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CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL

Gabinete Deputado Distrital Wellington Luiz – MDB

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR LEONARDO ROSCOE


BESSA, PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS.

WELLINGTON LUIZ DE SOUZA SILVA, cidadão,


brasileiro, casado, Deputado Distrital, com Gabinete Parlamentar nº 11,
localizado na Praça Municipal, Quadra 02, Lote 05, Brasília/DF, vem
respeitosamente, perante Vossa Excelência, formular

REPRESENTAÇÃO

Em desfavor de JÚLIO MENEGOTO, DIRETOR-PRESIDENTE DA


COMPANHIA URBANIZADORA DA NOVA CAPITAL DO BRASIL -
NOVACAP, podendo ser localizado no Setor de Áreas Públicas, Lote B,
Brasília – DF, CEP: 71.215-000, pelos fundamentos fáticos e jurídicos que
se seguem.

DA REPRESENTAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO

Nos termos do artigo 127 da Constituição Federal, o Ministério


Público, como órgão de controle da administração pública, combatente à
improbidade administrativa e fiscalização dos serviços de relevância
pública, é o órgão competente para averiguar conduta do Diretor –
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Presidente da NOVACAP quanto a resistência injustificada de fornecer


documentos que se encontram sob sua guarda e que são imprescindíveis
para apurar a responsabilidade sobre a manutenção do Viaduto da Galeria
dos Estados que desabou no dia 06 de fevereiro de 2018.

O art. 129, II e III da Constituição Federal estabelece:

“Art. 129. São funções institucionais do Ministério


Público:
(...)
II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e
dos serviços de relevância pública aos direitos
assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos; ”

DOS FATOS

Em 06 de fevereiro de 2018, por volta das 11h 45 min, Brasília foi


surpreendida com a queda do Viaduto da Galeria dos Estados, o que causou
e ainda vem causando a população do Distrito Federal enormes transtornos.

Há época, o Exmo. Senhor Governador do Distrito Federal,


responsabilizou o Departamento de Estradas de rodagem do Distrito
Federal – DER/DF pela ausência na manutenção do viaduto.

Insatisfeitos com a conduta do Governador em responsabilizar o


órgão de forma prematura pela queda do viaduto, diversas entidades de
classe formularam junto a Câmara Legislativa do Distrito Federal
solicitação para que fosse apurada as responsabilidades pela manutenção do
Viaduto da Galeria dos Estados, visto que o mesmo estava sob os cuidados
da NOVACAP, tendo inclusive apontado processos que tramitam no órgão
sobre a restauração do viaduto.

Em 28 de fevereiro de 2018, foram apresentadas a Câmara


Legislativa cópias de processos onde se verifica haver indícios de que a
NOVACAP tinha responsabilidade pela manutenção do Viaduto da Galeria
dos Estados.
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Assim, no pleno exercício do papel fiscalizador dessa Câmara


Legislativa encaminhei no dia 1º de março do corrente ano, o Ofício nº
042/2018 ao Diretor-Presidente da NOVACAP, solicitando o envio dos
seguintes documentos:

1. Cópia do processo número 112.000.030/2014;


2. Cópia do processo número 112.003.632/2012;
3. Cópia do processo número 112.003.879/2013;
4. Cópia do processo número 112.002.415/2014;
5. Cópia das atas das reuniões da Diretoria
Colegiada dos anos de 2011 a 2017;
6. Cópia das atas de decisões onde conste a
aprovação de execução de projetos e/ou execução de
obras no período de 2012 a 2017;
7. Cópia das informações orçamentárias dos
Programas de Trabalho, que ficam a cargo da
NOVACAP, no período de 2011 a 2018;
8. Cópia das aberturas de Créditos Suplementares e
também das movimentações orçamentárias e
financeiras, incluídas as transferências de recursos
financeiros e orçamentários, ocorridas nos Programas
de Trabalho a cargo da NOVACAP, de 2011 a 2018;
9. Cópia das propostas e realização, de execução
orçamentária, constante do PLOA, de 2011 a 2018;
10. Detalhamento orçamentário dos programas de
trabalho, empenhos, e pagamentos realizados no que se
refere ao Programa de Trabalho destinado ao Projeto e
Execução de Restauração do Viaduto da Galeria dos
Estados;
11. Relatório identificando os ocupantes de cargos de
Diretor-Presidente e demais diretores, no período de
2011 a 2017.

Em resposta ao referido ofício o Diretor da NOVACAP através do


Ofício nº 332/2018 datado de 09 de março de 2018, solicitou a prorrogação
do prazo inicialmente concedido para o fornecimento da documentação de
5 (cinco) dias, por mais 30 dias, em virtude de não ter sido possível
concluir os levantamentos necessários à reunião dos documentos
solicitados.

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Ocorre que em razão da urgência quanto à resolução do caso, foi


reiterado através do Ofício nº 101/2018 datado do dia 12/03/2018 o pedido
quanto ao envio dos documentos solicitados, tendo sido concedido o prazo
de 48 (quarenta e oito) horas para atendimento do pleito, haja vista que a
solicitação não acarretaria ao órgão diligências externas nem mesmo
qualquer tipo de estudo para seu pronto atendimento, pois o pedido se
referia a simples extração de cópias de documentos e processos os quais
estão sob o poder e guarda da NOVACAP.

Acontece que, até esta data, em que pese ter sido reiterado o pedido
quanto ao envio da documentação solicita não houve o envio à Câmara
Legislativa dos documentos solicitados, o que demonstra claramente haver
fortes indícios de que a NOVACAP tinha responsabilidade pela
manutenção do viaduto.

Importante ressaltar ainda, que decorridos mais de 90 (noventa) dias


da expedição da primeira solicitação, não foi prestada pelo Diretor-
Presidente da NOVACAP qualquer informação que justificasse a demora
quanto ao encaminhamento da relação dos documentos solicitados.

As demoradas, informações que deveriam ser prestadas pelo Diretor-


Geral da NOVACAP só confirmam as denúncias apresentadas à Câmara
Legislativa, sobre a responsabilidade do órgão quanto a manutenção do
viaduto.

DO DIREITO

Diante de todos os elementos até então trazidos e em decorrência da


ausência de prestação das informações solicitadas, resta claro, que a
NOVACAP, violou o disposto no § 1º, do art. 107 da Lei Orgânica do
Distrito Federal, uma vez que se recusou de forma injustificada a fornecer
informações solicitadas pela Câmara legislativa, o que demonstra
claramente haver fortes indícios de irregularidades que necessitam ser
apuradas pelo Parquet.

Portanto, considerando o disposto no art. 37, caput, da Constituição


Federal que estabelece que a administração pública, obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência, entende-se configurado ato de improbidade administrativa.

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Do que foi exposto até o presente momento, é possível afirmar que a


conduta do Diretor-Presidente da NOVACAP, quanto à recusa injustificada
em fornecer a Câmara Legislativa documentos necessários para apuração
quanto a responsabilidade da queda do Viaduto da Galeria dos Estados
afronta os princípios da legalidade, publicidade e da eficiência, que
devem reger a administração pública.

Sabe-se, pois, que na administração pública nada se pode fazer senão


aquilo que a lei determina. Ao examinar o princípio da legalidade, o ilustre
administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello esclarece:

No Brasil, o princípio da legalidade, além de assentar-


se na própria estrutura do Estado de Direito e, pois,
do sistema constitucional como um todo, está radicado
especificamente nos arts. 5º, II, 37 e 84, IV, da
Constituição Federal. Estes dispositivos atribuem ao
princípio em causa uma compostura muito estrita e
rigorosa, não deixando válvula para que o Executivo
se evada de seus grilhões. É, aliás, o que convém a um
país de tão acentuada tradição autocrática, despótica,
na qual o Poder Executivo, abertamente ou através de
expedientes pueris - cuja pretensa jurisdicidade não
iludiria sequer a um principiante -, viola de modo
sistemático direitos e liberdades públicas e tripudia à
vontade sobre a repartição dos poderes (...).
Ao contrário dos particulares, os quais podem fazer
tudo que a lei não proíbe, a Administração só pode
fazer o que a lei antecipadamente autorize. Donde,
administrar é prover aos interesses públicos, assim
caracterizados em lei, fazendo-o na conformidade dos
meios e formas nela estabelecidos ou particularizados
segundo suas disposições. Segue-se que a atividade
administrativa consiste na produção de decisões e
comportamentos que, na formação escalonada do
Direito, agregam níveis maiores de concentração que
já se contém abstratamente nas leis (Mello, C. A. B.
Curso de Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2001. págs. 73 e 76)

Além disso, segundo o princípio da publicidade, é dever da


Administração Pública dar total transparência a todos os atos que
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praticar, ou seja, como regra geral, nenhum ato administrativo pode


ser sigiloso e deve propiciar seu conhecimento e controle pelos
interessados diretos e pelo povo em geral, o que não foi respeitado pelo
Diretor-Presidente da NOVACAP, que se vem se omitindo a fornecer cópia
de documentos públicos solicitados pela Câmara Legislativa.

Sobre o assunto, convém colacionar o conceito do princípio da


eficiência, que não pode ser dissociado da interpretação sistemática de
outros princípios constitucionais, segundo as lições de Alexandre de
Moraes, em sua obra Constituição do Brasil Interpretada e Legislação
Constitucional, 8ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011, pp. 728/731. :

O princípio da eficiência compõe-se, portanto, das


seguintes características básicas: direcionamento da
atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem
comum, imparcialidade, neutralidade, transparência,
participação e aproximação dos serviços públicos da
população, eficácia, desburocratização e busca da
qualidade:

(...)  imparcialidade: como ressalta Maria Teresa de


Melo Ribeiro, “a afirmação do princípio da
imparcialidade na Administração Pública surgiu,
historicamente, da necessidade de, por um lado,
salvaguardar o exercício da função administrativa e,
consequentemente, a prossecução do interesse público
da influência de interesses alheios ao interesse público
em concreto prosseguido, qualquer que fosse a sua
natureza, e, por outro, da interferência indevida, no
procedimento administrativo, em especial, na fase
decisória, de outros sujeitos ou entidades, exteriores à
administração pública”, concluindo que a atuação
eficiente da Administração Pública exige uma atuação
imparcial e independente, e que a imparcialidade “é
independência: independência perante os interesses
privados, individuais ou de grupo; independência
perante os interesses partidários; independência, por
último, perante os concretos interesses políticos do
Governo”.
 neutralidade: a ideia de eficiência está ligada à
neutralidade, no sentido empregado por João Baptista
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Machado de que “há um outro plano de sentido em


que se fala de neutralidade do Estado: o de Justiça
(...). Nesse sentido o Estado é neutro se, na resolução
de qualquer conflito de interesse, assume uma posição
valorativa de simultânea e igual consideração de
todos os interesses em presença. A neutralidade não
impõe aqui ao Estado atitudes de abstenção, mas mais
propriamente atitudes de isenção na valoração de
interesses em conflito. O Estado é neutro quando faz
vingar a Justiça e estabelece regras do jogo justas”.

 transparência: dentro da ideia de eficiência formal


da administração pública encontra-se a necessidade
de transparência das atividades dos órgãos e agentes
públicos. O princípio da eficiência da administração
pública pretende o combate à ineficiência formal,
inclusive com condutas positivas contra a prática de
subornos, corrupção e tráfico de influência. Essa
transparência, no intuito de garantir maior eficiência
à administração pública, deve ser observada na
indicação, nomeação e manutenção de cargos e
funções públicas, exigindo-se, portanto, a observância
tão-somente de fatores objetivos como mérito
funcional e competência, vislumbrando-se a eficiência
da prestação de serviços, e, consequentemente,
afastando-se qualquer favorecimento ou
discriminação;
(...)
Lembre-se que o princípio da eficiência, enquanto
norma constitucional, apresenta-se como o contexto
necessário para todas as leis, atos normativos e
condutas positivas ou omissivas do Poder Público,
servindo de fonte para a declaração de
inconstitucionalidade de qualquer manifestação da
Administração contrária a sua plena e total
aplicabilidade.

Indissociável, portanto, do princípio da eficiência, sua correlação


com a imparcialidade, neutralidade e transparência que deveria ter
balizado as ações do Diretor da NOVACAP quanto ao atendimento da
solicitação realizada pela Câmara Legislativa.
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Vale ressaltar, ainda, que o princípio da eficiência deve estar


submetido ao princípio da legalidade, entendido, nesse contexto, como o
princípio da juridicidade, através do qual toda a atividade da Administração
Pública deve ser pautada a partir do que emana a Constituição, com ênfase
nos direitos fundamentais e no regime democrático, por serem estes cernes
de todo o nosso ordenamento. A juridicidade, por ir além da legalidade,
vincula a atividade estatal ao conjunto de princípios e regras, valorizando a
realização dos direitos do homem sobre a mera aplicação da lei
administrativa, e assim consagra os princípios gerais do direito.

Observe-se, então, que o Diretor da NOVACAP, agiu ao arrepio da


determinação legal de encaminhar os documentos solicitados à Câmara
Legislativa do Distrito Federal.

Caso o agente público deixe de obedecer a tais princípios, que tem


força normativa, fatalmente estará incorrendo em ato de improbidade
administrativa, previsto no artigo 11 da Lei nº 8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa


que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições (...)”. (Grifo Nosso)

À luz de abalizada doutrina, “a probidade administrativa é uma


forma de moralidade administrativa que mereceu consideração especial da
Constituição Federal, que pune o ímprobo com a suspensão de direitos
políticos (art. 37, §4º). A probidade administrativa consiste no dever de o
"funcionário servir a Administração com honestidade, procedendo no
exercício das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas
decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer". O
desrespeito a esse dever é que caracteriza a improbidade administrativa.

No caso em tela, não há dúvida alguma que a conduta do Diretor-


Presidente da NOVACAP, fere os Princípios da Legalidade, publicidade e
eficiência administrava, bem como ao Princípio da Moralidade.

Segundo ensinou o saudoso administrativista, Hely Lopes Meirelles,


“a legalidade, como princípio da administração, significa que o agente
público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos
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da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou


desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”. (Grifo Nosso)

Ainda consoante o renomado mestre, “a natureza da função pública


e a finalidade do Estado impedem que seus agentes deixem de exercitar
os poderes e de cumprir os deveres que a lei lhes impõe. Tais poderes,
conferidos à Administração Pública para serem utilizados em benefício da
coletividade, não podem ser renunciados ou descumpridos pelo
administrador sem ofensa ao bem comum, que é o supremo e único
objetivo de toda ação administrativa”. (Grifo Nosso)

Portanto, o Diretor-Presidente da NOVACAP, por exercer função


pública no âmbito da Administração Pública do Distrito Federal, tem o
dever de cumprir as disposições previstas em lei.

Ao se omitir em fornecer os documentos solicitados, o mesmo


ofendeu, assim, o Princípio Constitucional da Legalidade, Publicidade
e Eficiência, e praticando, em consequência, ato de improbidade
administrativa.

Nesse diapasão, ensina Marçal Justem Filho que, na hipótese de


violação aos princípios da Administração Pública, o ato de improbidade
administrativa "não depende, para sua consumação, da percepção de um
benefício econômico, assim como não se exige dolo específico, para a
caracterização conduta intencional, consumando-se a improbidade, nos
termos do artigo da Lei nº 8.429/92, por uma ação ou omissão violadora
aos deveres da legalidade, honestidade, imparcialidade, honestidade e
lealdade". (Grifo Nosso)

A Lei nº 8.429/92, que dispõe sobre a improbidade administrativa,


traz a definição de agente público para fins de incidência das sanções ali
cominadas nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional:

“Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos


desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
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emprego ou função nas entidades mencionadas no


artigo anterior. ”

Estas são as razões pelas quais são reputados ao Diretor-Presidente


da NOVACAP, à obediência aos princípios constitucionais da
Administração Pública, cujo descumprimento sujeita o responsável às
sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa, in verbis:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa


que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:
I - Praticar ato visando fim proibido em lei ou
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
em razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado
a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor
de medida política ou econômica capaz de afetar o
preço de mercadoria, bem ou serviço”(Grifo Nosso)

O referido diploma legal, independentemente das sanções penais,


civis e administrativas, sujeita o responsável pelo ato de improbidade às
seguintes cominações:

“I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores


acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
integral do dano, quando houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos, pagamento de multa civil de até três vezes o
valor do acréscimo patrimonial e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios
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ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou


indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do


dano, se houver, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento
de multa civil de até cem vezes o valor da
remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
três anos.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei


independe:

I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio


público. ”

A jurisprudência, já há algum tempo, tem caminhado no sentido de


que o Judiciário, ao se deparar com omissões administrativas, deve
determinar ao administrador que, em prazo fixado, promova à realização do
ato. Destaca-se o seguinte precedente do col. Superior Tribunal de Justiça,
in verbis:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


SERVIDOR PÚBLICO. ANISTIA RECONHECIDA
COM BASE NA LEI Nº 8.878/1994. OMISSÃO DO SR.
MINISTRO DE ESTADO EM PROMOVER A
REINTEGRAÇÃO. ILEGALIDADE EVIDENCIADA.
1. Impetração que visa a imediata publicação no
Diário Oficial do deferimento pela Comissão Especial
Interministerial do reconhecimento da condição de
anistiado impetrante, nos termos da Lei n. 8.878/1994
e do Decreto n. 5.115/2004, para que, em seguida,
possa ser reintegrado ao emprego do qual foi

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demitido, conforme o Decreto n. 6.077/2007 e


Orientação Normativa n. 4/08 do MPOG/RH.
2. Da análise da referida legislação, que rege o tema,
fica evidente que o retorno de ex-servidor aos quadros
da Administração Pública não depende só do
reconhecimento da condição de anistiado pela CEI,
mas também do atendimento de outras condições
atinentes à disponibilidade orçamentária e financeira
para tanto, e, ao final, da edição de ato, por parte do
Ministro de Estado, determinando a efetiva
reintegração.
3. No caso dos autos, o que se tem é que, não obstante
o requerimento de anistia formulado pelo impetrante
tenha sido deferido em 05.05.2009, o Ministro de
Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão não se
pronunciou até a impetração do writ acerca da
possibilidade de retorno do servidor ao trabalho, não
havendo nos autos comprovação de que estejam sendo
tomadas as providências cabíveis para tanto. Ademais,
consoante afirmado pelas próprias autoridades
coatoras, sabe-se que cumpre ao Centro Tecnológico
Aeroespacial, órgão que o impetrante ocupava antes
de ser demitido, determinar o enquadramento e o
impacto orçamentário da reintegração do anistiado
político, e à Secretaria do Orçamento Fiscal do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
atestar a disponibilidade orçamentária desse ato,
sendo certo que a responsabilidade pela obtenção e
comprovação de tais documentos não podem ser
imputados ao impetrante.
4. Partindo dessas premissas, é de se concluir que a
omissão administrativa apresenta-se configurada,
porquanto não foi dado cumprimento ao ato de anistia,
deferido há cerca de dois anos, não tendo as
autoridades competentes dado continuidade as suas
atividades.
5. Entretanto, tendo em vista que o Poder Judiciário
não pode substituir a Administração Pública, não há
como, desde já, se avaliar o preenchimento dos
requisitos orçamentários e financeiros estipulados na
legislação de regência, para, de imediato, determinar
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a reintegração do impetrante. Precedente: MS


15.211/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção,
DJe 22/02/2011.
6. Segurança concedida em parte, tão somente para
determinar às autoridades impetradas que adotem as
providências necessárias ao cumprimento do artigo 3º,
inciso IV, do Decreto n. 6.077/2007 no prazo de 60
(sessenta) dias.
(MS 15.210/DF, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
08/06/2011, DJe 17/06/2011)

Portanto, por tudo quanto foi exposto, resta evidente que a omissão
praticada pelo Diretor-Presidente da NOVACAP, infringiu diversos
princípios da Administração Pública os quais deve obediência, sendo que
sua conduta deve ser apurada. È o que se pretende com a presente
representação.

V - DOS PEDIDOS

Diante do que foi acima exposto, justifica-se a remessa dos presentes


autos ao Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios, a fim
de que possa dar o encaminhamento que entender adequado ao caso,
requerendo, desde logo:

a) que seja recebida e processada a presente REPRESENTAÇÃO, a


qual espera-se no exercício do seu mister legal e constitucional, seja
instaurada a competente investigação para apurar a conduta do Diretor
Presidente da NOVACAP, quanto à negativa em fornecer os documentos
solicitados pela Câmara Legislativa, visto que a omissão quanto ao
fornecimento dos documentos viola o disposto no art. 37 da Constituição,
bem como caracteriza ato de improbidade administrativa, pois atenta contra
os princípios da administração Pública;
b) que seja instado o Diretor-Presidente da NOVACAP a fornecer
cópia dos documentos abaixo relacionados:

1. Cópia do processo número 112.000.030/2014;


2. Cópia do processo número 112.003.632/2012;
3. Cópia do processo número 112.003.879/2013;
4. Cópia do processo número 112.002.415/2014;

CLDF - Praça Municipal, Quadra 02, Lote 05 – 3º Andar – Gabinete 11 – CEP 70094-902
Tels: 3348-8110/8116 – fax: 3348-8113
e-mail: dep.wellingtonluiz@cl.df.gov.br
site:www.wellington.com.vc13
CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
Gabinete Deputado Distrital Wellington Luiz – MDB

5. Cópia das atas das reuniões da Diretoria Colegiada dos anos de 2011
a 2017;
6. Cópia das atas de decisões onde conste a aprovação de execução de
projetos e/ou execução de obras no período de 2012 a 2017;
7. Cópia das informações orçamentárias dos Programas de Trabalho,
que ficam a cargo da NOVACAP, no período de 2011 a 2018;
8. Cópia das aberturas de Créditos Suplementares e também das
movimentações orçamentárias e financeiras, incluídas as transferências de
recursos financeiros e orçamentários, ocorridas nos Programas de Trabalho
a cargo da NOVACAP, de 2011 a 2018;
9. Cópia das propostas e realização, de execução orçamentária,
constante do PLOA, de 2011 a 2018;
10. Detalhamento orçamentário dos programas de trabalho, empenhos, e
pagamentos realizados no que se refere ao Programa de Trabalho destinado
ao Projeto e Execução de Restauração do Viaduto da Galeria dos Estados;
11. Relatório identificando os ocupantes de cargos de Diretor-Presidente
e demais diretores, no período de 2011 a 2017.

c) que seja apurada a responsabilidade da NOVACAP em relação à


responsabilidade pela manutenção do Viaduto da Galeria dos Estados;

d) caso entenda pertinente, sejam promovidas as medidas judiciais


cabíveis, com o ajuizamento de ação civil pública e apuração de eventual
conduta criminosa.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília-DF, 07 de junho de 2018.

WELLINGTON LUIZ
Deputado Distrital

CLDF - Praça Municipal, Quadra 02, Lote 05 – 3º Andar – Gabinete 11 – CEP 70094-902
Tels: 3348-8110/8116 – fax: 3348-8113
e-mail: dep.wellingtonluiz@cl.df.gov.br
site:www.wellington.com.vc14

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