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IDEAIS E PARALELEPÍPEOS:

A QUASE REVOLUÇÃO FRANCESA DE


MAIO DE 68
Em maio de 2018, fez 50 anos que uma revolta
estudantil iniciada em Paris paralisou a França,
levando milhões de pessoas às ruas com as mais
diferentes reivindicações de mudança. Para
muitos, um novo tempo de participação dos
cidadãos havia começado.
No Brasil, o assassinato do estudante
secundarista Edson Luis pela polícia, em abril,
leva a protestos contra a ditadura. O país está
a caminho do Ato Institucional número 5, fase
mais sombria do regime militar.
A União Soviética sufocava com seu
poder militar as reformas do sistema
comunista na Tchecoslováquia, acabando
com a chamada Primavera de Praga.

Nos EUA, o líder negro Martin Luther


King é assassinado.
Enquanto isso, os americanos iniciam uma
negociação para encerrar a Guerra do Vietnã,
que já durava 13 anos. As conversas ocorriam
em Paris, e a barbarie da guerra agitava os
estudantes na cidade.
França vivia em aparente calma. Havia 9
anos, estava sob a liderança do presidente
General Charles de Gaulle. As esquerdas
francesas, em especial os partidos comunista e
socialista, buscavam uma maneira de formar
uma alternativa ao governo conservador de De
Gaulle.
Em março, prédios universiários em
Nanterre, nas proximidades de Paris, são
ocupados por alunos. Eles protestam contra
sanções impostas a militantes contrários à
Guerra do Vietnã que atacaram um escritório da
American Express. As aulas são suspensas.
Nasce o Movimento 22 de Março, liderado por
Daniel Cohn-Bendit, Daniel Le Rouge, um
estudante de sociologia que ficou conhecido,
entre outros, por pedir mais liberdade na
universidade. O movimento questiona ainda a
falta de acesso da classe trabalhadoras ao
estudo superior.
Em 1º de Maio, no Dia Internacional do Trabalho, há um clima tenso nas manifestações devido a
boatos de que o Ocidente, um movimento estudantil de extrema-direita, planeja atacar a
Universidade Nanterre.
No dia seguinte, parte do edifício da aliança estudantil da Sorbonne é queimada, e o movimento
Ocidente é acusado de ser o culpado. Cohn-Bendit e outros membros de seu movimento são
chamados para responder a uma comissão disciplinar por causa da ocupação de março em Nanterre.
Dois dias depois, a direção de Nanterre fecha o campus. Proibidos
de protestar ali, seus alunos vão à Sorbonne para se reunir com outros
estudantes. A polícia interfere e retira os estudantes.

O choque com os policiais, no Quartier Latin, no coração


de Paris, é violento.
Transformadas em armas contra a truculência da polícia,
as pedras do calçamento de Paris viram um dos símbolos dos
protestos. Mais de cem pessoas são feridas e centenas são
presas. A Universidade Sorbonne também é fechada.
Nos dias seguintes acontece a maior greve geral da história da França, com milhões de
trabalhadores indo às ruas em apoio aos estudantes, e também fazendo suas próprias demandas. As
massas sonham em democratizar as estruturas do Estado, em melhorar as condições de trabalho.
Numa tentativa de acalmar a situação, o premiê Georges Pompidou
anuncia a reabertura da Sorbonne, que é ocupada pelos estudantes.
Debates e reuniões acontecem ali 24 horas por dia. A essa altura, as
manifestações já tinham se tornado um caldeirão em que grupos
propunham revolucionar aspectos dos mais variados da sociedade,
como a política, o estudo, a moral...

Com De Gaulle em viagem internacional, os estudantes ocupam também o Teatro Odéon,


considerado um símbolo cultural da classe alta francesa, transformando-o numa espécie de centro
de atividade revolucionária.
Em 22 de maio, a greve nos setores privado e
público já mobilizava mais de 8 milhões de
trabalhadores.
Em 22 de maio, a greve nos setores privado e público já
mobilizava mais de 8 milhões de trabalhadores. Daniel Cohn-
Bendit, que foi à Alemanha para tornar pública a revolução, é
barrado ao tentar voltar à França.

De Gaulle vai à televisão e propõe um referendo na


tentativa de recuperar o controle do país, mas o discurso
não tem o impacto esperado. Manifestantes pedem sua
renúncia. Confrontos se espalham por várias cidades.
Na última semana de maio, o governo sede diante da greve. Com
os sindicatos de trabalhadores e patronais, negocia um aumento de
um terço no salário mínimo. Além disso, os sindicatos de
trabalhadores passam a ter direito a um representante em todas
as empresas. Enquanto isso, Cohn-Bendit consegue voltar para a
França escondido.

Em 29 de maio, De Gaulle cancela subitamente


uma reunião de gabinete. O presidente desaparece. Ele
está refugiado numa base francesa em Baden, na
Alemanha, onde busca o apoio das forças armadas,
diante da situação instalada.

No dia seguinte, De Gaulle faz um pronunciamento por rádio em que levanta o temor de que
o comunismo possa assumir o poder. Ele se recusa a renunciar, mas dissolve o parlamento.
A revolução que mudou a forma de pensar o mundo

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