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Professor: Helder Saraiva

Direito Administrativo
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Renan Rodrigues Pessoa - 117.491.634-62
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
AULA PROFESSOR HELDER SARAIVA DOS SANTOS

1. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


A palavra responsabilidade traz em seu significado a obrigação de responder
pelas ações próprias ou dos outros, o caráter ou estado do que é responsável,
a obrigação de responder por certos atos ou fatos.

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Quando o Estado, pessoa jurídica de direito público desvirtua a lei com a sua
conduta, a penalidade é aplicada nas três esferas do Poder Estatal: a
administrativa, a jurisdicional e a legislativa. Esta responsabilidade é sempre
civil, de ordem pecuniária.
Cabe ressaltar que o dano a que o Estado responde é causado por meio dos
seus agentes, palavra que tem seu significado independente de servidor. O
Estado sozinho não causa danos a ninguém. Agente é aquela pessoa que está
a serviço do ente estatal, independente do pagamento de contraprestação
por este. Ademais, convém diferenciar os tipos de responsabilização estatal
que se subdivide em contratual e extracontratual.
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*ATENÇÃO:
Flávio Tartuce aduz:
“Neste sentido, fala-se, respectivamente, em responsabilidade civil contratual
ou negocial e em responsabilidade civil extracontratual, também denominada
responsabilidade civil aquiliana, diante da Lex Aquilia de Damno, aprovada no
final do século III a.C., e que fixou os parâmetros da responsabilidade civil
extracontratual.”

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final do século III a.C., e que fixou os parâmetros da responsabilidade civil
extracontratual.”
Conforme elenca a autora Maria Sylvia Zanella de Pietro,
“podemos assentar que a responsabilidade extracontratual do Estado
corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em
decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou
jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.”

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1.1Requisitos básicos: responsabilidade civil, para existir, depende da existência do nexo de causalidade entre a conduta do
agente e o dano, além disso, é indispensável a prova dessa relação de causalidade.

2) Histórico
2.1)Teoria da Irresponsabilidade:A teoria da irresponsabilidade é um reflexo dos Estados Absolutistas, surgiu na metade do
Século XIX, em meio ao ideal de soberania do administrador máximo. Segundo esta, o Estado tem uma autoridade irrefutável
perante o súdito, ele é responsável pela tutela do direito pessoal.

-Da responsabilidade por Atos legislativos (lei em sentido estrito) No Brasil o Estado não responde pelos Atos praticados
pelo poder legislativo atuando em sua função típica adotando assim a Teoria da irresponsabilidade.

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1.1Requisitos básicos: responsabilidade civil, para existir, depende da existência do nexo de causalidade entre a conduta do
agente e o dano, além disso, é indispensável a prova dessa relação de causalidade.

2) Histórico
2.1)Teoria da Irresponsabilidade:A teoria da irresponsabilidade é um reflexo dos Estados Absolutistas, surgiu na metade do
Século XIX, em meio ao ideal de soberania do administrador máximo. Segundo esta, o Estado tem uma autoridade irrefutável
perante o súdito, ele é responsável pela tutela do direito pessoal.

-Da responsabilidade por Atos legislativos (lei em sentido estrito) No Brasil o Estado não responde pelos Atos praticados
pelo poder legislativo atuando em sua função típica adotando assim a Teoria da irresponsabilidade.

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- Exceções:
A. Lei declarada inconstitucional;
B. Lei de efeito concreto (aquela que possui destinatário determinado).

-Da responsabilidade por Atos jurisdicionais (função típica do judiciário) No


Brasil o Estado não responde pelos danos causados pelo poder judiciário,
atuando em sua função típica, adotando assim a Teoria da irresponsabilidade.
- Exceções:
A. Ao condenado penal por erro judiciário; (preso por erro)
B. Ao preso além do tempo fixado.
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Obs.: O decreto de prisão cautelar devidamente fundamentado não gera
indenização mesmo que no futuro o réu seja absolvido.
Muita atenção:Existe um novo posicionamento quando o preso cautelar não
possui NENHUM, envolvimento com o caso, aí sim, é possível falar em
indenização de acardo o STF.

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-CASOS DE APLICAÇÃO DO DIREITO BRASILEIRO

2.2) Teoria da Responsabilidade com Culpa (teoria da culpa civil ou da


responsabilidade subjetiva.)A teoria da culpa civil ou da responsabilidade
subjetiva determina que o Estado pode ser responsabilizado por seus atos
danosos, desde que reste comprovada a sua culpa. Em uma visão simplista,
por essa teoria, procurou-se equiparar a responsabilidade estatal à
responsabilidade de direito privado (civilista), já que o Estado assumiria os
atos e fatos ocasionados por seus agentes.A teoria da responsabilidade
subjetiva do Estado é a adotado pelo Código Civil Brasileiro de 1916.

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2.3) Teorias Publicistas(As teorias publicistas da responsabilidade estatal
consiste na teoria da responsabilidade) )objetiva.
Di Pietro afirma que, na teoria da responsabilidade objetiva, a idéia de culpa
é substituída pelo de nexo de causalidade entre o funcionamento do serviço
público e o prejuízo sofrido pelo terceiro. Torna-se irrelevante o fato de o
serviço estatal ter funcionado bem, mal ou de forma ineficaz.

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Devemos compreender que o Estado tem maiores poderes e vantagens em
relação ao administrado, sendo estas jurídicas, econômicas e políticas. O
indivíduo está em posição de subordinação perante ele, por esta razão
merece maior proteção e um ônus menor comparado ao do ente estatal.
Na lição de Carvalho Filho , por ser o Estado mais poderoso, teria que arcar
com um risco natural advindo de sua atividade, ou seja, uma maior
quantidade de poderes leva à assunção de um risco maior, o risco
administrativo.

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Apesar de não ser unanimidade na doutrina, Hely Lopes Meirelles (2003),
autor administrativista, aduz que a teoria do risco compreende duas
modalidades: risco administrativo, que admite as causas excludentes da
responsabilidade do Estado e a teoria do risco integral, que não as admite,
sendo a pessoa jurídica de direito público sempre responsável pelos danos
causados por seus agentes.

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2.3.1)TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO:No risco administrativo, haverá
uma avaliação do grau de participação do lesado no dano. Se este participou
totalmente, o Estado será isento de qualquer responsabilidade; ao contrário,
se o lesado contribui de forma parcial, o ente estatal terá uma verdadeira
atenuação na sua obrigação de reparar.

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2.3.2)TEORIA DO RISCO INTEGRAL: Noutra baila, o risco integral dispensa
qualquer responsabilidade que o terceiro pode ter tido na causa do dano,
independe do nexo causal e há responsabilização do Estado mesmo que a
culpa tenha sido da vítima. Sobre a aplicação da teoria do risco integral no
Brasil, o autor Alexandre Mazza (2011) aponta algumas situações excepcionais
em é aplicada, tais como acidentes de trabalho nas relações de emprego
público, indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis
(DPVAT), atentados terroristas em aeronaves, dano ambiental e dano nuclear.

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nuclear.
2.3.3)TEORIA DO RISCO SOCIAL: Carvalho Filho (2012) apresenta ainda a
moderna teoria do risco social, em que o foco da responsabilidade civil é a
vítima e não o autor do fato danoso, logo a reparação seria tarefa de toda a
coletividade, havendo uma verdadeira socialização dos riscos, com aplicação
da justiça social. Aqui, o objetivo é não deixar o lesado sem a justa reparação
pelo dano sofrido. Podemos visualizar melhor a sua aplicação no princípio da
responsabilidade do Estado pela atividade legislativa.

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3) LEGISLAÇÃO BRASILEIRA:
A Constituição Federal editada em 1988, atualmente vigente, trata da matéria
da responsabilidade civil do Estado no art. 37, §6:
“Art. 36 – A Administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

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eficiência e, também, ao seguinte:
§6 - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

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No mesmo dispositivo constitucional, foram elencadas duas teorias: a da
responsabilidade objetiva do Estado e a da responsabilidade subjetiva do
agente. No que toca a responsabilidade objetiva, responde o Estado
independente da prova de sua culpa ou dolo, necessária apenas a
comprovação do dano causado à vítima.

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4). Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade
Para que seja configurada a responsabilidade do Estado, deve-se de antemão
verificar a conduta do lesado na ocorrência do dano. Se este em nada
participou, sendo apenas uma mera vítima, o ente estatal virá a assumir toda
a responsabilidade. No entanto, se da causa do dano participou não é justo
que o Poder Público assuma esse encargo sozinho, portanto a indenização
devida pelo Estado deve ser reduzida conforme o grau de sua participação,
em real aplicação do sistema de compensação das culpas originário do direito
privado, a culpa concorrente é uma causa atenuante de responsabilidade. Se
o particular foi o único causador do dano (culpa exclusiva), estamos diante de
um caso de autolesão, o que isenta totalmente o Estado da obrigação de
reparar, causa excludente de responsabilidade.
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5) TIPOS DE RESPONSABILIDADE - responsabilidade civil, penal e
administrativa, - independência das instâncias – em regra uma mesma
conduta pode gerar a instauração de um processo civil, um processo penal e
um processo administrativo, sendo possível decisão diferente em cada
processo, o que significa que o agente pode ser condenado em um e
absolvido em outro. ATENÇÃO: Esta independência não existe quando a
hipótese for de absolvição no processo penal tendo como fundamento a
negativa de autoria ou a inexistência do fato, neste caso o agente também
será absolvido nos demais processos.

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6)CASOS EM ESPÉCIE
6.1). Ação Regressiva - caso o Estado seja condenado a indenizar a vítima pelos
prejuízos causados pelo agente, tendo esse agido com culpa ou dolo, é possível que o
Estado busque a compensação de suas despesas por meio de uma ação de regresso,
aplicando a parte final do art. 37, § 6º, da CF. Trata-se de uma ação autônoma para o
exercício do direito de regresso, que garante o ressarcimento pelas despesas que o
Estado suportou em razão da condenação. - quanto à possibilidade de denunciação da
lide a doutrina e a jurisprudência são muito divergentes. Inúmeros administrativistas
defendem a impossibilidade da denunciação considerando que introduzirá para o
processo um fato novo, a discussão sobre a culpa ou o dolo do agente, dispensável em
responsabilidade objetiva. Também alegam o efeito procrastinatório desse novo
conjunto probatório. De outro lado, a jurisprudência do STJ reconhece que a
denunciação é aconselhável porque representa economia e celeridade para o
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processo, admitindo que essa é uma decisão da Administração e que sua ausência não
vai gerar nulidade para o processo e nem impedir o direito de regresso.
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Esquema Direito de Regresso:

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JULGADO SOBRE O ASSUNTO
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO DE
REPARAÇÃO DE DANOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO: § 6O DO
ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. AGENTE PÚBLICO. ILEGITIMIDADE
PASSIVA AD CAUSAM. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do
julgamento da RE n. 327.904, Relator o Ministro Carlos Britto, DJ de 8.9.06,
fixou entendimento no sentido de que "somente as pessoas jurídicas de
direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem
serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação
de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo
estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns".
Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
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(RE 470996 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em
18/08/2009, DJe- 11-09-2009) OUTROS JULGADOS: AI552366 –AgR/MG e RE
327.904/SP No mesmo sentido, as seguintes decisões monocráticas: RE nº
549.126/MG, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 9/9/11; RE nº 235.025,
Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 19/11/10; e RE nº 601.104/DF,
Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 15/9/09, RE601104/DF
CURIOSIDADE: Posição também do TST – RR 360240-65.2007.5.09.0322 – Rel.
Min. Hugo Scheuermann – DJE 11.10.2013) DECISÃO DO STJ DIVERGENTE DO
ENTENDIMENTO DO STF

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Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de
sua função, há de se conceder ao lesado a possibilidade de ajuizar ação
diretamente contra o agente, contra o Estado ou contra ambos. De fato, o art.
37, § 6º, da CF prevê uma garantia para o administrado de buscar a
recomposição dos danos sofridos diretamente da pessoa jurídica, que, em
princípio, é mais solvente que o servidor, independentemente de
demonstração de culpa do agente público. Nesse particular, a CF
simplesmente impõe ônus maior ao Estado decorrente do risco
administrativo. Contudo, não há previsão de que a demanda tenha curso
forçado em face da administração pública, quando o particular livremente
dispõe do bônus contraposto; tampouco há imunidade do agente público de
não ser demandado diretamente por seus atos, o qual, se ficar comprovado
dolo ou culpa, responderá de qualquer forma, em regresso, perante a
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Administração.
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