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A importância do planejamento na indústria da construção civil

Milene Aparecida Nascimento B. Ferreira


Pós-graduada em Gestão de Projetos pelo Ietec.

Introdução

O planejamento é de fundamental importância, pois executar um projeto implica em


realizar algo que nunca foi feito antes. O ideal é que se utilizem padrões de
planejamento disponíveis na empresa, o que facilitará bastante o trabalho.
Uma metodologia que vem crescendo muito no Brasil é a metodologia PMI (Project
Management Institute) com milhares de profissionais com a certificação PMP (Project
Management Professional) atuando para a melhoria dos processos de construção.

O planejamento bem elaborado de um projeto é a atividade fundamental para o


sucesso de qualquer empreendimento tanto na etapa da concorrência quanto no início
e durante todo o período da obra, pois assegura, com base nas premissas assumidas,
uma probabilidade favorável com relação aos resultados esperados.
A seguir alguns fatores que podem afetar a execução de uma obra e que devem ser
considerados nas premissas básicas do planejamento:
- A data de início dos serviços, para um mesmo número de dias corridos de prazo a
data de início da obra altera o número de dias disponíveis de trabalho, em função dos
domingos e feriados e em função dos períodos de chuvas, marés, etc.;

- A topografia local, afeta a produtividade dos equipamentos;

- O clima, afeta o número de dias trabalháveis;

- A geologia, afeta a produtividade da mão de obra e dos equipamentos;

- A existência de interferências (linhas de transmissão, redes de serviços públicos,


áreas de proteção ambiental, sítio arqueológicos, desapropriação de áreas), afeta o
desenvolvimento dos trabalhos e o prazo da obra;

- A disponibilidade dos equipamentos afeta a metodologia, a produtividade e os prazos


da obra;

- Os anseios do cliente, a disponibilidade de recursos financeiros os interesses públicos


e políticos afetam o ritmo dos trabalhos e o prazo da obra.

Portanto, premissas básicas são todas essas considerações que deverão ser
identificadas antes de serem iniciados os trabalhos de planejamento, pois poderão
afetar diretamente seus resultados e o custo da obra.

Todas essas considerações deverão ser transformadas em índices, parâmetros ou


coeficientes, os quais serão aplicados sobre o número de dias disponíveis ou sobre
produções calculadas para as equipes. Desta forma pode-se inserir nos cálculos o
efeito dessas grandezas intervenientes sobre o prazo e o custo da obra, de tal forma
que os resultados da simulação resultem o mais próximo do realizável.
A confiabilidade do resultado do planejamento, apresentado sob a forma de relatórios
de custo e resultado provável, será tão mais seguro quanto maior for o detalhamento
da simulação do projeto efetuada.

Assim pode-se dizer que simular um projeto de engenharia é simular a elaboração


deste em seus mínimos detalhes, dentro da melhor técnica e economia, de modo a
permitir a obtenção de todos os recursos necessários, identificando no tempo, os seus
custos, investimentos, receitas, o resultado provável mês a mês e no final do projeto.

A elaboração desta simulação depende primordialmente do nível de informação


disponível. Quanto mais detalhado for o projeto, quanto maior for o esforço
despendido no estudo dos seus documentos e na pesquisa ao local das obras, maior
será o detalhamento e a precisão na simulação da execução da obra.

Ao se percorrer o futuro corpo físico da obra, deverão ser identificados os pontos


notáveis do projeto, visualizar possíveis dificuldades de acesso, alternativas de
mudanças de localização do corpo da obra, interferências com redes públicas, com as
áreas de preservação ambiental e com as áreas ou edificações particulares.

Estas novas informações poderão conduzir a novas soluções mais econômicas a serem
adotadas no projeto final de engenharia e podem trazer melhorias no contrato, desde
que bem trabalhadas no período da concorrência e, posteriormente, bem
encaminhadas junto ao contratante.

“Mais cedo ou mais tarde você paga por suas decisões relacionadas a planejamento”,
informa Jeanne Doile, PMP, Ph.D., gerente do programa de graduação em
gerenciamento de projetos na Universidade Western Caroline, situada em Cullowhee,
Carolina do Norte – EUA, e membro do comitê do Grupo PMI de Interesse Específico
sobre Qualidade em Gerenciamento de Projetos. “Você pode planejar
antecipadamente – a forma correta – ou deixar para mais tarde, quando o projeto está
em recuperação e você está sofrendo com os custos oriundos de retrabalho”.

Elaboração das Composições de Custos Unitários (CCU)

Czarnobai (2007) afirmou que “uma composição de custo unitário é um demonstrativo


de todos os componentes do custo de uma unidade de um serviço qualquer. Nela é
apresentada a participação de cada um de seus integrantes (insumos) em quantidades
e preços, sendo o custo unitário o somatório dos custos de cada um dos seus
componentes.
Para permitir sua apresentação, facilitar sua execução e o seu entendimento, o
conjunto de composições de custos unitários de um projeto normalmente é dividido
em composições principais e composições auxiliares. Estas últimas depois de
calculadas vão estar presentes nas primeiras como insumos das composições
principais.

Exemplo de estrutura de composições de custos unitários


Elaboradas todas as composições de custos unitários e tendo todos os quantitativos de
serviços, poderemos calcular o custo direto de uma obra. A partir dessas composições,
numa segunda etapa, poderemos definir os preços de venda para os serviços, bem
como elaborar as composições de apresentação para as propostas de preços. Podemos
também, através delas, estimar a lucratividade dos preços em obras já contratadas.

Uma composição de custos só vale para a condição particular que foi considerada, não
tem qualquer sentido generaliza-la para qualquer situação”.

Planejar e Controlar

Nas obras que possuem um planejamento detalhado, deve-se acompanhar o


cumprimento deste, de modo a concretizarem-se as metas físicas e financeiras nele
previstas.
O acompanhamento físico do projeto pode ser feito através de gráficos (cronograma
de Gantt, tempo x caminho, etc.) ou quadros do tipo previsto x realizado. Neles, à
medida que são identificados desvios nos realizados em relação aos previstos, podem-
se fazer ajustes (replanejamento), de modo a manter o rumo dos compromissos
assumidos com a empresa.

Todos os serviços devem ser programados, semanal e mensalmente, tendo em vista o


planejamento detalhado. As programações semanais devem ser elaboradas tendo em
vista atender as previsões mensais e estas a atender a previsão global do
planejamento.
Porém, não basta somente garantir o atendimento físico programado, deve-se
assegurar também que, no mínimo, os custos fiquem dentro das estimativas do
planejamento detalhado. O acompanhamento do andamento do custo da obra é feito
através da apropriação.

De um modo geral, qualquer que seja o sistema de controle de custo utilizado, quanto
maiores forem os controles, maiores serão os custos de apropriação. O que se espera é
que esse aumento no custo indireto possa trazer como contrapartida, uma redução no
custo direto, porém isto nem sempre acontece.

Primeiro, porque a partir de um determinado ponto, o aumento do controle não mais


assegurará um retorno que compense o acréscimo de custo do controle. Depois,
porque na grande maioria das vezes, os resultados do controle de custos referem-se a
uma situação já ocorrida, sobre a qual já não podemos interferir, ou tomar medidas
corretivas.

Finalmente, na medida em que se aumenta o controle, aumenta-se também, a


probabilidade de erros nos lançamentos, e como consequência, reduz-se a
confiabilidade dos relatórios gerados.

Ao efetuarem-se os trabalhos de acompanhamento semanal, reduz-se


substancialmente o número de itens a serem verificados, isto irá facilitar a apropriação
e reduzirá sensivelmente a possibilidade de erros. Com os trabalhos em andamento,
têm-se maiores chances de intervir nos processos e corrigir distorções.

Esse replanejamento e acompanhamento cuidadosos são necessários para que se


possa atuar sobre os serviços, na medida em que eles vão sofrendo alterações. Isso
possibilitará efetuar as correções necessárias no curso dos trabalhos, de modo a
manter o rumo e desta forma, concretizar os objetivos previstos no
planejamento/compromisso da equipe da obra.

É também, de fundamental importância, dotar as obras de pessoal confiável, treinados


adequadamente e com experiência nas tarefas de controle e apropriação.

Conclusão

Um projeto é considerado com sucesso quando consegue ser finalizado contemplando


todo o seu planejamento inicial, os controles realizados desde a sua fase inicial até o
encerramento, dão a certeza que tudo está caminhando bem e assegurem a
minimização dos impactos ocasionados pelas mudanças de rumo.

Referências Bibliográficas

Czarnobai, Carlos Alberto. Conceitos Básicos de Planejamento, Custo e Resultados


Gerenciais na Indústria da Construção Pesada. 1ª edição. Belo Horizonte. 2007.
PMI. “A guide to the Project Management Body of Knowledge”. PMBOK Guide 3th Ed.
2004.
Gadelha, Luiz Gonzaga da Costa. Orçamentação na Construção Pesada. Recife. Edições
Bagaço. 2006.

Coutinho, I. A. De nada resolve planejar se não controlar. 2008. Artigo (Pós Graduação
Gestão de Projetos) – IETEC, Belo Horizonte.

DE NADA RESOLVE PLANEJAR SE NÃO CONTROLAR


Ítalo de Azeredo Coutinho
Engenheiro Industrial Mecânico, Pós Graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC.
A importância do Controle na Gestão de Projetos
Entendemos que planejar é simplificar um trabalho a ser desenvolvido, tornar-se hábil
dentro dos recursos que dispõe (tempo, dinheiro, mão-de-obra). O próximo passo é
controlar, ou seja, estabelecer condições de prever mudanças, medir o progresso,
impedir desvio dos planos, indicar ação corretiva.
O controle faz parte do nosso cotidiano. Toda às vezes que olhamos para o
velocímetro do carro, para um mapa buscando um determinado local, para o relógio,
para o céu observando o conjunto de nuvens, estamos efetuando algum tipo de
controle, ou seja, buscamos ali informações de dados como velocidade, localização,
horas e clima, que são exemplos práticos demonstrando nossa necessidade de
controlar as atividades que desenvolvemos ou coordenamos.
Recorrendo à literatura dos cursos de Administração, encontramos: segundo Fayol
"Num empreendimento, o controle consiste em verificar se tudo corre em
conformidade com o plano adotado, as instruções emitidas e os princípios
estabelecidos, tendo como objetivo apontar as falhas e os erros para retificá-los e
evitar sua reincidência”.
O conceito administrativo de controle se resume em três principais pontos: 1-obter
informação, 2-comparar e analisar e 3-implementar uma medida. Buscando um dos
exemplos anteriores podemos explicar assim: o agricultor busca informações sobre o
tempo olhando para céu, depois utilizando sua percepção compara com experiências
anteriores, analisa os dados e toma uma medida, por exemplo, realizar a colheita
naquele ou noutro dia.
Exemplos:
1) Obter Informações: inspeção visual, aparelhos eletrônicos que criam um log
(arquivo de computador que armazena dados), questionários de pesquisa, feixes de
raio laser que lêem códigos de barras em supermercados, catracas que registram o
número de pessoas, testes bioquímicos.
2) Comparar e analisar: depois que um teste bioquímico é realizado, compara-se a
quantidade de material bacteriano encontrado com os padrões pré-definidos,
analisam-se os dados e depois procede para a emissão de um parecer, que nada mais é
do que um relatório. A etapa de análise utiliza em alguns processos de algoritmos
(atividades seqüenciadas), tão avançados que fazem uso inclusive de inteligência
artificial.
3) Implementar uma medida: a fase de implementação pode recorrer a uma volta à
fase de planejamento. Toda vez que uma ação corretiva for iniciada, esta deve ser
efetuada de forma a não gerar custos e não prejudicar o andamento dos processos
posteriores, ou minimizar estes efeitos.
Em pesquisa realizada no final do ano de 2002, com renomados estudiosos da
Gerência de Projetos, o controle do projeto é realizado com mais eficácia nos
empreendimentos “projetizados”, ou seja, empreendimentos que seguem uma
metodologia de Gerenciamento de Projetos, vejamos a seguir:
Alan Harpham - “Gerência dos Benefícios. A monitoração, ou forecasting é o relatório
do projeto e dos benefícios do programa. Os benefícios são a finalidade fundamental
de empreender projetos e programas. Diretores estão geralmente mais interessados
na entrega dos benefícios do que no projeto, que são os meios de entregar os
benefícios. Interessados nos relatórios que lhes dizem a que nível de benefícios está o
projeto, e quando, do que sobre quando o projeto será entregue e seu custo.”
Lewis R. Ireland - “O controle dos projetos focalizará mais em pontos de verificação
críticos do que em uma medida periódica do tempo. Como estão os milestones
críticos, serão estes os indicativos mais importantes em contorle de projetos, do que
as revisões semanais, mensais, ou trimestrais.”
Harold Kerzner - “Minha opinião é que há uma diferença significativa como o futuro
olha para a gerência de projeto baseada no tipo de indústria, empresa projetizada ou
não-projetizada. O futuro para indústrias não-projetizadas será um controle de custo e
utilização melhor de recursos internos. As indústrias projetizadas focalizarão em
desenvolver as metodologias superiores da gerência de projeto que permitam um
contato mais próximo do cliente, dos escritórios do projeto, e melhores práticas de
gerência do risco.”
Michael Lauenstein - “O outsourcing dos projetos tornar-se-á mais e mais a dever. Para
manter o projeto sob o gerência do controle combinado com a execução, a equipe do
projeto deverá ser mais eficiente com os pontos críticos.”
Morten Fangel - “Planejar e avaliar o esforço da gerência de projeto: O planejamento e
a avaliação constante do esforço da gerência de projeto serão de importância
crescente em projetos complexos. O gerente de projeto tem como obrigação avaliar
periodicamente o esforço da gerência nos modelos, nos métodos, e nas ferramentas a
serem utilizadas. Mais e mais, o planejamento e a avaliação do esforço do PM serão a
alavanca para a aprendizagem e o desenvolvimento competente nesta área.”
Christophe Bredillet - “PM como uma maneira de controlar a irreversibilidade. Porque
os projetos são mais e mais complexos, o futuro do PM envolverá mais métodos
(baseados em um paradigma do contrutivismo), melhor que os métodos justos
quantitativos baseados em um positivismo. Haverá uma necessidade de esquecer-se
do desejo vão de controlar coisas, e mover-se para a maneira de influenciar para a
configuração direita da ordem. O risco real pode ser considerado como a parte deste
(não a análise de Monte Carlo!!!)”
A pesquisa foi realizada com o seguinte enfoque: como se vê o futuro de Gerência de
Projetos sob a ótica do Controle.
Um projeto é considerado com Sucesso quando consegue ser finalizado contemplando
todo o seu planejamento inicial, os controles realizados desde sua fase inicial até o
encerramento dão a certeza que tudo está caminhando bem e asseguram a
minimização dos impactos ocasionados pelas mudanças de rumo.
Referências de Pesquisa:
Inteligência Artificial na Educação: representação do conhecimento, sistemas
especialistas e sistemas tutoriais inteligentes, com exemplos.
http://www.cce.ufpr.br/~hamilton/iaed/iaed.htm
Sistemas Especialistas: A Engenharia do Conhecimento Aplicada às Organizações.
http://n27.udesc.br/demo/trabalhos/alunos/mc/se.html
Pesquisa sobre Futuro em Gerência de Projetos: Prof. Heinz Schelle
(h.schelle@gaponline.de) , München - Dr. Karsten Hoffmann (KHoffmann@hitpm.de) ,
Stuttgart - Moderação: moderator@asynchron.org.

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