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Revista
Artigo

Da possibilidade (ou não) da


extinção da cláusula de
inalienabilidade de bem imóvel
constituída através de doação ou
testamento
Sumário: 1. Introdução. 2. Conceito de Cláusula de Inalienabilidade. 3. Dos efeitos da
inalienabilidade. 4. Das hipóteses de constituição da Cláusula de Inalienabilidade. 5. Dos
problemas advindos da imposição da Cláusula de inalienabilidade. 6. Da possibilidade (ou
não) do afastamento da Cláusula de Inalienabilidade. 7. Considerações finais.

1. Introdução.

Prima facie, cumpre ressaltar que se trata de um tema que não é de interesse apenas para
os que militam na área jurídica, mas também daqueles que são afeitos ao mercado
imobiliário (corretores, agentes) e da população em geral.

Consoante se extrai do título, o presente texto tem como objetivo discorrer sobre a
possibilidade, ou não, do cancelamento da cláusula de inalienabilidade sem a necessidade
de sub-rogação, conforme determina o parágrafo único do art. 1911 do novel Código Civil.

Em palavras diferentes, é juridicamente possível o juiz desonerar um bem gravado com a


cláusula de inalienabilidade sem determinar que outro seja adquirido para substituí-lo
ficando gravado com o mesmo ônus?

Destaque-se, para logo, que não desconhece o autor do presente trabalho o quão
polêmica é a questão contida neste despretensioso artigo, tendo em vista que muitos são
os que entendem não ser possível, no ordenamento jurídico brasileiro, a autorização para
o cancelamento da cláusula de inalienabilidade aqui tratada [01].
Com o escopo de garantir o bom entendimento da matéria abordada, faz-se mister uma
ligeira abordagem de alguns institutos e conceitos jurídicos que darão suporte ao tema
proposto.

2. Do Conceito de Cláusula de Inalienabilidade.

A cláusula de inalienabilidade, como bem retrata a sua terminologia, tem o propósito de


vedar a alienação de determinado bem, sendo normalmente instituída para evitar que o
beneficiário disponha do bem de maneira indiscriminada, dilapidando o patrimônio em face
de prodigalidade, incompetência administrativa, inexperiência entre outros.

Textos relacionados
 A deserdação ante a ausência de afetividade na relação parental
 A análise sistemática da sucessão do cônjuge e do companheiro na perspectiva civil-
constitucional
 O conflito de normas envolvendo a colação
 O direito real de habitação e a união estável
 Cláusulas restritivas na sucessão legítima

Discorrendo sobre o tema, o ilustre civilista Sílvio de Salvo Venosa, com a


propriedade que lhe é peculiar, observa que: "os bens inalienáveis são indisponíveis. Não
podem ser alienados sob qualquer forma, nem a título gratuito nem a título oneroso " [02].

Partindo dessa premissa, podemos conceituar a cláusula de inalienabilidade como um


meio de vincular, absoluta ou relativamente, vitalícia ou temporariamente, os próprios bens
em relação a terceiro beneficiário, que não poderá dispor deles, gratuita ou onerosamente,
recebendo-os para usá-los e gozá-los.

Na verdade, ocorre com relativa freqüência na realização de doações ou de testamentos a


inserção da cláusula de inalienabilidade por imposição daquele que realiza a liberalidade,
ou seja, ou do doador, ou do testador.

Impende destacar, por necessário, que não há, no entanto um direito real. Na verdade, o
que ocorre é um cerceamento ao direito da propriedade, que perde o poder de dispor.

Vale registrar que essa cláusula, quando imposta à imóveis, deve ser averbada no registro
de imóveis, consoante preceituam os arts. 128 [03],167, II-11 [04] e 247 [05], todos da Lei
6.015/63 (Lei de Registros Públicos).

Conclui-se, portanto, que a inalienabilidade cria um ônus real sobre a coisa paralisando
temporariamente a possibilidade de transferência do bem a qual recai sobre o titular do
domínio.
3. Dos Efeitos da inalienabilidade.

Como se pode aferir do acima esposado, o efeito primordial da cláusula de inalienabilidade


é impedir a alienação do bem gravado a qualquer título: não pode vender, doar, permutar
ou dar em pagamento [06].

A inalienabilidade pode ser temporária ou vitalícia. Se temporária, o beneficiário da


liberalidade só poderá dispor do bem, após transcorrido o prazo determinado na cláusula.
Se vitalícia, o beneficiário do bem gravado não poderá, em regra, dispor do bem até a sua
morte.

Cumpre enfatizar, a respeito desse aspecto do tema, que o art. 1.911 do novel Código Civil
dispõe que a cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
sua impenhorabilidade [07] e incomunicabilidade [08].

Na verdade, tal entendimento mesmo antes de ser tratado expressamente no Código Civil
de 2002, já estava mais do que cristalizado em nossos tribunais, através da Súmula n.º 49
[09]
do Supremo Tribunal Federal.

4. Das hipóteses de constituição da Cláusula de Inalienabilidade.

A cláusula de inalienabilidade, em regra, só pode ser constituída através de doação [10] ou


testamento [11], sopesado o fato de que ninguém pode tornar inalienável, e por conseguinte
impenhorável, um bem de seu patrimônio, como já advertiu o professor Sílvio Rodrigues
[12]
.

Poder-se-ia perguntar, qual seria o objetivo do doador ou do testador ao instituir a cláusula


de inalienabilidade que viesse a gravar o imóvel.

A resposta é bastante previsível, qual seja: para garantir a segurança e futuro dos
donatários ou dos testamentários, como por exemplo no caso de o herdeiro ser um pródigo
(CC, art. 4, IV c/c CC 1782), ou de o mesmo ser acometido de uma incapacidade por
doença mental, o que tornaria provável, nessas hipóteses, que ele dilapidasse a herança.

Seguindo a linha de raciocínio acima exposta, ensina o eminente Sílvio de Salvo Venosa:

"A imposição de cláusula proibitiva de alienar pelo testador pode vir imbuída de excelentes
intenções: receava ele que o herdeiro viesse a dilapidar os bens, dificultando sua própria
subsistência ou de sua família; tentava evitar que o sucessor ficasse, por exemplo, privado de um
bem para moradia ou trabalho. Como geralmente a cláusula vem acompanhada da restrição da
incomunicabilidade, procurava o testador evitar que um casamento desastroso diminuísse o
patrimônio do herdeiro. São sem duvidas razões elevadas que, a priori, só viriam em benefício do
herdeiro [13]".

Impende observar, neste ponto, que se porventura, o herdeiro necessário vier a falecer, os
bens os bens clausulados por ele recebidos passarão aos seus sucessores livres e
desembaraçados [14].

5. Dos problemas advindos da imposição da Cláusula de inalienabilidade.

Não obstante as vantagens acima elencadas a propósito da cláusula de inalienabilidade, a


doutrina também vislumbrou várias objeções à mesma (insegurança no campo das
relações jurídicas pela intocabilidade do bem e restrição da finalidade natural de todo
patrimônio), senão vejamos:

"Contudo, não bastassem os entraves que o titular de um bem com essa cláusula tem que enfrentar,
como sua aposição podia ser imotivada pelo sistema de 1916, poderia o testador valer-se dela como
forma de dificultar a utilização da herança, quiçá como meio de vingança ou retaliação, uma vez que
não podia privar os herdeiros necessários a legítima (...) há inconveniência na inalienabilidade
porque impede a circulação de bens e obstrui, em síntese, a própria economia da sociedade; é um
[15]
elemento de insegurança nas relações jurídicas, tantas são as questões que se levantam" .

"A inalienabilidade está em oposição com uma lei fundamental da economia política, a que exige a
livre circulação dos bens, lei esta que interessa em mais alto grau a riqueza pública, e portanto, toda
condição que derroga esta lei é contrária ao interesse geral, e assim ilícita. A cláusula de não alienar
estipulada atende ao interesse privado; ora, o interesse dos indivíduos deve ser subordinado ao
interesse geral, sob pena de não haver mais vida comum possível. Mesmo que seja a
inalienabilidade temporária, e não vitalícia, o interesse geral não pode ser ofendido durante certo
tempo" [16].

Tais ríspidas críticas levantadas pela doutrina fizeram com que o legislador do novel
Código Civil de 2002 [17], restringisse o alcance e a possibilidade de imposição dessa
cláusula, consoante se pode perceber pela redação do art. 1.848:

"Art. 1848 - Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens
da legítima". (grifou-se).

Em outras palavras, o Código Bevilacqua, em seu art. 1.723, admitia a imposição dos
gravames independentemente de justificativa, ao passo que o novo Código, em seu art.
1.848, inovou a respeito da matéria, condicionando a imposição destes gravames à
existência de justa causa.
A propósito do mencionado dispositivo legal, assinalam Nelson Nery Junior e Rosa Maria
de Andrade Nery que:

"O CC estabelece a possibilidade de o bem da legítima ser gravado pelo testador com cláusula de
inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, excepcionalmente: apenas incide quando
existe justa causa. Em outras palavras, o que determina a validade da cláusula não é mais a
vontade indiscriminada do testador, mas a existência de justa causa para a restrição imposta
voluntariamente pelo testador. Pode ser considerada justa causa a prodigalidade, ou incapacidade
por doença mental, que diminuindo o discernimento do herdeiro, torna provável que esse dilapide a
herança" [18].

Nesse rumo de idéias, não sobejam dúvidas de que pelo sistema do Código Civil de 2002
será ineficaz a imposição pura e simples dessas cláusulas, sem sua motivação declarada
no testamento.

6. Da possibilidade (ou não) do afastamento da Cláusula de Inalienabilidade.

À vista das pertinentes considerações tecidas em linhas pretéritas, as quais são


necessárias para a melhor compreensão do presente tópico, passemos agora a discorrer
sobre o Punctum saliens do presente estudo, qual seja, dissecar se é juridicamente
possível a extinção da cláusula de inalienabilidade de um imóvel doado [19] ou testado com
tal gravame.

Para responder a esta pergunta passemos a analisar os dispositivos legais que tratam
sobre o tema:

"Art. 1.676 (antigo Código Civil). A cláusula de inalienabilidade temporária, ou vitalícia, imposta aos
bens pelos testadores ou doadores, não poderá, em caso algum, salvo os de expropriação por
necessidade ou utilidade pública, e de execução por dívidas provenientes de impostos relativos aos
respectivos imóveis, ser invalidada ou dispensada por atos judiciais de qualquer espécie, sob pena
de nulidade".

"Art. 1.911 (Código Civil de 2002). A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de
liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.

Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por


conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da
venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros".

Acaso se faça uma interpretação puramente gramatical dos dispositivos suso transcritos,
chegar-se-á a conclusão de não ser possível pleitear, diante do ordenamento jurídico
brasileiro, a autorização para o cancelamento da cláusula de inalienabilidade que, por
alguma razão (seja através de testamento ou de doação), grave o imóvel.
Ocorre porém, que as normas acima transcritas devem ser avaliadas com temperamento,
uma vez que a proibição de alienação do bem, em determinados casos, pode ser contrária
à finalidade para a qual foi criada.

Até porque, o próprio Clóvis Bevilaqua, invocando Francisco Morato, admitiu que tal
cláusula não pode ser encarada de forma absoluta, devendo antes ser consultado o
interesse maior do clausulado, de modo a não impedir a legítima disponibilidade do
patrimônio, pela prudente análise das circunstâncias demonstradas em juízo [20].

Consentâneo se faz colacionar ao presente estudo, o elastério do saudoso Clóvis


Bevilaqua sobre a excepcionalidade da cláusula de inalienabilidade, ao comentar o art.
1676 do antigo Código Civil:

"A inalienabilidade não pode ser perpetua. Há de ter uma duração limitada. O código Civil somente a
permite temporária ou vitalícia. Os vínculos perpétuos, ou cuja duração se estenda além da vida de
uma pessoa são condenados.

A inalienabilidade imobiliza os bens, impede a circulação normal das riquezas, é, portanto, anti-
economica, do ponto de vista social. Por considerações especiais, para defender a inexperiência
dos indivíduos, para assegurar o bem estar da família, para impedir a delapidação dos pródigos, o
direito consente em que seja, temporariamente, entravada a circulação de determinados bens.
Retirá-los em absoluto e para sempre, do comércio seria sacrificar a prosperidade de todos ao
interesse de alguns, empobrecer a sociedade, para assegurar o bem estar de um indivíduo, ou uma
série de indivíduos" [21].

Ademais, a exegese da lei não pode prescindir de uma análise socialmente justa e dos fins
para os quais a norma foi criada (art. 5º, LICC), sopesado o fato deste dispositivo, como
preceito de elevada importância, funcionar como instrumento para amenizar dispositivos
extremamente restritivos e cuja incidência, em determinados casos, pudessem permitir o
cometimento de injustiça para com a parte.

Daí por que é assente que o rigorismo imposto no art. 1676 do Código Civil de 1916 (atual
art. 1911) deve ser atenuado, de modo a que os direitos do proprietário - destacadamente
a livre disposição e adminis-tração de seus bens - restem também preservados, por meio
da observação das peculiaridades de cada caso concreto.

Assim, a vedação prevista pelo legislador deve ser mitigada pelo bom senso, de modo a
se permitir que o gravame seja transferido para outros bens (parágrafo único do art. 1911
do Código Civil de 2002 [22]) ou, até mesmo, em caráter excepcional, excluído, quando
evidente que tal medida seja a única a atender necessidade comprovada e premente do
donatário ou testamentário.

Nesse rumo de idéias, a indisponibilidade dos bens prevista no art. 1676 do Código Civil
de 1916 (art. 1911 do novel Código Civil) não pode ser vista hoje como uma proibição
absoluta, pois existe o interesse social e até público na circulação dos bens, tendo em
mira, inclusive, os preceitos constitucionais que asseguram o direito de propriedade e,
mais do que isso, de que a propriedade deve ter uma finalidade social (art. 5º inc. XXII e
XXIII, da nossa Carta Política de 1988).

À vista destas considerações, entendemos ser perfeitamente possível a retirada


(cancelamento) dos gravames de inalienabilidade, impenhorabilidade e
incomunicabilidade, sem a necessidade de sub-rogação, conforme determina o parágrafo
único do art. 1911 do novel Código Civil, visto que está-se diante de "indeterminação
do preceito", cabendo ao magistrado decidir no caso concreto, à luz dos princípios
de direito, ex vi art.1.911 do CC, art. 1109 do CPC, art. 5º, LICC, art. 5º inc. XXII e XXIII,
da da Constituição da República.

Até porque, como é de curial sabença não pode a autonomia da vontade privada
prevalecer ilimitadamente sobre o interesse social.

Lapidares, sob tais aspectos, os seguintes arestos abaixo transcritos, que sedimentam o
acima exposto:

"Imóvel. Cláusulas de inalienabilidade e incomunicabilidade instituídas pelo doador.


Pretensão de cancelamento dos gravames. Sentença que julgou o pedido improcedente.
Cláusulas instituídas há mais de sessenta anos. Apelante octagenária que é a única filha viva
de uma prole de oito. Modificação na legislação sobre o tema. Jurisprudência de nosso e de
outros Tribunais em favor da exoneração de gravame. Art. 557, §1º-A, do CPC. Recurso
conhecido e provido". (Apelação Cível nº 2007.001.64464, 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, Rel. Des. DES. WAGNER CINELLI - Julgamento: 17/03/2008). (grifou-se).

"CANCELAMENTO DE CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE, INCOMUNICABILIDADE E


IMPENHORABILIDADE DE BEM IMÓVEL RECEBIDO EM DOAÇÃO. O sentido da restrição é
resguardar interesse do beneficiário. No entanto, se a situação posta, à época da doação,
modificou, acarretando entraves à donatária, inclusive de ordem financeira, não se mostra
pertinente a manutenção do gravame, por estar gerando efeito diverso do pretendido pela
doadora. APELO PROVIDO". (Apelação Cível Nº 70011545373, Décima Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio dos Santos Caminha, Julgado em 08/11/2007).
(grifou-se).

"IMÓVEL – Cláusulas restritivas de impenhorabilidade e de incomunicabilidade –


Levantamento – Possibilidade – Disposições de última vontade feitas há mais de vinte anos –
Requerente que é o único proprietário –Jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça –
Cancelamento determinado – Recurso provido. (Apelação Cível – Processo: 484 577-4/8 da
Comarca de Santos – Primeira Câmara Cível do TJ/SP – Relator Dês. Sousa Lima – Julgamento em
06/03/07)". (grifou-se).

"IMPENHORABILIDADE. INCOMUNICABILIDADE. CANCELAMENTO.


POSSIBILIDADE.INDETERMINAÇÃO DO PRECEITO. CONCRETUDE. À luz dos princípios de
direito, as cláusulas de impenhorabilidade e incomunicabilidade podem ser canceladas, visto
que está-se diante de "indeterminação do preceito", cabendo ao magistrado decidir no caso
concreto, à luz dos princípios de direito, ex vi art.1.911 CC, art. 5º, LICC, arts. 5º e 196 da
Constituição da República". (Apelação Cível n° 1.0024.05.649843-9/001, Décima Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Dárcio Lopardi Mendes, DJ 23/06/2006).
(grifou-se).

"APELAÇÃO CÍVEL. REGISTRO DE IMÓVEIS. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE GRAVAME. Viável a


extinção da cláusula de inalienabilidade do imóvel doado, visto que de interesse único dos
donatários. Inaplicável o disposto no artigo. 1676 - CC/16 e 1.911, do NCC. A manutenção da
cláusula revela-se prejudicial aos requerentes e a própria sociedade. APELAÇÃO PROVIDA".
(Apelação Cível Nº 70009365214, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Rel. Des.
Luiz Roberto Imperatore de Assis Brasil, Julgado em 29/03/2005). (grifou-se).

"DÚVIDA - REGISTRO DE IMÓVEIS - ALIENAÇÃO - INTERESSE DOS DONATÁRIOS - VONTADE


DA DONATÁRIA SUPÉRSTITE E INVENTARIANTE DO ESPÓLIO - CANCELAMENTO DE
CLÁUSULA DE IMPENHORABILIDADE - POSSIBILIDADE - PROTEÇÃO - SEGURANÇA
ECONÔMICA E FINANCEIRA - LESÃO AO ENTE FAMILIAR - IMPOSSIBILIDADE. Manifestado o
interesse dos donatários em alienar imóvel a eles doado por pessoa já falecida, a vontade da
doadora supérstite e Inventariante do Espólio é suficiente, para que proceda o Oficial do Registro de
Imóveis ao cancelamento da cláusula de impenhorabilidade, considerando-se que tal proteção
de natureza civil tem o objetivo de possibilitar segurança econômica e financeira, não
podendo daí resultar lesão ao próprio ente familiar". (Apelação Cível n° 1.0024.03.925480-
0/001, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Dorival Guimarães
Pereira, DJ 14/05/2004). (grifou-se).

"DECLARATÓRIA - CLÁUSULAS DE INALIENABILIDADE, IMPENHORABILIDADE E


INCOMUNICABILIDADE - POSSIBILIDADE DE CANCELAMENTO. É perfeitamente possível a
retirada dos gravames de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade em
atenção ao princípio da função social da propriedade, não mais se justificando a perpetuação
da vontade do titular do patrimônio para além de sua vida quando impede a plena fruição
desta". (Apelação Cível n° 433.261-2, Quarta Câmara Civil, Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
Rel. Des. Domingos Coelho, DJ 29/05/2004). (grifou-se).

"REGISTRO IMOBILIÁRIO - CLÁUSULAS DE INALIENABILIDADE - INCOMUNICABILIDADE E


IMPENHORABILIDADE - DESAPARECIMENTO DE SUA RAZÃO DE SER - CUMPRIMENTO DAS
CONDIÇÕES NELA IMPOSTAS - CANCELAMENTO DO GRAVAME - VIABILIDADE - Se as
condições impostas ao imóvel pelas cláusulas gravosas destinavam-se a assegurar a
manutenção e educação dos filhos da herdeira desse imóvel, enquanto necessário fosse, e
se essas condições já se cumpriram, pois seus filhos (dela, herdeira) encaminharam-se na
vida e são hoje completamente independentes, infere-se que desapareceu a razão de ser
dessas cláusulas. Nada impede, pois, sejam canceladas do respectivo registro imobiliário".
(Apelação Cível n° 1.0024.03.925485-9/001, Quarta Câmara Civil, Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, Rel. Des. Hyparco Immesi, DJ 02/03/2004). (grifou-se).
"JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA - IMÓVEL - CLÁUSULAS RESTRITIVAS - MAIORIDADE DO
DONATÁRIO - MITIGAÇÃO DOS DITAMES PREVISTOS NO ART. 1911 DO NOVO CÓDIGO CIVIL
DE 2002. - As restrições e determinações constantes do art. 1676 do nosso antigo Código
Civil de 1916 devem ser mitigadas para serem adequadas à realidade atual em que vivem os
beneficiários, devendo-se avaliar o caso concreto para fixar a aplicação ou não das diretrizes
estampadas no retro mencionado artigo, mormente diante da nova e moderna construção
pretoriana acerca do tema, que se efetivou através da redação do art. 1911 do atual Código
Civil de 2002". (Apelação Cível n° 2.0000.00.507.969-2/000, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal
de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Valdez Leite Machado, DJ 08/12/2005). (grifou-se).

"Testamento - Cláusula de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade - Invalidação -


Possibilidade - Tendo decorrido mais de vinte e cinco anos da abertura do testamento, e
cessados todos os motivos da instituição da cláusula, pode a restrição ser abrandada, não só
pelo contexto factual em que se encontra inserida, mas também em virtude da aplicação dos
vários princípios que o sistema normativo encerra, os quais se amoldam ao caso - Recurso
provido - Decisão reformada". (Apelação Cível n° 000.214.085-3/00, Quarta Câmara Civil, Tribunal
de Justiça de Minas Gerais, Rel. Des. Bady Curi, DJ 04/04/2002). (grifou-se).

"DIREITO CIVIL. ART. 1.676 DO CODIGO CIVIL. CLAUSULA DE INALIENABILIDADE. PROMESSA


DE COMPRA E VENDA. VALIDADE, PELAS PECULIARIDADES DA ESPECIE.

A regra restritiva a propriedade encartada no art. 1.676 do Código Civil deve ser interpretada com
temperamento, pois a sua finalidade foi a de preservar o patrimônio a que se dirige, para
assegurar a entidade familiar, sobretudo aos posteros, uma base econômica e financeira
segura e duradoura.

Todavia, não pode ser tão austeramente aplicada a ponto de se prestar a ser fator de
lesividade de legítimos interesses, sobretudo quando o seu abrandamento decorre de real
conveniência ou manifesta vantagem para quem ela visa proteger associado ao intuito de
resguardar outros princípios que o sistema da legislação civil encerra, como se da no caso
em exame, pelas peculiaridades que lhe cercam.

RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.

(REsp 10020/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 09.09.1996,
DJ 14.10.1996 p. 39009). (grifou-se).

"CIVIL. PEDIDO DE ALVARÁ PARA DESCONSTITUIÇÃO PARCIAL DE CLÁUSULA DE


IMPENHORABILIDADE. IMÓVEL RURAL. SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO PARA
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADE AGROPECUÁRIA. CÉDULA RURAL HIPOTECÁRIA.
CÓDIGO CIVIL ANTERIOR, ART. 1.676. EXEGESE. SÚMULA N. 7-STJ.

I. A orientação jurisprudencial adotada pelo STJ é no sentido de se atenuar a aplicação do art.


1.676 do Código Civil anterior, quando verificado que a desconstituição da cláusula de
impenhorabilidade instituída pelo testador se faz imprescindível para proporcionar o melhor
aproveitamento do patrimônio deixado e o bem-estar do herdeiro, o que se harmoniza com a
intenção real do primeiro, de proteger os interesses do beneficiário.

II. Caso que se amolda aos pressupostos acima, porquanto a pretensão de liberar da cláusula
restritiva se destina a obter financiamento através de cédula rural hipotecária que grava apenas 20%
da gleba e está vinculada ao desenvolvimento de atividade agropecuária.

III. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial" (Súmula n. 7-STJ).

IV. Recurso especial não conhecido".

(REsp 303424/GO, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em
02.09.2004, DJ 13.12.2004 p. 363). (grifou-se).

Deve-se ainda ser levando em consideração que a ação autônoma que objetiva a extinção
da cláusula de inalienabilidade é de jurisdição voluntária, motivo pelo qual se aplica à
mesma o art. 1.109 do Código de Processo Civil [23], o qual faculta ao magistrado adotar
em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna, não lhe sendo
obrigado observar critério de legalidade estrita.

Adentrando no entendimento jurisprudencial nesse vetor, traz-se à baila recente


entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

"APELAÇÃO CÍVEL. SUCESSÕES. ALVARÁ. Em procedimento de jurisdição voluntária o Juiz


não está obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso
concreto a solução que reputar mais conveniente e oportuna, art. 1.109 do CPC. RECURSO
PROVIDO". (Apelação Cível Nº 70013025739, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Alfredo Guilherme Englert, Julgado em 23/02/2006). (grifou-se).

Cumpre por fim ressaltar, consoante já esposado alhures, que não é difícil encontrar
jurisprudência contrária à possibilidade de cancelamento da cláusula de inalienabilidade,
somente se admitindo o deslocamento de tal gravame para outro bem [24].

7. Considerações finais.

Através do presente trabalho, quedou-se demonstrado que a propriedade plena possui


quatro faculdades, quais sejam: uso, gozo, disposição e reivindicação. Ao ser gravada com
cláusula de inalienabilidade a propriedade se torna limitada, vez que a faculdade de
alienação é tolhida, ensejando ocorrer uma situação excepcional.

Entendemos que o artigo 1.676 do Código Civil/1916 (atual art. 1911) preceitua uma
imposição que deve ser aplicada segundo as particularidades de cada caso, sob pena de
um rigor excessivo e injustificável, tornando-se a letra fria da lei uma medida a atentar
contra os interesses da própria sociedade, pois existe o interesse social e até público na
circulação dos bens, tendo em mira, inclusive, os preceitos constitucionais que asseguram
o direito de propriedade e, mais do que isso, de que a propriedade deve ter uma finalidade
social (art. 5º inc. XXII e XXIII, da nossa Carta Política de 1988).

Não obstante conhecermos orientação jurisprudêncial contrária, entendemos ser


perfeitamente possível a retirada (cancelamento) dos gravames de inalienabilidade,
impenhorabilidade e incomunicabilidade, sem a necessidade de sub-rogação, conforme
determina o parágrafo único do art. 1911 do novel Código Civil, visto que está-se diante
de "indeterminação do preceito", cabendo ao magistrado decidir no caso concreto, à
luz dos princípios de direito, ex vi art.1.911 do CC, art. 1109 do CPC, art. 5º, LICC, art.
5º inc. XXII e XXIII, da da Constituição da República.

Bibliografia.

ALVES, Joaquim Augusto Ferreira. Manual do Código Civil Brasileiro, vol XIX.

BEVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil – v. VI., 10.ed. Rio de
Janeiro: Paulo de Azevedo, 1958.

NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código Civil Comentado, 4 ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

NERY, Rosa Maria Andrade. Código de Processo Civil Comentado e Legislação


Extravagante, 9 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

Notas.

"CIVIL. PROCESSO CIVIL. DOAÇÃO COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE.


MORTE DOS DOARES. PRETENSÃO DE EXTINÇÃO DAS RESTRIÇÕES. CARÊNCIA
DE AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.

01.É facultado ao doador gravar os bens doados com cláusula de inalienabilidade


temporária ou vitalícia, na forma do caput do artigo 1.911, do Código Civil, sendo
vedado ao Poder Judiciário, salvo em casos especialíssimos, invalidar a cláusula
que instituiu o gravame;

02.Embora seja admissível se temperar os rigores das disposições do artigo 1.911,


do Código Civil, de modo a se afastar a cláusula de inalienabilidade em casos
excepcionais, para evitar prejuízos irreparáveis aos donatários, é necessário que as
justificativas sejam sérias, bastantes e suficientes para convencer o julgador, o que
não ocorre no caso em espécie.

03.Encontrando a pretensão deduzida em juízo óbice no Código Civil é caso de


impossibilidade jurídica do pedido
04.Recurso conhecido e desprovido, sentença mantida". (20070110491348APC,
Relator JOÃO BATISTA TEIXEIRA, 3ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, julgado em 18/06/2008, DJ 02/07/2008 p. 92). (grifou-se).

2. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil:Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas,
2003, p. 208.

3. Art. 128. À margem dos respectivos registros, serão averbadas quaisquer


ocorrências que os alterem, quer em relação às obrigações, quer em atinência às
pessoas que nos atos figurarem, inclusive quanto à prorrogação dos prazos.

4. Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos.

(...)

II - a averbação:

(...)

11) das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade


impostas a imóveis, bem como da constituição de fideicomisso;

5. Art. 247 - Averbar-se-á, também, na matrícula, a declaração de indisponibilidade


de bens, na forma prevista na Lei.

6. VENOSA, Silvio de Salvo. Op. Cit, p. 210.

7. Consoante dispõe o art. 1676 do Código Civil de 1916 a cláusula de


inalienabilidade não impede a expropriação por necessidade ou utilidade pública,
nem a execução por dívidas provenientes de impostos relativos ao respectivo
imóvel. Diverso não é o entendimento dos tribunais sobre o tema, senão vejamos:
"CIVIL. CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE. DESPESAS CONDOMINIAIS. O imóvel,
ainda que gravado com a cláusula de inalienabilidade, está sujeito à penhora na
execução de crédito resultante da falta de pagamento de quotas condominiais.
Recurso especial não conhecido. (REsp 209.046/RJ, Rel. Ministro ARI PARGENDLER,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08.11.2002, DJ 16.12.2002 p. 311) e EXECUCAO
FISCAL. PENHORA SOBRE BENS ALIENADOS FIDUCIARIAMENTE. CREDITO DA
FAZENDA PUBLICA. Responde pelo pagamento da divida ativa da fazenda publica a
totalidade dos bens e rendas de qualquer origem ou natureza do sujeito passivo,
inclusive os gravados por ônus real ou clausula de inalienabilidade, no termos do
art. 30, da lei 6.830/80. Assim, os bens alienados fiduciariamente podem ser
penhorados para garantia da execução fiscal. Alem disto, compete ao credor invocar
a impenhorabilidade visto que a garantia foi estabelecida a seu favor. AGRAVO
DESPROVIDO". (Agravo de Instrumento Nº 70004831632, Vigésima Primeira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio Heinz, Julgado em
30/10/2002).(grifou-se).

8. Pela cláusula de incomunicabilidade, os bens assim gravados não se comunicam


ao cônjuge herdeiro, não importando qual seja o regime do casamento.

9. Súmula 49 do STF: A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos


bens.

10. Imperioso se faz ressaltar, por necessário, que a problemática da exclusão da


cláusula de inalienabilidade imposta na doação se dá apenas quando o doador vem
a falecer, não havendo como o donatário suprimir o gravame.

11. No caso do bem de família a impenhorabilidade, que é uma das formas ou


espécies de inalienabilidade, é estabelecida em benefício da família, e não do
instituidor.

12. RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: v.7 - Direito das sucessões, São Paulo: Saraiva,
1979, p. 139.

13. VENOSA, Silvio de Salvo. Op. Cit, p. 207.

14. "EMBARGOS À EXECUÇÃO - TÍTULO DE CRÉDITO - PRESCRIÇÃO -


INEXISTÊNCIA - IMÓVEL - CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE E
IMPENHORABILIDADE - MORTE DA EXECUTADA - EXTINÇÃO DO ÔNUS. - Não há
falar em prescrição, quando proposta a ação e ocorrida a citação válida dentro do
prazo legal, pois conforme disposição legal, feita a citação esta interrompe o prazo
prescricional. Inteligência do art. 219 do CPC. - Com efeito, não subsisti o vínculo
em função da superveniência da morte da executada, transferindo-se o bem, livre e
desembaraçado aos herdeiros daquela, podendo assim a penhora sobre ele recair".
(Apelação Cível nº 483.095-3, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça de
Minas Gerais, Rel. Des. Domingos Coelho, DJ: 21/05/2005). (grifou-se). Nesse mesmo
sentido: "DIREITO CIVIL-TESTAMENTO PÚBLICO-BEM GRAVADO COM CLÁUSULA
DE INALIENABILIDADE INCOMUNICABILIDADE-CESSÃO DE DIREITOS
HEREDITÁRIOS-CARACTERIZAÇÃO-LEGALIDADE. I. Havendo disposição
testamentária com cláusula de inalienabilidade», ocorrendo a morte do beneficiado
extingui-se a clausulação. II. Não existindo, nenhum óbice, eficaz a Cessão de
Direitos Hereditários. À unanimidade de votos, dar provimento ao recurso de
apelação, reformando na integra a sentença monocrática. (Apelação Cível nº 150933-
1, 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Rel. Des. Leopoldo de
Arruda Raposo, julgado em 10/10/2007, DJ 23/11/2007). (grifou-se).

15. VENOSA, Silvio de Salvo. Op. Cit, p. 207.


16. ALVES, Joaquim Augusto Ferreira. Manual do Código Civil Brasileiro, vol XIX, p.
190.

17. O Código Civil de 1916 permitia a imposição imotivada da Cláusula de


Inalienabilidade.

18. NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código Civil Comentado, 4
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, pp.995-996.

19. É importante registrar que a problemática da exclusão da cláusula de


inalienabilidade imposta na doação se dá apenas quando o doador vem a falecer,
não havendo como o donatário suprimir o gravame.

20. BEVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil – v. VI., 10.ed.
Rio de Janeiro: Paulo de Azevedo, 1958, p. 105.

21. BEVILAQUA, Clovis. Op Cit, p. 105.

22. Esta possibilidade de sub-rogação de gravame já era prevista art. 1° do Decreto-


Lei nº 6.777/44: Art. 1º Na sub-rogação de imóveis gravados ou inalienáveis, estes
serão sempre substituídos por outros imóveis ou apólices da Dívida Pública.

23. Consoante o abalizado escólio de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade
Nery "Somente nos casos expressos em lei pode o juiz decidir por equidade (CPC
127). Em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, há autorização para o juiz
assim proceder (CPC 1109). A lei processual concede ao juiz a oportunidade de
aplicação dos princípios da equidade ao arrepio da legalidade estrita, podendo
decidir escorado na conveniência e oportunidade, critérios próprios do poder
discricionário, portanto inquisitorial, bem como de acordo com o bem comum. NERY
JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código de Processo Civil Comentado e
Legislação Extravagante, 9 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p.1061.

24. "AUTORIZAÇÃO JUDICIAL - BEM IMÓVEL - EXCLUSÃO DA CLÁUSULA DE


INALIENABILIDADE - TRANSMISSÃO NÃO ONEROSA - IMPOSSIBILIDADE - O
ordenamento jurídico não salvaguarda a pretensão do proprietário de exclusão da
cláusula de inalienabilidade incidente sobre o imóvel que lhe fora transmitido de
forma não onerosa, excetuando-se a situação de substituição do bem gravado".
(Apelação Cível n° 465.017-1, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça de
Minas Gerais, Rel. Des. Sebastiao Pereira de Souza, DJ 03/06/2005). (grifou-se).

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