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Filosofia da Ciência

A estrutura das revoluções científicas

Capitulo 1 – A rota da ciência normal

I. Introdução

A designação ciência normal significa a pesquisa baseada em realizações


científicas passadas, reconhecida por alguma comunidade científica,
proporcionando fundamentos para sua prática posterior. Os manuais
científicos expõe estas realizações, representando o corpo da teoria e
ilustrando suas aplicações. Historicamente, os livros clássicos cumpriram o
papel desses manuais, tal qual a Física de Aristóteles, a Eletricidade de Franklin,
etc.

II. Os paradigmas

Todas essas obras possuíam duas características em comum: suas


realizações foram inovadoras o suficiente para atrair partidários, descartando
teorias diferentes; e eram abertas o suficiente para deixar problemas a serem
resolvidos por estes mesmos partidários. As relizações científicas que
compartilham essas duas características são nomeadas por Kuhn como
paradigmas. Sendo assim, o paradigma é o conjunto de saberes e fazeres
que garantem a realização da pesquisa científica pela comunidade.

Aqueles cientistas que baseiam suas pesquisas em paradigmas compartilhados


se comprometem com as mesmas regras e padrões de prática científica,
raramente envolvendo-se em desacordos sobre os fundamentos da pesquisa.
Com isso posto, Kuhn passa a apresentar alguns exemplos de paradigmas e das
atividades da ciência normal. Para o autor, antes da aquisição de um
paradigma, não há pesquisa científica.
III. Exemplos de paradigmas

As mudanças de uma concepção para a outra são trocas paradigmáticas,


ou seja, revoluções científicas. O estudo da ótica passou por diferentes
teóricos e antes de Newton, não ocorre este padrão de paradigmas, pois em
nenhum período entre a antiguidade e o fim do século XVII existiu um
paradigma sobre a natureza da luz (concepção geralmente aceita).

Ao invés disso, existiam várias escolas e abordagens distintas, a exemplo de


Platão, Aristóteles e Epicuro. Todas estas escolas, em diferentes épocas, fez
contribuições importantes para que Newton extraísse o primeiro paradigma
da ótica. Sendo assim, não se pode desqualificar as realizações
precursoras, pois isso implicaria em desqualificar os sucessores modernos.
Nesse sentido, os homens que defenderam as tradições precursoras também
foram cientistas.

Uma vez que não existiam paradigmas, cada autor de ótica precisava construir
seu campo de estudos desde os fundamentos, ou seja, não existia um conjunto
de métodos que os estudiosos de ótica tivessem que seguir. Este padrão é
familiar a numerosos campos de estudos criadores, não sendo incompatível
com invenções e/ou descobertas significativas. Contudo, tanto a ótica física
quanto muitas outras ciências da natureza abandonaram esse padrão
quando o primeiro paradigma se instituiu em suas áreas.

A teoria do fluído eletríco encontrou andamento no paradigma de Franklin, que


realizou a eficiente tarefa de pôr fim ao debate entre escolas sobre os
fundamentos, encoranjando os cientistas a seguirem os estudos, pois a
confiança do grupo aumentou ao saber que partiam de um fundamento correto.

Quando um cientista pode considerar um paradigma como certo, não


precisa começar seu trabalho pelos princípios fundamentais. Estes princípios
ficam a cargo dos manuais, no qual insere seu trabalho, respeitando tais
limites. A partir disso, desenvolve seu trabalho sob os aspectos mais sutis da
disciplina, não dirigindo seus artigos ao público em geral, mas aos colegas de
profissão que compartilham do mesmo paradigma. O cientista que escreve um
livro tem mais chance de arruinar sua reputação do que ganhar mais
prestígio.

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