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O grupo de iguais é uma formação social que muito contribui para o processo
socializador da criança. Os jogos, as tarefas que realiza junto com outras
crianças de sua idade e a troca de experiências que as crianças adquiriram
individualmente produzem um efeito socializador importantíssimo, não apenas
nas sociedades simples, mas também nas complexas formações sociais do
mundo contemporâneo. A criança que não tem amigos manifestará, ao tornar-
se adulta, outras carências sociais, já que lhe faltam algumas experiências
fundamentais para o desenvolvimento da personalidade.
Nas sociedades mais simples, a aquisição de conhecimentos não exige
estabelecimentos especialmente destinados às tarefas educativas. A
aprendizagem se realiza naturalmente, pois a criança participa, de forma cada
vez mais ativa, nos trabalhos comuns. Conforme cresce, o papel que
desempenha na comunidade torna-se mais importante e definido. As
instituições educacionais que exercem maior influência sobre a formação
costumam estar vinculadas às práticas religiosas, às crenças mágicas e ao
mundo mítico. Estreitamente ligados às atividades educativas estão os ritos de
iniciação.
O grande impulso que a cultura européia recebeu nos últimos séculos da Idade
Média desaguou no pré-Renascimento. As universidades viveram um período
áureo, o estudo do grego clássico recebeu um impulso decisivo e, em Florença,
surgiu a primeira academia platônica, que foi seguida de outras nas principais
cidades italianas. As novas correntes de pensamento, criadas pelos
humanistas, impregnaram uma Europa otimista e plena de vitalidade, disposta
a substituir o rigor técnico medieval por outra forma de cultura. A educação
retomou os antigos ideais clássicos que defendiam a conjunção harmoniosa do
homem com a natureza. Os grandes pensadores eram também, em sua maior
parte, mestres solicitados, e percorriam incansavelmente a Europa, difundindo
idéias. O continente parecia viver em estado de debate constante, como se as
distâncias tivessem sido infinitamente encurtadas. Mas o período otimista da
primeira fase do Renascimento duraria muito poucos anos.
A Reforma religiosa, acontecimento plenamente identificado com o espírito
renascentista, acarretou uma reação católica que representou um verdadeiro
retrocesso. Costuma-se dar como sua data inicial o ano de 1517, em que
Martinho Lutero expôs em público, pela primeira vez, sua contestação à
doutrina eclesiástica das indulgências. A partir desse ano, tudo foi diferente. A
Europa mergulhou numa guerra civil permanente que esgotaria os recursos do
continente por um século e meio, e levantaram-se duras fronteiras ideológicas
cujo papel era dificultar a difusão do pensamento. As lutas religiosas não
tardaram a paralisar o otimismo renascentista, e as instituições eclesiásticas e
estatais começaram a se assustar. A liberdade de que tinham desfrutado os
educadores na época imediatamente anterior foi cortada pela raiz, e no mundo
católico teve início uma profunda decadência das universidades, que se
tornaram baluartes do pensamento teológico medieval. Não teve melhor sorte
a filosofia na maioria dos países protestantes, nos quais também não se
toleraram dissidências ideológicas até o momento em que, em alguns deles, foi
preciso apelar à tolerância para frear a guerra civil. As pequenas ilhas de
permissividade tornaram-se berço das principais idéias inovadoras que
surgiriam na Europa.
Uma das aspirações dos governos burgueses europeus do século XIX foi a de
levar toda a população infantil à escola. Esse processo se deu muito
lentamente. Antes disso, foram postos em prática projetos de instituições de
ensino secundário, priorização compreensível num sistema dominado pelas
classes abastadas, preocupadas com o futuro de seus filhos e com a
perpetuação do sistema. Mas a pressão da classe trabalhadora e também a
necessidade de qualificar mão-de-obra para as atividades industriais cada vez
mais exigentes motivaram a progressiva democratização do ensino. Dessa
forma, no final do século XIX, a maior parte dos países industrializados tinha
conseguido atrair para a escola quase toda a população infantil, e a taxa de
analfabetismo tinha sido reduzida drasticamente.
Do mesmo modo, boa parte dos estudos propostos pela antropologia e pela
sociologia está encaminhada para esclarecer a forma que adotam e a maneira
como atuam os diversos sistemas de aprendizagem e de aculturação que
constituem o alicerce educacional das sociedades, sejam elas "primitivas", e
nesse caso objeto de estudo da antropologia, ou "civilizadas", terreno
abordado pela sociologia. Algumas questões importantes tratadas pelos
sociólogos, por exemplo, dizem respeito à influência das mudanças
educacionais na estrutura social, à relação entre educação e desenvolvimento
econômico, à forma como os diversos sistemas educacionais podem sustentar
ou, ao contrário, derrubar os sistemas de poder, às disfunções sociais criadas
por novos métodos de ensino, às resistências à mudança educacional por parte
dos poderes sociais tradicionais e a muitos outros temas.
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