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sig que toma forga nfo € a filosofia de Kan, de Fichte on de Hegel fans antes um geTmanismo de segunda ordem como por exemplo de oir, espositor do monismo que assumia ares de ordeulo" (Cru, Costa, 1967284). { ato de traduzir no se limita, portanto, a simplesmente reve Jar um contecimento (Osakabe, 1979:176). A tradusao implica sle to preva de textos ¢escolha de certs autores em detrimento de Fates. No caso, 0 pensamento racil europen adotado no Brasil nko 1 dh de una jdeatidade nacional (Veniara, 1988:7)e no respaldo {T Berarguit sociisjé astanie cristaizadas “Knits, porént, de analisar a absoryl0 dsses modsios no Brasil preciso fora & "mateia”, As tories racials viram sobretudo “ar Buropae dos Estados Unidos, e€ por ld que deve comesar 0 pré- sien capitulo 2 UMA HISTORIA DE «“DIFERENGAS E DESIGUALDADES”” ‘As doutrinas raciais do século XIX! [A parte de 1870 introduzem-se no cenério brasileiro teorias de ‘pensamento alé entio desconhecidas, como o postivismo, o evolu Eonismo, 0 darwinismo, No entanto, a entrada coletva, simultines emaciga d ‘acarretou, as leituras mais contempord eas sobre o perfodo, uma pereepedo por demas univoca em (oineidente de Todas essa tendéncias. Tais modelos, porém, foram ‘lizadlos de fornia particular, guardando-se suas conclusbes sing fares, suas decorrencas tericas distintas. Dessa forma, se a nosdo de evolugio social funcionava como um paradigma de época,?aci- sma das especificidades das diferentes escolss, no implicou uma tinica visto de época, ou uma s6 interpretacto. (que se pretende realizar neste capitulo, portanto, um bala 0 das dfezentesteorias rciais produzidas durante o século-X0%- Tia espécie de elossério de époce — para sa pensat com. ‘mais propriedade as especifiidades do. uso Tora. Esse debate, que “Emidese em meados do séeulo passado, rete, no entanto, a ques tes anteriores ue exigem um breve retorno aos modelos de refle- dao do século das Luzes, sem o que esta caracterizagio flcaria in- Completa. Com efeto, os te6ricos racials do séeulo X0x referiam-se onsiantemente aos pensadores do século xvi, mas no de manci> fa uniforme, Enquanto a literatura humanista e em especial Rows- ‘ain apareciam com seus principals antagonistas — em sua dees {da nogio de uma humanidade una —, autores como Buffon e De Pauw eram aportados como grandes influéncias quando se tratava de justificar diferengas essencias entre os homens. fo nsreracuto Das nacas ENTRE A EDENIZACAO EA DETRAGAO ‘Aépoca das grands viagensinaugura umn momento espesifco na hiséria ocdental, quando a peicepyto da diferenca entre 05 ho znens torna-se tema constante de debate ¢ reflexio: a conquista de tens desconhecidas Ivara. a nots conoepoSes « poxturas, ji que Sera bom observa, ra ainda mals Fil owir do qu ver, Nasa Tatas de vagem, que aliavam fantasia arealdade ses novos fo ‘mens eran fegentemente desrto como estrathos em seus cos- ‘umes, diversos em sua naturea (Mello e Souza, 1985; Holanda, $. 5 Todorov, 1983; Gerbi, 198). ner humno;os homens ametiatos irnsormamese en ob0$ 3 vilegiados para. a nova peeepefo.que reduriaa humanidade a ume especie, uma tice evoluedo e wma possve.perfectibiidade™. Conceito-chave na teoria humanista de Roussen, a "perfect- bitidade” resumia — conjuntamente com & “libendade” de resistir aos ditames ca natureza ou acordarneles — uma espeifcdadepro- priamente humana (1775/1978:243). Longe da coneepedo que sera lizada pelos evolucosistas no desorrer do culo Xt vis Bs ‘manistadscori,a parti dessa norto, sobre a capacidade singular ¢ ineente a todos os homens de sempre se superarem, Afirmava 0 fildsofo genebrino: “hi uma outa qualidade muito expecfica que distinguc os homens a respeito da gual nfo pode haver contest ~ és faculdade de aperfeigoar-s”. Via de mao dupla, perfect bilidade” ndo supunta, porém, © acess obrigatério ao “estado de lizagio e€virtude, como supunlar os te6reos do seulo XI "Seri triste para nds vermo-nos forgados a conve que seja ess fa: culdade distntiva e quase limita, afonte de todos os miles do hhomem, que sea ela que, fzendo com que staves de scalos dest brochem suas lazes eros, seus Vsis etude, o Yorna como tem Po 0 tirano de s mesmo e da natueza” (op. ei:243) Marca de time humanidade una, mas dversa em seus eatinos, a perlet- bitidade humana” anunciava para Roussea os “vieios” da civina io, a origem da desigualdade ene os homens. Hordeira de uma tradi¢io humanist, arefledo sobre a diversi ade stoma, porta cel quand, nso, pads Teas polos da Revlugio Francesa e dos cnxnameatos da Tus: menses alo etublco sas ie lst pra See ee eee Esa uniwrlial ge ptaancesnenlda comm om tudes Jmpasto pela nauuvza, A¥igualdade de prine(pis et Insc Cons siglo das nagoes modernas, deleganidd-se as ‘‘diferengas? umes pico." 32 (Dumont, 1966:322)..Afinal, os homens con gush, pease ams defuecoms goatee | Em Rouen pot ccnp com ogo do “tom scape cain ecard dvouamae pre © homem seo tnsformara incom models og eq ota de ae at edn un tocpelin pan «noc a propa sso o cena um instumeutoedequade pars penn prop “etad i cag Pecgunto quel ds das —a vida civ ou a nataral — 6 mals suscetivel detornar-s insoportve. A nossa ola vemos quase somente pesos ‘ue se Iamentam de sue existénes, jmeras até que delat privam ‘ssi que podem... Prgunt se algum da se ouviu dizer que un se- ‘vagem em bead pesa em emer da vda e querer more. Que se julgue pois, com menos orgulho, de que fad esta verdadeira mi- stein (775/197825). A alteridade desses “novos homens" transformada em modelo \gico se contrapunha dexperiéncia ocidental. Como concluia Rous: seat sobre a origem da desigualdade entre os homens, “se hd uma ondade original da natureza humana: @ evolugao social eorrom- peu-a'” (op. cit-208), Estrangeizo em terras propria, abandonado em meio a um mundo que Ihe parece host, o famoso filésofo da ‘encontrava wm modelo ideal nesse “outro” 120 distante 16s, ocidentas”, ¢ 0 elegia como moralmente superior. [No entanto, a0 conformar esse quadro antitético, Rousseau de ‘erta forma se afastava da lustracao, j& que refletia sobre um pro- _tesso as avessas. Fm contraposigdo 8 ilosofia humanist, procura- ‘ana identificaeio, ou na “compaixao"4.a melhor manera para en tender esse homem que tanto se distingnia da experiencia ocidental. Mas, se a visio idlica de Rousseau foi no decorrer do século vit a mais feounda (Holanda, 1985:xx),* impossivel deisar de falar das vertentes mais negativas de interpretagio. Segundo Mello «Souza, as imagens que detratam o Novo Mundo se intnsificaram ebro a pn da santa mete do slo oa, simstreamen- ra eso aor enhanc coloiaylo dese 0- tea (o. eid) o momentocm qe se pss da re xe oct ini madade do igen "a da sos fo tle do comin e una consent cidade eeepc condemlospornatuezaaina de ata kama corrupt faa (Get, E23). aoe insert ewe tp deo mas nega vada América, mas dis merecem uma atengio maior: Buffan, com va ese da “infantilidade do-contingntg’”, ¢ De Pau, com 3 teoria da “degencracdo americana”. ‘{ partir de Buffon (1707-8), conhecido naturalist francés podensse nercberospriméedias de uma “encase do home a rarenda pela tensto cats ome imagem ngs Fone do bomam smerizanay, ea erecta postive Jo daar aprectad por Rousseau, Dufon pessoas, com SAE une mpuncom opm rosin, sido aaa ment amen Sob o sgn da crea, O De Su ee ovals oss mos de DE San ee Aa pUMTERGIO TE cps peehes de eps ede ea bbe careborara tae Oa esiaice inandade a pation 80) Anim, eps den uniade do gene ‘Jhumano permanecer como postulado, um agudo senso de hierarquia Am movida: Por meio da obra dese natura, na se odie lr cstttamente enocenricndrneaese teat cv realmente olrzao com aitodiio co de "denen liza pelo jure Coreaisn de Pau AE eared deqeneraes epee onside in enn oe ae Tamncatsem sua confomagto orgni, A part “Gesse momento, posém, o termo-deisa de se referr a forma, pasando a desereer “tum desvio patolozico do tipo om ‘ial”® Radicalizar mentos de Buffon, De Pauw actedi a um apenas imaeror” como En a mae ae eone de ogre, cla dete bade humana” (Geb, oF S40. E eos wn “Gnfiamericanismo claro transparecia quando de suas avaliagbes so- trea ures da Novo Mun, dl pr etarcorrmp fe re eta dapnenda (De Pa 1168 apd Ger 8)” Te Fonant, ns tet ntlectual do elo avy acres pen esse dua, Den ao, io ans eda da Re % ‘volusdo Frances, que naturalizava a gualdade humans; de outro, uma feiss ainda iid, swe ss difrencasbisics extents en ‘oshomens, A partir do séeulo xix, serd a s€sunda postura a mais ab sloenesecarelagSes rigs entre patrimOnio ge: tunis jnsinagSes moras. NATURALIZANDO AS DIFERENCAS © fina do séulo xv representa, dess forma, oprolongamen- to de um debate ainda nio resolvide. Prevaleci, porém, certo oi rismo préprio da tradi igulitiria que advinba da Revougso Francesa e que tendeu a consderar os divers grupos como *po- vos" "nagGes” ¢ ams como raas diferentes em sta origem com formagto (Stocking, 196828) ‘Com efito,otermo raga €introduzido na literature mais espe- ciaizada em inicos do séeulo xi, por Geonges Cuvier, nauue doa ida da existcia de herangas fisicaspermanentes entre 05 vi Fos grupos humanos (Stocking, 1968:29),* Esboravase um projeto smarcad pela difeensa de atitude entre 0 eronsta do século x¥1 © co naturalista do séeulo xrX,"a quem nfo cabia apenas narra, co- ‘mo clasifics,oxenar,orgsnizar tudo o que se enconta pelo cami- rho" (Sussekind, 19905). Detincias a partic de eno certarorientag intelectual, uma reagloao Ilvminisno em sua vist unitéria da humanidade. Tatava- sede fvestida contra pressupesosigualitrios das revoluges burgueses, cujo nove suport intelectual concenrava-se a iia de raga, qe em tat context cada vez mais eaproximava da nogdo de ove, O discursoracal sua, dessa maneira, como vriantedo debs: ‘tesobre acidadania, id quenointeriordessesnovos modelos discorria- Beals sobreas determinagies do grupo biolépicn doquesobreas- «uo entendido coma um resulta, uma witicaclo Bsse debate — que opunha 9 modelo iguaitirio da Thustragk fs doutrinas racials — faz parte, no entanto, de um problema mais remoto, sobre as rigens da humanidade. Mas, seo ema €em sian- v

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