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construído pode ser redimensionado, mas, por considerar que isto implicaria numa
mudança de nível mais profundo (Bourdieu, 1995), pela qual não podemos esperar
com as mulheres.
utilizando-se técnicas já partilhadas por profissionais dessa área (Costa, 1997), mas
dadas as características da nossa população alvo que não se insere num grupo nem
intervenção.
Mesmo não tendo ainda clareza acerca de qual a forma mais apropriada para o
homens quando novos conteúdos vão sendo inseridos. Isto tem nos motivado na
crença de que falar do "sexo dos homens" pode vir cada vez mais a se distanciar dos
BIBLIOGRAFIA
AYRES, José R., FRANÇA JR., Ivan, CALAZANS, Gabriela, SALETTI FILHO,
Haraldo. "Vulnerabilidade e prevenção em tempos de Aids" In BARBOSA, R. e
PARKER, R. (org.) Sexualidades pelo Avesso. São Paulo, Editora 34, 1999.
BOURDIEU, P. "A dominação masculina", In: Educação e Realidade, 20 (2): 133-84,
jul/dez, 1995.
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Nos últimos anos, a questão vem ganhando destaque devido ao índice crescente de
mulheres heterossexuais com parceiro fixo que têm sido infectadas com o HIV
feminina, esta tem sido uma forma traumática de se dizer que o elemento masculino
precisa ser levado em conta. Além disto, reforça a compreensão já há algum tempo
entender o que é ser homem nesta comunidade e o que se fazia para chegar o mais
experiências e opiniões dos homens que creio não as conseguiria de outro modo.
tradicionalmente não se tem dado muita atenção, sendo vistos à margem, pretende
como "encontro de sujeitos", encarando os objetivos de cada ação "mais como busca
compartilhada de meios que como alcance absoluto de fins" (Ayres et al., 1999,
p.70).
muito casos é visto quase como uma substância que os diferencia, tornando coisas
de mulher absolutamente distantes dos homens. Creio mesmo que o que foi
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sexual.
estas relações marcadas por uma nítida diferença na forma como homens e
uma preocupação feminina como tem sido usual considerar. Além do mais,
também um direito e não apenas uma obrigação, visto que os mesmos homens não
cotidiano.
forte, corajoso e que não expressa suas emoções, bem como heterossexual e
efetiva vulnerabilidade masculina (Ayres et al., 1999; Vilela, 1997) frente à infecção
referindo-se a práticas sexuais levadas a cabo para poderem figurar frente aos pares
mulheres que sabiam ter alguma DST, com vistas a não se "passar por mole".
Seguindo este mesmo raciocínio, é a mesma "liberdade" dos homens que lhes dá os
elementos para referirem o uso de aguardente e limão para prevenir e tratar certas
DST, bem como afirmando sua total descrença na eficácia do preservativo masculino
e ainda não encontrando quaisquer razões para seu uso, por se considerarem
Isto reforça a idéia que sempre norteou meu interesse de trabalho junto a essa
comunidade, qual seja o de que a não preocupação dos homens com seu corpo e
saúde de uma forma geral, e com sua saúde sexual e reprodutiva de modo particular,
longo dos anos para que não apenas não sejam desenvolvidas atividades voltadas a
este segmento, como também a temática não seja devidamente discutida. Antes de
feminino dos estudos e ações relativas ao gênero (Leal, 1996), fazendo com que os
homens, quando referidos, o tenham sido sempre a partir do ponto de vista feminino.
Se por muito tempo gênero foi pensado como sinônimo de mulher, o que se percebe
Breves reflexões
celestiais, não terá sido mera coincidência. Devo confessar que foi fazendo esta
analogia que cheguei a este título. Ocorriam-me idéias de algo distanciado, pouco
Estas imagens foram reforçadas quando há três anos atrás revirando o acervo da
explicando o porque de três sereias serem usadas como símbolo daquela instituição.
como algo pouco conhecido e cercado por uma aura de enigma. Automaticamente,
me perguntei: "E com relação aos homens?". Considerei naquele momento - e ainda
mulheres, marcadas pelo recato e , no máximo, pela insinuação, não os tornam mais
ainda hoje. Mas o ponto em questão é que esta maior liberdade dos homens é antes