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Waj Mapu

Boletim CILA-CIAH
(Centros Interdisciplinares del ILAACH)

Junio 2018

Miguel Ahumada Cristi e Iván Ulloa Bustinza – Coordenação CILA Clovis


Bringhenti – Coordenação CIAH

Contato e envio de colaborações: coordenacao.cila@unila.edu.br;


coordenacao.ciah@unila.edu.br
Laboratório de Artes Visuais da UNILA

O espaço fica na sala 113, do Jardim Universitário.

Desde que mudamos para o JU vem acontecendo nesse espaço


disciplinas e projetos de extensão relacionados às artes e às
culturas.Neste semestre, na disciplina Direção de Arte, começamos
a refletir sobre quais ações seriam possíveis de estimular a
integração por meio da arte e da cultura naquele espaço.

Pesquisamos diversos laboratórios de Artes e debatemos nossas


necessidades, desejos e missões. Em uma perspectiva freireana
construímos conhecimentos, compartilhamos, pesquisamos e
implementamos ações. Dai surgiu uma remodelação do espaço –
tanto materialmente quanto do ponto de vista da gestão.

Trabalhamos por equipe de interesse – alguns discentes pensaram


na articulação com outros espaços, outros na criação de
comunicação (identidade visual, impressa, redes sociais e digital),
outros no mobiliário e adequação do espaço, outros na
possibilidade de articulação com os demais laboratórios, projetos
de extensão e outras instituições, outros na criação e manutenção
de acervo específico composto por doações de livros, catálogos
etc, outros na possibilidade de criação de oficinas voltadas à
comunidade.
Alguns estudantes de outras disciplinas têm nos solicitado a
criação de oficinas e períodos de utilização do espaço para
estimular suas produções artísticas.

Por isso convidamos a contribuir conosco, seja com oficinas, falas,


eventos, acervo e o que mais lhe interessar.
NHEMONGUETÁ (conversa)

Nome, e cidade ou estado de origem ou país, e ano que entrou e o ano que se

graduou?

Sou Mauricio dos Santos, nasci em Medianeira no estado do Paraná, Brasil. Iniciei meus

estudos na UNILA em 2012 e em 2016 conclui minha graduação em Antropologia –

Diversidade Cultural Latino-Americana.

Tema do Tcc, os objetivos da monografia, como foi seu processo de construção? E

que te fez escolher o tema de sua monografia? Principalmente a sua experiência de

fazer a monografia, como afetou na sua vida e seus aprendizados? E como é de fato

lidar com a monografia após defendida? E o que você faz hoje?

Acredito que eu não escolhi estar com o povo de santo. Mas foram eles que me

escolheram e deixaram entre amigos. Assim como Evans-Pritchard escreveu que não

estava interessado em estudar bruxaria quando chegou ao país dos zandes, mas os

azandes estavam. Ou como Mãe Marina de Ogun já me disse: “Exu matou um pássaro

ontem, com a pedra que arremessou hoje”.

Meu TCC teve como área de pesquisa a antropologia das religiões afro-brasileiras e ou de

matriz africana. O trabalho de campo foi realizado em diversos terreiros de umbanda e de

candomblé na tríplice fronteira entre Brasil em Foz do Iguaçu, Paraguai em Cidade do

Leste e na Argentina em Puerto Iguaçu. O trabalho teve como proposta etnografar e

fotografar como esses religiosos pensam os seus espaços sagrados. Na introdução do

trabalho parti da perspectiva sobre o orixá Exu no candomblé, suas representações e

sentidos que me permitiram propor uma possível relação e comparação entre o oficio de

Exu e “o trabalho do antropólogo”. No primeiro capitulo compus uma versão sobre a

trajetória do povo de santo da tríplice fronteira. No segundo capitulo, observei os espaços


sagrados dentro dos próprios terreiros. E no terceiro capitulo, ressaltei a relação dos

terreiros com outros espaços, como por exemplo as matas, pedreiras, rios e cachoeiras

mas também estradas, encruzilhadas e cemitérios.

Com as fotografias do TCC em 2017 fui premiado pelo II Prêmio Lola Alvarez Bravo de

Ensaio Fotográfico realizado pelo Seminário dos Alunos do Programa de Pós-Graduação

em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ (SAPPGAS). Também com os dados do

TCC em 2016 junto com Felipe Lovo, realizamos um curta documentário, intitulado

“Terreiros”, que foi selecionado pelo Canal Futura no Edital de Curtas Universitários e em

2017 foi exibido em rede nacional. O curta documentário também foi selecionado e

concorreu como melhor filme em diversos festivais, entre eles o 8º Festival Internacional

do Filme Etnográfico do Recife, a 16º edição do NOIA – Festival do Audiovisual

Universitário em Fortaleza, o Iº Festival do Filme Etnográfico do Pará em Belém e em

2018 o 13º Festival Taguatinga de Cinema em Brasília, o Festival de Cinema de Paranoá

também em Brasília e o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.

Nos dias de hoje, estou concluindo meus estudos no mestrado do Programa de Pós

Graduação Interdisciplinar em Estudos Latino Americanos na UNILA, com uma pesquisa

sobre a linguagem falada das religiões afro-brasileiras e ou de matriz africana.


NHEMONGUETÁ (conversa)

Laís Cabral Neckel, Foz do Iguaçu/PR, 2011-2017

As relações étnico-raciais na educação desde a perspectiva antropológica:


curso de formação continuada das Equipes Multidisciplinares no NRE de Foz do
Iguaçu/PR, como intitulei meu trabalho de conclusão de curso, centra-se na análise
das tensões presentes no curso de formação continuada em relações étnico-raciais
voltado a docentes da rede estadual de ensino do Estado do Paraná, uma das etapas
realizadas através da política pública do estado, as Equipes Multidisciplinares. Sob a
análise da antropologia, mais especificamente da antropologia da educação, elenco as
formas com as quais a construção das desigualdades étnico-raciais no Brasil se
constitui e como estas refletem e se fazem presentes nos espaços educativos, de
forma arbitrária, assim as reivindicações dos movimentos antirracistas perante as
sistemáticas exclusões no contexto educacional. Desta forma, direcionei a pesquisa
de campo na observação desta política pública educativa através dos encontros do
curso de formação continuada, entrevista com algumas participantes do curso e
análise e releitura dos documentos de homologação e aplicabilidade.

Esse tema mais se apresentou para mim do que eu a ele. A princípio tinha outra
ideia de pesquisa, já avançada, inclusive com orientador direcionado para tal tema.
Entretanto, considerando as poucas condições de realização de tal ideia acabei por
perceber ao meu redor e as experiências que havia passado durante minha graduação.
Na própria monografia desenvolvi de forma breve esse processo, em Aproximação
aos Campo(s). Segui assim o princípio do que Rita Segato chama de ‘Antropologia
por Demanda’ e me direcionei as cobranças dos próprios docentes a nós, acadêmicos.

Durante meu processo de construção da monografia passei por diferentes níveis


e etapas de dificuldades e decisões positivas, desde a percepção das problemáticas
internas e externas as que relacionavam-se diretamente ao desenvolvimento
obrigatório de uma tese até a uma percepção real da necessidade de posicionamento
dentro do contexto acadêmico (dentro de minha área principalmente). Essas questões
perpassaram todo o processo e se perduram até hoje, considerando agora a possível
utilização do feito pelos demais colegas, acadêmicos ou não.

Essas questões me afetaram e afeta entendendo esse processo enquanto uma


tomada de posição, que mesmo direcionada e por uma instituição que não nos
amparam muitas vezes, podemos nos posicionar de forma crítica perante os processos
atuais de desenvolvimento da sociedade entendendo que apesar de nossas limitações
acadêmicas, principalmente as que compõe as estruturas hierárquicas e elitistas,
podemos e devemos tomar o espaço da teorização, entendendo este em sua prática
transformadora. Como nos brinda Bell Hooks “A teoria não é intrinsecamente
curativa, libertadora e revolucionária. Só cumpre essa função quando lhe pedimos
que o faça e dirigimos nossa teorização para esse fim”.

A monografia após defendida é nada mais do que o entendimento de encerre de


uma etapa que mesmo sendo um tanto quando frustrante (considerando o
enfrentamento das questões trabalhistas de fato) temos de encontram nossa maneira
de continuar no alcance de nossos objetivos respeitando nossos princípios e
conhecimentos adquiridos nesse processo. Hoje estou me especializando em políticas
públicas, mais direcionado a políticas culturais e educacionais. Desenvolvo de forma
autônoma atividades na produção cultural e educacional na cidade de Olinda/PE.
Ainda não consigo ser autônoma economicamente e preciso desenvolver outros
trabalhos para poder me sustentar. Minha pretensão é ingressar no mestrado em
Antropologia na UFPE e continuar estudando a área da políticas públicas, as quais
venho me aprofundando
El Proyecto de Extensión Música y Danzas de América Latina,
coordinado por el Prof. Ladislao Landa invita a tod@s a participar de un
programa especial por el TATA INTI
CRÓNICA-FICCIÓN
TERCERA REGIONAL

(Crónica ficción sobre el fútbol semiprofessional)

Todo es precario, sui generis, local, particular. Frente a la tendencia globalizadora, en


esos niveles se mantiene, a veces casi incólume, intocado, el pintoresquismo de tierras y
gentes. Pueblos replegados sobre sí mismos, cuyo contacto con el exterior se renueva cada
domingo a causa de la liga de futbol. Son viajes de tres horas a lo máximo, y no se
abandona nunca la comunidad, pero para ellos es un hilo conductor que los relaciona con
sus semejantes, unos pueblos más allá. Igual que ciertas ferias agrícolas y fiestas
gastronómicas, el fútbol sirve para mostrar las habilidades de cada uno, el aspecto lozano de
la juventud andurrial, los mejores ejemplares de la genética lugareña. Durante la semana las
vacas pastan del césped y la directiva se ahorra un dineral en máquinas. Los autobuses del
equipo rival sufren para llegar al descampado, pues los caminos son estrechos y están llenos
de curvas, y algunos aficionados no pueden quitarse la sensación de que desearían salir de
allí cuanto antes. Detrás de los vestuarios visitantes hay un gallinero ruidoso y sucio, cuyos
efluvios entran en el vestuario por una pequeña abertura en la pared. Cuando hay bronca, a
la salida es mejor revisar los vehículos, pues es probable que hayan colocado vasos rotos
detrás de las ruedas.

El hombre de negro

Liga semiprofesional, donde la nuca del linier suda y se ofrece como blanco perfecto
para el proyectil o la punta metalizada del paraguas, que propinar puede un golpe certero y
casi mortal, y después escabullirse desapercibido. Hay alguien que espera al hombre de
negro a la salida, la Guardia Civil observa la escena. Es la pesadilla de los árbitros, que se
repite cada domingo. Le insultan, lo zarandean como un muñeco de trapo, lo amenazan y
amonestan, le mentan hasta la madre y después lo intentan agredir. Sin embargo él,
constante, imperturbable, se entrega una y otra vez, donde nadie lo quiere, patético remedo
de autoridad cívico-militar. El árbitro comparece al campo armado con una coraza mental y
se hace fuerte en cada decisión pese a los insultos que escucha por parte de ambos bandos.
No hay margen para la duda. Cada uno tiene sus tácticas y sus estrategias, su pose y su
punto de articulación, su tonalidad exquisita o vulgar, con actitudes que van de la cálida
amistad a la fría autoridad. Aún así, pese a su rigor estoico y su apariencia mística –el
blanco de la piel contrasta con la negra austeridad del uniforme– los hay más violentos y
agresivos, que han aprendido algún tipo de arte marcial, o que asisten a cursos de
autodefensa personal. Para ellos el partido del domingo es el campo de prácticas perfecto.
Se le llama el juez, pero también el cuervo, la viuda, el hombre de negro.

El caso más paradójico es el de las mujeres-arbitro, las cuales, contra lo que se suele
afirmar no responden necesariamente al prototipo de la mujer hombruna, fea y sin encantos.
Aunque ese tipo también existe, recuerdo casos de jóvenes mujeres de delicadas facciones y
pelo largo, con piernas, eso si, bien torneadas por el deporte, que no despertaban violencia,
sino acato, que emanaban autoridad en el terreno de juego, y por lo general se hacían
respetar.

La Tercera Regional y el proceso modernizador

Ya he visto, en algún campo peregrino, en el medio de la nada, protegido por una


espesa muralla vegetal, escrito en el placar de las llaves: «arbrito», y otros vocablos no
menos curiosos que demuestran la existencia de una escritura fonética a contramano de
cualquier acuerdo ortográfico: «valones», «botano»… Estas aberraciones ortográficas
constituyen un documento muy interesante para estudios dialectales, una muestra
espontánea del habla en cuanto a su uso, como se puede apreciar en la metátesis de la
palabra «arbrito», y por otra parte, nos da una idea del tipo de personas que frecuentan estos
lugares, su grado de alfabetización y su forma de ver el mundo. Habitantes de los
interpueblos, esos lugares dispersos entre ciudades, algunos de los cuales caen muy lejos de
las principales vías y autopistas, y que a falta de mayores riquezas naturales, recogidas en el
interior, sin empresas ni actividad económica, se van aislando y replegándose sobre sí
mismas. De esta manera, no se contagian de las nuevas modas urbanas, y su lenguaje,
endémico, cerrado, evoluciona hacia formas insólitas y soluciones absolutamente
autóctonas. En realidad, estos pueblos desaparecen cada vez más rápido, sobre todo si no se
encuentran bien ubicados y no pueden ser usados como ciudad dormitorio, proceso que si
bien implica una segura pérdida de identidad por la afluencia masiva de foráneos, asegura la
permanencia de la aldea, pueblo o villa en cuestión.

El diez

En Tercera Regional también existen jugadores especiales, quienes parece que tienen
una cita con la gloria. En muchas ocasiones, se trata de individuos problemáticos, tanto
dentro como fuera del campo, confirmando una constante universal de que los genios son
invariablemente conflictivos y tumultuosos. Frente al prototipo del jugador voluntarioso, el
Diez actúa a su manera, sin presiones estadísticas, depende de una genialidad asistemática y
fluctuante, una forma de sensibilidad que está directamente ligada al estado anímico. Para
mí, el mayor diez de todos los tiempos no ha sido Maradona, ni Messi, ni ningún otro diez
de los conocidos mundialmente, para mí el mejor diez fue Javucho, y nunca olvidaré lo que
significa sentir que alguien es capaz de hacer lo que otros ni siquiera pueden llegar a
imaginar.

Elijo a Javucho, no por un énfasis localista, sino porque él me hizo sentir, en varias
temporadas, lo que es brillar bajo la luz del diez. Javucho era un tipo que llamaba la
atención: caballera rubia, piernas largas, bastante delgado y alto. De sus botas salían jugadas
como de la chistera del mago conejos. Y después era capaz de tirarlo todo por la borda en un
momento, porque a veces, por cualquier motivo peregrino, le daba un ataque extraño y
comenzaba a insultar o a agredir a discreción. Sin embargo, cada domingo, cuando no
estaba amonestado, el diez llevaba su nombre, y los demás salíamos al campo sólo para
admirarlo.

Con el tiempo, cuando tuve suficientes datos, empecé a comprenderlo, una situación
familiar complicada, sin referente paterno, forjaron una personalidad en la que no había
límites ni fronteras, capaz de pasar de la alegría al odio en apenas unos segundos. Tarde o
temprano, aquella joya del fútbol mundial dejó de practicar el amado deporte, se buscó un
trabajo y parece que lejos de los campos aprendió a madurar, se perdió un futbolista, pero se
ganó un ciudadano. Tenía un carácter difícil, era violento e incontrolable, la pesadilla de
cualquier entrenador, cada cierto tiempo salía expulsado y se perdía varios partidos. Era
como si toda la angustia reprimida, los malos momentos, la desestructuración social que
veía en su familia, estallase en cada gol, en cada veloz jugada por la banda, en cada patada a
destiempo, en cada insulto, bofetón, golpe o escupitajo. Y sin embargo, lo queríamos, lo
admirábamos, por su libertad galopante, porque decía siempre lo que pensaba, porque no
cumplía las órdenes, porque no le importaba nada lo que pensáramos, porque era valiente y
arrogante. Por su zurda de oro.
Reserva especial: el veterano

Llegas al equipo y ahí está él, el veterano. Te han contado algunas de sus historias,
cuando estuvo a punto de…, cuando casi consiguió... Después de la enésima lesión, regresa,
tiene que vendarse los tobillos y a veces la rodilla se le resiente, visiblemente cojea, pero
cuando sale al campo es una maravilla verlo, la precisión de sus movimientos, su toque de
balón, su elegancia, sus dotes de mando y organización. Sacará al equipo de terribles
situaciones, meterá goles y repartirá oportunidades entre sus compañeros con la vitalidad de
un joven. Ese jugador tendrá su propia área de influencia, lo rodean los muchachos para
escuchar sus historias singulares, y podrá incluso cuestionar al entrenador cuando éste se
equivoque. De jugador veterano a vieja gloria no hay ni un paso, es un proceso gradual,
cuando el jugador se retira, todo será sucedáneo de fútbol, las pachangas en la playa, los
partidos de veteranos. Solo le queda permanecer en la memoria de los paisanos por un
tiempo, hasta que llegue un momento en que algún muchacho pregunte por el hombre de la
fotografía y nadie sepa qué contestarle.

El portero loco se llamaba Charli.

Capaz de no cubrirse el rostro ante el inminente impacto de un balón incandescente.


El jugador suicida, que gritaba a sus compañeros de equipo como si fueran esclavos o tontos
del culo, sobre todo a los dos centrales y a los laterales. Ese mismo que salvaba los partidos
jugándose el tipo, que era capaz de enmudecer a todo el mundo cuando tenía un despiste.
Los porteros tienen un entrenamiento específico, quizás por eso experimentan un proceso de
segregación y de inactividad intermitente que los conduce a estados mentales extraños. En
el terreno de juego, sólo a él se le permite tocar el balón con las manos. Son por lo general,
aunque no siempre, bastante torpes con el pie, y realizan piruetas y cabriolas para hacerse
con el esférico. Un portero puede pasarse un partido entero como un observador más bajo
un aguacero, sin embargo tiene que estar preparado para plantarle cara a un balón dividido,
para afrontar un córner, para detener un chute. Un partido sin portero es una pachanga, un
mero juego, el fútbol pierde su sentido. El portero, es uno de los jugadores más importantes,
y generalmente se le supone una autoridad cercana a la del capitán del equipo. Él también
puede distribuir tácticamente a los jugadores, actuando como una prolongación del
entrenador dentro del campo, pues se ubica en una posición central y su radio de
observación abarca todo el terreno de juego.

De entrenadores y tácticas en la Tercera Regional

He tenido entrenadores de todas las fomas y colores, tímidos y reservados, violentos


y autoritarios, gritones y escatológicos, profesionales y excesivamente tácticos. El
entrenador-tarugo, por ejemplo, fue mi primer entrenador, yo contaba, por aquel entonces,
siete añitos. Se caracterizaba por en entrenamiento físico, nunca teórico, táctico o con balón
por medio. Su cuerpo no lo desmiente, su rostro es la viva imagen de la violencia, recuerda
al Trinilotrueno de Mortadelo y Filemón. En la misma categoría de entrenadores de niños se
encuentran aquellos que quieren construir un hombre a cualquier precio. Son los cívicos y
jerárquicos apóstoles de la escuela del fútbol. Hostigadores y tiranos, aunque su
comportamiento tenga como objetivo preparar a los muchachos para la vida real, sus
métodos son terribles. Aprietan las clavijas al máximo, y el jugador debe mantener el tipo
pese a la presión. En ocasiones encubren un yo interior bien diferente, por ejemplo Bocazas,
que tenía un hijo hidrocefálico entre otras situaciones conflictivas, y probablemente en su
casa, en la vida íntima, era una bella persona.

El “sargento metódico” es otro de los prototipos. Con este tipo de entrenador, los
entrenamientos tienen semejanza con los ejercicios militares, el entrenador exige
concentración máxima y actitud de entrega, la titularidad se gana palmo a palmo,
demostrándole al entrenador que la mereces. Cuando termina el entrenamiento, el
entrenador se relaja y descontrae, hasta el punto que parece mentira que ese mismo
individuo campechano estuviera hace apenas unos minutos dictaminando una disciplina
ejemplar. El “entrenador teórico”, por otra parte, forjado en bibliotecas y cursos de
entrenador, generalmente no han tenido éxito jugando al fútbol. Supera su complejo de
inferioridad gracias al estudio constante y pretende que los jugadores lleguen a
comprenderlos, lo qual suele ser difícil, pues la mayoría de los jugadores de futbol se jactan
de su ignorancia y desprecian cualquier forma del saber. Sócrates decía que los jugadores
deberían ser obligados a estudiar en las concentraciones y en su vida diaria, y razón no le
faltaba.

Los “entrenadores teóricos” llenan pizarras y pizarras de esquemas y flechitas, con


círculos y números como si fuera alquimistas, tahures o geómetras, y cuando no la tienen a
mano, trazan con piedras en la arena cuadrados, rectángulos o triángulos, mostrando el
dibujo técnico del equipo. Hay que ver la desazón del entrenador teórico, cuando sus
jugadores salen al campo y se olvidan completamente de la lección. Estos entrenadores no
suelen formar parte de las pachangas y partidillos, y raramente toman partido en las
actividades y ejercicios que ellos mismos proponen, a diferencia del entrenador-jugador, que
mantiene en casi todo momento una posición de igual a igual con los otros jugadores. El
“entrenador-jugador” aparentemente es uno más en el equipo, si no fuera porque de él
dependen las alineaciones, los cambios y, en fin, todo aquello que tiene que ver con la
disciplina del equipo. Invariablemente se trata de jugadores que se resisten a retirarse, pero
que a lo largo de su carrera han conseguido un renombre y una experiencia que les permite
hacerse con las riendas de un equipo. Cuando es necesario, generalmente en los últimos
minutos del partido, el entrenador decide salir al campo. Este tipo de entrenadores, debido a
su protagonismo extremo, experimentan un profundo desgaste y generalmente no duran
mucho en el puesto.

El “entrenador-amigo” es un espécimen peligroso, no es un padre, no es un jerarca al


estilo tradicional. Tiene dotes como psicoanalista y busca, ante todo, la motivación de sus
jugadores, para ello tiende a manipularlos con todo tipo de frases y actos que nunca son
gratuitos. Intenta solucionar tus problemas y si hace falta te puedes quedar a dormir en su
casa. Creemos que en esto del fútbol es conveniente mantener las jerarquías claras: un
entrenador nunca será un jugador, un padre jamás será un hermano o un amigo, así como tu
novia no puede ser a la vez tu madre.
En rigor, el carácter del equipo, en tanto colectivo de complejos haces de relaciones,
depende del entrenador, quien desde un principio establece las directrices básicas de
socialización, la forma de presentarse, etc… La edad de los equipos varía mucho, y el
número de jugadores veteranos es importante para prolongar y extender la autoridad del
entrenador. Si un entrenador tiene a los veteranos del equipo como aliados, no habrá
problemas, todo marchará correctamente. En los equipos donde faltan jugadores veteranos,
el entrenador debe extremar la precaución y transmitir, desde el principio, un mensaje de
autoridad. Si un entrenador es mesurado, diplomático, elegante, es de suponer que su equipo
transmita esa misma imagen.

Un pequeño apunte sobre “el encargado”

En caso de bronca, y en tercera regional son muy comunes, el «encargado», que no


tiene una alta jerarquía y se ocupa de todas las cosas prácticas, desde colocar la ropa hasta
preparar un café, suele llevarse siempre el primer golpe. Es el mandado de los directivos,
quienes generalmente son empresarios de tercera o cuarta categoría que se han hecho un
nombre en el pueblo y ese puesto de directivo les permite mantener la atención de los
vecinos y alejarse de su mujer, preparando unas fiestas de cuidado, en no pocos casos con el
propio dinero del club. Puedes verlos cualquier domingo a pleno sol tomándose un chupito
de güisqui sin hielo, y se rumorea que son clientes habituales de los prostíbulos de la zona.

Masajistas amateur

En cuanto a los masajistas, el primero que recuerdo era todo lo contrario de un


estereotipo: bajito, de avanzada edad, lleno de arrugas y de escasa educación, trabajaba
como masajista desde tiempos inmemoriales, amasando los músculos de los deportistas
como si se tratase de hogazas de pan. El calor lo producía una gran bombilla pintada de rojo
así como algunos mejunjes aplicados con destreza de mecánico. Rial disfrutaba de verdad
de aquel trabajo mal remunerado. Siempre tenía alguna ocurrencia, pues era un bromista
incorregible. Recuerdo la primera vez que asistí a sus sesiones, con la excusa de una
torcedura mal curada. No tardé en arrepentirme de mi curiosidad. La sensación de aquellas
manos huesudas manipulando el músculo era verdaderamente desagradable. Yo tenía unos
doce años en aquella época. Rial conversaba con algunos directivos, y yo no comprendía
bien las indirectas. Rial tocaba diferentes partes de la pierna e iba preguntando «¿te duele
aquí?». Yo no comprendía, le había indicado perfectamente el lugar: el tobillo izquierdo.
Hasta que súbitamente Rial me pellizcó el pene y con un movimiento reflejo, cargado de
vergüenza, comprendí que había caído en su trampa: «¿y aquí? ¿te duele aquí?».

Otros masajistas de regional se convirtieron en personajes inolvidables, y si me los


encuentro algún día sin duda los invito a tomar unas cervezas, por los buenos ratos que
pasamos juntos, y por los malos también. Está el caso de Jeremías, el orientalista, que usaba
agujas y ventosas, o el de Pedro, que llegaba invariablemente borracho, pero sus masajes
eran tan suaves y ligeros que no corrías ningún peligro con él, eran de todo punto inocuos,
para mal o para bien. Pero el caso más singular, de todo punto extraño, fue el de la masajista
que tuvimos en Cuspedriños de arriba, hija de un directivo. La verdad es que todo el mundo
la trató con educación, aunque a sus espaldas se escuchaban todo tipo de barbaridades. Los
jugadores se peleaban por tener una sesión con ella. Recuerdo que cuando me tocó el turno
a mí no me esperaba aquella brutalidad. Mi columna vertebral crujió de dolor desde la
rabadilla hasta el cuello.

Todos aquellos recuerdos de momentos ideales no volverán, puede ser que acceda a
algún sucedáneo puntual, pero aquí se trata de algo así como olvidar a la primera novia.
Peor aún, porque la solidaridad aquí se establecía inter pares, sólo para hombres, camaradas,
amigos, un equipo sólido y homogéneo. Entonces, hasta el entrenador podía ser
prescindible. Éramos una piña, sin envidias ni rencores, y juntos descubríamos el mundo
cada fin de semana. Acababa el partido del sábado y nos íbamos a casa de alguien a
relajarnos. Las botellas corrían de mano en mano, los cuerpos doloridos, piernas en alto, con
esguinces o moratones nos intoxicábamos a modo de anestesia. Y después, ya inmunes al
dolor, salíamos a recorrer la ciudad, comentando los pormenores del partido.
Urbano Estrella

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