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Desenho Técnico

Material Teórico
Cortes

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Vanderlei Rotelli

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Cortes

• Cortes Arquitetônicos

Estudaremos, nesta unidade, os cortes arquitetônicos, que


são complementos das plantas arquitetônicas estudadas na
unidade anterior.
Esta linguagem é de fundamental importância no entendimento
de um projeto de arquitetura. Utilizaremos para isso as
ferramentas que você adquiriu ao longo de nossos estudos,
como: visão espacial, conhecimentos de desenho técnico, além
de, é claro, seu empenho e sua vontade.

Como nas unidades anteriores, estude atentamente o texto e as figuras, que foram pensados
para facilitar o seu aprendizado. No final, como sempre, teremos alguns testes, para que você
consiga perceber o quanto já avançou.

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Unidade: Cortes

Contextualização

Na unidade anterior, na qual falamos sobre planta baixa arquitetônica, você deve ter sentido
falta das informações sobre a altura das edificações, certo? O que acontece é que não
colocamos em plantas essas informações, pois não teríamos como juntar todos esses dados em
um único desenho.
Nesta unidade, vamos treinar mais um pouco sua visão espacial, apresentando como se
lê um outro tipo de desenho. Agora você verá como pensamos um edifício verticalmente,
perceberá que é bastante simples, depois que se entende o que está vendo. Como na planta
baixa, iremos estudar os cortes passo a passo e, rapidamente, você entenderá mais um
pouco a linguagem arquitetônica.
Comecemos?

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Cortes Arquitetônicos

Agora que já entendemos o que é uma planta baixa arquitetônica, precisamos responder
uma pergunta: qual é o pé-direito da nossa casa? Antes, vamos entender o que é pé-direito: é
a distância entre o piso de uma casa e o seu teto (seja um forro, uma laje, ou qualquer outro
acabamento) – podemos dizer que é o espaço útil da altura da casa. Alguns especialistas dizem
que essa expressão vem dos tempos das construções antigas, com porões e sótãos, quando
muitas vezes você não tinha altura o bastante para “ficar em pé direito”, ou seja, tinha de ficar
curvado para não bater a cabeça no teto. Outros especialistas dizem que essa expressão se refere
a distâncias medidas em pés, e na posição direita, ou seja, perpendicular ao plano do solo.
Então, voltemos a pergunta inicial desta unidade: estudando a planta baixa arquitetônica,
qual é o pé-direito da nossa casa?
Se você concluiu que é impossível saber essa informação por meio da planta baixa, você
acertou. A planta baixa não nos dá nenhuma informação de altura, não é essa a função dela; ela
nos fornece informações de largura e profundidade, mas não de altura. Temos outra ferramenta
para obter essa informação, que vamos estudar agora: os cortes arquitetônicos.
Vamos, então, voltar à casa que estudamos na unidade “Planta Baixa “ para terminarmos
aquele projeto e para que você consiga identificar todos os desenhos que compõem qualquer
edificação. Caso você tenha esquecido, abaixo, na figura 1, temos a casa que havíamos criado.

Figura 1 – Edificação

Os cortes arquitetônicos, de acordo com a NBR 06492, são “planos secantes verticais”.
Para criar o corte, você deve imaginar um plano vertical que divida a casa em duas partes,
conforme a figura 2.

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Unidade: Cortes

Figura 2 – indicação do plano de corte longitudinal.

Os cortes podem ser feitos no sentido longitudinal (o sentido mais extenso da construção – no
nosso caso, imagine um corte que vá da cozinha ao quarto), conforme a figura 2, ou no sentido
transversal (a direção perpendicular à direção longitudinal – imagine, em nosso desenho, um
corte que vá do banheiro ao closet), conforme a figura 3.

Figura 3 – Indicação do plano de corte transversal.

Depois da colocação do plano de corte, conforme as figuras acima, é que o corte começa
a se diferenciar da planta baixa. A primeira grande mudança, e que muitas vezes dificulta a
visualização de quem está começando a trabalhar, é não haver uma regra sobre o posicionamento
do plano de corte, isto é, quem decide em que ponto da edificação será feito o corte é o
projetista. Quando estudamos as plantas arquitetônicas, na unidade anterior, vimos que o

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plano horizontal de corte deve ser colocado a 1,50m, e que olhamos ortogonalmente para
baixo, certo? Essa é uma norma e, portanto, deve ser obedecida, não deixando espaço para
mudança. No caso do corte, isso muda: o projetista tem liberdade para escolher o que mostrar
no projeto. A NBR 06492 recomenda que o corte seja posicionado em um local que demonstre
o maior número de detalhes possível da edificação. Existe uma convenção (você lembra que
isso quer dizer que é um tipo de acordo e não uma obrigatoriedade, certo?) que nos diz que pelo
menos um dos cortes deve passar pelas áreas molhadas (cozinha, banheiros e área de serviço,
lembra?), pelos elevadores e\ou pelas escadas; essas são consideradas áreas que necessitam de
mais detalhamento e, portanto, lugares ideais para serem “cortados”.

Outra diferença significativa é o fato de o projetista também poder escolher para qual dos lados
irá olhar, ou seja, quando cortamos nossa casa, conforme a figura 2, temos duas partes, certo?
Isso quer dizer que podemos olhar ortogonalmente para qualquer um dos dois lados do plano
de corte, conforme a figura 4 (para facilitar e diminuir o tamanho dos desenhos, trabalharemos,
a partir de agora, com os cortes transversais e depois veremos o corte longitudinal).

Figura 4 – Indicação das possibilidades de visualização do corte

Conforme a figura, você pode visualizar que teremos dois desenhos diferentes, como
demonstrado na figura 5.

Figura 5 – Opções de corte transversal

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Unidade: Cortes

A escolha de qual desses desenhos será mostrado dependerá do projetista e de qual das
imagens mostrará mais detalhes e será mais informativa. É possível que você use os dois
desenhos, isto é, você pode ter dois cortes, mas não é usual que os cortes sejam pensados dessa
forma, ou seja, não se passam dois cortes na mesma posição. Se o projetista quiser mostrar
os dois lados, o mais comum é que os cortes, mesmo os que olhem para direções diferentes,
passem em locais diferentes, conforme a figura 6.

Figura 6 – Posição dos cortes transversais

E, nesse caso, teremos dois cortes em locais diferentes, conforme a figura 7.

Figura 7 – Dois cortes transversais em posições diferentes.

Você pode notar que teremos detalhes diferentes a mostrar, o que deixa os desenhos mais
claros, informativos e interessantes.

Bem, agora que você entendeu como podemos localizar os cortes, vamos analisar os desenhos
em detalhes. Para isso, vamos pegar o corte transversal AA, representado na figura 8.

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Figura 8 – Corte AA

A primeira coisa que você deve ter notado é que nos referimos aos cortes por letra – podemos
ter o corte AA, o corte BB, o corte CC e assim por diante –, conforme a figura 9.

Figura 9 – Planta baixa com indicação de corte


0.50 m

Projeção da cobertura

6.00 5.00
0.10 1.00
1.30

0.00
Closet
3.85

Estar Dormitório
Cozinha
Banho
2.50

5 5
2.00
5.00

5.00

3.85 3.35
1.50

Logo, o corte AA está unindo às letras A e A. Outro detalhe que você deve notar é a
representação do corte em planta. Utilizamos a linha traço e ponto grossa, de acordo com
a NBR 08403, conforme vimos na unidade “Instrumentos“. Para evitar que o desenho fique
muito poluído, isto é, com um acúmulo muito grande de linhas, costumamos indicar o corte nas
paredes externas, de acordo com o desenho.
A direção para a qual estamos olhando no corte é indicada pelos triângulos localizados na
ponta da linha de corte. A NBR 06492 nos diz que, em projetos executivos, devemos usar a
indicação mostrada na figura 10, onde o número 3 representa o número da folha em que está o
desenho e o 341 representa o número do desenho nessa folha (lembre-se que para efeito didático,
estamos trabalhando com um desenho bastante simples, mas a complexidade de um projeto pode
ser quase infinita, e a única maneira de explicá-lo pode ser com uma infinidade de desenhos).

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Unidade: Cortes

Figura 10 – Indicação de corte, de acordo com a NBR 06392.

341
3

É obrigatória a indicação do sentido do corte – com a prática, é possível entender o corte sem
essa indicação, mas, caso ela não seja colocada, o desenho estará errado.
Agora, analisando o corte, vamos analisar a espessura das linhas, ou a hierarquia dos traços.
Como apontado na unidade “Planta Baixa“, os objetos mais próximos do observador são indicados
com linhas mais grossas. No nosso caso, conforme o desenho 11, que é um detalhe do corte AA,
as paredes vistas em corte são as linhas mais grossas do desenho. Outra coisa que dizemos em
desenho é que essas paredes são mostradas em “corte”, enquanto as paredes que não estão em
corte, ou seja, as paredes que estão no “fundo” do desenho, são mostradas em “vista”.
A próxima coisa que vamos olhar são as portas. As portas em um corte, diferente de uma
planta, são mostradas fechadas. A função disso também é evitar a poluição do desenho (imagine
mostrar o interior de um ambiente com outra porta, outra janela, etc., em algum momento,
dependendo da complexidade do desenho, você perderia a noção de profundidade).
No nosso exemplo, temos duas portas, conforme a figura 11. Uma delas, mais à direita, é
mostrada em corte, enquanto a outra, mais à esquerda, é mostrada em vista. As duas estão
representadas fechadas. A porta vista em corte está alinhada pelo lado interno do ambiente e
nivelada com a parede. A outra porta é mostrada em vista, pois estamos olhando a porta de
frente – a linha tracejada indica o sentido de abertura da porta. Você pode considerar que o
vértice do tracejado é a maçaneta.

Figura 11 – Detalhe do corte (portas).

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Agora, vamos olhar a figura 12, que nos mostra o detalhe da janela do banheiro.

Figura 12 – Detalhe do corte (janela).

Como você pode ver, a representação da janela em um corte é muito semelhante à


representação da janela em uma planta, como você deve se lembrar, até porque a estrutura de
uma janela é a mesma, se pensarmos sobre isso.
Outra novidade em relação à planta baixa é o aparecimento do telhado. Em uma planta,
vemos apenas a projeção da cobertura (seja um telhado ou uma laje); no corte, o telhado vai
aparecer com a sua estrutura, conforme a figura 13, que mostra um detalhe desse desenho.

Figura 13 – Estrutura do telhado.

Nesse detalhe, você pode ver a estrutura de madeira, que é chamada de tesoura, e as telhas
em corte. Podemos notar também o forro, que é o acabamento interno de um telhado (o forro
pode ser de madeira, gesso, plástico, etc.).

A parte do telhado que está além da parede externa é o beiral, que aparece na planta como
uma linha tracejada e tem a função de proteger as paredes do clima externo.

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Unidade: Cortes

Para terminar, o que pode lhe despertar alguma dúvida, é a representação da fundação,
conforme a figura 14.

Figura 14 – Detalhe da fundação.

Como você sabe, uma edificação não é construída diretamente sobre a terra; temos, antes,
de executar a fundação, que é a estrutura responsável por repassar as cargas de uma construção
para o solo. No caso de edificações simples, como a nossa casa do exemplo, temos as chamadas
fundações rasas – como sapatas e vigas baldrame. Em edificações maiores, temos as fundações
profundas – como estacas e tubulões.
Como havíamos conversado, estamos trabalhando ainda no anteprojeto, portanto, não
necessariamente esta fundação será a efetivamente executada; a ideia é indicar aos profissionais
envolvidos onde a fundação será locada. Representamos, também, como você pode ver, o solo
onde estará localizada a edificação, indicando o que é aterro e o que é solo natural.
Agora que entendemos a estrutura do corte, vamos colocar os acabamentos necessários da
mesma maneira que fizemos na planta. O corte pronto ficará como a figura 16.

Figura 15 – Corte completo.

A primeira coisa que você deve ter visto são as cotas. Em um corte, são colocadas apenas
as cotas verticais, ou seja, as cotas de altura. Essas cotas são fundamentais para os projetos
complementares, pois auxiliarão os outros profissionais em seu trabalho, por exemplo:
o engenheiro eletricista precisa saber o pé-direito da casa para poder projetar a altura das

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luminárias e da tubulação do ar-condicionado. Não deve ser colocada nenhuma cota horizontal,
ou seja, informações de largura ou profundidade, já que estas estão na planta baixa.

Gostaria que você percebesse que as informações se complementam, isto é, você não
pode ter a planta e não ter os cortes, assim como é inútil a planta sem os cortes. Você sempre
precisará de todas as informações para poder executar o melhor trabalho possível, ou seja, essas
informações se complementam, são várias e diferentes, embora a respeito de um único projeto.
Ainda falando sobre as cotas, você também percebeu as cotas de nível, certo? Elas aparecem
no corte para indicar as diferenças de altura existentes na edificação. Se você prestar atenção, essas
cotas apenas indicam a diferença de nível que já aparecia no corte, conforme o detalha da figura 16.

Figura 16 – Cotas de nível.

Na planta, essas cotas aparecem também, mas só podemos visualizar efetivamente a diferença
com o corte.
No corte também são colocados os acabamentos das paredes – como você deve se lembrar,
um dos cortes tem que passar pelas áreas molhadas, para mostrar o acabamento das paredes
–, no nosso caso, as paredes do banheiro são revestidas com cerâmica 20cm x 20cm, conforme
a figura 17.

Figura 17 – Detalhe do revestimento do banheiro.

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Unidade: Cortes

Aparecem também as vistas frontais do vaso sanitário (figura 18) e do chuveiro, que, como
vimos na unidade “Planta Baixa“, precisam ser representados. Enquanto na planta baixa
utilizamos as vistas superiores, usamos nos cortes as vistas frontais ou laterais, dependendo da
posição e da direção do corte em reação à planta.

Figura 18 – Detalhe da vista frontal do vaso sanitário.

Outro detalhe que colocamos é a hachura da laje, isto é, um acabamento no corte da laje,
representando o material do qual ela é feita. No nosso caso, usamos uma hachura que representa
o concreto da laje, conforme a figura 19.

Figura 19 – Detalhe da laje

Outra coisa que temos de colocar em nosso corte, de acordo com a NBR 06492, é a
denominação dos compartimentos, ou seja, o uso de cada ambiente que foi cortado, como
na figura 15.
Finalmente, temos o box, visto em corte, que é representado por duas linhas paralelas, que
representam o vidro das portas.
E aí, você conseguiu entender o corte transversal? Viu como é simples? É só uma questão de
visão espacial, você tem que entender o que está vendo e como essas coisas estão sendo vistas.
Agora, vamos dar uma olhada no corte longitudinal, ou corte BB, no qual veremos algumas
coisas diferentes. Estude a figura 20.

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Figura 20 – Corte Longitudinal ou corte BB

Vamos analisar alguns elementos que não apareceram no corte AA. A primeira diferença
que você deve ter visto são as janelas: nesse corte, elas aparecem em vista frontal. As janelas
aparecem fechadas e, para efeito de desenho técnico, os vidros são opacos, ou seja, não
enxergamos através deles. É o mesmo princípio utilizado ao desenharmos as portas fechadas:
não poluir o desenho.
Para confirmar essa convenção, você vê apenas uma parte da janela atrás do box, a parte de
baixo da janela está “oculta”. Já o chuveiro e o vaso sanitário, que no corte AA apareciam em
vista frontal, aparecem nesse corte em vista lateral.
Outro detalhe diferente em relação ao corte AA é que a estrutura do telhado é vista aqui em corte,
portanto, conseguimos contar o número de tesouras e visualizar a estrutura de ripas e caibros.
Podemos também perceber que o acabamento da cozinha é de meia parede de revestimento, ou
seja, metade da parede é revestida em azulejo e a outra metade tem acabamento em massa e pintura.
Vemos também os elementos que já estavam no outro corte, como as cotas e as paredes.
Gostaríamos de reafirmar a importância de saber ler o corte, pois um erro comum é o
representado na figura 20.

Figura 21 – Cortes.

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Unidade: Cortes

Você consegue perceber o erro? Ou melhor, você consegue perceber qual corte está errado?
Por quê? Isso mesmo, é o corte da direita, ele está invertido. Esse é um erro muito comum
quando as pessoas estão começando a desenvolver a visão espacial; precisamos aprender a ler
a planta e saber em qual sentido precisamos desenhar o corte.
Há um modo muito simples de fazer isso: imagine que a sua mão direita está colocada na
posição do corte, a cozinha está sobre o seu dedão ou sobre o dedo mínimo? Agora coloque
a sua mão direita sobre o corte, a cozinha deve estar sobre o mesmo dedo, seja o dedão ou
o mínimo. Deu para você perceber como funciona? Esse é um detalhe ao qual temos de nos
ater, pois essa inversão pode causar problemas ao longo de uma obra. Você já imaginou se
um engenheiro, ao construir o penúltimo andar de um prédio, percebe que executou todos os
andares anteriores com o pé-direito errado? Ou que inverteu a posição de uma janela?
Cabe ao projetista verificar se está tudo em sua posição correta e corrigir eventuais erros.
De novo: lembre-se que o seu desenho tem que falar por si mesmo, você nem sempre estará
presente para explicar seus projetos – ou pode ser ainda que caberá a você conferir e indicar os
erros nos projetos de outros.
No caso de um edifício que tem vários andares, você já pode imaginar que o corte ficaria
muito grande e não caberia em uma folha de desenho. Para esses casos, a norma nos permite
usar o que é chamado de linha de interrupção de desenho, demonstrada na figura 22.

Figura 22 – Linha de Interrupção de Corte.

O corte de um edifício ficaria conforme a figura 23.

Figura 23 – Corte de um edifício.

Cobertura

Barrilete

19o Pav.

18o Pav.

17o Pav.

4o Pav.

3o Pav.

2o Pav.

1o Pav.

Térreo

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O corte desse edifício pode ser chamado de corte esquemático, já que, muitas vezes, por uma
questão de escala, mesmo utilizando a ferramenta de interrupção do desenho, não é possível
executar os detalhes necessários à construção da edificação. Nesse caso, é comum que sejam
feitos detalhes de certas partes mais fundamentais à execução em uma escala ampliada. No
caso da figura 23, seria recomendável que tivéssemos pelo menos um detalhe da escada, como
o da figura 25.
De maneira usual, são feitos detalhes de todas as partes específicas para esse projeto, isto
é, muito do que é utilizado em uma construção segue medidas que são padronizadas – como
portas e janelas. Contudo, algumas coisas são projetadas especificamente para cada construção
– a escada, as colunas e pilares, os subsolos, o térreo, etc. – e variam de edifício para edifício,
portanto, devem seguir um detalhamento único, daí a necessidade da execução de desenhos
específicos para cada parte.
A NBR 06492 indica que os detalhes devem ser marcados conforme a figura 24, onde 2
representa o número do desenho na folha e 346 representa o número da folha. Isso significa
que se houver alguma dúvida em relação ao corrimão da escada ela será esclarecida nesse
detalhe – o construtor da obra (ou da escada, dependendo do caso) precisa procurar essa folha
e o respectivo desenho.

Figura 24 – Indicação de detalhe.

2
346

Como conversamos no começo da unidade “Planta Baixa”, em função da complexidade


de um projeto, é muito comum que ele seja composto de várias páginas de desenhos e, em
muitos casos, teremos páginas apenas com detalhes – desde detalhes de escadas, passando
por detalhamento de caixilharia, até detalhes de fixação do revestimento exterior (no caso de
edifícios revestidos de pedras, por exemplo).

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Unidade: Cortes

Figura 25 – Detalhe da escada em escala maior.

Finalmente, gostaríamos de mostrar outro tipo de corte. Eventualmente, você terá mais
coisas para indicar em um corte do que é possível, mas, ao mesmo tempo, não compensará o
trabalho de executar outro desenho. No nosso caso, imagine que você queira executar um corte
longitudinal que passe pela cozinha e pelo closet. O modo como temos executado os cortes até
agora não nos dará essa opção; ao mesmo tempo, como vimos acima, não vale a pena executar
outro desenho. Para esses casos, temos uma técnica que exige um pouco mais de atenção, mas
pode ser bastante útil: podemos deslocar o corte na planta.
Isso pode parecer estranho, mas, a partir dos desenhos indicados abaixo, temos certeza
que você entenderá o que significa fazer o corte “andar” (como dizemos usualmente). Olhe
atentamente a figura 26, deixamos a linha de corte inteira para que você possa acompanhar o
percurso que foi cortado.
Figura 26 – Indicação do corte com deslocamento.
0.50 m

Projeção da cobertura

6.00 5.00
1.30

0.00 0.10 1.00


Closet
B
3.85

Estar Dormitório
Cozinha
Banho
2.50

B
2.00
5.00

5.00

3.85 3.35
1.50

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Como você pode ver, nosso corte está passando pelas áreas que queremos detalhar no corte.
Em nossa edificação, o plano de corte ficará conforme a figura 28.

Figura 27 – Indicação do plano de corte.

A partir daqui, vamos retirar a parte que não será visualizada no corte, de acordo com a
figura 28. Você consegue notar que, para a correta visualização da perspectiva, tivemos que
girá-la para deixar o corte de tal forma que você fosse capaz de enxergá-lo, correto?

Figura 28 – Visualização do corte.

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Unidade: Cortes

Finalmente, a vista ortogonal do corte, que ficará conforme a figura 29.

Figura 29 – Corte Longitudinal com deslocamento

Dessa forma ficou fácil de entender, certo? A única “regra” que temos é em relação ao ponto
onde o corte pode ser deslocado, esse deslocamento deve ser feito dentro de um ambiente – no
nosso caso, deslocamos nosso corte dentro da sala.
Agora você precisa treinar a sua visão espacial para que se acostume com esse tipo de
linguagem visual. Você deve ter percebido que o treino vai te ajudar bastante; é claro que você
não encontrará esse tipo de desenho em qualquer lugar, mas revistas de arquitetura e decoração
ajudarão bastante com isso.

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Material Complementar

• http://docente.ifrn.edu.br/joaocarmo/disciplinas/aulas/desenho-arquitetonico/etapas-do-
desenho-arquitetonico
• http://heliopm.edublogs.org/files/2011/09/aula-25262728-1gffm7k.pdf

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Unidade: Cortes

Referências

Montenegro, Gildo A. Desenho de Projetos. São Paulo: Blucher, 2004

NBR 06492 – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR 13532 – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR 13531 – Associação Brasileira de Normas Técnicas

Micelli, Maria T. Desenho Técnico Básico. São Paulo: Ao Livro Técnico, 1999

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Anotações

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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000

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