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Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Geologia de Engenharia II – ENG5102

ÁREA 2 – Investigações Geológicas

Autor: André Zíngano

Revisão: Rodrigo Peroni (2006/2)

Área 2 - Investigações geológicas


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Geologia de Engenharia II – ENG5102

Índice

1. Investigações geológicas na engenharia ____________________________________________4


1.1. Métodos de investigações geológicas___________________________________________4
1.2. Métodos diretos ___________________________________________________________4
1.3. Métodos indiretos ou geofísicos_______________________________________________4
1.4. Invetigações geológicas de superfície __________________________________________5
1.4.1. Objetivo_______________________________________________________________5
1.4.2. Determinações em cada afloramento ________________________________________5
1.5. Levantamento geológico de campo ____________________________________________5
1.5.3. Aparelhagem utilizada____________________________________________________5
1.5.4. Inclinação das camadas interceptadas pelos taludes de erosão na previsão da constituição
do subsolo __________________________________________________________________6
1.6. Aerofotogeologia___________________________________________________________6
1.6.5. Tipos de fotos aéreas _____________________________________________________7
1.6.6. Fotos aéreas verticais ___________________________ Error! Bookmark not defined.
1.6.6.1. Planimetria ________________________________ Error! Bookmark not defined.
1.6.6.2. Altimetria _________________________________________________________10
1.6.7. Efeito estereoscópico____________________________________________________11
1.6.8. Levantamento aerofotográfico ____________________________________________12
1.6.8.1. Mosaicos ou mapas fotográficos _______________________________________12
1.6.9. Elementos de análise na interpretação geológica das fotos_______________________12
1.6.9.1. Formas de relevo ___________________________________________________12
1.6.9.2. Sistemas de drenagem _______________________________________________13
1.6.9.3. Formas dos canais de erosão __________________________________________14
1.6.9.4. Sistemas de canais de erosão __________________________________________15
1.6.9.5. Vegetação _________________________________________________________15
1.6.9.6. Tonalidades de cor __________________________________________________15
1.6.10. Importância dos estudos geológicos de campo localizados na aerofotogeologia _____15
2. Objetivos do programa de investigação geotécnica___________________________________16
2.1. Escolha do método e amplitude da prospecção _________________________________16
2.2. Sondagens de percursão com circulação d’água ou SPT _________________________16
2.2.1. Processo______________________________________________________________16
2.2.2. Operação de perfuração__________________________________________________17
2.2.3. Operação de amostragem ________________________________________________17
2.2.4. Correlação entre o número de golpes e a resistência ao cisalhamento dos solos (usadas
para dimensionamento de sapatas) ______________________________________________17
2.2.5. Determinação do nível do lençol freático ____________________________________17
2.2.6. Número, locação e profundidade dos furos de sondagem________________________19
2.2.7. • Vantagens da sondagem SPT ____________________________________________19
2.3. Sondagem mecânica rotativa________________________________________________20
2.3.8. Processo de execução e equipamento _______________________________________20
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2.3.9. Correlação da recuperação com a qualidade da rocha __________________________22


2.4. Dúvidas na interpretação dos dados de sondagem ______________________________22
2.5. Método geofísico por refração sísmica ________________________________________23
2.5.10. Princípio do método ___________________________________________________23
2.5.11. Percurso dos raios sísmicos______________________________________________23
2.5.12. Determinação das velocidades de propagação das ondas elásticas em cada camada e a
profundidade de cada camada de subsolo _________________________________________25
2.6. Método geofísico por resistividade elétrica ____________________________________28
2.6.13. Princípio do método de sondagem elétrica vertical ___________________________28
2.6.14. Descrição do método e aparelhagem empregada _____________________________28
2.7. Metodologia empregada na prospecção do subsolo de grandes áreas_______________30
2.7.14.1. Primeira fase : sondagens preliminares (sp)______________________________30
2.7.14.2. Segunda fase : geofísica _____________________________________________30
2.7.14.3. terceira fase : sondagens complementares (sc) ___________________________30

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1. INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICAS NA ENGENHARIA

1.1. Métodos de investigações geológicas


Métodos diretos: permitem a observação direta do subsolo ou através de amostras coletadas ao
longo de uma perfuração ou a medição direta de propriedades in situ. Ex. escavações, sondagens e ensaios
de campo;

Métodos indiretos: as propriedades geotécnicas dos solos são estimadas indiretamente pela
observação a distância ou pela medida de outras grandezas do solo métodos tais como, sensoriamento
remoto e ensaios geofísicos.

1.2. Métodos diretos


• Sondagens a trado (manual ou mecânica); NBR 9603/88
• Sondagem de percussão manual com circulação d’água ou SPT (Standard Penetration Test ); NBR
6484/97
• Sondagem de penetração Estática;
• Sondagem rotativa mecânica;
• Poços e galerias.

1.3. Métodos indiretos ou geofísicos


– Sensoriamento Remoto - Fotos aéreas e imagens orbitais

Técnicas de fotointerpretação:

• tonalidade e textura das imagens - tipos litológicos e solos;

• formas de relevo - tipos litológicos, características estruturais,susceptibilidade a erosão e


escorregamentos, etc...;

• rede de drenagem - condicionantes estruturais e propriedades das formações geológicas;

• tipo de vegetação - unidades de solos e estruturas geológicas.

– Métodos geofísicos

Permitem determinar a distribuição em profundidade de parâmetros físicos dos terrenos: velocidade


de propagação de ondas acústicas, resistividade elétrica, contrastes de densidade e campo magnético da
Terra → guardam estreitas relações com algumas características geológico-geotécnicas do subsolo.

Principais métodos geofísicos:

• Métodos geoelétricos

– eletrorresistividade (sondagem elétrica vertical e caminhamento elétrico);

– polarização induzida;

– potencial espontâneo;

– eletromagnéticos (EM - domínio do tempo, VLF - very low

frequency, GPR - Ground Penetration Radar ou georadar)

• Métodos sísmicos

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– refração;

– reflexão;

– crosshole e tomografia;

– perfilagem sísmica contínua, sonografia e ecobatimetria → para áreas submersas.

• Métodos potenciais

– magnetometria;

– gravimetria

1.4. Invetigações geológicas de superfície

1.4.1. OBJETIVO
Mapeamento de cada tipo de rocha ou de solos que afloram no local ou na região das obras.

1.4.2. DETERMINAÇÕES EM CADA AFLORAMENTO


• Tipos de rocha e de solo que afloram
• Limites de cada afloramento
• Estrutura, textura e composição mineralógica das rochas e solos que afloram
• Inclinação e espessura das camadas de rochas e solos que afloram

1.5. Levantamento geológico de campo

1.5.1. APARELHAGEM UTILIZADA

Trena, martelo de geólogo, pá, picareta, sacos de amostras, bússola de geólogo e lupa.

A bússola de geólogo, colocada na horizontal, mede o ângulo da direção do afloramento de uma


formação geológica com o norte. Quando colocada na vertical e assentada através de uma base no plano
de uma camada de rocha que aflora, a bússola de geólogo permite determinar o ângulo de inclinação
daquela camada, uma vez que sua agulha tende a ficar na horizontal.

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Prolongando o plano da camada que aflora, segundo um ângulo de mergulho determinado pela
bússola, pode-se prever a profundidade das fundações de um prédio a ser construído a uma certa distância
do afloramento.

1.5.2. INCLINAÇÃO DAS CAMADAS INTERCEPTADAS PELOS TALUDES DE EROSÃO NA PREVISÃO DA


CONSTITUIÇÃO DO SUBSOLO

Os taludes de erosão dos canais de erosão (ravinas) e dos vales interceptam as camadas
constituintes do subsolo. As camadas de maior resistência mecânica em geral são, também, mais
resistentes à erosão e, portanto, se sobressaem no talude em relação as de menor resistência a erosão,
permitindo determinar sua inclinação. Pequenas escavações no talude de erosão expõem as camadas que
não se sobressaem e possibilitam também determinar a inclinação delas.

A inclinação de uma camada resistente e espessa interceptada pelos taludes de erosão possibilita
prever, com boa aproximação, a profundidade das fundações de uma obra construída num platô,
individualizado por canais e/ou vales erosionais.

Ravina Ravina

O conhecimento do subsolo, através de levantamento de campo geológico rápido nos taludes de


erosão, é importante na aquisição de terreno que proporcione o menor custo das fundações para a obra que
se pretende construir.

1.6. Aerofotogeologia
São os estudos geológicos do terreno, realizados através de fotos aéreas, com a finalidade de
determinar a constituição do subsolo. Assim, leva-se o campo para o escritório.

A fotogrametria é a ciência ou a arte da obtenção de medições fidedignas por meio da fotografia.Esta


definição pode ser perfeitamente ampliada com a inclusão de interpretação de fotografias, como uma
função de importância quase igual, vez que a capacidade de reconhecer e identificar uma imagem
fotográfica é, com freqüência, tão importante quanto a capacidade de deduzir a sua posição a partir de
fotografias. É que a fotogrametria passa a atender a uma extensa série de técnicos ou especialistas, no
amplo campo da fotointerpretação, dentro do qual, o engenheiro, o urbanista, o cartógrafo, o geólogo, o
geógrafo, o oceanógrafo, o meteorologista, o agrônomo, o militar, o economista, etc.

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f=distância focal
H=altura de vôo
negativo da máquina
f centro ótico da máquina

foto oblíqua
foto vertical
terreno

1.6.1. TIPOS DE FOTOS AÉREAS

A fotografia aérea recebe uma classificação decorrente de alguns critérios como: a orientação do eixo
da câmara (vertical e oblíqua), o sistema ótico (simples ou múltiplo), além de outras particularidades (em
preto e branco, colorida, infravermelha, a radar, etc.)

A fotografia colorida tem, atualmente, um desenvolvimento incomum, não apenas devido à precisão,
aliada a uma qualidade mais fiel possível das cores da natureza, mas ao processo desenvolvido da "cor-
falsa", que as cores apresentadas, na fotografia, são convencionais, a fim de se conseguir uma separação
nítida de elementos, como a vegetação, a água, o solo etc. São de notável aplicação na fotointerpretação.

A fotografia vertical, isto é, a que foi tirada com o eixo ótico na posição em que se deve aproximar o
mais possível da verticalidade, é a fotografia normal. As outras são as oblíquas, que variam, entre si,
conforme o grau de inclinação usado. As fotos verticais são mais usadas na engenharia.
• Foto vertical : imagem menos deformada
• Foto horizontal : imagem mais deformada; permite visão em perspectiva.
• Distância focal (f ) = 20cm ⇒ H = 500 a 2000m

1.6.2. PLANO DE VÔO

Um avião fotográfico só decola para a execução duma missão de cobertura fotográfica depois de um
planejamento da operação, a qual, por sua vez, resulta dum estudo detalhado com todas as especificações
sobre o tipo de cobertura a ser executado.
• condições atmosféricas
• altura de vôo x escala
• tipo de relevo da área a ser fotografada;
• configuração dessa área;
• capacidade de produção por parte da tripulação;
• orientação dos estereomodelos em relação à topografia e à posição do Sol.

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1.6.3. IRREGULARIDADES CONVENCIONAIS

Suponhamos que uma fotografia aérea tenha sido exposta com o eixo ótico verdadeiramente vertical..
Nestas condições, somente o ponto central está livre de qualquer deslocamento. Fora daí, porém, e quanto
mais longe deste ponto, maiores serão os deslocamentos. Como a fotografia aérea é uma projeção cônica,
os detalhes do terreno representados numa fotografia, salvo o ponto central, estão fora das suas posições
relativas.Outro tipo de anormalidade que pode ocorrer, sobretudo em conexão com as condições
meteorológicas, resulta de uma faixa que passa a não apresentar uma direção reta regular, formando, em
conseqüência, uma curva, a qual poderá causar, entre uma faixa e outra, uma descontinuidade na
superposição, o que é conhecido como “buraco”, tipo de anormalidade que, muitas vezes, obriga a um novo
vôo, a fim de sanar aquele defeito.

1.6.4. EXEMPLOS DE FOTOS CONFORME O TIPO DE FILME

Os atributos necessários para escolha de um filme são basicamente impostos pela qualidade de
imagem desejada e pela finalidade da Cobertura Aerofotogramétrica. Estes atributos incluem a velocidade
do filme, contraste, sensibilidade de espectro e resolução (grãos de prata maiores ou menores).

Os filmes aéreos disponíveis no mercado possuem sensibilidade espectral variando desde ultra-
violeta até infra-vermelho. Dentro desta variação de espectro se encontram os filmes Preto&Branco,
Colorido e Infra-vermelho.

Preto & branco - O filme aéreo Preto & Branco (P&B) é mais usado nas fotografias aéreas pelo seu
custo relativamente baixo e pela sua resposta espectral ser bem próxima do espectro visível pelo olho
humano. Desta maneira, o usuário da fotografia aérea distingue pequenas variações de tons de cinza. Isto
permite a interpretação fácil de elementos naturais ou feitos pelo homem. Sua principal desvantagem é que
mesmo com o uso de filtros apropriados (filtro amarelo ou menos azul), continua sensível à bruma
atmosférica o que reduz o contraste da imagem.

Colorido - Os filmes coloridos ou de cores naturais são filmes que apresentam uma riqueza muito
grande detalhes devido à apresentação de elementos em sua cor real. Isto facilita a interpretação de objetos
e cenas uma vez que muitos elementos do mundo real são mais facilmente identificados quando agrupam o
atributo cor. Um exemplo disto são as massas de água (lagos, lagoas) que apesar de serem bem
caracterizados pela sua forma, possuem uma resposta espectral variando do branco até o preto nos filmes
pancromáticos (P&B) enquanto que nos filmes coloridos a sua identificação é muito facilitada pela sua
resposta espectral na imagem. De maneira muito semelhante, podemos exemplificar o caso de piscinas em
ambientes urbanos. Em contra-partida, os filmes coloridos possuem muito mais sensibilidade aos
fenômenos atmosféricos como bruma, névoa, poluição do que o filme P&B. Até mesmo a variação de
temperatura do instante da tomada da foto e o ângulo de inclinação do sol têm efeito sobre a resposta
obtida na imagem.

Infra-vermelho - Os filmes infra-vermelho coloridos possuem três camadas de emulsão com


sensibilidade aos seguintes comprimentos de onda : verde (500 nm até 575 nm), vermelho (575 nm até 675
nm) e próximo do infra-vermelho (675 nm até 900 nm). Como estas camadas tem sensibilidade para a luz
azul, o filme infra-vermelho requer o uso de filtro amarelo. Após revelado, a camada sensível ao verde é
representada como azul, a sensível ao vermelho como verde e a próximo do infra-vermelho como vermelho.
As principais vantagem do filme infravermelho, são melhor penetração na névoa atmosférica do que no
filme colorido normal, melhor realce das imagens de alguns objetos na fotografia, principalmente com a
delineação entre corpos de água e vegetação, diferenciação entre folhosas e coníferas, distinção entre
vegetação sadia e estressada. No caso da vegetação, a reflectância do comprimento de onda infra-
vermelha de vegetação saudável é muito maior que a reflectância do verde e vermelho da mesma
vegetação. Assim, um filme infra-vermelho colorido oferece uma variedade muito grande de tons de
vermelho. Com isso, variações no estado fitossanitário da vegetação (doenças, pragas) podem ser
detectados com uso deste filme. Como desvantagens pode-se disser que é muito sensível ás variações de
temperatura e umidade do objeto imageado bem como de seu próprio material, portanto requerendo
armazenamento em baixa temperatura e revelação imediata após a exposição para evitar a degradação
química de suas diversas camadas. Ele não permite grandes variações no tempo de exposição com o risco
de produzir resultados não satisfatórios. Outros fatores preponderantes para um bom resultado no uso de

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filme infra-vermelho são horário de vôo (janelas pequenas de vôo entre 11 h e 13 h), inclinação e posição
do sol, altitude de vôo e ângulo de abertura da câmara (função da distância focal).

1.6.5. ESCALA
A escala é a característica mais importante e informativa de uma fotografia aérea. Conhecendo a escala de
uma fotografia aérea é possível conhecer outras informações de relevância como a área coberta por uma
imagem.

Calcular a escala de uma fotografia aérea (E) é muito simples desde que sejam conhecidos a altura
de vôo (H) no instante da tomada da foto e a distância focal da câmara (f) utilizada para obter a foto.

Assim, a relação matemática f/H nos dará a escala da fotografia aérea.

Por exemplo, para uma fotografia aérea obtida com uma câmara com f=153 mm e uma altura de vôo
H=1.224 m, a escala da foto será :

Outra maneira de obter a escala de uma fotografia aérea é a comparação de distância entre pontos
escolhidos na foto e identificados em um mapa de escala conhecida.

Na realidade, a altura de vôo (H) não é uma constante. Ela varia em todos os pontos da área
imageada devido à própria ondulação do terreno. Assim, normalmente adota-se uma altura de vôo média
que corresponde à média aritmética da menor e maior alturas de vôo possíveis na área a ser fotografada.
Com isso, temos uma variação de escalas para os pontos mais baixos e mais altos do terreno. Esta
variação de escala admissível é da ordem de 5 a 10%.

1.6.6. ÁREA COBERTA POR UMA FOTOGRAFIA AÉREA

Conhecendo a escala e as dimensões de uma fotografia aérea é possível avaliar a área coberta por
esta imagem. A fotografia aérea tem uma dimensão útil de 23 cm (l).
1) área de cobertura única

2) área de recobrimento longitudinal (RLo)

3) área de recobrimento lateral (RLa)

L = lado da foto

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Usando a escala calculada no exemplo anterior (1/8.000), o lado da foto no terreno (L) terá a seguinte
dimensão :

Assim, a área coberta pela imagem da fotografia aérea seria :

1.6.7. NÚMERO DE FOTOGRAFIAS NECESSÁRIAS PARA A COBERTURA DE UMA ÁREA DE INTERESSE

Para atender aos requisistos de estereoscopia e outros, uma cobertura aérea deve prever a
Superposição Longitudinal entre fotos consecutivas que geralmente é da ordem de 60%. De maneira
semelhante, entre faixas de fotos existe uma Superposição Lateral que é da ordem de 30%.

Assim, a área de cobertura única (sem superposição) de uma fotografia aérea corresponderia ao
produto da dimensão representativa de 40% do lado da foto no sentido longitudinal e 70% do lado da foto
em no sentido lateral.

Para o nosso exemplo, cujo lado da foto no terreno é 1,84 km e a área total de uma foto é de 3,4 km2,
a área de cobertura única seria :

Portanto, para avaliarmos a quantidade aproximada de fotos necessárias para cobrir uma área de 100
km2 por exemplo, basta dividir o valor da área de interesse pelo valor da área de cobertura única da foto :

1.6.7.1. ALTIMETRIA

Medição das alturas das elevações e das espessuras das camadas nos taludes de erosão.

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1.6.8. EFEITO ESTEREOSCÓPICO

Com aparelhos estereoscópicos, cada foto é observada com um dos olhos, passando a distância
interpupilar de 6cm para centenas de metros, resultando, na fusão das imagens na mente do observador,
um relevo exagerado . Esse exagero do relevo permite determinar com grande precisão ab, d e r nas fotos,
permitindo determinar as espessuras e as inclinações das camadas que se sobressaem nos taludes de
erosão.

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1.6.9. LEVANTAMENTO AEROFOTOGRÁFICO


60%

30%
Superposição das fotos :
• Longitudinal : 60% para determinar o efeito estereoscópico
• Transversal : 30% para evitar que algum acidente não seja fotografado.
1.6.9.1. MOSAICOS OU MAPAS FOTOGRÁFICOS

Obtidos através da junção das fotos, que são previamente recortadas, eliminando as partes
superpostas com aproveitamento da parte central de cada foto por ser a parte menos distorcida .

1.6.10. ELEMENTOS DE ANÁLISE NA INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA DAS FOTOS


• formas de relevo
• camadas interceptadas pelos taludes de erosão
• sistemas de drenagem
• sistemas de canais de erosão
• formas dos canais de erosão
• vegetação
• tonalidades de cor
• outros...
1.6.10.1. FORMAS DE RELEVO

Durante as chuvas se a rocha de um morro for:

Porosa e permeável : há grandes infiltrações; pouca água desce as encostas sob forma de
enxurradas, que provocam pequena erosão, dando origem a taludes escarpados.

Impermeável : há pequenas infiltrações; muita água desce as encostas sob a forma de enxurradas,
que provocam grandes erosões, originando taludes suaves.

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Toda a mudança da forma do relevo indica que o tipo de rocha mudou, permitindo delimitar as
formações rochosas distintas que afloram, ou seja, mapear os tipos de rochas que afloram numa região.

Sabe-se que mudou o tipo de rocha, podendo-se até deduzir algumas características, mas não se
sabe realmente qual é o tipo de rocha.
1.6.10.2. SISTEMAS DE DRENAGEM

O sistema de drenagem de uma região é constituído de : canais de erosão , arroios e rios, todos
interligados. Os canais de erosão são sulcos na superfície do terreno, quase sempre em solos, por onde
circulam as água somente quando chove. Os cursos d’água tendem a se desenvolver por onde as rochas
forem de mais fácil erosão. Devido a isso, há uma relação muito boa entre as características das rochas e a
forma do sistema de drenagem. Toda a vez que há uma mudança do tipo ou da estrutura rochosa, muda a
forma do sistema de drenagem.

Há vários tipos de sistemas de drenagem, sendo alguns deles esquematizados abaixo :

SISTEMA EM GRADE
ROCHA B

SISTEMA ARBORESCENTE
ROCHA A

O sistema de drenagem arborescente ou dendrítico desenvolve-se em rochas homogêneas, onde não


existem caminhos preferenciais para as águas correntes, como nas pedras graníticas de estrutura maciça.

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O sistema de drenagem em grade ocorre quando os tributários principais se deslocam sobre os


planos de fraqueza das rochas de mais fácil erosão e paralelos entre si, formando depressões também
paralelas . Já os tributários secundários descem os taludes das depressões, normalmente aos tributários
principais. Esse sistema é comum em rochas com sistemas de falhas paralelas .

A mudança do sistema de drenagem permite delimitar as formações rochosas distintas que ocorrem
na região em estudo, mas não se sabe qual a rocha que a constitui.

Os sistemas de drenagem permitem, ainda, localizar as falhas tectônicas de compressão, por serem
estas os caminhos preferenciais das águas correntes. As águas correntes, quando encontram uma zona de
falha fraturada e/ou decomposta, tendem a se desenvolverem por elas, por serem de fácil erosão, só
abandonando-as quando a declividade transversal for mais acentuada.

RIO
SOLO

ROCHA

ZONA DE FALHA DE
COMPRESSÃO

Segmentos retos dos cursos d’agua retos e alinhados, em um sistema de drenagem, indicam a
direção de uma falha tectônica.

FALHA

FALHA

1.6.10.3. FORMAS DOS CANAIS DE EROSÃO

As águas das chuvas que chegam as ravinas e que correm ao longo delas, desenvolvem dois
trabalhos de erosão:
• erosões longitudinais que aprofundam os canais;
• erosões transversais, devido as águas que chegam transversalmente , que alargam a seção
transversal dos canais.
Em solos arenosos, como há grandes infiltrações, a erosão transversal é pequena e a seção
transversal dos canais é em V.

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CHUVAS CHUVAS

SOLOS ARENOSOS SOLOS ARGILOSOS

Em solos argilosos, ao contrário, as infiltrações são pequenas e as águas correntes transversais são
significativas, executando um trabalho erosivo acentuado e originando canais em seção transversal em U .

Toda a vez que muda o tipo de solo, muda a forma de canais de erosão.
1.6.10.4. SISTEMAS DE CANAIS DE EROSÃO

Nos solos arenosos há grandes infiltrações das águas das chuvas, resultando em enxurradas de
pequeno volume, que fabricam, por erosão, canais espaçados .
VISTA FRONTAL DO TALUDE

PERFIL LONGITUDINAL SOLOS SOLOS


DO CANAL DE EROSÃO ARGILOSOS ARENOSOS

Nos solos argilosos, as pequenas infiltrações proporcionam grandes enxurradas, que erodem canais
muito próximos.

A mudança de um sistema denso de ravinas para um esparço possibilita determinar a passagem de


um solo argiloso para um arenoso.
1.6.10.5. VEGETAÇÃO

Vegetação densa indica a presença de solos argilosos e/ou lençol freático superficial. Vegetação rala,
ao contrário, representa a presença de solo arenoso e/ou lençol freático profundo.

A mudança do tipo de vegetação corresponde a mudança do tipo de solo.


1.6.10.6. TONALIDADES DE COR

Nas fotos aéreas, as tonalidades claras correspondem a solos arenosos ou nível do lençol freático
profundo; enquanto as tonalidades escuras correspondem a solos argilosos ou nível do lençol freático
superficial.

Através de tonalidades de cor, se pode determinar os níveis de enchentes máximos, indispensável


para estabelecer a largura de uma ponte, que deverá deixar passar, sem represamento, as águas durante
os períodos de chuvas intensas e prolongadas.

As águas de inundação depositam, nas várzeas dos rios, uma fina película de argila, que torna a
tonalidade da cor das áreas inundadas mais escuras que a das áreas que nunca foram inundadas.

1.6.11. IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS GEOLÓGICOS DE CAMPO LOCALIZADOS NA AEROFOTOGEOLOGIA

A aerofotogeologia possibilita, através dos elementos de análise, delimitar as ocorrências dos tipos de
rochas, de estruturas e de solos na região de uma obra, sem determinar quais são. Ela permite apenas

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mapeá-los. É indispensável ir nos pontos P, característicos de cada área delimitada, que são escolhidos nas
próprias fotos aéreas, para realizar estudos geológicos complementares de campo, com o objetivo de
determinar os tipos de rochas e coletar amostras, de estruturas e de solos que foram mapeados.

A interpretação geológica das fotos aéreas só será confiável se for confirmada através de estudos
geológicos de campo localizados, sem percorrer toda a região, para esclarecer dúvidas e confirmar a
interpretação.

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2. OBJETIVOS DO PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

• a) Determinação da extensão, profundidade e espessura das camadas do subsolo até uma


determinada profundidade.Descrição do solo de cada camada, compacidade ou consistência, cor e
outras características perceptíveis;
• b) Determinação da profundidade do nível do lençol freático, lençóis artesianos ou suspensos;
• c) Informações sobre a profundidade da superfície rochosa e sua classificação, estado de alteração
e variações;
• d) Dados sobre propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos ou rochas compressibilidade,
resistência ao cisalhamento e permeabilidade.

Na maioria dos casos os problemas de engenharia são resolvidos com base nas informações a) e b)
SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO (NBR 6484/80)

2.1. Escolha do método e amplitude da prospecção


• Finalidade e proporções da obra;
• Características do terreno;
• Experiências e práticas locais;
• Custo compatível com o valor da informação obtida
Empiricamente 0,5 a 1% do custo da obra Informações insuficientes ou inadequadas podem
acarretar superdimensionamentono projeto e orçamentos majorados.

2.2. Sondagens de percursão com circulação d’água ou SPT

2.2.1. PROCESSO

Destina à prospecção de solos e objetiva caracterizar as camadas constituintes do subsolo. Permite


amostrar pequenas quantidades de solos deformadas pelo amostrador.

Inicia com a colocação de um revestimento (tubo) com diâmetro entre 12 e 15cm. O revestimento
possui um tê para facilitar a circulação d’água.

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O procedimento consiste de operações alternadas de perfuração e amostragem.

A perfuração é realizada com um trépano, destruindo-se a estrutura do solo, e a limpeza é feita com a
circulação da água. Esta operação avança 55cm.

A amostragem consiste na cravação de um amostrador SPT através de golpes de um peso ou


batente. O curso desta operação é de 45cm. O avanço total das operações é de 1m.

2.2.2. OPERAÇÃO DE PERFURAÇÃO

É realizada com a percussão manual e a rotação do trépano, empregando-se uma braçadeira. Os


movimentos geram a desagregação do solo, facilitando a sua remoção pela circulação da água.

À água é injetada com pressão moderada através de uma bomba, circulando por dentro da haste de
perfuração (onde é acoplado o cachimbo ou tornel) e saindo por orifícios na extremidade do trépano. A água
retorna pelo espaço entre a haste e a parede do furo, arrastando as partículas do solo em suspensão,
saindo pela abertura lateral do tê que é acoplado no revestimento.

2.2.3. OPERAÇÃO DE AMOSTRAGEM

Inicialmente é suspensa a atividade de circulação de água. Toda a composição de perfuração é


retirada do furo (hastes e trépano). O trépano é então substituído pelo amostrador padrão e o tornel
(cachimbo) é substituído pelo cabeçote de cravação.

A nova composição é introduzida no furo. Com o auxílio do tripé montado sobre o furo, deixa-se cair
um peso de 65kg a uma altura de 75cm. Cada impacto constitui um golpe ou percussão. O avanço do
amostrador é registrado, contando-se o número de golpes para penetrar 15cm.

São realizadas três contagens para três intervalos de 15cm. O numero de golpes padrão corresponde
à soma dos golpes utilizados para penetrar os dois últimos intervalos de 15cm, ou seja, os trinta centímetros
finais do amostrador.

2.2.4. CORRELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE GOLPES E A RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS


(USADAS PARA DIMENSIONAMENTO DE SAPATAS)

ARGILA Nº DE RESISTÊNCIA(Kg/cm² AREIA Nº DE RESISTÊNCIA(Kg/cm


GOLPES ) GOLPES ²)
Muito mole ≤2 < 0,3 Fofa ≤4 <1
Mole 3–4 0,3 – 0,6 Pouco compacta 5 – 10 1–2
Média a rija 5–8 0,6 – 1,2 Mediamente 11 – 30 2–4
compacta
Rija 9 – 15 1,2 – 2,4 Compacta 31 – 50 4–6
Muito rija 16 – 30 2,4 – 4,8 Muito compacta > 50 >6
Dura > 30 > 4,8

2.2.5. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DO LENÇOL FREÁTICO

Para este procedimento, retira-se a composição do furo e tampa-se a extremidade do revestimento.

Após 24 horas, com uma trena de tecido com um peso na extremidade, mede-se a distância entre a
borda do revestimento e o nível d’água. Desconta-se a altura entre o topo do revestimento e o terreno.

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O amostrador é constituído de um corpo cilíndrico bipartido (duas meias cavas), que é conectado por
rosca a uma sapata cortante cilíndrica-tubular numa extremidade e a uma luva de conexão na outra
extremidade. A luva conecta também por rosca o amostrador ao tubo de sondagem (ou haste de
perfuração).

Equipamento
• Tripé com sarrilho, roldana e cabo;
• Tubos de revestimento: ⎞int = 2 ½”, 3”, 4” ou 6”;
• Hastes de aço roscável: ⎞int= 25mm, ⎞ext= 33,7mm (3,23 kg/m)
• Martelo cilíndrico ou prismático com coxim de madeira para cravação das hastes e tubos de
revestimento (peso = 65kg);
• Amostrador padrão bipartido, dotado de dois orifícios laterais para saída de água e ar: ⎞int =
34,9mm e ⎞ext = 50,8mm;
• Conjunto motor-bomba para circulação de água na perfuração;
• Trépano (peça de aço biselada para o avanço por lavagem)
• Trados (para perfuração inicial)

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2.2.6. NÚMERO, LOCAÇÃO E PROFUNDIDADE DOS FUROS DE SONDAGEM

NBR 8036/83 - Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de
edifícios

Área de projeção da construção (m2) Número mínimo de furos


< 200 2
200 a 600 3
600 a 800 4
800 a 1000 5
1000 a 1200 6
1200 a 1600 7
1600 a 2000 8
2000 a 2400 9
> 2400 a critério

Locação dos furos - devem cobrir toda a área carregada. A distância entre furos não deve ser
superior a 30 metros.

Profundidade dos furos → deve considerar a profundidade provável das fundações e do bulbo de
tensões gerados pela fundação prevista e as condições geológicas locais.

2.2.7. • VANTAGENS DA SONDAGEM SPT


• Custo relativamente baixo;
• Facilidade de execução e possibilidade de trabalho em locais de
• difícil acesso;
• Permite descrever o subsolo em profundidade e a coleta de
• amostras;
• Fornece um índice de resistência a penetração correlacionável
• com a compacidade ou a consistência dos solos;
• Possibilita a determinação do nível freático (com ressalvas).

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2.3. Sondagem mecânica rotativa

2.3.8. PROCESSO DE EXECUÇÃO E EQUIPAMENTO

O movimento de rotação do motor é transmitido ao tubo de avanço através de uma caixa de


transferência. Entre a caixa de transferência e o motor há uma embreagem, que permite parar a rotação do
tubo de avanço e do tubo de sondagem sem desligar o motor, para acrescentar segmentos de tubo de
sondagem, retirar o porta-testemunho ou trocar a broca.

Apertando os parafusos do mandril, o tubo de sondagem ( tubo de lavagem ou haste de perfuração) é


fixado ao tubo de avanço. Assim a rotação do motor transferida ao tubo de avanço é também transferida ao
tubo de sondagem.

Para evitar desmoronamento, antes de iniciar a sondagem em rocha, um tubo de revestimento de 15


a 20 cm de diâmetro é cravado atravessando toda a camada de solo superior.

Na extremidade inferior do tubo de sondagem, que possui em geral cinco centímetros de diâmetro, é
conectado um tubo cilíndrico metálico, denominado porta testemunho, em cuja extremidade inferior é
conectado uma broca. As brocas são tubos cilíndricos curtos e de dois tipos:
• broca de diamante para perfurar rochas duras
• broca de vídea para perfurar rochas brandas

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A medida que a rocha vai sendo desgastada, um cilindro maciço de rocha, denominado testemunho,
vai penetrando dentro da broca e após dentro do porta testemunho. Toda vez que forem interceptadas
fendas (ou diaclases), não se terá um testemunho único, mas fragmentos de testemunho individualizados
pelas fendas.

Na extremidade inferior do porta testemunho há, internamente, um mola tronco-cônica que deixa o
testemunho entrar, mas não deixa sair quando se suspende a sondagem.
BROCA
NIPEL DE CONEXÃO

TUBO DE PORTA PORTA


SONDAGEM TESTEMUNHO TESTEMUNHO

TESTEMUNHO MOLA CÔNICA


INTERNA

Os porta testemunhos podem ter comprimentos internos diferentes. Em geral são empregados com
comprimentos internos de 1,5m ou 3,0m. Se a rocha possui estrutura maciça, o testemunho poderá ter
comprimento interno do porta-testemunho. Se a rocha é fendilhada, o testemunho será em fragmentos.

Uma bomba, através de uma mangueira, injeta água succionada de um reservatório, pelo furo interno
do tubo de sondagem. A mangueira está ligada ao tubo de sondagem através de uma peça metálica
denominada cachimbo. Ele deixa passar a água e impede que a rotação do tubo de sondagem enrosque a
mangueira. A água, sob pressão, desce internamente pelo tubo de sondagem até a broca, voltando á
superfície pelo lado externo e retornando, pelo ladrão do tubo de revestimento, ao reservatório.

A finalidade da água é:
• resfriar a broca
• remover, do fundo, o pó de rocha resultante da ação erosiva da rocha, impedindo que o tubo de
sondagem tranque no furo.
São fabricados os seguintes tipos de brocas:
TIPO DIÂMETRO INTERNO DA BROCA DIÂMETRO DO TESTEMUNHO
(mm) OBTIDO (mm)
EX 21,4 20,6
AX 30,0 29,2
BX 42,0 41,3
NX 54,7 54,0
HX 76,2 75,5

A perfuração da rocha se desenvolve de forma contínua até uma profundidade igual ao comprimento
interno do porta-testemunho. A cada profundidade de perfuração igual ao comprimento interno do porta-
testemunho para-se a sondagem e realizam-se as seguintes operações :
• desengata-se a embreagem e suspende-se a circulação d’água
• afrouxa-se os parafusos do mandril e retira-se do tubo de sondagem
• retira-se o porta-testemunho
• remove-se os testemunhos
• coloca-se novamente o porta-testemunho no tubo de lavagem

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• introduz-se o tubo de lavagem, por dentro do tubo de avanço e do tubo de revestimento, no furo
• aperta-se os parafusos do mandril
• aciona-se a bomba e engata-se a embreagem
• reinicia-se a perfuração
Os fragmentos de testemunhos coletados são colocados nas canaletas de uma caixa de amostras de
madeira, na ordem em que foram extraídos.

A relação entre a soma dos comprimentos dos fragmentos dos testemunhos coletados e o
comprimento interno do porta-testemunhos denomina-se de RECUPERAÇÃO DA ROCHA (R), ou seja :

Se a rocha possui partes muito alteradas sob a forma de solos, essas alterações são destorroadas
pela broca e levadas pelas águas de circulação ao reservatório, não ficando no porta-testemunho.

O tanque ou reservatório é dividido por um septo em dois compartimentos. O primeiro funciona como
decantador, onde se precipitam o pó de rocha e as partículas de solo trazidas em suspensão pelas águas
que retornam do furo. As águas do primeiro compartimento extravasam pelo septo , mais baixo que as
bordas externas do tanque, e enchem o segundo compartimento, de onde a bomba succiona água já
decantada.

2.3.9. CORRELAÇÃO DA RECUPERAÇÃO COM A QUALIDADE DA ROCHA


RECUPERAÇÃO (%) QUALIDADE DA ROCHA
< 50 Rocha muito alterada com solos
50 – 80 Rocha mediamente alterada
> 80 Rocha de boa qualidade
N° DE FRATURAS / METRO ROCHA

1 Ocasionalmente fraturada
2–5 Pouco fraturada
6 – 10 Mediamente fraturada
11 – 20 Muito fraturada
> 20 Extremamente fraturada
Em pedaços dispersos Rocha em fragmentos

2.4. Dúvidas na interpretação dos dados de sondagem


As amostras de um mesmo material em duas sondagens podem indicar a existência de uma camada
de rocha (ou solo) de determinada espessura, mas não se pode afirmar se a camada é plana, dobrada ou
com falha tectônica, podendo inclusive se tratar de duas camadas inclinadas.

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Para esclarecer as dúvidas, é necessário realizar sondagens complementares intermediárias. Isso só


é possível em áreas pequenas, como nos terrenos para construção de edifícios residenciais ou comerciais
nas cidades, onde as sondagens podem ser próximas (10 em 10m em geral).

Nas investigações de subsolos para obras de grandes áreas (barragens, estradas,...) é inviável
economicamente e em termos de prazo executar sondagens próximas. Elas são de 100 em 100m, sendo a
interpolação realizada com o auxílio da geofísica.

2.5. Método geofísico por refração sísmica

2.5.10. PRINCÍPIO DO MÉTODO

A velocidade das ondas elásticas emanadas de uma batida (peso caindo de aproximadamente um
metro de altura) na superfície do terreno varia com a rigidez do meio em que se propagam. Como exemplo
pode-se citar:
• em solos, v = 200 a 1000m/s
• em arenitos brandos, v = 2500 a 3500m/s
• em granitos duros, v = 6000m/s
Determinando-se a velocidade de propagação das ondas elásticas em cada uma das camadas de um
subsolo, pode-se conhecer os materiais constituintes e as espessuras das camadas.

2.5.11. PERCURSO DOS RAIOS SÍSMICOS

As ondas elásticas ou ondas sísmicas emanadas de uma batida na superfície do terreno (mini-sismo),
que se propagam no subsolo, obedecem as leis da ótica, podendo se refletirem ou se refratarem quando
incidem sobre uma superfície de separação de dois meios de rigidez distintas. Da mesma forma que na
ótica, os percursos das ondas sísmicas podem ser representados por raios sísmicos.

Num subsolo constituído por uma camada de solo sobre rocha, as ondas sísmicas podem percorrer
os raios sísmicos R1, R2, R3 e R4 indicados no desenho abaixo, sendo V0 a velocidade de propagação das
ondas na camada de solo e V1, na rocha.

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• segundo R1 : as ondas percorrem a camada superior de solo com velocidade V0, logo abaixo da
superfície do terreno
• segundo R2 : as ondas mergulham na camada superior de solo com V0, incidem na superfície
solo-rocha com um ângulo menor que o ângulo crítico (ϕ crit), se refletem e retornam à superfície do
terreno pela camada de solo em V0 (essas ondas chegaram no geofone sempre depois das ondas
que percorrem R1, porque a velocidade de propagação é a mesma e o percurso é maior)
• segundo R3 : as ondas mergulham na camada superior com V0, incidem na superfície solo-rocha
com um ângulo maior que ϕ crit , se refratam na camada de rocha com V1, não retornam mais à
superfície e não chegam ao geofone
• segundo R4 : as ondas mergulham na camada superior de solo com V0, incidem na superfície
solo-rocha com um ângulo igua ao ϕ crit, se refratam percorrendo a rocha com V1 logo abaixo da
superfície solo-rocha e retornam a superfície pela camada superior de solo com V0 segundo um
ângulo também igual a ϕ crit.
Todos os pontos da superfície solo-rocha vibram com a passagem das ondas elásticas, por uma
superfície de separação de meios de rigidez diferentes, passando cada um daqueles pontos a se constituir
num foco de geração de ondas que se propagam para a superfície.

As ondas, que se refratam na superfície solo-rocha segundo o ângulo crítico, percorrendo a rocha, e
que chegam em primeiro lugar ao geofone, são as que sobem formando um ângulo igual ao ϕ crit, por ser o
menor percurso entre o ponto de batida e o geofone.

V0 V0

SOLO : V2 V0
V0 ÂNG. CRÍTICO
ÂNG. CRÍTICO
V1

ROCHA : V1

Somente é anotada a onda que chega em primeiro lugar no geofone. Este é cravado no terreno e
recebe ondas elásticas que se propagam pelo subsolo, e as transmite para um aparelho registrador através
de um fio condutor sendo registrado o tempo de chegada da primeira onda.

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O peso ou martelo, que está ligado ao registrador por um fio condutor, quando bate no terreno, fecha
o circuito elétrico com o registrador, sendo registrado o tempo da batida.

As ondas, que chegam em primeiro lugar no geofone, emanadas dos :


• Pontos de batida mais afastados : são os que mergulham segundo o ϕ crit com V0, percorrem a
rocha com V1 abaixo da superfície solo-rocha e sobem através da camada superior com V0
segundo o ϕ crit porque V1 é muito maior que V0.
• Pontos de batida mais próximos : são as que percorrem a camada superior com V0 logo abaixo da
superfície do terreno, porque a distância é muito pequena e o percurso da rocha é menor ainda.

2.5.12. DETERMINAÇÃO DAS VELOCIDADES DE PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ELÁSTICAS EM CADA


CAMADA E A PROFUNDIDADE DE CADA CAMADA DE SUBSOLO

O geofone é cravado no solo ao lado do registrador. Os pontos de batida são igualmente afastados,
sendo a distância entre o geofone e o primeiro ponto de batida também igual. As batidas começam no ponto
mais próximo do geofone e terminam no ponto mais afastado.

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Anotando no gráfico as distâncias dos pontos de batida ao geofone e os tempos de propagação


correspondentes das ondas que chegaram em primeiro lugar ao geofone, tem-se retas das velocidades.

As ondas que chegaram em primeiro lugar nos geofones, provenientes dos pontos de batida mais
próximos, percorreram apenas a camada superior sob a superfície do terreno com a velocidade V1, que
está representada no gráfico por um segmento de reta inclinada a partir do ponto “0”(zero), que é onde o
geofone foi cravado.

A velocidade de propagação das ondas nessa camada superior vem a ser a cotangente do ângulo de
inclinação do primeiro segmento de reta do gráfico, ou seja,
• V1 = a / t1 Ô velocidade das ondas emanadas do ponto de batida 1,
• V1 = a / t2 Ô ídem do ponto de batida 2, ou
• V1 = a / t3 Ô ídem do ponto de batida 3.
Enquanto a reta das velocidades, iniciada no ponto zero, mantém a sua inclinação, significa que as
ondas, emanadas dos pontos de batida correspondentes, percorreram a mesma camada superior logo
abaixo da superfície do terreno.

Quando a reta das velocidades muda de inclinação, significa que as ondas emanadas dos pontos de
batida, a partir do ponto de inflexão ( PI12 no gráfico das velocidades anterior), passaram a percorrer,
também, uma camada inferior de maior rigidez.

As ondas, que passaram a chegar em primeiro lugar ao geofone, emanadas dos pontos de batida aós
os pontos de inflexão PI12 :
• mergulharam com V1 incidindo com um ângulo crítico αc1 sobre a superfície de separação (S12 ) de
dois meios de rigidez diferentes
• percorreram com V2 a camada subjacente logo abaixo da superfície S12
• subiram pela camada superior com V1 até o geofone segundo o ângulo crítico αc1.
A inclinação do segundo segmento das retas das velocidades do gráfico corresponde a uma
velocidade média V’2, uma vez que as ondas percorreram dois meios diferentes, o superior com V1 e o
subjacente com V2.

Os percursos das ondas emanadas dos pontos de batida 4 e 3, dos pontos 5 e 4 e dos pontos 6 e 5,
como mostra o desenho inicial deste ítem, diferem apenas no trecho da camada inferior.

As ondas emanadas daqueles pontos:

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• mergulharam segundo raios sísmicos com o mesmo αc1 , portanto paralelos e de mesmo
comprimento;
• percorreram a rocha sob a superfície S12 ao longo de raios sísmicos que diferem entre sí de
comprimentos iguais a “a”, ou seja, dos afastamentos entre os pontos de batida (retas paralelas na
superfície do terreno e na superfície S12 interceptadas por retas também paralelas);
• subiram a longo da mesma trajetória inclinada segundo o mesmo αc1.
Assim, a velocidade V2 é calculada por:

V2 = a / (t4-t3) ; V2 = a / (t5-t4) ; V2 = a / (t6-t5)


Conhecidas V1 e V2, o ângulo crítico é calculado por:

Sen αc1 = V1 / V2
Dessa forma é determinada a trajetória dos raios sísmicos que percorrem a segunda camada e que
chegam em primeiro lugar ao geofone.

O ponto de inflexão PI1 , entre os dois primeiros segmentos retos das velocidades no gráfico,
corresponde a um ponto de batida na superfície do terreno onde:
• as ondas que percorriam com V1 a camada superior sob a superfície do terreno;
• e as ondas que mergulhariam com V1 segundo o mesmo ângulo αc1, chegariam ao mesmo tempo
ao geofone.
Igualando através dos tempos as equações das velocidades correspondentes àqueles dois raios
sísmicos a serem percorridos pelas ondas geradas no ponto de batida correspondente a PI1 , obtém-se a
seguinte expressão :

Z1 = xc1 . ( (V2 – V1) / (V1 + V2) ) 1/2


Onde Z1 é a espessura da camada superior ( ou a profundidade da primeira superfície de separação
de dois meios de rigidez distintos) e xc1 é a distância do ponto de inflexão PI12 ao geofone medido no
gráfico.

Se no subsolo existir uma terceira camada subjacente com maior rigidez, como está indicando o
desenho inicial, as ondas que incidiram com ângulo maior que αc12 sobre a superfície S12 se refrataram e
incidiram sobre a superfície de separação inferior S23 da segunda e da terceira camada .

Nestas condições, sempre ocorrerão ondas que :


• mergulharão através da segunda camada segundo um ângulo crítico αc2 correspondente a segunda
superfície de separação S23 de meios de rigidez diferentes
• se refratarão com V3 percorrendo a terceira camada logo abaixo da superfície S23
• subirão através da segunda camada segundo o ângulo αc2
• se refratarão na superfície S12 , subindo pela primeira camada com V1 segundo o ângulo αc1
atingindo o geofone.
No gráfico, a inclinação do terceiro segmento de reta corresponde a uma velocidade média V’3, uma
vez que as ondas se propagaram por três camadas com velocidades diferentes em cada uma .

A velocidade V3 das ondas na terceira camada é determinada da mesma maneira como foi a
velocidade V2 na segunda camada, ou seja :

V3 = a / (t7-t6) = a / (t8-t7)
Conhecidas V2 e V3, o ângulo crítico αc2 de incidência das ondas na superfície S23 é calculado por :

Sen αc2 = V2 / V3

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O ponto de inflexão PI2 do gráfico corresponde a um ponto de batida em que as ondas emanadas:
• que percorrem a segunda camada por refração na S12
• e as que percorrem a terceira camada por refração dupla , uma na superfície S12 e outra na
superfície S23 , nesta com o ângulo de incidência αc2, chegam ao mesmo tempo .
Igualando, através dos tempos , as equações de velocidades ao longo dos percursos pela segunda e
pela terceira camada, tem-se uma expressão completa do tipo :

Z2 = Z1 + f (xc2 , V1, V2, V3)


Que permite calcular a profundidade da superfície S23 e em decorrência da espessura da terceira
camada.

Da mesma forma, é possível determinar as profundidades e as espessuras de tantas camadas


quantas possam ocorrer abaixo da superfíciedo terreno.

2.6. Método geofísico por resistividade elétrica

2.6.13. PRINCÍPIO DO MÉTODO DE SONDAGEM ELÉTRICA VERTICAL

A resistência a passagem da corrente elétrica através dos solos e das rochas varia:
• com o teor de íons livres contidos nos poros dos solos e nos poros e/ou fendas das rochas
• e com o teor de água contido nos poros dos solos e nos poros e/ou fendas das rochas
Os minerais por decomposição liberam íons . Quanto mais decomposto for um solo ou uma rocha,
maior o teor de íons livres nos poros e nas fendas e , portanto, menor a resistência à passagem da corrente
elétrica.

Quanto maior for o teor de água nos poros e nas fendas, maior será a mobilidade dos íons livres
presentes e menor é a resistência elétrica do solo ou da rocha. Por esta razão, este método é muito
empregado para determinar a profundidade do nível do lençol freático, uma vez que há uma queda brusca
da resistência elétrica quando a corrente elétrica começa a passar abaixo daquele nível.

A resistência elétrica é medida em “ohms”, mas quando medida em “ohms.m” denomina-se


resistividade elétrica, que vem a ser , portanto, a resistência por metro de percurso da corrente elétrica.

A resistividade elétrica (ρ) num subsolo de granito apresenta os seguintes valores:


Horizonte B de granito ρ = 400 – 1000 ohms.m
Horizonte C de granito ρ = 1200 – 1800 ohms.m
Granito rocha ρ = ± 3000 ohms.m
A resistividade elétrica varia, quando muda a camada de subsolo que a corrente elétrica percorre.

2.6.14. DESCRIÇÃO DO MÉTODO E APARELHAGEM EMPREGADA

Quatro eletrodos (varas metálicas) são cravados no terreno com espaçamentos iguais (a) . Esse
arranjo é conhecido como arranjo de Wenner. Existem outros arranjos (dipolo-dipolo, Schlumberger)

A bateria (B) é ligada por fios condutores aos eletrodos externos denominados de eletrodos de
corrente. Um amperímetro (A) ligado em série com a bateria, permite medir a intensidade da corrente (I) .

O voltímetro (V) é ligado também por condutores elétricos aos eletrodos internos, denominados de
eletrodos de potencial. Ele mede a diferença de potencial (V) entre os eletrodos internos da corrente elétrica
que passa no subsolo.

A bateria, o amperímetro e o voltímetro estão instalados numa maleta de mão, sendo a aparelhagem
empregada de fácil manuseio e transporte.

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A corrente elétrica gerada pela bateria passa no subsolo, de um eletrodo externo para outro eletrodo
externo, a uma profundidade entre os eletrodos internos, que é igual ao afastamento entre os eletrodos,
multiplicado por 3/5.

A resistividade elétrica do subsolo à passagem da corrente elétrica a uma profundidade “a” entre os
eletrodos internos é calculada pela fórmula :

ρ = (2.π.A.V) / I
Aumentando o afastamento entre os quatro eletrodos cravados na superfície do terreno, a corrente
elétrica passa a uma profundidade maior entre os eletrodos internos. Dessa forma pode-se determinar a
resistividade elétrica de cada uma das camadas de solo ou de rocha constituinte do subsolo num
determinado local.

A1 A1 A1 A2 A2 A2

3(A1)/5
3(A2)/5

Determinada a resistividade elétrica da última camada do subsolo, desloca-se a aparelhagem para o


lado, segundo um determinado alinhamento, e determina-se novamente a resistividade nas camadas
constituintes.

Levando-se a um gráfico os dados de resistividade elétrica e de profundidade, obtidos em


determinado local de instalação da aparelhagem, tem-se retas de resistividade, onde os pontos de inflexão
indicam uma mudança de camada do subsolo.

0
RESISTIVIDADE

MUDANÇA DE MATERIAL
PROFUNDIDADE

MUDANÇA DE MATERIAL

A resistividade varia, também, com a profundidade, mas de uma forma constante e gradual, enquanto
a corrente elétrica estiver percorrendo um mesmo material, sendo representada no gráfico por uma reta de
declividade constante. Mudando o material, a reta das resistividades muda bruscamente de inclinação. A
partir do ponto de inflexão, a corrente elétrica passa a percorrer um outro material diferente com
resistividade diferente.

Convém salientar que este método, como o de refração sísmica, não permite distinguir se trata de :
• um solo fluvial, coluvial ou residual, etc…, quando as resistências (ou velocidades na refração
sísmica) forem baixas
• um saprolito, ou rocha branda ou solo com matacões, quando resistências (ou velocidades na
refração sísmica) forem médias
• um granito, gnaisse ou quartzito, etc…, quando forem altas.

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2.7. Metodologia empregada na prospecção do subsolo de grandes áreas

Nas obras que ocupam grandes áreas, como estradas, barragens, núcleos habitacionais, sistemas de
irrigação, indústrias de grande porte, etc…, a investigação do subsolo é executado por sondagens e
geofísica , de forma complementar em três fases de trabalho:
2.7.14.1. PRIMEIRA FASE : SONDAGENS PRELIMINARES (SP)

Sondagens espaçadas de cem em cem metros ou de cinquenta em cinquenta metros, dependendo


da extensão da obra. Em estradas se emprega sondagens de 100 em 100 metros nesta fase.
2.7.14.2. SEGUNDA FASE : GEOFÍSICA

Varre-se o subsolo por ondas elásticas (método por refração sísmica) ou por corrente elétrica
(método por resistividade elétrica) e determina-se a profundidade, a espessura, a inclinação e os
dobramentos suaves das camadas correlacionando-se as velocidades das ondas (ou resistividade elétrica)
encontradas com as amostras das camadas coletadas pelas sondagens preliminares.

Quando a variação estrutural das camadas é brusca (como nas gargantas de solos entre rochas e
nas dobras acentuadas) não se consegue interpretar os dados geofísicos. Ocorre uma anomalia geológica,
que só é determinada por sondagens complementares.

Quando a variação estrutural das camadas é suave, a geofísica permite a interpolação segura dos
dados de sondagem.
2.7.14.3. TERCEIRA FASE : SONDAGENS COMPLEMENTARES (SC)

Nos locais, onde a geofísica indica haver anomalias geológicas de difícil ou impossível interpretação
pelos dados geofísicos, devem ser realizadas sondagens complementares.

SC SC

SP1 SP2 SP3 SP4 SP5 SP6

SP : FURO DE SONDAGEM

SC : FUROS DE SONDAGEM COMPLEMENTARES

Nos locais de anomalias geológicas serão realizadas tantas sondagens complementares, quantas
forem necessárias para determiná-las, caso se pretenda implantar a obra sobre elas.

Sempre que possível, deve-se deslocar a obra das anomalias, evitando-as, porque, em geral,
conduzem a custos altos de fundações.

Área 2 - Investigações geológicas

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