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O que ninguém sabe é correndo atrás de quê'
Notícias Saúde e Ciência
Zigmunt Bauman: 'Estamos constantemente Comentários Encerrados
correndo atrás. O que ninguém sabe é Os comentários são de responsabilidade exclusiva de
correndo atrás de quê' seus autores e não representam a opinião deste site. Se
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Publicidade Karla Monteiro
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Essas palavras deveriam ter maior
RIO Professor emérito das universidades de Leeds e de Varsóvia, 83 espaço e acesso em redes sociais
anos, autor de bestsellers como "O malestar da pósmodernidade", porque é o retrato mais fiel da nossa
"Modernidade líquida" e "Amor líquido", o sociólogo polonês Zigmunt sociedade. Todos nós sentimos esse
Bauman é um ferrenho analista das consequências sociais do que
vazio diariamente e não sabemos
conhecemos como progresso. Nesta entrevista por email, ele
como lidar com...
discorreu sobre a correria do nosso tempo com o seu jeito claro,
DENUNCIAR
objetivo e muito particular. Dede, há 3 anos
2 0
O GLOBO: O que mudou na nossa percepção do tempo com o
avanço das tecnologias de comunicação? Por que andamos com
tanta pressa? Publicidade
ZIGMUNT BAUMAN: Na sociedade contemporânea, somos treinados
desde a infância a viver com pressa. O mundo, como somos induzidos As mais lidas
a acreditar, tornouse um contêiner sem fundo de coisas a serem
consumidas e aproveitadas. A arte de viver consiste em esticar o 1 Metade das mulheres
tempo além do limite para encaixar a maior quantidade possível de mantém um homem na
sensações excitantes no nosso diaadia. Essas sensações vêm e reserva caso a relação atual
acabe
vão. E desaparecem tão rapidamente quanto emergem, seguidas
sempre de novas sensações a se perseguir. A pressa e o vazio é
2 Chegou a hora de tirar os
fruto disso, das oportunidades que não podemos perder. Elas são
planos do papel e tornálos
infinitas se acreditamos nelas. realidade; saiba como
O GLOBO: Como chegamos a esse ponto de estresse e, talvez,
3 Tonturas podem ser sinal de
cegueira?
alerta para doenças graves
ZIGMUNT BAUMAN: Cegueira? Depende de como você olha para o
comportamento atual. Muitas pessoas, especialmente os jovens que
4 Federação de
nunca viram outras formas de viver, diriam que eles mantêm os olhos
ginecologistas recomenda
e os ouvidos muito abertos, e estão muito mais alertas e vigilantes do contraceptivos de longa
que os mais velhos, que viveram épocas menos frenéticas. Eles duração em vez de pílula
diriam mais: que estando tão alertas, e rapidamente pegando no ar as para as adolescentes
possibilidades, eles são os sábios, os que sabem viver a sua época.
Esse ritmo é o ritmo do tempo que habitam, um tempo que abortou o 5 Ministério da Saúde anuncia
que eu chamaria de tempo livre, o tempo não preenchido com o ampliação de públicoalvo
para seis vacinas
consumo de imagens, sons, gostos e sensações táteis. Somos
dependentes dos estímulos externos: as mensagens que chegam no
celular, o iPod, as conversas pela internet. A alternativa para o tempo Veja as mais enviadas
não preenchido com esses estímulos não é mais vista como tempo de
reflexão, de autoquestionamento, de conversa consigo mesmo, mas
de tédio. Nós somos seres que se escoram no que vem de fora. Publicidade
Perdemos a capacidade de nos autoestimular. Estar sozinho a
liberdade de gastar o tempo com nossos próprios pensamentos,
per$e sonhada por nossos ancestrais é identificado hoje com Primeira página
solidão, com abandono, com a sensação de não pertencer. No
EXTRA DIGITAL R$ 2,00/mês por 6 meses
MySpace, no Facebook ou no Twitter, o ser humano enfim conseguiu
abolir a solidão, o olho no olho consigo mesmo.
CARNAVAL
http://extra.globo.com/noticias/saudeeciencia/zigmuntbaumanestamosconstantementecorrendoatrasqueninguemsabecorrendoatrasdeque273… 1/4
05/03/2017 Zigmunt Bauman: 'Estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de quê'
O GLOBO: O que o senhor apontaria como o epicentro da aceleração Monobloco arrasta milhares
Busque no Extra
de foliões no Centro do Rio
que tornou o mundo tão rápido e tão raso ao mesmo tempo?
O GLOBO: Quando visitamos lugares como o Tibete temos a CARNAVAL
impressão de que eles vivem outro tempo, que têm um relógio Nenhum órgão público
fiscaliza condições de
diferente do nosso. Quem está mais próximo do tempo real, os
carros antes da Sapucaí
tibetanos ou os novaiorquinos, por exemplo?
CARNAVAL
ZIGMUNT BAUMAN:O tempo jorra em todos os lugares. E nós
Diretor geral da BeijaFlor,
envelhecemos no Tibete ou em Nova York. Mas a experiência da Laíla vai tirar férias da
passagem do tempo nós organizamos de maneira diferente, escola
dependendo da sociedade em que estamos inseridos. Na maior parte
da história da Humanidade, tínhamos basicamente duas formas de TV E LAZER
organização: o tempo cíclico, que se repete dia após dia, ano após Giovanna Ewbank atrai
ASSINE ano, vivido pelas sociedades agrárias, como o Tibete. E o tempo
linear, que marcha, move em direção ao futuro, dominante nas
milhões na web ao abordar
tabus sem pudor
sociedades industriais e que expressa essa ideia de modernidade,
progresso. O que estamos percebendo em Nova York ou no Rio é
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uma terceira e relativamente nova organização do tempo, que ganha
terreno no que eu chamo de modernidade líquida: uma forma de
vivenciar a passagem do tempo que não é nem cíclica e nem linear,
um tempo sem seta, sem direção, dissipado numa infinidade de
momentos, cada um deles episódico, fechado e curto, apenas
frouxamente conectado com o momento anterior ou o seguinte, numa
sucessão caótica. As oportunidades são imprevisíveis e incontroláveis.
Então a vigilância sem trégua parece imprescindível. Esse tempo da
modernidade líquida gera ansiedade e a sensação de ter perdido
algo. Não importa o quanto tentamos, nunca estaremos em dia com o
que aparentemente nos é oferecido. Vivemos um tempo em que
estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é
correndo atrás de quê.
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Chernobyl: ucraniana Pensadores do mundo
faz relato das 'cidades todo falam da
mortas' pelo... importância de correr
menos...
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05/03/2017 Zigmunt Bauman: 'Estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de quê'
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