positivas nas almas daqueles que assistem).
(…)
A mecânica mágica do cinema parece ter sido inventada para similar
viagem no tempo, tal qual Georges Mèlies viu antes de 1900 e Stanley
Kubrick demonstrou tão espetacularmente em ‘2001’ em 1968.

"Star Wars" é Buck Rogers com um diploma de doutorado, mas sem


sombra de neurose ou cinicismo, um galope retumbante e explosive pelo
future distante replete de vocabulários exóticos, criaturas e costmes,
existindo lado à lado com o menino e menina da casa ao lado, algumas
sobras amigáveis do planeta dos macacos e possivelmente de Oz (um
homem de lata que pode ter ganhado uma cobertura de ouro como presente
de formatura).

Crítica Negativa de Stanley Kauffman para o New Republic, que


reconhece os arquétipos mas os considera ultrapassados.
(disponível em
https://newrepublic.com/article/125424/innocences-star-wars-
iv-a-new-hope-review-stanley-kauffmann)
Este é o tribute de Lucas para Flash Gordon. (…). Há uma tentatia
falha no letreiro de abertura de nos situar em uma galáxia muito
distante e ‘há muito tempo atrás’. Em verdade o filme se passa no
futuro a ficção-científica, um lugar que é tão fictício para maus
roteiristas de ficção científica quanto o Velho Oeste é para maus
roteiristas de faroestes. O roteiro de Lucas tem Herois, Villões, uma
princesa, uma Guerra galáctica imperialista, defensores dos direitos
humanos e humanoides, segredos que não serão entregues aos
senhores de guerra – um grande espectro de problemas terrestres
simplificados e projetados em papelão e iluminados por flashes de
armas laser e explosões de último minuto.
(...)
Eu fiquei procurando por uma vantagem, algo para espiar além do
brega, dos tropos de histórias em quadrinhos; ele [George Lucas]
estava-os encarando de frente e por complete. Este filme foi feito
para aqueles (principalmente homens) que carregam um altar
portátil para sua adolescência, um cálice do Eu que era Melhor
Antes, antes dos assuntos do mundo ou do sexo – em qualquer
significado – invadirem sua realidade. Flash Gordon, Buck Rogers e
seus companheiros guardam os portais da inocência Americana, e
Star Wars é declaradamente e orgulhosamente um tribute para a
castidade ainda sagrada que se apresenta sob o escopo da meia-
idade.

Entrevistas

Hayden Christensen sobre usar o uniforme de Vader pela primeira


vez: (2005)

“Foi emocionante. Ter a tarefa de usar o tecido conector, usar o


uniforme...foi muito empoderador”.
(2002):
“não é um mistério, todos sabem que vou para o Lado Sombrio. É
como o Titanic afundando”.

Lucas (sobre ter começado no meio):

“Era um filme simples baseado em séries de matinê. Você iria ver um


simples filme. O roteiro original era só um roteiro...e agora você tem
uma imagem do contexto maior sobre a tragédia de Vader. Comecei
pelo meio, sempre foi episodio IV, pois eu não gosto de começos. (...)
Quando terminei O Retorno de Jedi, achei que tudo havia terminado,
não havia um plano em transformar a história de origem em um
filme. Mas o ícone de Darth Vader começou a ser maior que seu
personagem...a ideia de que ele é um personagem trágico se perdeu.
Então voltar e contar a sua história desde o começo pude resgatar o
escopo total dos elementos narrativos”.
...
Os critérios para escalar o jovem Obi-Wan Kenobi foi buscar alguém
que complementasse Alec Guiness. Alguém que não o copiasse, mas
que criasse uma adição àquele personagem. (...) Mas que pudesse
pegar os maneirismos e a essência da performance de Alec Guiness.
Escrevemos para que seja reminiscente de Alec Guiness, se tornando
mais e mais a figura paterna na série.
(2002):
“Para esse papel [Anakin] busquei um ator com uma aparência
infantil, mas que tivesse lampejos de James Dean.”

McGregor (2005)
“Foi extraordinário usar meu figurino, pois eu era Obi-Wan Kenobi.
(...). Os filmes significaram muito pra mim quando criança. Eu tinha
5 ou 6 anos quando foram lançados...são mais do que filmes pra
mim. (...). E Star Wars, é o mesmo mundo, com novos personagens,
personagens mais jovens. São os personagens de contos de fadas que
fazem tudo funcionar tão bem.”
...
“Guiness criou esse personagem que se tornou um ícone. (...) O
terceiro filme, é minha última chance de fazer um personagem
semelhante ao de Alec Guiness.”

NOVOS FILMES
George Lucas sobre sua falta de envolvimento no Episódio VII e a
falta de originalidade do filme:

“Olharam para minhas histórias e disseram, ‘queremos fazer algo para os


fãs’…Decidiram que não queriam usar minhas histórias, e sim seu próprio projeto.
Não queriam que eu me envolvesse de maneira alguma – porque se eu me
envolver, vou causar problemas, porque não vão fazer o que quero que façam.(...)
Queriam fazer um filme retrô. E eu não gosto disso. Trabalho muito duro em todos
os meus filmes para que sejam completamente diferentes, com planetas diferentes,
naves diferentes, fazer algo novo.”

PROBLEMA DA NOSTALGIA EM EPISÓDIO VII: Peter Suderman, the Vox (em


https://www.vox.com/2015/12/21/10445616/star-wars-hollywood-nostalgia-
problem)
No filme, diretor e co-autor J.J. Abrams (que agora supervisiona
criativamente a franquia para seu novo dono, Disney) usa todas as
oportunidades não apenas para reconhecer o que os fãs amam em Star
Wars mas para abertamente celebra-los. De fato, ele insere essa ideia na
narrative ao fazer os novos protagonistas, Rey e Finn, obcecados pelos
eventos da trilogia original. Fãs de Star Wars são, no sentido mais literal,
os herois deste filme.

(…) Por mais que eu tenha gostado do reconhecimento, eu também achei


que a dependência quase absoluta do filme em elementos reciclados dos
originais um pouco decepcionante. Por vezes pareceu uma banda cover
de Star Wars – tocando todas as músicas favoritas sem adicionar nada
novo.

(…)
Todos estes filmes [continuações de franquias antigas do cinema],
entretanto, são tentativas de capitalizer em decadas de boa-vontade
contruída sobre seus predecessors – monetarizar o amor que as pessoas
possuem pelos ainda ressonantes originais. E mais do que alguns fazem
de maneira explícita. A primeira metade de Exterminador do Futuro: A
Salvação foi basicamente um passeio pelos dois primeiros filmes da série.
Jurassic World pegou muitos de suas subtramas, como o Apatossauro
adoecido e as crianças em perigo, de Jurassic Park.

DA MÁ RECEPÇÃO COM EPISÓDIO VIII:

Kevin Smith, cineasta:

“Acho que, no fim do dia, as expectativas da audiência influenciam nisso.


As pessoas pensaram, ‘Certo, o próximo filme é sobre Luke; Eu vi ele no
trailer, e eu sei exatamente quem Luke é, e agora ele parece-se com Obi-
Wan, então ele será a nova versão de Obi-Wan’. E então eles nos dão
uma versão de Luke que o próprio Mark Hamill se perguntou se era o
mesmo Luke de sua memória. Algumas pessoas, isso as incomoda muito.
As pessoas não dizem apenas que não gostaram, e sim, que fodeu com a
sua infância.

Com O Despertar da Força, você teve uma corrente de nostalgia, e talvez


esse filme não tenha sido julgado tão mal por quê...olhe, estão fazendo
mais três Star Wars, aqui está o primeiro, não tem o Jar Jar, aproveite. E
as audiências pensaram “Meu deus, Star Wars voltou”, e agora esse
momento passou. Sua infância voltou e tudo o mais, mas agora você
precisa contar uma história de verdade”.

MARK HAMILL:

“Quando eu li o roteiro para o Episódio VIII, eu falei para Rian [Johnson,


diretor]: Eu fundamentalmente discordo de virtualmente tudo o que você
decidiu sobre meu personagem”;

You might also like