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Aula 1 – Lei n. 8.

429/1992
Rodrigo Cardoso

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – LEI N. 8.429/1992


AULA 01

Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso da Lei n. 8.429/1992. Sou Rodrigo Car-


doso, professor de Direito Administrativo do Gran Cursos Online. Atualmente,
sou servidor do TRT da 10ª Região e sei de todas as dificuldades do concur-
seiro. O caminho é difícil, mas gratificante ao fim. O Direito faz parte de minha
vida desde os tempos da graduação. Sei, perfeitamente, o que é necessá-
rio para você acertar todas as questões sobre Improbidade Administrativa.
No entanto, para que isso ocorra, vou precisar de sua dedicação aos estu-
dos. Você deve assistir as aulas, ler o material teórico e, ao fim, resolver as
questões propostas. Se ainda permanecer qualquer dúvida, envie e-mail para:
direito.adm.simplificado@gmail.com

Vamos lá!

1  INTRODUÇÃO

Inicialmente, temos que lembrar que o caput do art. 37 da CF estabelece o


dever de moralidade ao agente público. A moralidade administrativa e probidade
administrativa estão relacionadas à honestidade na administração pública. Não
basta o administrador alcançar apenas a legalidade formal (observância da lei),
é necessário, também, observar os princípios éticos, de lealdade e de boa-fé.
Antes de trabalharmos a Lei n. 8.429/1992, é importante entender o disposto
no §4º do art. 37 da CF, que tem a seguinte redação:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direi-
tos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.
A CF estabelece sanções a quem praticar ato de improbidade. Ainda, prevê
que, se o ato de improbidade for cometido conjuntamente com crime, respon-
derá também na esfera penal. Logo, se o agente público pede uma propina para
ANOTAÇÕES

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favorecer uma empresa em licitação pública, será processado por improbidade


(Lei n. 8.429/1992) e por crime de corrupção passiva. As sanções previstas na
CF não têm natureza penal, são elas de natureza política (suspensão dos direi-
tos políticos) e civil (indisponibilidade dos bens, ressarcimento de danos, perda
da função pública).

IMPORTANTE!
A ação de improbidade é "civil", mas, no exemplo acima, o agente responderá
por outra ação na esfera penal por ter cometido crime contra a administração.

O § 4º do art. 37 da CF exige a edição de lei para explicar/detalhar a grada-


ção das sanções impostas ao improbo. Com esse objetivo, foi editada a Lei n.
8.429/1992, que tem como objetivo punir qualquer pessoa que praticar ato de
improbidade.

IMPORTANTE!
Objetivo da Lei é punir o agente ou terceiro que praticar ato de improbidade.

2  SUJEITO PASSIVO

O sujeito passivo é a vítima do ato de improbidade. O art. 1º da Lei n.


8.429/1992 enumera os sujeitos passivos dos atos de improbidade:
a) Administração direta ou indireta, de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
b) empresa incorporada ao patrimônio público ou entidade para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento
do patrimônio ou da receita anual;
c) entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício,
de órgão público, bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
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Vale dizer que o parágrafo único do artigo 1º da referida lei estabelece que as
pessoas de cooperação governamental (serviços sociais autônomos), as orga-
nizações não governamentais, as organizações sociais (Lei n. 9.637/1998) e as
organizações da sociedade civil de interesse público (Lei n. 9.790/1998) poderão
ser sujeitos passivos de improbidade administrativa, visto que podem receber
subvenções, benefício ou incentivo fiscal ou creditícios de órgãos públicos.

IMPORTANTE!
Para facilitar, você vai lembrar – em sua prova – que, onde tiver dinheiro
(bem) público e o recurso publico for administrado de maneira indevida (for
desviado, mal aproveitado, etc), o gestor responderá por ato de improbidade
administrativa. Não importa se o recurso (bem) público esteja "dentro" da
administração (administração direta ou indireta) ou se estiver sendo gerido
pelo particular (ex: ONG, fundação, etc).

3  SUJEITO ATIVO

Sujeito ativo é aquele que pratica o ato de improbidade, concorre para sua
prática ou obtém vantagens indevidas. Sujeito ativo é o autor da conduta de
improbidade.
A Lei de improbidade administrativa descreve os sujeitos ativos capazes de
cometerem crime de improbidade:
1) os agentes públicos, que são definidos pela referida lei como sendo todo
aquele que exerce – ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por elei-
ção, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investi-
dura ou vínculo – mandato, cargo, emprego ou função nas entidades que rece-
bam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público
(art. 2º da Lei n. 8.429/1992). A doutrina classifica como sendo ato de improbi-
dade próprio.
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IMPORTANTE!
Qualquer pessoa que estiver gerindo recurso (bem) público poderá ser sujeito
ativo do ato de improbidade. Desse modo, qualquer pessoa que estiver
gerindo a coisa pública é considerada AGENTE PÚBLICO para efeitos da Lei
n. 8.429/1992. Então, considere que a União faça convênio com instituição
sem fins lucrativos para alfabetizar idosos e o recurso público repassado à
entidade seja desviado. O gestor do dinheiro é considerado agente público.

2) terceiro que “mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a
prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou
indireta” (art. 3º da Lei n. 8.429/1992). A doutrina classifica como sendo ato de
improbidade impróprio.

IMPORTANTE!
Considere que o dono de uma construtora, com ajuda de um servidor membro
de comissão de licitação, seja favorecido para realizar o contrato. Nesse caso,
o dono da empresa é o terceiro que concorreu para o ato de improbidade.

Posicionamento atual do STF para os AGENTES POLÍTICOS (AC 3585


AgR/RS):
• Presidente da República: responde por crime de responsabilidade (art. 102,
I, c, da CF/1988).
• Agentes políticos definidos na Lei n. 1.079/1950 (ministros de estado, secre-
tários estaduais, ministros do STF e governador): “dupla normatividade em
matéria de improbidade, com objetivos distintos” (Lei n. 1.079/1950 – Crime
de Responsabilidade) e (Lei n. 8.429/1992 – Improbidade Administrativa)”,
no exercício do mandato. Após, serão processados segundo as disposi-
ções da Lei n. 8.429/1992.


ANOTAÇÕES

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Jurisprudências:
“Os vereadores não se enquadram dentre as autoridades submetidas à Lei n.1.070/1950,
que trata dos crimes de responsabilidade, podendo responder por seus atos em sede de Ação
Civil Pública de Improbidade Administrativa. O precedente do STF invocado pelos recorren-
tes – Rcl 2.138/RJ – em apoio à tese sobre o descabimento da ação de improbidade em face
de agente político de qualquer esfera do Poderes da União, Estados e Municípios, não se
presta, porque cuida de caso específico de Ministro de Estado”. REsp 135767/SP, Rel. Minis-
tro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 25.05.2010, DJe 09.06.2010)

“A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme em que se aplica a agentes políticos


municipais, tais como prefeitos, ex-prefeitos e vereadores, as sanções previstas na Lei de
Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992)”. (AgRg no REsp 1158623/RJ, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18.03.2010, Dje 9.04.2010).
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