BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E A SUPOSTA UNIFORMIDADE
DO ENSINO BÁSICO
César Augusto Guedes Silva
Unidade Acadêmica de Física
Universidade Federal de Campina Grande
cesar.guedes.silva@gmail.com
INTRODUÇÃO
Ao analisar os currículos escolares da educação Básica no Brasil, é
comum encontrar grandes discrepâncias em relação aos conteúdos ensinados pelas instituições. Com o intuito de solucionar essa problemática e garantir a educação de maneira mais justa, o Ministério da Educação coordenou o processo de discussão e elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para orientar os rumos da educação Básica no Brasil.
A BNCC é um documento de caráter normativo, previsto na Constituição
de 1988 que visa direcionar o que é ensinado na educação básica nas escolas do Brasil. Longe de ser um currículo, a Base estabelece os objetivos de aprendizagem a serem alcançados, atuando em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE, Lei nº 13.005/2014) e com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996) a fim de assegurar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
A partir da BNCC, segundo o Ministério de Educação, “(...) as redes de
ensino e instituições escolares públicas e particulares passarão a ter uma referência nacional comum e obrigatória para a elaboração dos seus currículos e propostas pedagógicas, promovendo a elevação da qualidade do ensino com equidade e preservando a autonomia dos entes federados e as particularidades regionais e locais” (Ministério da Educação, Base Nacional Comum Curricular, 2018. Pag. 5).
Ao vislumbrar a situação atual das diferenças do ensino básico público e
privado no Brasil, é perceptível algumas deficiências no tocante ao ensino público que possui um desempenho menor que o privado. Essa diferença levanta algumas questões sobre sua causa que podem ser diversas, como fatores do contexto do indivíduo, fatores socioeconômicos e até mesmo incentivo dos pais. Portanto, a BNCC busca solucionar essa problemática de equidade no ensino básico atuando em apenas um possível fator que será analisado no presente trabalho.
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo a análise da nova proposta da
BNCC para a educação do ensino médio no Brasil, sobretudo, proporcionando uma breve reflexão acerca de alguns fatores individuais dos alunos da escola pública e privada e de que forma a aplicação dessa nova proposta afetaria o ensino básico do país.
METODOLOGIA
A metodologia deste projeto está baseada numa pesquisa qualitativa, com
levantamento de dados bibliográficos e documentos oficiais, com pesquisas em artigos de periódicos, além de pesquisas na web e páginas da internet, e inclusive, a utilização como base essencial a própria BNCC do Ensino Médio. Os dados coletados serviram como base para a fundamentação teórica com o fim de investigar e analisar a BNCC que será apresentada na próxima seção desse trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente, o Brasil ocupa a 53º posição, entre 65 países avaliados pelo
Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA, 2016) e ainda segundo o IBGE cerca de 731 mil crianças não estão matriculadas na escola. Sendo um dos países que mais tem jovens dos 15 aos 16 anos que exercem algum tipo de trabalho remunerado e estudam, de acordo com a Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo Sampaio e Guimarães (2009), ao analisar os dados do INEP (2002) apenas 5% dos alunos foram qualificados como “adequados” e 42% como “muito crítico” e “crítico”, sendo 96% desses matriculados na rede pública e 48% conciliavam trabalho e estudo. Porém, o PISA (2016), mostra que essa discrepância no Brasil não é tão alta se comparada aos outros países avaliados. Portanto, o Brasil apresenta uma situação muito grave no ensino básico que se agrava ainda mais quando falamos de ensino público.
A BNCC se põe como um instrumento fundamental para que as redes e
escolas garantam um grau comum de aprendizagens a todos os estudantes de escolas públicas e privadas de maneira justa. Prometendo solucionar essa divergência com a ideia de que se a base da educação é a mesma, as oportunidades também serão as mesmas, pressupondo que os estudantes de escola pública terão as mesmas oportunidades que os estudantes das escolas privadas.
Tendo em vista que a BNCC separa os conteúdos por áreas do
conhecimento, exigindo dos docentes um conhecimento mais amplo, por área, sendo que hoje sua formação é específica, torna sua implementação incoerente, já que as formações dos docentes não são adequadas a esse novo sistema.
Portanto, somando isso à realidade brasileira de uma grande falta de
professores, em especial no ensino básico público, vai acarretar em uma lacuna no currículo dos estudantes da rede pública devido à falta de professores em relação aos estudantes da rede privada. Além disso, o ensino integral previsto na BNCC poderá ocasionar na evasão dos alunos que atualmente conciliam trabalho e estudo, ferindo diretamente a prerrogativa de que os alunos do ensino público terão as mesmas oportunidades dos alunos das escolas privadas.
Essa nova proposta educacional da BNCC, que aparentemente visa
facilitar a formação do aluno como cidadão ao cursar o ensino básico, resultou em diversas críticas, sobretudo, por parte dos próprios educadores. Mediante essa flexibilização das disciplinas propostas pela BNCC, é possível levantar alguns questionamentos, como por exemplo, a preparação do discente em relação às provas do Enem e Vestibulares, e, inclusive, a possível restrição do seu próprio conhecimento. Sendo assim, todo o sistema educacional deverá ser moldado de acordo com o currículo do aluno.
CONCLUSÕES
Atualmente, a BNCC do ensino médio encontra-se em discussão no
Conselho Nacional de Educação sobre sua aprovação. Ao analisar a implementação da BNCC mediante a realidade da educação do Brasil é possível dizer que ainda se faz necessário a revisão acerca dos pontos mais criticados do documento e a sua adequação às diversas realidades dos alunos e que, portanto, a BNCC não pode ser apenas uma ferramenta para progredir os ideais da reforma do ensino médio, mas sim, um instrumento de renovação do ensino e desenvolvimento do país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRUINI, Eliane da Costa. Educação no Brasil. Centro universitário salesiano:
São Paulo. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao- no-brasil.htm
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2018. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/exclusivoweb/2018/05/bncc-do-ensino-medio- prejudicara-jovens-pobres/ MARIZ, Renata & FERREIRA, Paula. Cerca de 40% dos professores da rede pública não têm informação adequada. 2016. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/cerca-de-40-dos-professores-da- rede-publica-nao-tem-formacao-adequada-18971625
______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC
2ª versão: Brasília, DF, 2016.
SAMPAIO, Breno & GUIMARÃES, Juliana. Diferenças de eficiência entre
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do aluno, apontam educadores. 2018. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/exclusivoweb/2018/05/bncc-do-ensino-medio- prejudicara-jovens-pobres/