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Em 1916, após quase dez anos de trabalho (não exclusivo), Einstein concluiu a Teoria da
Relatividade Geral, na qual mostra que a atração gravitacional entre dois corpos pode ser
interpretada como causada pela curvatura do espaço em torno deles: quanto maior a massa,
maior a curvatura do espaço criada.
Como a Teoria Geral inclui a Teoria Especial de 1905, não só a massa pode encurvar o
espaço, mas também a energia. Afinal, existe uma relação profunda entre massa e energia,
conforme expressa a equação E=mc².
Empolgado com a sua belíssima teoria, Einstein deu um passo ambicioso: já que a
curvatura do espaço é ditada pela presença de massa e energia, se fosse possível estimar a
massa-energia do Universo inteiro, a teoria poderia ser usada para determinar a geometria
do cosmo.
Imagine só, determinar a forma do Universo usando apenas papel, lápis e as equações da
Relatividade Geral. Sem dúvida, um dos grandes triunfos da razão humana.
Em 1917, Einstein propõe a sua solução para a geometria cósmica, inaugurando a era da
cosmologia moderna.
Segundo Einstein, o Universo deve ser estático, ou seja, o mesmo no passado e no futuro.
Essa hipótese não era completamente aleatória: na época, não havia razão maior para crer
em um Universo dinâmico, que muda no tempo.
Fora um cosmo estático, ecoando Platão, Einstein acreditava que ele deveria ser o mais
simétrico possível, no caso, com a geometria de uma esfera. Existe mesmo uma elegante
propriedade em um Universo esférico: ele é finito, já que qualquer circunavegação acaba
por voltar ao seu ponto de saída.
Por outro lado, como o leitor pode visualizar no caso de uma esfera em duas dimensões (a
superfície de uma bola), uma esfera não tem fronteiras, já que qualquer ponto em sua
superfície é perfeitamente equivalente a qualquer outro. Portanto, Einstein propôs um
Universo estático e esférico, finito e sem fronteiras, onde todos os pontos são equivalentes.
Como calcular as suas propriedades? Se o cosmo é esférico, as coisas ficam muito mais
fáceis. Para caracterizar uma esfera precisamos apenas saber o raio, um número. Segundo
as equações da Relatividade Geral, esse número, que determina a geometria cósmica, deve
ser fixado pela matéria existente no Universo.
Einstein propôs uma saída: adicionar um novo termo às equações, conhecido hoje como
'constante cosmológica'. Esse termo funciona como uma força repulsiva, equilibrando o
universo de Einstein. Em 1917, ele escreveu para Willem de Sitter: 'A teoria da relatividade
permite a introdução desse termo. Um dia, nosso conhecimento do céu irá nos ajudar a
determinar empiricamente se o termo existe ou não. Convicção é um bom motivo, mas um
péssimo juiz'.