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A palavra Museologia é formada por duas expressões gregas: museion, que significa lugar das
musas, e logos, que significa estudo ou reflexão baseado na sensibilidade e na razão.
Nesse contexto, a palavra musa assume o significado da "coisa" eleita como sendo a melhor
representante da sua espécie, seja por sua beleza, riqueza, técnica, raridade ou outra
qualidade a ela atribuída que a faz ser melhor que as outras.
Do mesmo modo é a origem da palavra museu: o "lugar das musas", ou seja, é onde os objetos
eleitos como sendo os melhores representantes da sua espécie ficam guardados para serem
apresentados para as pessoas apreciarem as suas qualidades e refletir sobre o seu significado.
De acordo com o que vimos anteriormente, podemos chegar ao objetivo maior da Museologia:
o estudo do "fato museológico", isso é, o estudo das relações sensíveis que se estabelecem
entre as pessoas e os objetos (acervos) apresentados em um cenário expositivo. O conceito de
fato museológico e outras noções que dele decorrem – musealidade, musealização,
Entretanto, a Museologia foi considerada, durante muito tempo, apenas como "a ciência dos
museus". Como a disciplina que estudava exclusivamente as práticas desenvolvidas no interior
dessas instituições – conservação, pesquisa, exposição – e pouco articuladas com os problemas
que a sociedade precisava e queria debater.Mas a partir da década de 1970, com a ampliação
do conceito de museu e de patrimônio, esse modelo passou a ser questionado, passando a
defini-la como uma ciência social que estuda os objetos de museu como fontes de
conhecimento.
O conceito de Museologia foi novamente ampliado, redefinindo-a como uma ciência social que
"percebe" o objeto museológico como fonte de conhecimento e também de questionamento.
Essa percepção do objeto como fonte de saber e de reflexão produz uma importante diferença
no momento de selecioná-lo para integrar um acervo de museu, pois existem vários tipos de
conhecimento conforme o valor que lhes é atribuído, e também por "quem" lhes atribui esse
valor. Para uns, um objeto pode significar muito, e para outros pode ser pouco importante ou
até não significar nada em termos de conhecimento e reflexão.
Veja esse exemplo: imagine um conjunto de objetos de suplício usados na época da Inquisição,
na Europa, ou no período da escravidão, nas Américas, ou durante o regime militar no Brasil.
Para "quem" esses objetos podem ter significado enquanto instrumentos de produção de
conhecimento e de questionamento?
Que tipo de conhecimento o estudo desses objetos pode produzir? E que tipo de reflexão
podemos fazer quando nos deparamos com esses objetos?
E também podemos pensar – e decidir – se queremos viver em uma sociedade que faz uso
desses objetos.
Atualmente, quando a ciência museológica seleciona objetos para integrar um acervo, o faz
pelo seu valor enquanto fontes de conhecimento e questionamento, isso é, "percebendo" a
sua capacidade de fazer as pessoas refletirem sobre as suas realidades anteriores e atuais
quando elas se deparam com eles.
Por exemplo: pelo idioma, pelo sotaque, pelas festas típicas, pela alimentação, pela religião,
entre outras práticas que lhes dão uma identidade própria.
Assim que a consciência dessas práticas tem início, começa a se definir a identidade dos
grupos humanos em todos os tempos e lugares. É a partir daí que a humanidade passa a
construir esses espaços chamados de museus e os utiliza para preservar esse patrimônio, isto
é, para preservar o seu legado histórico, ecológico, artístico e cultural.
É daí que decorre a função primordial dos museus: selecionar, guardar, conservar, pesquisar e
divulgar tudo aquilo que seja eleito como patrimônio – como "musa" – para um determinado
grupo social, isto é, pelas qualidades que dão àquele grupo uma identidade.
PATRIMONIO
O patrimônio natural se constitui no espaço físico onde um grupo humano se instala e vive.
O patrimônio cultural nos objetos materiais (tangíveis) que produz para viver e também nas
suas criações imateriais (intangíveis). Desse modo, você pode deduzir que o patrimônio
integral é o conjunto constituído pelo lugar onde um grupo vive, pelos objetos materiais que
esse grupo constrói para viver e pelas práticas imateriais que ele cria para que seus membros
se reconheçam como pertencentes a esse grupo.
Campo de estudo
No amplo universo das manifestações culturais estudados pela Museologia podemos destacar:
a pintura, a escultura, a arquitetura, a numismática (moedas), os meios de transporte, a
armaria, a indumentária (vestuário e joalheria), a heráldica (brasões), o mobiliário, as
condecorações, a tapeçaria, os utensílios domésticos (cerâmicas, porcelanas), prataria e
ourivesaria, os acervos religiosos, as danças, a literatura, o teatro, o folclore, a culinária típica e
várias outras formas de expressão que os grupos humanos criam para identificar-se e
organizar-se em sociedade.
Como você pode perceber, esses conhecimentos têm uma relação muito próxima com a
História e também com outros campos do saber.
Portanto, a disciplina Museologia estuda tudo o que se relaciona com esse lugar chamado
museu e seus acervos, e prepara profissionais para administrá-lo e fazê-lo cumprir sua função
social. E a ciência museológica – o seu campo de investigação aplicada – seleciona e pesquisa
os objetos e os acervos, produz conhecimentos a partir deles e divulga esses saberes através
de exposições, eventos e programas educativos.
Existem vários tipos de museus, conforme os acervos que possuem, a sua especialidade e as
áreas do conhecimento em que desenvolvem as suas pesquisas. Para isso, a Museologia
interage com várias outras disciplinas e campos do saber.
A pesquisa museológica abrange o amplo universo das expressões artísticas, desde as artes
plásticas e visuais – pintura, escultura – além de outras linguagens como a música, o cinema, a
fotografia, o teatro, a dança, o folclore, a cenografia e a Literatura.Também se relaciona
intimamente com o campo das ciências humanas, como a Antropologia, a Arqueologia, a
Ciência Política, a Educação, a Filosofia, a Geografia, a História, a Psicologia, a Teologia e a
Sociologia.
Na área das ciências sociais aplicadas, articula-se com a Ciência da Informação, com a
Comunicação, a Economia, a Administração, e muito com a Arquitetura e com o Turismo. A
Museologia é, ela própria, uma ciência social aplicada. Há ainda uma relação próxima com as
ciências exatas – a Física e a Matemática – e com as ciências biológicas e da terra, como a
Medicina, a Astronomia e a Química.
Como você pode ver, a Museologia coloca em ação várias áreas do conhecimento e as torna
um campo aberto para criar relações e interpretações que os museus fazem nas suas mostras.
Englobando vários campos do saber, a Museologia cria elos para produzir conhecimento a
partir de uma diversidade de informações contidas nos seus acervos.
Quando examinamos detalhadamente uma pintura, podemos perceber os vários
conhecimentos que nela estão contidos. O próprio tema já indica que o artista realizou um
trabalho de observação e percepção para representá-lo. Depois, os estudos de perspectiva, de
luz e sombra, dos elementos químicos usados nas misturas para formar as cores nos seus
diversos tons e texturas. Se for uma pintura de cena em que haja a presença de pessoas ou
animais, os conhecimentos de anatomia, de movimento, das expressões, da fauna, flora e da
estética. Há ainda os detalhes do vestuário, do cenário e do próprio estilo narrativo do artista,
que é a sua marca pessoal. Como você pode notar, são conhecimentos que envolvem diversas
áreas do saber.
Museologia e sociedade
Então, já podemos concluir que essa nova vertente da ciência museológica rompeu com uma
tradição que tratava o objeto em si mesmo, guardado em um edifício chamado de museu para
ser apreciado por um público restrito através de uma pedagogia formal.
E também podemos concluir que os acervos só podem provocar reflexões se forem percebidos
em um contexto sócio-histórico.
E mais ainda: que as ações realizadas pelos museus – seus eventos, seus programas educativos
e exposições – sejam desenvolvidas com a participação da comunidade.
Introdução
Nesta aula, você vai conhecer a evolução da Museologia, no mundo e no Brasil, através
das primeiras coleções. Vai ver que a ideia de museu originalmente esteve ligada à
Filosofia, às artes e às ciências, e que com o tempo assumiu diversos significados até se
consolidar como instituição educativa. Esta aula vai mostrar como os museus foram se
transformando ao longo do tempo, e a cada momento serviram aos propósitos
afirmativos de poder e nacionalidade, de acordo com os períodos históricos. Vai mostrar
também que o Brasil esteve entre os primeiros países que constituíram acervos
científicos, e o importante papel dos museus nacionais nas pesquisas da História Natural
e da Antropologia. E, finalmente, vai conhecer as instituições museológicas
contemporâneas – os centros culturais – e o novo formato do fazer museológico
desenvolvido nesses espaços. O uso das tecnologias de informação e comunicação e os
estudos de recepção de público deram uma nova feição aos museus, repercutindo
diretamente na qualidade de suas ações educativas. Para quem gosta de História, um
belo passeio.
Você viu que a palavra museu teve origem na antiga Grécia. Museion era o nome dado
aos templos das musas, que representavam os ramos das artes e das ciências. Mas esses
templos não tinham a finalidade de reunir coleções.
Mas, com o passar do tempo, a ideia de museu foi adquirindo novos significados, até
que, no século XV, colecionar objetos virou uma mania em toda a Europa.
Com a expansão das navegações para o oriente e para o novo mundo, essas coleções
passaram a ser enriquecidas com obras de arte, artefatos científicos e outros objetos
provenientes das Américas e da Ásia, adquiridos pela nobreza e pela burguesia
ascendente. Também eram colecionados trabalhos de artistas locais.
Entretanto, os gabinetes de curiosidades reuniam objetos que atraíam mais por sua
beleza, raridade, técnica ou pelo seu valor simbólico. Eram adquiridos mais pelo prazer
de colecionar para mostrar riqueza e poder do que para servir como elementos de
pesquisa. Não havia um critério científico na formação dessas coleções, e os objetos no
seu conjunto não constituíam um conhecimento organizado.
Mas somente no final do século XVIII, na França, foi permitido ao público ter acesso a
essas instituições, marcando o surgimento dos primeiros museus nacionais.
Ainda em 1870, surge o Museu Metropolitano de Nova Iorque (Estados Unidos). Com
um perfil mais pedagógico, serviu de modelo para outros museus norte-americanos e
mais tarde influenciou a ação de museus latino-americanos, como o MASP (Museu de
Arte de São Paulo) e o Museu de Antropologia da Cidade do México.
A museologia no Brasil
O Museu Real, criado por D. João VI, no Rio de Janeiro, em 1818, veio a ser o atual
Museu Nacional. Inicialmente, seu acervo era composto por uma coleção de história
natural doada pelo próprio príncipe. Pouco depois passou a ser aberto ao público, e seu
acervo foi enriquecido por uma importante coleção de Egiptologia adquirida por D.
Pedro I. Contudo, o Museu Real manteve um perfil puramente colecionista e, somente
no final do século XIX, adquiriu um caráter científico.
O objetivo das ações realizadas pelo MHN era educar o nosso povo através dos valores
nacionais. As exposições apresentavam fatos e personagens da nossa história,
incentivando o culto à tradição e à formação cívica como fatores de união e progresso.
Os acervos documentavam a evolução da nação brasileira, com destaque especial para
os períodos do Império e da República.
Seguindo o modelo implantado pelo Museu Histórico Nacional, vários museus surgidos
entre as décadas de 1930 e 1940 trouxeram as marcas de uma Museologia
comprometida com a ideia de uma memória nacional, como fator de integração social e
reflexão crítica.
A partir de então, o Museu Histórico Nacional se tornou referência para outros museus
brasileiros, e contribuiu para a criação do curso de graduação em Museologia, em 1932,
que funcionou no próprio museu até 1979, formando e aperfeiçoando profissionais de
várias áreas do conhecimento que desejassem trabalhar em museus de todo o país.
A partir do final da década de 1980, outros tipos de instituições passaram a ser criadas
principalmente nas capitais e grandes cidades do Brasil e do mundo, realizando ações
educativas de excelente qualidade: os centros culturais. Com uma estrutura receptiva
mais flexível, esses espaços foram inicialmente concebidos para funcionarem como
instrumentos de visibilidade institucional de empresas.Além de reunirem acervos de
diversos tipos – próprios e de outras instituições – para realizarem suas exposições,
alguns centros culturais se especializaram em adquirir e conservar acervos específicos,
tornando-se referência no tratamento desses acervos.
Conceito
Tipos de museus
Os museus podem ser públicos ou privados, isto é, podem ser mantidos pelo município,
pelo estado ou pelo governo federal.
Também podem ser mantidos por uma comunidade, uma escola, um clube, por uma
associação de bairro, uma empresa ou por qualquer grupo de pessoas que têm interesse
em um determinado assunto e decidem instituir um espaço para reunir e organizar um
acervo específico para pesquisa e exposição.
Os museus também podem possuir diversos tipos de acervos, desde objetos materiais
até práticas imateriais ou simbólicas que caracterizam uma comunidade, tais como:
danças, músicas, festas religiosas, entre outras que fazem com que seus membros se
reconheçam como pertencentes àquele determinado grupo social.
Centros culturais
Centros de memória
Outra evolução dos museus tradicionais são os chamados "centros de memória".
Mantendo ainda os critérios da prática museológica, essas instituições também coletam,
conservam, pesquisam e divulgam acervos que podem se referir a determinados
períodos históricos, ou a expressões culturais de uma comunidade, ou ainda às
lembranças de personagens importantes para um grupo social ou um povo.
Em geral, esses espaços realizam exposições permanentes sobre um tema específico
com diversos formatos, sempre articulados com outros temas relacionados ao tema
principal. Também produzem periodicamente eventos para comemorar datas e
acontecimentos importantes, e manter vivas essas lembranças na memória das suas
comunidades ou de um país.
Aula 4 : a comunicação museológica
Exposições
A principal ferramenta de comunicação museológica é a exposição. Esta é a parte que
visualmente se manifesta para o público e que possibilita a experiência de adquirir
conhecimento por meio do contato direto com o patrimônio cultural. A apresentação de
um acervo articulado com o tema de uma exposição é também o modo que os museus
têm de se mostrarem para a sociedade e afirmarem a sua missão.
Comunicação museológica é a denominação genérica dada às diversas formas que os
museus usam para transmitir conhecimentos.
É no cenário expositivo que se potencializa a relação entre o homem e o objeto, e é
nessa relação que o público tem acesso à poesia das coisas, das pessoas, dos fatos
históricos e dos lugares de memória.
Aos profissionais de museus, cabe a tarefa de construir esse encontro, pesquisandoos
acervos, abordando temas socialmente relevantes, elaborando mostras e estudando as
formas como os diversos tipos de público se relacionam com os objetos organizados em
um cenário expositivo.
É nesse feixe de informação, conhecimento e aprendizagem que a comunicação
museológica atinge o seu objetivo maior: produzir emoções e reflexões que possam
transformar a atitude das pessoas quando elas são confrontadas com suas realidades.
Concepção e montagem de exposições
Nos primórdios da Museologia, as exposições tinham um caráter puramente
contemplativo, e eram concebidas por uma só pessoa ou por um pequeno grupo de
pessoas.
Eram organizadas de modo enciclopédico, a partir das estruturas classificatórias das
coleções, e somente pesquisadores eram capazes de perceber e entender essas estruturas
e seus significados. Para o visitante comum, eram apreciadas passivamente, apenas para
satisfazer curiosidades.
Com o tempo, as exposições passaram a ser concebidas por equipes de especialistas,
para serem compreendidas e provocarem uma atitude ativa e crítica no público.
Essas equipes de especialistas eram orientadas para responder às seguintes questões:
O que que as aprendem?
O que estamos ensinando?
Como estamos ensinando ?
Que tipo de assunto de interessam as pessoas?
De acordo com esses estudos, a mensagem transmitida por uma exposição não é a única
via – existem outras, às vezes até mesmo concorrentes –, nem a mais importante para
determinar o tipo de experiência vivenciada pelo público que, como você viu, faz a sua
própria síntese.
Entretanto, pensar que existe um predomínio do emissor sobre o receptor sugere uma
relação de poder, como se houvesse uma relação sempre direta, linear, de um polo
(emissor) sobre o outro polo (receptor). Por isso, o processo comunicacional
museológico não está na mensagem, e sim na interação. É no espaço de encontro entre o
emissor (museu-exposição) e o receptor (público) que se estabelece a relação do homem
com a sua realidade.
Museu é diálogo
Não é correto dizer que a exposição é uma simples transmissão de uma mensagem para
um determinado público por meio de objetos em um cenário. Isso pode passar a ideia de
que a instituição (museu) já tem estruturado todo o significado da mensagem, e que o
público-alvo é somente aquele que está apto a recebê-la, passivamente. É um equívoco
considerar que a interação ocorre desta forma. Pelo contrário, a avaliação dos resultados
de uma exposição realimenta todos os procedimentos de concepção e montagem, e aí
são feitas as correções e as adequações.
A exposição é o local de encontro entre o que o museu quer apresentar – e o modo como
ele apresenta –, buscando provocar um comportamento ativo e crítico do público e à sua
síntese subjetiva.
Quais são os fatores que determinam a qualidade de uma experiência, para que ela seja
bem-sucedida?
Bem, uma experiência de qualidade é aquela que permanece por um longo tempo na
mente da pessoa que a vivenciou.
Uma exposição interativa é aquela que permite ao visitante caminhar livremente pelo
seu espaço, observar os objetos, relacioná-los ao tema abordado, aprender o seu
conteúdo temático, apreciar os seus efeitos expográficos e sensoriais de sons, cores,
luzes, movimentos.
A seleção dos objetos é um critério fundamental, porque tem a ver diretamente com a
proposta do museu de confrontar o homem com a sua realidade. Isto é, colocar o
público diante do seu patrimônio cultural para questionar seu papel na sociedade.
Veja bem: Imagine uma caneta simples, como tantas outras canetas. Agora pense na
caneta que a Princesa Isabel usou para assinar a Lei Áurea, que formalizou o fim da
escravidão no Brasil. Essa não é uma caneta qualquer, certo? É um objeto ligado a um
fato histórico, e é isso que a torna diferente de todos os outros objetos, isto é, de todas as
outras canetas. Isso porque esse objeto possui um significado, um sentido. Quando você
o vê em uma exposição, imediatamente pensa naquele episódio da História brasileira e
no processo histórico que envolveu o fim da escravidão.
Objeto institucionalizado
Passa a ser um objeto musealizado, ou seja: primeiramente, ele é selecionado pelo seu
valor intrínseco para integrar um acervo e depois é formalmente integrado a esse acervo
pela institucionalização, isso é, pelo seu registro e catalogação como parte daquele
acervo.
Patrimônios culturais
Por exemplo: o Museu da Vida é ligado ao Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro,
que é um centro de referência na pesquisa biomédica.
Existem ainda os centros culturais privados que se especializaram em reunir, conservar
e disponibilizar coleções específicas, geralmente ligadas às artes plásticas e outras
expressões da cultura.
Por exemplo: o Instituto Moreira Salles (RJ, MG e SP) especializou-se em conservar e
pesquisar acervos ligados à fotografia e à música popular brasileira.
Todas essas instituições possuem sites, bibliotecas e laboratórios que podem ser
visitados e usados para pesquisa, além dos próprios eventos que realiza.
Também possuem departamentos especializados em desenvolver programas educativos
formatados para escolas e estudantes que querem pesquisar um assunto ligado aos seus
acervos e às suas programações.
Desse modo, as visitas aos museus são de grande proveito tanto para quem ensina
como para quem aprende a História, pois permitem unir o conteúdo teórico ao contato
direto com o ambiente onde os fatos se deram.
Muitos museus são localizados nos próprios prédios e lugares onde os acontecimentos
ocorreram. Por isso, oferecem um ambiente espacial e simbólico de excelente qualidade
para a construção de conhecimento através da combinação de atividades culturais e de
lazer.
Portanto, os museus, centros culturais e institutos de pesquisa são espaços que podem –
e devem – ser constantemente visitados, principalmente por professores e alunos de
História. Você sabe o motivo?
É que os temas apresentados são sempre articulados com questões da atualidade,
abordadas em uma perspectiva histórica. E o público visitante é geralmente de pessoas
que buscam cultura e lazer, conhecimento histórico e divertimento, com qualidade.
Como espaços ecoculturais
As cidades históricas – às vezes chamadas de museus a céu aberto – e os ambientes
naturais também são uma boa forma de se ter contato com o espaço real e com as
realidades. Vamos então exemplificar com uma cidade histórica famosa e que se ainda
não conhece uma visita vale muito a pena.
Visitar esses espaços ecoculturais e suas comunidades permite trocar experiências e
adquirir conhecimentos para a formação de pessoas capazes de interferir no presente.
Além de promover a interação social, ampliam a observação, a percepção e a crítica,
enriquecendo todo o processo de aprendizado.
Consequentemente, as aulas ministradas em espaços que possuem acervos históricos
possíveis de serem articulados com os conteúdos programáticos permitem ao professor
criar conflitos cognitivos de diversos tipos para que novos conhecimentos sejam
produzidos.
E aos alunos, a oportunidade de aprofundar suas reflexões sobre os momentos
econômicos, políticos e sociais da nossa História e estabelecer relações com o momento
atual e com as suas próprias realidades.
Portanto, visitar cidades históricas é uma forma de estabelecer contato direto com os
ambientes onde os fatos ocorreram, favorecendo a observação, a percepção, a reflexão e
a crítica.
É uma forma de ensino e aprendizado que traz para o presente os sentidos acumulados
nos espaços físicos e simbólicos dos objetos e dos acervos.
Eles têm a capacidade de conduzir esses significados através do tempo para que sejam
revistos, criticados e produzam novos conhecimentos, onde todos – alunos e professores
– podem compartilhar esses saberes
Explique este conceito no universo de nossa disciplina.
Além das linguagens artísticas tradicionais, introduzem também outras, mais próximas
do público, mais articuladas
com as disciplinas estudadas nas escolas, com a tecnologia e com o pensamento
histórico contemporâneo.
Em última análise, é por isso que eles devem ser preservados para comunicar e ensinar.
Ao longo do tempo, essa noção foi ampliada, tanto pela capacidade documental dos
objetos – seu conteúdo informacional – como pelo seu poder de gerar o fato
museológico – o conflito.
Assim, a musealização passou a significar mais do que selecionar e transferir objetos
para o museu.
O ato de musealizar considera a importância da informação trazida por eles em termos
de documentalidade, testemunhalidade e fidelidade, além do seu poder de “questionar”
para incitar as pessoas a refletirem
e agirem sobre as suas realidades atuais.
A Pedagogia do Patrimônio foi uma noção pensada para ser aplicada nas escolas de
todos os níveis como uma área interdisciplinar.
Ou seja, o patrimônio cultural pode ser ensinado através de qualquer método, programa
ou disciplina, e esse ensino pode ser destinado a alunos de qualquer nível escolar ou
social.
A base da Pedagogia do Patrimônio é a democratização do conhecimento sobre o
patrimônio cultural, ou seja, a construção de uma posse coletiva da expressão cultural
dentro de um território comum.
Isso significa abrir campo para investigar novos temas que transformem o
estranhamento em pertencimento.
Tesouros Humanos Vivos ou Patrimônio Cultural Vivo
O alargamento da noção de patrimônio fez com que se chegasse à noção de patrimônio
intangível – imaterial – como fonte essencial de identidade. Esse tipo de patrimônio
mantém fortes ligações com o passado, ou seja, com a memória coletiva e com as
comunidades.
O debate em torno desse conceito também reconheceu a fragilidade de várias
expressões culturais, que em muitos casos se encontravam até em vias de extinção,
tendo sido urgente a tomada de medidas para a sua preservação.
Por isso foram consideradas importantes as ações para proteger as expressões culturais
intangíveis , principalmente aquelas manifestações conhecidas apenas por poucas
pessoas da comunidade .
Havia o risco de essas expressões serem perdidas para sempre ou ameaçadas por
referências globalizadas divulgadas pela mídia, que destrói as culturas locais.
Assim, para proteger essas referências culturais locais, a Declaração de Caracas propôs
o reconhecimento dos Tesouros Humanos Vivos.
Isso significava identificar as pessoas portadoras desse patrimônio e garantir que elas
pudessem continuar a exercer as suas habilidades, seus conhecimentos, suas destrezas,
por meio de um reconhecimento oficial.
Portanto, os Tesouros Humanos Vivos são pessoas que possuem os conhecimentos e as
técnicas necessárias para manifestar os aspectos da vida cultural de um povo.
O objetivo é preservar as expressões da cultura que a comunidade – ou mesmo o Estado
– atribui um elevado valor histórico ou artístico, e que as pessoas que possuem esses
conhecimentos possam prosseguir com seus trabalhos e ensinar outras pessoas para que
essas manifestações não se percam.
Imagine uma pessoa que ainda em vida seja considerada uma importante referência
cultural para uma determinada comunidade. Por exemplo: alguém que conheça uma
prática que se tornou característica daquele grupo.
Pode ser uma iguaria, ou uma artesania, um estilo literário, uma dança ou outra
expressão que o grupo se aproprie dela e passe a ser reconhecido ou identificado por
essa prática.
Assim, para aquele grupo social que atribuiu a essa pessoa esse valor, ela é um
Patrimônio Cultural Vivo.
Quer um exemplo mais concreto?
Então veja bem: os dois amigos Dodô e
Osmar criaram na cidade de Salvador (BA) o primeiro trio elétrico no final da década de
1950.
Enquanto eles viveram, ensinaram a sua arte para outras pessoas, que a reproduziram
até que se tornasse uma expressão da cultura baiana. Por isso a dupla é considerada
patrimônio cultural pelo povo da Bahia.
Mas essa noção pode ser também aplicada para grupos sociais menores, como por
exemplo, de um bairro.
Qualquer pessoa detentora de uma expressão cultural característica daquela
comunidade pode ser considerada um patrimônio cultural – esteja ela viva ou não –, se o
grupo atribuir a ela esse valor.
Trata-se de uma renovação das técnicas aplicadas na prática museológica, isto é, uma
readequação da teoria orientada para a prática, com a capacitação dos corpos técnicos
e administrativos dos museus nas novas tecnologias.
O PNM é um documento inovador, e que está atento à inovação. Propõe o
aprimoramento das políticas culturais e o uso das tecnologias de informação e
comunicação para aproximar os museus das comunidades e a capacitação do seu corpo
técnico
Aula 10: curadoria em museus
ntrodução
Esta nossa última aula aprofunda os temas abordados nas aulas 4 a 7. Nela, você vai expandir
seus conhecimentos sobre a comunicação museológica. Vai aprender como são criadas as
estratégias de comunicação para que uma experiência expositiva seja prazerosa e sua
mensagem bem compreendida pelo público. E para isso, é imprescindível que você conheça o
trabalho da curadoria em museus. É isso que veremos nesta aula.
Esta aula aprofunda os temas abordados nas aulas 4, 5, 6 e 7. Nela, você vai expandir
seus conhecimentos sobre a comunicação museológica.
Vai aprender como são criadas as estratégias de comunicação para que uma experiência
expositiva seja prazerosa e sua mensagem bem compreendida pelo público. E para isso,
é imprescindível que você conheça o trabalho da curadoria em museus.
A partir desses conhecimentos, você poderá criar roteiros ecoculturais que combinam
os estudos
de História com caminhadas, passeios e viagens.
Você vai poder inventar experiências lúdicas para aprender e ensinar a História,
utilizando os ambientes onde os fatos aconteceram. Vai aprender como fazer as pessoas
“viajarem" no tempo histórico.
A palavra “curador" vem da expressão latina tutor, e significa "aquele que cuida". Nos
museus, os curadores são os responsáveis pela administração de uma exposição em
todas as suas fases e níveis – desde a concepção, montagem, supervisão e elaboração
dos seus conteúdos didáticos.
Você deve lembrar que os objetos musealizados são aqueles que possuem sentido, e por
isso mesmo são escolhidos para serem exibidos num cenário expositivo.
Essas escolhas são feitas pelo curador, ou por uma equipe de curadores, a partir
do estudo dos seus significados e capacidades expressivas. Por isso o seu trabalho, na
fase de seleção, tende a ser mais interpretativo.
As demais responsabilidades e tarefas administrativas são distribuídas – às vezes pelo
próprio curador – para os demais integrantes da equipe que, como você também já viu, é
constituída de profissionais de diversas áreas e formações.
Esse foco na interpretação explica por que a curadoria é sempre considerada o coração
de uma exposição museológica.
Seja quando o museu expõe suas próprias coleções ou quando recebe acervos
de outras instituições, é preciso que haja uma curadoria.
Curador é o profissional que se responsabiliza pela administração desse material, isso é,
pela recepção, conservação, segurança, transporte e pelo estudo desse acervo, para usá-
lo como transmissor da mensagem expositiva.
Mesmo naquelas exposições em que não existe uma coleção a ser mostrada – como as
dos centros de ciências ou de museus para crianças –, é necessário interpretar a pesquisa
feita pela curadoria, pois é através dela que será elaborada a narrativa do conteúdo que a
exposição irá apresentar ao público.
Mas esse papel pode também ser compartilhado com outros profissionais escolhidos
para atuar como “curadores convidados” – artistas, educadores, especialistas,
colecionadores, representantes do público para o qual a exposição é dirigida ou
membros da comunidade da qual a coleção se origina.
Isso não altera o caráter fundamental da curadoria, que se mantém como parte integrante
da missão do museu. Seja individualmente ou em equipe, é uma função estratégica que
exige esforço de pesquisa e deve ser bem executada.
A curadoria no planejamento de uma exposição
No planejamento de uma exposição museológica, cabem à curadoria as seguintes
responsabilidades:
. Idealizar e formular o conceito da exposição;
. Pesquisar o tema;
. Analisar e selecionar os objetos da coleção a serem expostos;
Certamente, essa mostra irá impactar o público não apenas pelas belas cara
Nesse caso, as obras são usadas como "janelas" através das quais são transmitidas
informações não anunciadas de antemão, mas o público
as percebe e as assimila por meio dos "outros" significados daqueles objetos.
Para isso, é necessário ter claro esse objetivo e tudo fazer para alcançá-lo, isto é, prever
os resultados de toda a ação, desde a
escolha do momento propício, do lugar e dos objetos pelos seus significados até à forma
de apresentá-los e para quem.
O objeto museológico
Você já sabe que os objetos são o principal ingrediente de uma exposição. Portanto, o
modo de distribuí-los no espaço físico é a primeira preocupação dos organizadores de
uma mostra.
Lembre-se que os objetos são as “musas” de uma mostra, e a sua posição em relação ao
observador, ao ambiente como um todo e aos demais objetos "concorrentes" irá
determinar
se ele será mais ou menos atraente.
Lembre que a qualidade de uma mostra pode ser medida pela soma qualitativa dos seus
elementos. Uma boa mostra deve propor uma reflexão que leve a uma ação sobre a
realidade; para modificá-la para melhor, claro!
O público pode ter diferentes reações quando convidado a refletir sobre uma realidade –
e mais ainda quando consegue se projetar dentro dessa realidade.
Assim, esse tipo de mostra propõe uma experiência mais orientada às emoções e
sentimentos, com menor nível de informação.
Esse tipo de exposição se concentra mais na percepção de cada objeto como uma
entidade em si mesma, única, tal como as pinturas, gravuras, esculturas, montagens e
instalações.
Também podem ser incluídas nesse tipo de mostra as artes decorativas – objetos
interessantes e belos de diferentes culturas que não foram concebidos originalmente
como obras de arte, embora sejam exibidos como tais.
A disposição do acervo segue uma ordem cronológica, onde toda a superfície do piso e
da parede é utilizada para exibi-lo.
Para serem mais compreendidas, essas mostras exigem que o visitante possua um maior
nível de informação. Daí a postura do público ser uma busca contínua pela informação,
normalmente apresentada em sequência através de textos e imagens associadas.
Exposições interativas
Já as exposições interativas incluem experimentos, simulações e demonstrações ao vivo.
Em geral são apresentadas em museus de ciência
e tecnologia, salas multimídia, aquários, planetários e parques temáticos. São mais
direcionadas para o público jovem de estudantes e
também crianças.
As interações podem ocorrer de diversas formas: quiosques de computadores,
apresentações audiovisuais e oficinas de criação, onde a informação é obtida durante o
próprio fazer interativo.