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VOLUME
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA:
GUIA PARA ETIQUETAGEM
DE EDIFÍCIOS
República Federativa do Brasil
Presidente: Dilma Vana Rousseff
Vice-presidente: Michel Temer

Ministério do Meio Ambiente


Ministra: Izabella Mônica Vieira Teixeira
Secretário-executivo: Francisco Gaetani

Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental


Secretário: Carlos Augusto Klink
Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental
Departamento de Mudanças Climáticas

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA:
GUIA PARA ETIQUETAGEM DE EDIFÍCIOS
Volume 1

1ª edição
Brasília | 2015
Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
B823e | Brasil. Ministério do Meio Ambiente
Eficiência energética: guia para etiquetagem de edifícios: volume 1 / Ministério do
Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2015.
70 p.
ISBN 978-85-7738-244-6

1. Eficiência energética. 2. Eletricidade 3. Energia - Edificações urbanas. I. Ministério


do Meio Ambiente. II. Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental.
III. Departamento de Mudanças Climáticas. VI. Título.
CDU(2.ed.)620.91(036)

Referência para citação:


MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Eficiência energética: guia para etiquetagem de
edifícios: volume 1. Brasília: MMA, 2015. 70 p.
Edição

Ministério do Meio Ambiente


Secretaria de Mudanças Climáticas e
Qualidade Ambiental Programa das Nações Unidas para o
Departamento de Mudanças Climáticas Desenvolvimento - PNUD

Diretor Coordenadora da Unidade de


Adriano Santhiago de Oliveira Desenvolvimento Sustentável
Rosenely Diegues
Equipe Técnica
Alessandra Silva Rocha Coordenadora Técnica
Alexandra Albuquerque Maciel Ludmilla Andréia de Oliveira Diniz
(revisão técnica)

Empoderando vidas.
Fortalecendo nações.

Esse trabalho foi elaborado no âmbito do Projeto Transformação do Mercado de Eficiência Energética
no Brasil - BRA/09/G31, cuja agência executora é o Ministério do Meio Ambiente, com o apoio do
PNUD, para implementação e recursos doados pelo GEF ao governo brasileiro.
Consórcio
Synergia Consultoria Socioambiental
EcoSapiens Comunicação

Supervisão Projeto Gráfico Fotografias


Lilian Veltman Débora Alberti Deposit Photos
Jussara Couto Herminio Nunes
Diagramação Milton Michida
Coordenação Débora Alberti ProjetEEE
Daniela Vianna Melanie Mosquera Sebastião Jacinto Júnior
Florence Rodrigues Sergio Linke
Infográficos
Wander Lima
Coordenação Técnica Melanie Mosquera
Arthur Cursino Consultores
Desenhos Técnicos
Anette Kaminski
Coordenação Editorial CB3E
Breno Zylbersztajn
Eduardo Nunomura
Simulação Energética Cristina Bighetti
Textos Arthur Cursino
Agradecimentos
Arthur Cursino (revisão técnica)
Ilustrações Roberto Lamberts
Eduardo Nunomura
Luciano Dutra Elisa Beck
Marcelo de Trói
Mirella Lenoir Improta
Raphaela Walger da Fonseca

ENCONTRE NO VOLUME 02
I. RTQ-C
II. CASE EXEMPLAR
REFERÊNCIAS
EXPEDIENTE
SUMÁRIO
VOLUME 01

14 / 24 / /
38

I. Introdução - Ações II. PBE Edifica III. Casos de sucesso


locais, efeitos globais
Apresentação
Este é um guia com o objetivo de sensi- cações, a complexidade do tema exige tema que ainda prescinde de maior
bilizar arquitetos, engenheiros e proje- muito mais do que é possível apresentar engajamento dos profissionais de arqui-
tistas para o Programa Brasileiro de neste guia. Logo, é bom que se diga, tetura e engenharia. Por isso, apresenta
Etiquetagem de Edificações (PBE Edifica). ele não tem a pretensão de se tornar informações gerais sobre o PBE Edifica,
Erguer edifícios com sistemas que se um roteiro completo para a obtenção suas aplicações e vantagens para o
adaptem melhor às condições climáticas de uma Etiqueta Nacional de Con- processo construtivo. O segundo volume
nas regiões onde estão construídos, servação de Energia (ENCE) do PBE é mais técnico, porque trata do RTQ-C
proporcionando melhor conforto ao Edifica, parceria do Inmetro e Procel. Há (Regulamento Técnico de Qualidade),
usuário, garante mais economia, maior ferramentas e documentos específicos que deve nortear a aplicação das
produtividade e melhor valorização do para isso que serão apresentados e soluções de eficiência energética nas
empreendimento. O PBE Edifica tem o indicados ao longo do guia. pranchetas e nos canteiros das obras.
potencial de gerar vantagens competiti- A ENCE classifica os equipamentos e
vas para toda a economia. edifícios em diferentes classes de efici-
A formação de um mercado mais verde ência de um menor a um maior nível. A
na construção civil é um desejo cres- obtenção da ENCE é obrigatória para
cente de seus profissionais e também uma série de equipamentos, bem como
de seus contratantes. A sustentabilidade para alguns tipos de edifícios públicos. Já
tem sido vista cada vez menos como um o Selo Procel Eletrobras é um reconheci-
conceito e mais como uma necessidade mento de que o equipamento ou edifício
para os ciclos de vida, desempenho e possui o maior nível de eficiência de sua
solidez das empresas. A busca pela efi- categoria. A obtenção do Selo Procel
ciência energética das edificações é um Eletrobras é de caráter voluntário.
dos melhores atalhos para se chegar a
esse objetivo.
O conteúdo foi dividido em dois volu-
mes. O primeiro, mais amplo, aborda
BOA LEITURA E
Para a eficiência energética das edifi- conceitos da eficiência energética, um BONS PROJETOS!
10
Desenho técnico Salvador Norte Shopping.
11
I. INTRODUÇÃO:
AÇÕES LOCAIS, EFEITOS GLOBAIS

/
O chamado urgente 14
14
15
O chamado urgente
Com 85% da população brasileira sólidos, cujas destinações são cada vez cidades é um movimento mobilizador
vivendo nos centros urbanos, arquitetos, mais problemáticas, e emitem 75% dos mundial e sem volta. Inúmeras ações
projetistas e engenheiros se tornaram gases que geram o efeito estufa. As que estão sendo postas em prática
peças-chave na formulação e constru- mudanças do clima, por sua vez, têm evidenciam o interesse de administrado-
ção de soluções para uma vida mais dado alertas contínuos dos riscos de res públicos, sociedade civil e iniciativa
sustentável. A urbanização tem imposto não cuidar do ambiente. privada. A indústria da construção civil
desafios que devem ser enfrentados Construir cidades mais sustentáveis é tem muito a contribuir com soluções para
desde já. O mundo consome, hoje, 50% uma necessidade de primeira hora. o futuro sustentável.
mais recursos naturais renováveis do Alcançar esse objetivo exige uma A busca por construir edificações para
que a Terra é capaz de repor. Só as revisão de atitudes e procedimentos de cidades mais sustentáveis demanda um
cidades devoram metade da produção todos os atores responsáveis, públicos e trabalho coletivo que precisa e deve ser
da energia mundial. Em troca devolvem privados. Mas já há uma percepção de aperfeiçoado continuamente. O plane-
à natureza cerca de 50% dos resíduos que o resgate da qualidade de vida nas jamento e o projeto para a produção e
16
o uso dos espaços construídos torna- que se apoiou fortemente em ações atendidas, a realidade global impõe
ram-se, assim, ferramentas vitais para conjuntas da iniciativa privada e dos soluções que freiam um antigo desejo
a redução dos impactos ambientais an- governos, aliada a uma forte aderên- de crescer e construir a qualquer custo.
tes, durante e muito depois do fim das cia da população com suas demandas O país se comprometeu, em 2009,
obras. É um esforço que começa na por renda e moradia. Entre 2008 e em reduzir as emissões de dióxido de
fabricação de materiais de construção, 2012, portanto no período mais crítico carbono (CO2) entre 36% e 39% até
passa pela concepção e implementa- da crise financeira mundial, o setor 2020. Em agosto de 2014, as emissões
ção do projeto arquitetônico e vai até a construtivo nacional dobrou de tama- de CO2 para geração de eletricida-
ocupação da edificação. nho, chegando ao patamar de 336 de no país superaram a previsão do
O Brasil vive um momento único e bilhões de reais de receita bruta. governo para 2030, estando muito
desafiador. Nos últimos anos, o país Mas o Brasil não é uma ilha. Ape- acima da média dos anos anteriores.
se voltou para o mercado interno, sar de seu contexto local, marcado Equacionar essa questão é uma tare-
apoiando seu ciclo de desenvolvimento pela existência de fortes demandas fa urgente e que diz respeito a todos
na construção civil. É uma estratégia por trabalho e habitação ainda não os brasileiros.

Gráfico 1 | Média anual do fator de emissões registrado entre 2006 e 2014 e previsão da EPE para 2030

Média estimada par 2030


0.16
Toneladas CO2/MWh

0.12

0.08

0.04

0.00
2006 2008 2010 2012 2014
17
Em 2015, os brasileiros tiveram reajus- 2009, o horário de pico no consumo A eficiência energética se tornou
tes em suas contas de luz, que ocorre- elétrico ocorre no meio da tarde, nos uma questão para ontem. Segun-
ram por causa do aumento no custo de meses de verão, quando historica- do dados do Balanço Energético
produção de energia. Embora a matriz mente acontecia no início da noite. A Nacional 2014, o consumo elétrico
energética do Brasil seja baseada na explicação é o aumento do uso de ar nas edificações comerciais, públicas e
hidroeletricidade, a escassez de chuvas condicionado nos escritórios e residên- residenciais corresponde a 48,5%. O
reduziu o nível dos reservatórios de cias. Em 2013, o governo federal havia setor hoje lidera esse ranking, o que
água e obrigou o acionamento das reduzido os valores da conta de ener- não ocorria uma década atrás, quan-
termelétricas a gás ou a óleo, fontes gia elétrica, como forma de estimular a do as indústrias é que ocupavam a
energéticas mais caras e poluidoras. produtividade da indústria, da agricul- primeira posição.
O problema se agrava quando se tura, do comércio e dos serviços. Para Esse não é um problema exclusivo do
percebe que o brasileiro vem mudan- o consumidor residencial, contudo, foi Brasil, mas mundial. E ele ficou mais
do seus hábitos. Desde novembro de um sinal de que ele podia gastar mais. evidente a partir de 2007, quando o
planeta se tornou definitivamente urba-
Gráfico 2 | O consumo elétrico nas edificações no, pois metade da população passou
a viver nas cidades. O crescimento
TOTAL acelerado de grandes conurbações já
BRASIL faz acender o sinal amarelo. A Organi-
zação das Nações Unidas (ONU) lançou
48,5% em 2010 uma iniciativa conhecida como
24,2%
Sustainable Energy for All, que estabe-
16,3% leceu como uma de suas metas dobrar
8,0%
residencial comercial público 271 TWh
135 TWh* 91 TWh 45 TWh
* TWh – Terawatt-hora. | Fonte: Balanço Energético Nacional 2014.
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a taxa de eficiência energética global- Gráfico 3 | Por que a eficiência energética?
mente até 2030.
O período de 2014 a 2024 foi declarado
pela ONU como a Década da Energia -34% consumo
energia
Sustentável para Todos, com a adoção
2020 2030 redução de
de diversas ações globais. A Agência
Internacional de Energia estima que quase 7bilhões
metade das ações necessárias para con- toneladas de
CO 2
ter as mudanças do clima terá de vir da equivale ao
melhoria da eficiência energética mundial. METAS consumo atual de
toda a Europa
Como consequência das conjunturas
nacional e internacional, a eficiência Fonte: United Nations Foundation
energética se apresenta como estra-
tégia crucial para combater os efeitos A energia mais barata é aquela que pelo governo brasileiro, por meio de
negativos do aumento do consumo de não se usa. Ao adotar a eficiência parceria entre o Instituto Nacional de
energia. Ao mesmo tempo, reduz a ne- energética, o Brasil cria a chamada Metrologia, Qualidade e Tecnologia
cessidade de investimentos e os impac- “usina virtual” de energia, na qual o que (Inmetro) e a Eletrobras/Procel Edifica.
tos sociais e ambientais da construção se evita consumir acaba por ser utilizado O PBE Edifica é uma forma de avaliar
de novas usinas de energia. Em parti- por outros clientes. o potencial de desempenho energético
cular, o setor de edifícios tem um papel Desde 2009, o país conta com o de uma edificação, obedecendo nor-
importante nas estratégias e nas ações Programa Brasileiro de Etiquetagem de mas e regulamentos específicos, a fim
de eficiência energética. Edificações (PBE Edifica), desenvolvido de promover a eficiência energética.

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Encaixam-se nesses critérios projetos
de edificações com estratégias biocli-
máticas adaptadas as oito zonas bio-
climáticas brasileiras*, desenvolvidos
com atenção à orientação solar, ao
conforto térmico, ao aproveitamento
da iluminação e ventilação naturais e
ao uso de tecnologias mais eficientes.*.
Edificações que privilegiem soluções
sustentáveis têm maiores chances de
obter a ENCE com classe A (mais
eficiente), numa escala descendente
que vai até a E (menos eficiente). São
as mesmas utilizadas pelo Programa
Brasileiro de Etiquetagem, desde
1984, para classificar produtos e equi- excelência concedido a aquelas que pode ser requerido aos mesmos
pamentos comercializados no país. atingem o mais alto nível de eficiência Organismos de Inspeção Acreditados
Complementando a ENCE, ainda é no PBE Edifica, apresentando classe A (OIAs) que avaliam a ENCE.
possível obter o Selo Procel Edifica- de eficiência geral, bem como classe Um estudo do Centro Brasileiro de
ções, tanto para o projeto (válido até A em cada uma das classificações Eficiência Energética em Edificações
a finalização da obra), quanto para avaliadas (envoltória, iluminação e ar (CB3E) afirma que uma edificação
o edifício construído. O Selo Procel condicionado). Lançado em novembro pública que tenha passado por retrofit
Edificações é um reconhecimento de de 2014, o Selo Procel Edificações (reformas para melhoria energética),

* Referência: NBR 15220.

20
alcançando a classe A, pode ter o construídas com recursos da União e
consumo de energia reduzido em até que possuam área igual ou superior a
30% ao ano. A iniciativa brasileira de 500 metros quadrados são obrigadas
criar referenciais para verificar o nível a obter a etiqueta de nível A de efi-
de eficiência energética de edifica- ciência energética. A medida requer Um grande escritório que não ne-
ções vai ao encontro do que há de que os profissionais da construção civil cessita acender todas as luminárias
mais avançado no mundo.Todos os que trabalhem com esse segmento
países da União Europeia são obri- incorporem a essas exigências novas
24 horas, possua lâmpadas mais
gados a ter programas de etiqueta- práticas construtivas. eficientes e dispensa o acionamento
gem para eficiência energética nas O potencial de atendimento é ele- de dezenas ou até centenas de apa-
edificações novas, sejam elas públicas, vado – estima-se que cerca de 28 mil
comerciais ou privadas. Em Portugal, edificações públicas federais sejam relhos de ar condicionado no verão
um das nações mais avançadas nessa atingidas pela compulsoriedade da por contar com ventilação natural é
questão, os classificados de imóveis etiquetagem –, mas o desafio já vem econômico e atende às exigências
nos jornais veiculam informações sobre sendo enfrentado por empresas de
a etiquetagem, porque os compra- construção civil conscientes do desafio desse consumo consciente. Será
dores portugueses consideram essa da sustentabilidade. Mais de 120 ainda mais eficiente se contar com
informação na escolha de um imóvel. edificações comerciais, de serviços e
As políticas governamentais no Brasil públicas possuem a Etiqueta Nacional
um bom projeto de proteções solares
já foram criadas e estão em franco de Conservação de Energia. Eis uma que diminua a carga térmica.
processo de implementação e desen- prova de que a sensibilização de
volvimento. Desde junho de 2014, edi- urbanistas, arquitetos, engenheiros e
ficações públicas federais ou aquelas projetistas já começou.

21
22
II. PBE EDIFICA

/
O que é o PBE Edifica 24

23
O que é o PBE Edifica
É um programa de etiquetagem que etiqueta. Por meio dela, o consumidor incorporada como um elemento essen-
identifica a classe de eficiência ener- pode decidir se leva para casa um cial dos projetos.
gética de uma edificação. A Etiqueta eletrodoméstico ou não. A maioria das edificações brasileiras
Nacional de Conservação de Energia O PBE Edifica propicia aos profissionais ainda gera grande desperdício de
(ENCE) faz parte desse programa. Trata- ligados à construção, e também ao energia. Importantes avanços ocorri-
-se de uma avaliação de conformidade consumidor final, uma forma inovadora dos nas áreas de arquitetura bioclimá-
com o objetivo de reduzir o desperdício de se pensar as edificações no Brasil. tica, bem como o desenvolvimento de
de energia. Por meio de faixas coloridas, Prédios podem (e devem) ser projetados materiais, equipamentos e tecnologias
classifica projetos e construções de A para aproveitar melhor a luz do sol e que permitem um melhor uso da ele-
(mais eficiente) a E (menos eficiente). criar sistemas de fachadas e vidraças tricidade, sem abrir mão do conforto
A etiquetagem de eficiência energética que protegem a entrada excessiva dos usuários, não têm sido aproveita-
é uma solução objetiva e eficaz para de calor. Uma construção assim exige dos em seu melhor potencial.
atestar o nível de eficiência de um menos iluminação artificial e uso de ar Na prática, a etiqueta serve como
projeto, de edificações e de produtos condicionado. Um estudante de arqui- um indicador da eficiência energética
eletrônicos. Uma geladeira, por exem- tetura ou engenharia aprende isso, mas de um produto ou de uma edificação.
plo, só é vendida no Brasil com essa ainda é raro ver a eficiência energética A ENCE foi desenvolvida no Brasil e,

Gráfico 4 | Os vilões nos prédios comerciais e públicos

VILOES
+ =
Fonte: Livro “Eficiência Públicos
Energética na Arquitetura”,
de Roberto Lamberts Comerciais 23% 48% 71%
24
por isso, é adaptada à realidade nadores de ar), os veículos automotivos avaliação do seu projeto, e posterior-
de um país continental, que possui e as edificações. mente, a avaliação do edifício cons-
significativas variações climáticas Estas últimas podem solicitar a ENCE, truído, verificando se ele está fiel ao
entre as regiões. que foi desenvolvida em parceria entre projeto avaliado anteriormente.
O Programa Brasileiro de Etiquetagem o Inmetro e a Eletrobras/Procel Edifica. As etiquetas de eficiência energética*
(PBE) avalia a conformidade de mais Para o uso da etiqueta, a edificação podem ser obtidas tanto para edifica-
de 35 produtos, como os da linha passará por duas avaliações quanto ções comerciais, de serviços e públicas
branca (fogões, geladeiras e condicio- a classe de eficiência apresentada: a quanto para residenciais.
Figuras 1 e 2 | Etiquetagem de edificação construída e de projeto

*Para edificações de usos mistos (residencial e comercial), a avaliação é feita só na parcela comercial.
25
Prédio de Manutenção da Eletrosul em Campos Novos.

26
Desde junho de 2014, entrou em vigor a A ENCE dos edifícios comerciais é condicionamento de ar, a inspeção
Instrução Normativa nº 02, do Minis- gerada em função da classe de efici- pode ser realizada apenas sobre
tério do Planejamento, Orçamento e ência geral da edificação, baseado um pavimento ou um conjunto de
Gestão, que obriga o poder público fe- em três sistemas: envoltória, ilumina- salas, podendo ser aplicada a edi-
deral a comprar apenas equipamentos ção e condicionamento de ar. Essa fícios que não prevêem a entrega
energeticamente eficientes e a obter a avaliação leva em conta os pesos desses sistemas aos futuros ocupan-
ENCE classe A para as novas edifica- apresentados no Gráfico 5. É possí- tes, por exemplo.
ções públicas federais ou que passem vel a obtenção de ENCEs parciais. Iniciativas que aumentam ainda
por reformas grandes. Em caso de des- Nessa situação, é feita uma avaliação mais a eficiência energética da
cumprimento, o Tribunal de Contas da de um ou dois dos sistemas (a envol- edificação são consideradas como
União e os demais órgãos de fiscaliza- tória deve ser sempre incluída). No bonificações e ajudam a melhorar a
ção podem tomar medidas cabíveis. caso dos sistemas de iluminação e de classificação da etiqueta.

Gráfico 5 | Os três sistemas da etiquetagem.

30% Envoltória 30% Iluminação 40% Condicionamento de ar


Sistema construtivo Sistema de Sistema que controla a
externo à edificação, iluminação artificial temperatura, a umidade, a
como paredes e pureza e a distribuição de ar
cobertura em um ambiente

27
Entre as iniciativas estão: elevadores conformidade geral ou parcial. Tabela 1 | Input/Dados para etiquetagem
eficientes; sistemas para uso racional Há uma série de passos que devem ser
da água; sistemas ou fontes de ener- seguidos para a obtenção das etiquetas. GERAL
gia renovável; sistema de cogeração; Alguns documentos verificados já fazem
Divisão de circuitos elétricos e demanda
inovações técnicas; ou maior aproveita- parte do dia-a-dia da obra, como o por água quente.
mento da iluminação natural. memorial descritivo, as plantas baixas e
Edificações novas já devem ser projeta- o levantamento fotográfico. Laudos do ENVOLTÓRIA
das buscando a obtenção da chamada elevador, dos isolantes térmicos e do con- Plantas de todos os pavimentos, identifica-
etiqueta de projeto. E o construtor/ dicionador de ar, entre outros, também ção e tamanho das fachadas, projetos das
incorporador deve seguir as instruções devem ser fornecidos para a obtenção da esquadrias, iluminação zenital, ângulos de
do projeto etiquetado para obter, ao ENCE. A análise será feita, ainda, sobre sombreamentos, fator solar dos vidros.
final da obra, a ENCE de edificação detalhes construtivos, projetos luminotéc- ILUMINAÇAO
construída. Essa mesma etiqueta pode nico e hidrossanitário e especificações de
Detalhamento das luminárias e lâmpadas, uso
ser obtida para edifícios que passem vidros, de materiais impermeabilizantes e de luz natural, sensores, potência instalada,
por reformas ou retrofits, sendo ela de de sistema de aquecimento de água. atividades da edificação, áreas dos ambientes.
CONICIONAMENTO DE AR
Potência e nível de eficiência de cada equi-
pamento, isolamento térmico dos dutos de ar,
quantidade e tipos dos condicionadores de ar,
certificação do PBE/Inmetro, sistema central.

BONIFICAÇOES
Redução no consumo de água, sistemas de
geração eólico ou fotovoltaico, cogeração
de energia, inovações técnicas.
28
Maior economia, maior produtividade mente, que integre os sistemas naturais
Uma etiqueta de conformidade como a e artificiais de condicionamento de ar
ENCE pode ser vista como uma despe- e de iluminação, torna os ambientes de
sa extra e gerar um aumento no tempo trabalho agradáveis e mais produtivos.
de execução da obra. Em um país cujo Edifícios comerciais e públicos, com
setor de construção civil cresceu em grande densidade de pessoas em seu O principal benefício relacio-
ritmo acelerado nos últimos anos, os interior, tendem a se aquecer mais, nado ao uso da etiqueta é a
projetos saíam “a toque de caixa”, en- mesmo quando a temperatura externa transmissão da mensagem ao
quanto as soluções sustentáveis eram um está baixa. Prédios envidraçados e cores
dos itens “deixados de lado”. escuras podem aumentar a absorção consumidor, uma constatação
Essa atitude, contudo, não está alinhada da radiação solar, aumentando assim o de que realmente o empreen-
ao presente e ignora o futuro. A arquite- consumo de energia para resfriamento.
Contornar situações como essa é uma
dimento foi projetado de modo
tura sustentável é a busca por soluções
que combinam o atendimento do pedido preocupação que deve ser pensada no eficiente, no caso de obter um
do cliente - segundo as restrições de início do projeto, tanto em uma constru- nível A”, afirma Roberto Lam-
orçamento -, os desejos dos usuários, ção nova quanto em um retrofit. O cuida-
as condições físicas e sociais locais, as do de escolher e instalar adequadamen- berts, coordenador do LabEEE .
1

inovações tecnológicas, a legislação e a te aparelhos etiquetados pelo Inmetro


visão antecipada do uso da edificação e evitar a infiltração do ar exterior, por
durante a sua vida útil. exemplo, são soluções mais eficientes e,
Uma edificação eficiente energetica- portanto, sustentáveis, para uma obra.

1
Fonte: Boletim Informativo do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável #11 - Agosto 2014.
<http://www.pbeedifica.com.br/sites/default/files/cbcsnoticias _ed11_ FINAL2.pdf>

29
Uma edificação que possui a etiqueta de Um edifício com alta eficiência energé-
eficiência energética de classe “A” permi- tica possui um valor agregado supe-
te ao empreendedor aumentar o preço rior a outro que ignore essa questão.
por metro quadrado do aluguel ou da A ENCE/PBE Edifica fornece, assim,
venda do imóvel. E os futuros ocupantes uma métrica para que proprietários e
saberão que as contas de eletricidade empreendedores criem um mercado de
e de água poderão ser reduzidas ao gerenciamento de edifícios, ao mesmo
longo da vida útil do edifício. tempo em que serve de parâmetro
Em Aparecida do Norte (SP), o Hotel adicional para auxiliar o consumidor a
Rainha do Brasil2 obteve a etiqueta comprar um imóvel.
“A”. Segundo os responsáveis pela Outro aspecto importante do PBE
construção do prédio, o custo para se Edifica é que ele ajuda o país a cumprir
adequar às exigências do PBE Edifica a sua meta de redução nas emissões
não foi tão alto. Como o projeto da de carbono. Hoje, quase metade do
obra e a sua execução adotaram, consumo da eletricidade no país ocorre
desde a fase inicial, boas práticas de em edifícios residenciais, comerciais
economia e sustentabilidade, o inves- e públicos. Expandir o número de
timento para a obtenção da etiqueta edifícios eficientes do ponto de vista
retornou em oito meses. energético se tornou prioridade.
Uso de energia solar reduz dependência da
energia elétrica.

2
Fonte: “Rainha do Brasil recebe selo de eficiência energética do Inmetro”. <http://www.procelinfo.com.br>

30
O PBE Edifica tem, ainda, o poder de indústria brasileira, já que o PBE Edifica com linhas de crédito do BNDES aber-
transformar o mercado construtivo. A estimula a utilização de equipamentos de tas para pequenas e médias empresas
etiqueta gera a necessidade de haver alta eficiência. As empresas fornecedoras dos setores de comércio, serviços e
um fluxo de projeto e de construção mais se vêem obrigadas a melhorar, de forma do complexo turístico que invistam em
integrado e bem planejado entre arqui- contínua, a qualidade e desempenho de atividades inovadoras de eficiência. O
tetos, engenheiros e projetistas. Isso reduz seus produtos. Isso inclui equipamentos e banco também lançou um programa
custos desnecessários causados por materiais de iluminação, condicionamento que financia a construção, a reforma, a
"retrabalhos". O tempo de construção cai de ar, isolamento térmico, vidros, acaba- ampliação e a modernização de hotéis
e a qualidade do produto final cresce. mentos, elevadores etc. que obtenham etiquetagem de eficiên-
É também uma oportunidade para a O programa de etiquetagem já conta cia energética nível “A”.

Graf. 7 | Vantagens da etiquetagem

Menor consumo de energia Menor custo operacional


Redução do efeito de ilha de calor Incentivo a inovações
nos centros urbanos tecnológicas eficientes
Maior conforto térmico e Aumento do valor de venda ou
aumento da produtividade de aluguel do imóvel

31
LINHA DO TEMPO

1973 1984 1985 1991 1993 2001


Criacão do Instituto Inmetro inicia campanhas É criado o Programa É criado o Programa Nacional Lançamento do Selo Sancionada a Lei de Eficiência
Nacional de de conscientização sobre Nacional de da Racionalização do Uso dos Procel de Economia Energética, que dispõe sobre a
Metrologia, Qualidade conservação de energia Conservação de Derivados do Petróleo e do de Energia para Política Nacional de Conservação
e Tecnologia - Inmetro Energia Elétrica – Procel. Gás Natural - Conpet equipamentos e Uso Racional de Energia.
Decreto número 4059 torna
compulsória a adoção de
programas de eficiência energética

Diretório de links
http://www.pbeedifica.com.br/
http://www2 .inmetro.gov.br/pbe/edifica.php
http://projeteee.ufsc.br/

32
2003 2005 2009 2010 2011 2014
Criado o Procel Edifica, Criação da Primeiro Revisão do RTQ-C e aprovação do RTQ-R Lançamento do Plano Instrução Normativa Nº 02,
subprograma do Secretaria Regulamento Técnico para edifícios residenciais. Nacional de Eficiência de 4 de junho, torna obri-
Procel voltado para as Técnica de da Qualidade do Decreto 7390, de 9 de dezembro, regulamenta Energética – PNEf, que gatória a etiquetagem nível
edificações Edificações, Nível de Eficiência a Política Nacional sobre Mudança do Clima estipula como meta uma A de edificações públicas
coordenada Energética de e estabelece metas voluntárias setoriais de redução de 10% do federais novas e retrofits com
pelo Procel Edifícios Comerciais, redução de emissão de gases de efeito estufa consumo de energia área superior a 500 m2.
Edifica de Serviços e - setor de energia se compromete a reduzir elétrica até 2030 Lançamento do Selo
Públicos (RTQ-C) emissões em 27% até 2020 Procel Edificações

A ENCE é uma certificação? selo que reconheça e ateste as suas quantidade de áreas verdes, qualida-
Não. O PBE Edifica é um programa de práticas sustentáveis. Edifícios certifica- de do ar interno, processo construtivo
etiquetagem de eficiência energética e dos podem, a princípio, ser considera- e impactos sociais.
não deve ser confundido com sistemas dos eficientes. Já uma construção com Na maioria dos sistemas de certificação,
de certificação ou qualificação de boas etiqueta PBE Edifica pode ou não ser há pré-requisitos que são obrigatórios
práticas socioambientais, muitos deles eficiente, dependendo de seu nível de para a obtenção da certificação. No
criados fora do Brasil. Há diferenças classificação. Uma edificação com a caso do PBE Edifica, um edifício pode
significativas entre uma etiquetagem e etiqueta classe “A” é um indicativo de ser etiquetado sem ter atingido alguns
uma certificação. um edifício eficiente, enquanto um “E” é pré-requisitos, porque alguns têm menor
Os dois sistemas de certificação considerado menos eficiente. peso ou influência na etiquetagem e po-
ambiental mais difundidos no Brasil são A maioria dos sistemas de certificação dem ser compensados por bonificações.
o LEED e o AQUA. Neles, os edifícios avalia, além do desempenho ener- O LEED (Leadership in Energy and Envi-
devem atender a parâmetros mínimos gético, outros aspectos dos edifícios, ronmental Design) foi o primeiro sistema
de exigência, e então, recebem um incluindo localização, uso da água, de certificação ambiental de edificações
33
a chegar no mercado brasileiro, nos Já o AQUA (Alta Qualidade Am- 160 edifícios com o certificado de pré-
anos 2000, e é gerido pelo USGBC biental) foi trazido ao Brasil pela -projeto AQUA, 73 com o certificado
(United States Green Building Council). Fundação Vanzolini, a partir de uma de projeto, e 22 com o certificado de
A primeira certificação de um prédio no adaptação do sistema francês HQE execução4. Além do LEED e do AQUA
Brasil ocorreu em 2007. Pela certificação, (Haute Qualité Environnementale). As o Selo Procel Edificações, que surge
o edifício pode receber o selo simples características sustentáveis do edifício no fim de 2014, é outra certificação
(“Certificado”), Prata, Ouro ou Platinum. são descritas de forma qualitativa e possível para projetos ou edificações
O país possui (dados de abril de 2015) avaliadas pelo órgão certificador. O que apresentem nível de excelência em
235 edifícios certificados LEED3. Brasil possui (dados de abril de 2015) eficiência energética.

Gráfico. 8 | Os principais selos de sustentabilidade

Etiquetagem de Certificação de Práticas


Eficiência Energética Sustentabilidade Sustentáveis
LEED (EUA)
PBE Edifica HQE (França)
Selo Qualiverde
(Selo Procel Aqua* (Brasil) 3
Fonte: GBC Brasil, no gráfico “Registros e Certi-
(Brasil)
Edificações) BREEAM (Reino Unido) ficações LEED no Brasil”. <http://www.gbcbrasil.org.
br/graficos-empreendimentos.php>. (Acessado em
DGNB (Alemanha) 30/04/2015).
4
Fonte: Fundação Vanzolini, na tabela “Empreen-
Sela Casa Azul (Brasil) dimentos Certificados”. <http://vanzolini.org.br/
* Adaptado do HQE da França  conteudo-aqua.asp?codsite=104&idmenu=810>.
(Acessado em 30/04/2015).

34
No Museu D’Orsay, de Paris, iluminação natural privilegia o espaço do átrio central.

35
36
III. CASOS DE SUCESSO
/
Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Cultura 38
/
Eletrosul 42
Salvador Norte Shopping /46
Fiemg /50
Caixa Econômica Federal /54
Faculdade de Arquitetura da UFPel /58
Hangar Business Park /62
37
Retrofit na iluminação e no condicionamen-
to do ar melhorou eficiência energética de
prédio de ministérios.

38
Ministérios do Meio Ambiente e da Cultura
Edificação tombada exigia soluções que não alterassem a envoltória, e a solução foi
aperfeiçoar os sistemas de iluminação e de condicionamento de ar

Brasília foi reconhecida como patrimônio melhoria do desempenho energético do Algumas medidas vinculadas à envol-
cultural da humanidade pela Unesco, Bloco B da Esplanada dos Ministérios, tória do edifício não deixaram de ser
em 1987, e tombada como patrimônio que abriga o MMA e o MinC, era analisadas, como a possibilidade de
histórico federal, três anos depois. Estão encontrar soluções para a parte interna, abertura das janelas e de ventilação
incluídas no tombamento as sedes dos nos equipamentos e nos sistemas de natural do prédio para alguns períodos
ministérios situados no Eixo Monumental. iluminação e de condicionamento de ar. do dia. Também foi estudada a implan-
O que fazer, então, para cumprir a De partida, pensou-se em medidas tação de um sistema VRF (Variable Refri-
nova regra de que todo prédio público como trocar a película do plano gerant Flow) de condicionamento de ar
federal precisa possuir uma etiqueta de envidraçado da fachada leste. Mas o para o subsolo, o térreo e o 7º andar,
eficiência energética de nível A? Os custo seria muito elevado, e o retorno, que ainda possuiam sistemas antigos e
Ministérios do Meio Ambiente (MMA) demorado. Já a colocação de sensores de baixo desempenho.
e da Cultura (MinC) deram a resposta, de iluminação apontava para um retor- A série de propostas gerais para o
e ela é exemplar. no rápido do investimento, de cerca de retrofit do bloco B apontava que a
O tombamento de Brasília é restritivo, dois anos. Também foram feitos testes economia com energia seria suficiente
mas permite que novos edifícios possam e simulação para a adoção de sistema para custear o gasto com as mudanças
ser construídos, desde que mantenham o de condicionamento de ar com água em 24 meses. O espaço teve de ser
projeto urbanístico original dos arquitetos gelada e o uso da energia solar. O reorganizado com mudanças de layout
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Já para objetivo era encontrar as melhores das salas e substituição de divisórias.
as atuais edificações, não pode haver in- soluções para que o prédio do MMA No 9º andar, a nova configuração
tervenções na envoltória. Assim, o desafio servisse de referência e de exemplo luminotécnica previa a substituição de
para o projeto de reforma (retrofit) para a para outras iniciativas. forro e de luminárias.

39
No 5º no 6º e no 8º andares, bem trabalho, incorporando novas tecnolo- executar todas as medidas de conser-
como em parte do térreo e do subsolo, gias e utilização de materiais avançados. vação de energia que foram propostas
as luminárias existentes receberão sen- “O governo está fazendo a parte dele, no projeto de retrofit.
sores e dimmers. Novos editais estão e acredito que nos próximos anos, até Mas de nada adiantaria reformar um
sendo preparados para realizar a mesmo pelo mercado, em função da antigo prédio tombado, modernizando
modernização das instalações elétricas política imobiliária, tudo converte para os sistemas de iluminação e de condi-
que são antigas. um canteiro de obra com mais tecno- cionamento de ar, se o público interno
O retrofit do bloco B obteve a etiqueta logia, mais otimização e eficiência de não participasse dessa iniciativa. E esse
classe A de projeto, em janeiro de 2015, equipamentos”, defende o professor e é outro ensinamento do retrofit do bloco
e também o Selo Procel de Economia de pesquisador Eduardo Grala da Cunha, B. Para engajar técnicos e funcionários
Energia para Edificações. Foi o primeiro da Universidade Federal de Pelotas, do MMA, um workshop foi realizado
dentro da Esplanada dos Ministérios a especialista em eficiência energética. “A para que eles conhecessem os desafios,
receber essa classificação. O retrofit visa eficiência energética é um caminho sem as soluções propostas e os resultados
atender a diretrizes do Projeto Esplanada volta que vai, cada vez mais caminhar, a dessa grande reforma. A informação
Sustentável (PES) quanto à eficiência do passos largos” afirma o prof. Grala que é a maior aliada da eficiência ener-
gasto público no consumo de energia também foi o coordenador técnico do gética. Um guia prático também foi
e água. Além disso, o PES também tem projeto de retrofit do MMA/MinC. publicado, relatando a experiência
como objetivos aumentar a vida útil das Para a obtenção da etiqueta do do processo e apontando formas de
edificações e melhorar as condições de edifício construído, o MMA precisará minimizar o consumo de energia.

40
Economia com o sistema de ar condicionado
do tipo VRF e do sistema de iluminação
equivale aos gastos com energia em 24 meses

41
Usina fotovoltaica no telhado fez da
sede da Eletrosul uma geradora de
energia em vez de apenas consumidora.
42
Eletrosul
Um retrofit foi o ponto de partida para modernizar a edificação dos anos 1970, o que
incluiu até a construção de uma usina de energia solar fotovoltaica no telhado

A maior usina fotovoltaica integrada a uma redução de até 50% no consumo metros quadrados de área, foi erguida
um edifício público da América Latina energético. Mais econômico e com uma nos anos 1970. Depois de mais de 30
fica na sede da Eletrosul, em Florianó- usina solar instalada, o prédio da Ele- anos de uso, precisava, com urgência,
polis. Os 4,2 mil módulos solares que trosul, literalmente, esbanja eficiência. de uma grande reforma.
convertem a radiação solar em energia A radiação solar convertida em energia A empresa deu início, entre 2005 e
elétrica estão instalados na cobertura elétrica vai para uma subestação cole- 2007, à modernização dos sistemas
da edificação e nos estacionamentos. tora, de onde é distribuída para a rede de climatização e instalou luminárias
Produzem energia suficiente para o local. Em outubro de 2014, a empresa de alto brilho e reatores eletrônicos em
consumo de mais de 1,8 mil pessoas, o ganhou em leilão o direito de venda da todas as áreas. Os brises (quebra-sóis)
equivalente ao abastecimento de 540 energia da usina. A Eletrosul conquistou, da fachada davam personalidade à
residências. A potência instalada é de 1 assim, o direito de decidir se usa essa edificação, mas precisavam ser melhor
megawatt-pico (MWp). energia ou se negocia o excedente aproveitados para atender a exigências
Uma edificação com etiqueta do PBE gerado, reduzindo o valor de sua conta. da eficiência energética. As luminárias
Edifica recebe uma bonificação de até Há 45 anos, a Eletrosul é responsável com duas lâmpadas fluorescentes de 40
um ponto quando conta com um sistema pela transmissão e pela geração de watts foram trocadas por um modelo T5
de geração fotovoltaico de eletricida- energia em Florianópolis. Como outras de 28 watts mais econômico.
de, capaz de atender a, no mínimo, empresas do setor energético, está com- Para racionalização do uso da água, os
10% do consumo de eletricidade anual prometida com a eficiência energética e banheiros foram equipados com tor-
do edifício. A sede da Eletrosul nem com a sustentabilidade. Mas esse lema neiras e vasos sanitários com sensores
precisaria disso. Com um bem planeja- só é verdadeiro quando a lição de casa e sistemas de descarga diferenciados
do retrofit dos sistemas de iluminação e é feita. A sede da companhia, construída para resíduos sólidos e líquidos. O ar
de ar condicionado do edifício, obteve em concreto armado com mais de 26 mil condicionado com mais de 40 anos de
43
vida útil foi substituído por um sistema Reformar prédios antigos, tornando-os Novos, o setor de manutenção se tornou
de climatização central mais eficiente e energeticamente eficientes, é um desa- o primeiro prédio de uso administrativo
moderno. Em 2013, a edificação obteve fio. Muitos foram construídos antes mes- etiquetado da empresa, obtendo as
a etiqueta de classe A de eficiência mo que o conceito de sustentabilidade etiquetas classe A nas fases de projeto e
energética. A execução do projeto de fosse discutido internacionalmente. Os de edificação construída.
retrofit durou 14 meses e já houve retor- conceitos de eficiência energética ainda Em Santana do Livramento, no Rio
no do investimento realizado. estavam longe dos parâmetros atuais. Grande do Sul, está em construção
A reforma da iluminação e do sistema Mas já havia arquitetos, engenheiros e o Centro Regional de Manutenção
de ar condicionado do edifício exigiu projetistas de olho no futuro. e Apoio à Operação da Eletrosul. O
um estudo logístico detalhado. Não era A sede da Eletrosul é um exemplo. edifício, de mais de 1,2 mil metros
para menos. O retrofit ocorreu em meio A construção já previa, a partir da quadrados e com previsão de estar
à rotina diária dos 900 funcionários da sua cobertura, a coleta de água de em funcionamento no fim de 2015, terá
empresa. Os dirigentes da companhia chuva. Embalada por esse retrofit, a aproveitamento da água da chuva, e a
decidiram envolver o maior número companhia prevê, até o fim de 2015, construção prevê sistemas de geração
possível de pessoas para amenizar a instalação de um tanque de 300 mil de energia fotovoltaica e eólica.
críticas e torná-las parceiras do projeto. litros para a captação da água que Em 2014, a Eletrosul foi homenageada
“Caso contrário, nem mesmo as pessoas será usada para banheiros, limpeza no lançamento do Selo Procel Edifica-
valorizariam o ganho e a minimização do prédio e jardim. ções. Pesaram na escolha o pioneirismo
dos impactos conseguidos por meio da Depois de incorporar a eficiência ener- na adoção de alternativas arquite-
redução da energia”, explica o gerente gética como política interna, a empresa tônicas e tecnológicas de eficiência
da Assessoria de Pesquisa e Desenvolvi- não parou mais. Todos os novos prédios energética e o uso racional da água
mento da Eletrosul, Jorge Luis Alves. seguem essas diretrizes. Em Campos em suas instalações.

44
Brises já faziam parte do prédio da Eletrosul, mas a etiqueta só foi obtida com sistemas eficientes de iluminação e de condicionamento de ar.

45
Aberturas zenitais e vidros de baixa
emissividade térmica valorizam a iluminação
natural em shopping da capital baiana.
46
Salvador Norte Shopping
A climatização do ambiente com grande circulação de pessoas era um desafio, mas os
arquitetos usaram a seu favor o clima quente e úmido da capital baiana

Salvador é uma típica cidade tropical, tica inovadoras fizeram a diferença. evitar perdas e o sistema de controle é
quente e úmida. “Mas lá tem brisa”, Em toda a infraestrutura interna do todo automatizado.
como canta Maria Bethânia. É ela que shopping, foram utilizadas aberturas Essas soluções já seriam suficientes
traz um mínimo de conforto térmico zenitais e fachadas com vidros de bai- para gerar uma economia de ener-
para quem circula nas ruas da capital xa emissividade térmica que valorizam gia elétrica, mas o Shopping Norte
baiana, contornada pelo mar e com a iluminação natural sem esquentar o Salvador pensou ainda na construção
forte incidência de ventos. O desafio ambiente interno. Na cobertura, telhas de uma subestação para receber a
arquitetônico se dá no interior das com isolamento térmico impedem o su- eletricidade em outra classe de consu-
edificações. Manter a temperatura peraquecimento da edificação. Outra mo. “A solução permitiu a contratação
agradável em ambientes fechados e solução foi a escolha de cores claras de uma tarifa elétrica muito vantajosa
com grande circulação de pessoas não nas pinturas das áreas internas e exter- para o condomínio e para suas lojas”,
é uma tarefa simples. nas para evitar a absorção de calor, explica o arquiteto André Sá, um dos
A 8 quilômetros da orla marítima e ao como é recomendado pelos especialis- responsáveis pelo projeto.
lado do aeroporto internacional, o Sho- tas em eficiência energética. Apesar da capital baiana ser lembrada
pping Norte Salvador é um marco das Na parte da iluminação artificial, usada pelos seu belo pôr do sol, a precipita-
construções sustentáveis no Nordeste. mais durante a noite, foi adotado um ção anual também é alta, chegando a
Com 109 mil metros quadrados de sistema eficiente de iluminação nas cerca de 2.000 milímetros, sendo mais
área construída e contando com 229 áreas de lojas e banheiros, bem como concentrada entre os meses de abril e
lojas, o empreendimento conquistou a em ambientes complementares. julho. Por causa dessa característica, o
etiquetagem de etiqueta classe A do Para maximizar a eficiência, o cabe- escritório André Sá e Francisco Mota
Inmetro. Soluções de eficiência energé- amento elétrico foi desenhado para Arquitetos, contratado pelo Grupo

47
JCPM, decidiu criar um sistema de 15 graus, o que eleva a eficiência do mal consome entre 3 e 6 litros de água,
captação de água, depois utilizada nos ciclo de refrigeração. mas os vasos sanitários do empreendi-
banheiros, na limpeza e na manuten- Não bastasse essa solução, os arquitetos mento só utilizam 1,2 litros por descarga.
ção dos jardins. planejaram um sistema fechado. A água Todas as torneiras possuem sensores.
A climatização foi outro desafio venci- de condensação do sistema de climati- “Inicia-se o projeto cuidando da maxi-
do pelo Shopping Norte Salvador. zação não é jogada fora, mas recolhida mização da eficiência energética da
Pela alta umidade do ar no período em dois tanques de 1.500 litros para envoltória, do usufruto da iluminação
chuvoso, o processo de resfriamento ser reutilizada nas torres de resfria- natural, sem descuidar do seu impacto
da edificação se torna mais complica- mento. A economia de água consumida na carga térmica”, recomenda o arquite-
do. Para desumidificar o ar, é preciso nesse processo é da ordem de 25%, to Francisco Mota. A principal mudança
alcançar o ponto de orvalho do vapor mas o ganho do sistema de ar condicio- do ponto de vista da engenharia e
de água, estimada em torno de 11 nado chega a 39,5% na comparação arquitetura é que o foco do Shopping
graus Celsius. E isso só é possível, na com um empreendimento semelhante Norte Salvador nunca foi o menor custo
maioria dos equipamentos, com o uso que emprega equipamento de mesma da construção, mas o baixo custo duran-
de água gelada a uma temperatura geração tecnológica. te o ciclo de vida da edificação.
de 5 graus, consumindo mais energia. O Shopping Norte Salvador conta “O investimento adicional nos edifícios
No empreendimento, o resfriamento é ainda com monitoramento dos níveis energeticamente eficientes são auto-
mais econômico graças a um sistema internos de CO2, que controla o volume pagáveis em até quatro anos”, afirma
de vigas frias, que opera com tempe- de ar externo de renovação em função Mota. Significa que a partir desse
ratura acima dos 18 graus. Isso significa da ocupação do shopping. O esgoto a prazo a edificação se torna um prédio
que, em vez dos 5 graus de tempe- vácuo possibilita a redução de 90% no de grande vantagem competitiva, por
ratura mínima, a água gelada para a consumo de água se comparado com o apresentar reduzidos custos de opera-
climatização do ambiente pode estar a sistema convencional. Uma descarga nor- ção e menores impactos ambientais.

48
Resfriamento interno mais econômico por meio de vigas frias garante conforto térmico dentro da edificação.

Busca pela eficiência energética para o Salvador Norte Shopping esteve presente desde a fase de projeto.

49
Vidros laminados importados
evitam a entrada excessiva de
calor e reduzem a carga do ar
condicionado no prédio da Fiemg
50
Fiemg
Entidade que cobra dos associados ações para garantir a sustentabilidade decidiu dar
o exemplo com uma edificação que virou um marco em Belo Horizonte

Belo Horizonte é uma cidade com projeto quanto na edificação. um sistema de película autolimpante
elevada taxa de insolação no inverno e Quem vê a sede da Fiemg pode ter a impede que a sujeira seja fixada no
menor no verão. A quantidade diária impressão de estar diante de mais um vidro – uma chuva já é suficiente para
de horas de sol e os índices de ra- prédio envidraçado, como tantos outros deixá-lo como novo.
diação indicam o potencial da capital na capital mineira. Importados da Os prédios envidraçados especiais são
mineira para erguer empreendimentos Bélgica, os vidros deixam passar a luz, parte de um projeto bem planejado de
que aproveitem a luz natural. E foi exa- mas bloqueiam o calor. Por atuarem gerar conforto térmico a toda edifica-
tamente isso o que fez a Federação das assim, eles impedem que nos dias de ção. A parte da envoltória, revestida
Indústrias do Estado de Minas Gerais sol forte as salas fiquem muito aqueci- com granito, possui um sistema de
(Fiemg), quando decidiu construir o seu das a ponto de gerar um aumento da fachada aerada. Por não ser colado
edifício-sede. Uma entidade que cobra carga do ar condicionado. E quando à alvenaria, com distanciamento de
dos associados ações para garantir a os raios solares incidem na direção do cinco centímetros, esse espaço garante
sustentabilidade das companhias não prédio, a luminosidade passa na medi- a circulação de ar, evitando que parte
podia deixar de dar o exemplo. da necessária para permitir manter as do calor externo penetre no edifício.
Marco da construção sustentável em lâmpadas desligadas durante o dia. O ar condicionado é outra novidade.
Belo Horizonte, o edifício Robson Braga Uma arquitetura eficiente é adaptada A edificação foi uma das primeiras a
é um imponente prédio de 15 mil metros às necessidades de sombreamento nos contar com um circuito de ventilação
quadrados e 18 pavimentos localizado dias mais quentes e de acesso solar, pelo piso. O ar frio sobe do chão para
na Avenida do Contorno, no bairro de nos mais frios. Vidros adequados podem o teto, injetado à baixa pressão.
Santa Efigênia. Foi o primeiro edifício de ser uma solução arquitetônica, mas ge- O menor consumo energético do
grande porte no Brasil a ser indicado e ram custos adicionais de manutenção. A sistema do edifício-sede é medido em
a ter a etiqueta com classe A, tanto no limpeza é um deles. Na sede da Fiemg, números: 30% de economia se compara-
51
do ao de prédios de mesmo porte que Belo Horizonte e um selo de edifício in- a iluminação também conta com senso-
usam equipamentos convencionais. teligente, já que os sistemas do elétrico res, evitando desperdício de energia.
Desde a concepção do edifício, o ao hidráulico podem ser comandados Um sistema capta a água da chuva em
objetivo era obter a classe A no PBE de uma única sala. um reservatório de 40 mil litros, que fica
Edifica. O cálculo dos responsáveis pelo A construção levou três anos para ser na garagem, usada na lavagem de
projeto era de que seriam necessários concluída em 2010. Por ter sido erguida pisos e das áreas comuns.
cinco anos para pagar os investimentos do zero, a edificação já foi concebida Se houve o prazo de cinco anos para o
nas adaptações de uma obra para o desde o seu princípio para ser uma retorno do investimento, a Fiemg agora
projeto de eficiência proposto. Essa meta obra inteiramente voltada para boas pode colher bons frutos. Todas as medi-
foi alcançada dentro do prazo. práticas ambientais. Fôrmas de plástico das adotadas representam uma eco-
Projetada pelo escritório de Roberta reciclado, por exemplo, foram usadas nomia nos custos operacionais. “Isso é
Gonçalves, da Universidade Federal de para a execução de lajes e de estrutu- muito dinheiro, levando-se em conta que
Minas Gerais, e construído por Teodo- ras de concreto. um prédio como esse consome muita
miro Diniz Camargos, vice-presidente Todos os banheiros possuem descarga energia, água e dinheiro com manuten-
da Fiemg, a edificação também possui dupla, de 3 e 6 litros. As torneiras são ção. Essas medidas também reduzem a
um selo de eficiência pela prefeitura de dotadas de sensores. Nas áreas comuns, mão de obra”, explica Camargos.

52
“O mercado é a grande alavanca
desse processo”, afirma o vice-
presidente da Fiemg, Teodomiro
Camargos, que vê um grande
futuro para o PBE Edifica quando
os clientes perceberem como
ele representa uma redução de
consumo energético no dia-a-dia.

Telhado verde possui captação de água da chuva e ajuda a reduzir o aqueci-


mento da área de cobertura no edifício da Fiemg

53
Projeto arquitetônico
ajudou a reduzir a
incidência solar direta
nas janelas e nas
paredes da agência da
Caixa, em Londrina.

54
Caixa Econômica Federal
A orientação do sol forçou a repensar o posicionamento do prédio, mas o problema virou
uma solução quando a redução nos custos pagou rapidamente o investimento inicial

O terreno na Avenida Maringá para ou paredes. Londrina é uma cidade muito Elementos na fachada principal, como
abrigar a sede da superintendência da quente no verão e de inverno não tão brises, proteções verticais, vidros espe-
Caixa Econômica Federal de Londrina, rigoroso para os padrões do Sul do ciais e utilização de cores claras, foram
no Paraná, era quase perfeito. Quase, país. Ao se estudar a movimentação do planejados para minimizar o calor interno.
porque os projetistas logo percebe- sol, a carga térmica anual do imóvel e A ventilação natural se tornou uma
ram que um prédio convencional não a umidade anual, foi possível conceber opção viável, ao mesmo tempo em que
resolveria uma questão. Desde 2005, o melhor desempenho energético. Essa a quantidade de vidro na fachada pode
o banco estatal passou a construir e é a diferença entre erguer uma estufa ser reduzida. O vidro, mesmo que duplo,
a reformar agências para que elas de concreto ou um prédio de elevado não possui o mesmo nível de isolamento
se tornassem edificações sustentáveis. conforto para os usuários. térmico que uma parede de alvenaria.
Quatro anos mais tarde, quando surgiu O sistema de climatização logo se Para que essas alterações arquitetônicas
a etiquetagem de eficiência energética, mostrou ser uma peça-chave. O ar funcionassem, foi preciso pensar antes na
o órgão decidiu que era preciso ir além, condicionado é um dos maiores vilões vida dentro de uma agência. As áreas
obtendo a classificação máxima para do consumo energético, responsável administrativas foram alocadas com as
um edifício. O escolhido foi a sede da por gastar cerca de 50% de toda a janelas orientadas para a fachada sul,
Caixa em Londrina, mas as condições energia consumida em um imóvel. Como que sofre menos com os raios solares.
locais exigiam cuidados adicionais. a cidade paranaense não é muito fria No pavimento superior, o corredor de
Nos estudos preliminares, ao notar que o e a agência funciona apenas durante circulação foi desenhado para criar uma
terreno possuía uma determinada orien- o dia, o período do inverno não era barreira térmica sobre o calor provenien-
tação geográfica, a equipe do projeto uma prioridade. Mas encontrar soluções te da parede externa de face norte, a
precisou planejar o edifício para que o para o verão abafado era um desafio área mais castigada pelo sol.
sol não incidisse diretamente nas janelas a ser enfrentado. Com 2.500 m² e três pavimentos, a
55
sede da superintendência da Caixa foi redes e os forros receberam cores claras, pelo entrepiso, as lâmpadas de LED são
entregue em 2011 e conta com o Selo para colaborar com a difusão da luz. automatizadas e a fachada fica protegi-
Procel Edificações, o que significa que a Na sede da superintendência da Caixa da do sol. Em Vazante, interior de Minas
edificação atingiu a pontuação máxima de Londrina, já foram registrados 35% Gerais, painéis fotovoltaicos instalados
nos três quesitos examinados: envoltória, de economia com energia elétrica e de no telhado de uma agência geram mais
iluminação e sistema de ar condicio- 50% de economia com água. Por possuir quilowatts-hora do que a energia que
nado. “É muito mais fácil estabelecer o Selo Azul da Caixa, um sistema de a edificação consome. A um só tempo,
critérios de sustentabilidade durante o classificação de boas práticas ambien- ela é considerada uma construção “plus
projeto. Quando se parte do zero é tais ou socioambientais para projetos energy” (produz mais energia que usa)
tudo mais simples”, sugere o engenheiro da construção civil, o edifício precisava e “carbono zero” (reduzida emissão de
e gerente nacional de infraestrutura da ser exemplar. Por isso, conta com um gases do efeito estufa).
Caixa, Sérgio Linke. sistema de captação de água de chuva, Para a Caixa, a eficiência energética
O sistema de climatização do ar, auto- reutilizada nos vasos sanitários, limpeza tem se provado lucrativa. O chamado
matizado e monitorado, e a inteligência de áreas externas e irrigação de jardins. retorno sobre o investimento é alto, já que
predial com automação avançada No subsolo, vagas de estacionamento o aumento de 5% a 10% sobre o custo
ajudam a aumentar a eficiência da foram destinadas para um bicicletário. de uma construção comum é pago em
edificação. A iluminação artificial conta Nos últimos anos, a Caixa inaugurou poucos anos com a economia de água e
com sensores de presença. Com sistemas mais de 2.000 unidades novas ou energia. E há um benéfico efeito multi-
de circuitos independentes, é possível adaptadas, todas obedecendo a crité- plicador. “Incentivamos toda a cadeia
desligar as luminárias mais próximas das rios de eficiência energética. No Edifício produtiva, desde projetistas até fornece-
janelas, aproveitando a luz natural que Matriz III, uma das sedes do banco em dores de materiais da construção, cons-
adentra o ambiente de trabalho. As pa- Brasília, o ar condicionado é insuflado trutores e mão de obra”, conclui Linke.

56
Condicionamento central de ar e
luminárias eficientes ajudaram na
economia de 35% na conta de energia
elétrica e de 50% na de água.

57
Professores e alunos se envolveram na busca da etiquetagem da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Pelotas.

58
Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal de Pelotas
Ações simples como correto isolamento de paredes e cobertura, proteções solares
e iluminação natural maximizaram a eficiência energética

Um prédio de uma faculdade de ar- etiquetagem, não precisou contar com


quitetura e urbanismo requer algo que as bonificações por uso racional de
a torne, no mínimo, diferenciada na água e aquecimento solar da água, que
paisagem. Mas o que dizer do anexo estão previstas no projeto.
da FAUrb, da Universidade Federal de Ações simples como o correto isola-
Pelotas (UFPel), um dos três lugares no mento de paredes e cobertura, uso
Brasil com laboratórios já habilitados a de proteções solares, utilização da
fornecer a etiqueta de eficiência ener- iluminação natural, sistemas eficientes
gética do PBE Edifica? A resposta dos de iluminação artificial e de condicio-
projetistas foi inovadora: fazer daquele namento de ar foram suficientes para
projeto uma experiência acadêmica. a classificação máxima. Professores da
O projeto da construção do prédio área de estrutura e instalações hidros-
Anexo da Faculdade de Arquitetura e sanitárias e pesquisadores que atuam
Urbanismo é o primeiro a ser etiquetado junto ao Laboratório de Conforto e
no Rio Grande do Sul. A etiqueta de Eficiência Energética (LABCEE) contri-
projeto obtida foi de classe A, o que buíram, cada qual, com suas especiali-
significa elevado potencial de econo- dades. Alunos também se envolveram
mia de energia e redução de impactos nesse processo.
ambientais. A edificação é tão eficiente “Colocamos em prática o que permeia
que, ao ser avaliada no processo de diversos cursos de nossa universidade.
59
Para ensinar é necessário saber fazer”, tação norte e evitar aberturas nas orien- zona bioclimática 2, o anexo foi o que
afirma o professor Antônio César Silveira tações leste e oeste. O clima também foi apresentou maior potencial de economia
Baptista da Silva, coordenador do levado em conta na instalação de brises de energia se comparado ao mesmo
LABCEE e também do Laboratório de (quebra-sol) nas fachadas e aberturas. edifício com classe D, num ganho equiva-
Inspeção de Eficiência Energética em Edi- Frente à alta umidade relativa do ar do lente a 31,57%.
ficações (LINSE). Foi ele quem coordenou local, os arquitetos procuraram aproveitar De acordo com Baptista da Silva, o
o processo de etiquetagem do projeto, ao máximo a ventilação natural. processo de etiquetagem exige um
em conjunto com a gerente técnica do Lâmpadas T5 com eficiência luminosa detalhamento do projeto arquitetônico
LINSE, Juliana Al-Alam Pouey. O projeto de mais de 100 lumens/W e luminárias que não é habitual entre os profissionais
de construção do anexo da FAUrb foi do eficientes, associadas a acionamentos da construção civil. Como é exigida uma
professor Ricardo Pintado. independentes, vão proporcionar o máxi- série de comprovações e documentos
Com tantos especialistas envolvidos, a mo de desempenho para esse prédio de técnicos, mostrando o que e como será
tarefa parecia das mais fáceis. Mas havia 570 metros quadrados e três pavimentos. feito cada componente relacionado à
desafios significativos. Um deles era como Para o condicionamento do ar, estão pre- eficiência energética, as chances de
obter os exatos equilíbrio e conforto do vistos aparelhos do tipo split, com classe alterações durante a execução da obra
projeto, levando em conta as caracterís- A de eficiência energética. se reduzem ao mínimo.
ticas da zona bioclimática 2. O município Como a obra ainda está no papel, O grande mérito do projeto do anexo
de Pelotas é marcado pelo rigor no um trabalho recente elaborado pela da FAUrb é comprovar que bastam
verão e no inverno. Foram projetadas pesquisadora Veridiana Scalco ajuda a soluções simples para obter um edifício
paredes duplas com câmara de ar e dis- dimensionar o valor dessa edificação. com eficiência energética, como o
positivos de sombreamento que fossem Ela comparou os níveis de economia de desenvolvimento do projeto arquitetô-
eficientes durante o verão, sem impedir a 35 edifícios comerciais etiquetados até nico, a definição dos componentes em
iluminação natural, e a insolação durante 2013 no país, dentre os quais o projeto função de suas propriedades térmicas
o inverno. A solução foi priorizar a orien- do novo prédio da FAUrb. Por estar na e o uso de sistemas eficientes.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

06
10

“A existência de edificações
reconhecidamente

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eficientes do ponto de vista
energético aponta que
nossas edificações podem
01
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ser melhores, que isso é


possível e economicamente
COORDENAÇÃO:
viável”, afirma Antônio César
ANTEPROJETO

Silveira Baptista da Silva, do


Professor Arquiteto e Urbanista Ricardo Sampaio Pintado
CAU-RS 36.913-6

COLABORAÇÃO:
Laboratório de Conforto e
Prof. Arq. Luciano de Vasconcellos CAU-RS A22549-5

Eficiência Energética.
Arq. Juliana Pouey CAU-RS A78566-0
Acadêmica Luiza Coelho Quintana
Acadêmica Mônica Martins Pinto

PROPOSTA DE AMPLIAÇÃO E REFORMA DA FAURB


te Transversal B RUA BENJAMIN CONSTANT Nº 1359 / FUNDOS
Corte Transversal C
2 1:50

CONTEÚDO: ESCALA:

PRANCHA:
DATA:

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Complexo de hotéis e
torres corporativas valoriza
aproveitamento de luz natural e
condicionamento de ar eficiente
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Hangar Business Park
Soluções simples e sustentáveis concebidas desde o projeto de complexo empresar-
ial e hoteleiro da capital baiana geram economia de 30% na conta de luz

Um acréscimo de 2% no orçamento de investidores e empreendedores que a um diferencial em relação à maioria dos


uma grande obra. Para muitos, uma construtora decidiu erguer o Hangar empreendimentos do gênero é a parte
despesa extra e indesejada, mas para a Business Park, um complexo de dois “invisível” da obra.
Odebrecht Realizações um investimento. hotéis e sete torres empresariais. Vidros com baixo fator solar ajudaram
Cada centavo gasto nos projetos e ma- Localizado na Avenida Paralela no na iluminação natural por ter menor
teriais foi usado para construir um em- sentido do aeroporto internacional, o transmitância*. Salvador, como outras
preendimento sustentável de referência. empreendimento foi concebido como um cidades do Nordeste, possui um sol
O Hangar Business Park de Salvador é espaço de negócios, que oferece múlti- inclemente e as soluções devem prever
o primeiro empreendimento do Nordes- plas facilidades e conforto. Com 150 mil temperaturas elevadas na maior parte
te a obter o Selo Procel Edificações. metros quadrados de área construída do ano. Deve-se aproveitar a alta
O Nordeste é sinônimo de praias, e 28 mil metros quadrados de terreno, insolação, mas não se pode permitir a
turismo, sol o ano todo e... trabalho. o Hangar Business Park conta com lojas entrada excessiva do calor. A climatiza-
Há quase uma década, a região cresce de serviço, áreas verdes, praças de ção é um desafio constante.
mais que o Produto Interno Bruto bra- convivência e espaços para atividade Para reduzir o uso de ar condicionado,
sileiro. Com 56 milhões de habitantes, física. O conjunto de torres, cada uma economizando energia e garantindo
os nove Estados nordestinos estariam com 12 pavimentos, dos quais um térreo menor custo de manutenção, o em-
entre as dez maiores economias da e três subsolos de garagens com mais preendimento projetou paredes com
América Latina, à frente de Equador de 2.500 vagas, impressiona pela baixa transmitância térmica e cobertu-
e Uruguai. É de olho nesse público de beleza. Mas o que torna o complexo ras claras. Os lobbys das torres foram

*A transmitância térmica é a transmissão de calor em unidade de tempo através de uma determinada área de um elemento construtivo, como paredes
de fachadas e lajes de cobertura, por exemplo, e é induzida pela diferença de temperatura entre os ambientes interno e externo.

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entregues com aparelhos de ar condi- captação dos lavatórios e chuveiros gram, iniciativa do grupo C 40 Cities
cionado com selo Procel com classe A dos hotéis. A água é reutilizada nas Climate Leadership, desenvolvido pela
de eficiência e sistema Inverter. bacias sanitárias e também na irriga- Fundação Clinton em parceria com o
Desde as premissas do projeto até a ção de jardins, já que foi tratada. U.S. Green Building Council. No Rio
construção total, a construtora contou “É possível conceber e executar um em- de Janeiro, fica o Ilha Pura, primeiro
com a consultoria da Coelba/Neoener- preendimento sustentável, conciliando bairro planejado na América Latina
gia, concessionária de energia baiana. a preocupação com os clientes e com certificado com o selo LEED ND (for
Foi indicado o uso de luminárias LED a sociedade, sem ter que abdicar do Neighborhood Development).
e sensores de presença nas áreas co- resultado empresarial”, explica o enge- A criação de novos centros empresariais
muns do edifício e sistema de agenda- nheiro Eduardo Pedreira, diretor regional e complexos multiusos, que unem em um
mento de horário para ligar e desligar da Odebrecht Realizações. O resultado mesmo terreno torres corporativas, salas
a luz em outras áreas. A economia do Hangar Business Park consolidou comerciais, hotel, shopping e edifícios
estimada na conta de energia elétrica premissas de sustentabilidade que são residenciais, é uma tendência para
do complexo foi de 30%. levadas em consideração em outros pro- cidades cada vez mais sufocadas pelo
Pré-requisitos exigidos na etiquetagem jetos da construtora pelo país. trânsito. Ao aproximar trabalho, moradia
de eficiência energética foram devida- O empreendimento multiuso Praça São e diversão, as construções do século 21
mente cumpridos, como o projeto de Paulo, na capital paulista, foi projetado exigem menos deslocamentos e desafo-
aquecimento solar. É ele que garante a desde o princípio para a busca da gam regiões já muito adensadas e com
água quente para os hotéis Ibis e No- certificação de eficiência energética alto índice de poluição do ar. O Hangar
votel. Nas torres hoteleiras, foi constru- do Procel. O complexo Parque da Business Park foi pensado para formar
ída ainda uma estação de tratamento Cidade, também em São Paulo, integra um novo vetor de crescimento urbano
e reuso de água, com um sistema de o Climate Positive Development Pro- na capital baiana.

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Aquecimento solar economiza
energia elétrica nos chuveiros dos
dois hotéis do Hangar Business Park

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA. Guia sustentabilidade na arquitetura: diretrizes de escopo
para projetistas e contratantes. São Paulo: Prata Design, 2012.
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: O que é e O que não é. Petrópolis: Vozes, 2012.
CBCS Notícias. Boletim Informativo do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, nº 11. Agosto 2014.
CONSELHO EUROPEU DE ENERGIA RENOVÁVEL. (http://www.erec.org/).
ELETROBRÁS/PROCEL/INMETRO/CB3E - UFSC. Manual para Etiquetagem de Edificações Públicas/Gestor Público. 2014
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional 2014: Ano base 2013. Rio de Janeiro: EPE, 2014.
GREENPEACE INTERNACIONAL (http://www.greenpeace.org/).
INMETRO. Informações ao Consumidor/Tabelas de consumo/eficiência energética. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/
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INMETRO. Informações ao Consumidor/Produtos. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtosPBE/Edificacoes.
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INMETRO. RTQ-C e Regulamentos. Disponível em: <http://www.pbeedifica.com.br/etiquetagem/comercial/regulamentos>.
Acesso em: 22 mai 2015.
INSTITUTO AKATU PELO CONSUMO CONSCIENTE (www.akatu.org.br).
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setores relacionados e a coordenação técnica da eletrobras, in: XXII SNPTEE Seminário Nacional de Produção e Transmissão de
Energia Elétrica, Brasília, Out. 2013.
LAMBERTS, R., DUTRA, L., PEREIRA, F.O.R. Eficiência Energética na Arquitetura. 3ª edição. São Paulo: ProLivros, 2013.
NATIONAL GEOGRAPHIC. Ciclo Natural: Como o carbono circula na atmosfera, ano 12, nº 139, outubro 2011.
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PBE EDIFICA. Manual para Aplicação do RTQ-C. Disponível em: < http://www.pbeedifica.com.br/node/39>. Acesso em: 22 mai 2015.
PBE EDIFICA. Manuais e Instrução Normativa 02/2014. Disponível em: <http://www.pbeedifica.com.br/etiquetagem/publica>.
Acesso em: 22 mai 2015.
SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO CEARÁ. Cartilha Green Building. Fortaleza. 2013.
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Construção Civil. 2011.
THE WORLDWATCH INSTITUTE. Estado do Mundo 2014, 2013, 2012 e 2011. Disponíveis em: < http://wwiuma.org.br/>. Acessos
em: 22 mai 2015.
UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA/Laboratório de Eficiência Energética em edificações (www.ufsc.br).
WWF BRASIL. Relatório Planeta Vivo 2010.
CRÉDITOS
Fotos:

Volume 1
Deposit Photos (p.8, 12, 16)
Herminio Nunes (Capa, p.7, 18, 22, 38, 41)
Sebastião Jacinto Júnior (p.46, 49)
ProjetEEE (p.31)
Sergio Linke (p.50,53)

Volume 2
Deposit Photos (p.30, 32, 36)
Herminio Nunes (Capa, p.8, 21)
Milton Michida/A2img (p.35)
ProjetEEE (p.23, 35)
Wander Lima (p.12)
CONTATOS
Para mais informações:

Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental - SMCQ


Departamento de Mudanças Climáticas - DEMC
Edifício Marie Prendi Cruz , SEPN 505 norte
Bloco B, sala 202, 2º andar | CEP- 70.730-542
Telefone: (61) 2028.2280
www.mma.gov.br

Atendimento ao Cidadão
(61) 2028 2228
sic@mma.gov.br
Publicado pelo Projeto Transformação do
Mercado de Eficiência Energética no Brasil-
BRA/09/G31

Tiragem: 1.000 exemplares


Impressão: Maistype Gráfica e Editora

© Ministério do Meio Ambiente 2015


Impresso no Brasil
Empoderando vidas.
Fortalecendo nações.

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