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A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PARA ATENDER O

ALUNO DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS


Suzana Cristina Fulaneto Serodio
serodiosu@gmail.com

Marlizete Cristina Boanafini Steinle


Marlizetesteinle4@gmail.com

RESUMO

A presente pesquisa tem por objetivo verificar como a escola de ensino fundamental
tem organizado seu espaço escolar para atender as crianças de 6 anos, como
também, compreender de que forma esse espaço contribuí com o processo de ensino
e aprendizagem. Para atingir o proposto foi realizada uma pesquisa qualitativa. Os
instrumentos utilizados para levantar dados foram à observação do espaço escolar e o
Diário de Campo. A pesquisa teve como campo, uma sala de aula pública do 1º ano
do Ensino Fundamental pertencente ao município de Londrina. Como conclusão foi
construída um “Projeto sala de aula Sketchup” para o 1º ano do Ensino Fundamental,
como uma das possiblidades de resignificar os espaços educativos, a fim de possam
acolherem e integrar o seu mais novo aluno.

Palavras chave: Espaço. 1º ano do Ensino Fundamental. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

É sabido a todos que com a implantação do Ensino


Fundamental de Nove Anos a partir de 2005 a criança de seis anos de idade
cronológica que pertencia a Educação Infantil, passa a ser automaticamente
matriculada no primeiro ano do Ensino Fundamental.
Esta determinação governamental não teve como mudança
apenas o espaço geográfico da criança de seis anos, que num passa bem
próximo frequentava a Educação Infantil e agora passa a frequentar a Ensino
Fundamental. Adequações curriculares, pedagógicas, materiais e físicas
formas necessárias ao Ensino Fundamental de nove anos que passa a
receber alunos com seis anos de idade.
Tudo isso posto, o presente trabalho teve como objeto de
pesquisa a organização do espaço escolar, na medida em que
questionamentos surgirão na tentativa de encontrar respostas para as
seguintes perguntas: O espaço físico das escolas do Ensino Fundamental é

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adequado para atender as crianças de seis anos? Como as escolas do ensino
fundamental tem organizado seu espaço físico para atender as crianças de
seis anos? A adequação ou não do espaço físico escolar contribui ou
atrapalha o processo de ensino e aprendizagem?
Na tentativa de buscar respostas para estas perguntas o
presente trabalho tem por objetivo “verificar como a escola de ensino
fundamental tem organizado seu espaço escolar para atender as crianças de 6
anos, como também, compreender de que forma esse espaço contribuí com o
processo de ensino e aprendizagem”.
Para cumprir com o objetivo proposto alguns caminhos foram
necessários tais como: Buscar referencia teórica que fundamente a discussão
sobre a organização do espaço no primeiro ano do ensino fundamental de
nove anos; Observar uma sala de aula do primeiro ano do ensino fundamental
municipal do Município de Londrina; A funcionalidade desse espaço na
promoção do processo ensino aprendizagem; Propor sugestões para a
organização do espaço que visam atenda a adequadamente a criança do
primeiro ano ensino fundamentais.
Vale dizer que o interesse por esta temática surgiu a partir
da integração de conhecimentos adquiridas na graduação em Design de
Interiores e na graduação em Pedagogia, ao perceber que Design de
Interiores e Educação podem juntas contribuir com a formação de cidadãos.
Durante os estágios desenvolvidos nos espaços escolares
sempre observei atentamente a maneira como as escolas se organizavam e a
pobreza com que utilizavam os materiais decorativos. Assim, pude refletir e
pensar no quanto as crianças do primeiro ano do ensino fundamental estava
perdendo na interação com a linguagem de imagem, com a troca de
experiências sensoriais sociais e como a escola utilizava inadequadamente
esses espaços, principalmente quando não reconhecem o sentido e o
significado da organização dos espaços educativos para o processo de ensino
e aprendizagem. Diante de tudo isso é que fui instigada a escrever sobre o
assunto.
Acredito que este trabalho traga um alerta a todos os
professores que trabalham com as crianças de seis anos matriculadas no
primeiro ano do Ensino Fundamental, uma vez que, problematiza o espaço da

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sala de aula, como um espaço organizado para a acessibilidade do saber e do
conhecer curioso da criança, rico em possibilidades autônomas para a escolha
e o manuseio de materiais diversos que, proporciona maior interação da
criança com a sua cultura e amplia as interações sociais entre as crianças e
entre elas e os adultos. Tudo isso com o objetivo de favorecer o processo de
ensino e aprendizagem construído e organizado no espaço da sala de aula.

CONTEXTUALIZANDO O ESPAÇO ESCOLAR PARA A INFÂNCIA

O século XXI trouxe para contemporaneidade vários desafios,


dentre eles está o reconhecimento da criança cidadão tendo a infância por
direito. Mas, sabemos que nem sempre foi assim, a criança durante muito
tempo foi desrespeitada pela sociedade, sendo ora considerada como um
adulto em miniatura, ora como um ser sem conhecimento e sentimentos
submisso as impressões do adulto, ora funcionaria do trabalho infantil, ora
sujeito de consumo do capitalismo e da sociedade midiática, ora vitima da
exploração sexual.
Neste contexto, cabe à escola refletir sobre as suas práticas
educacionais, na tentativa de conceber a criança como um ser em pleno
desenvolvimento, no entanto, um ser ativo e social que, ao se apropriar de
diferentes espaços, tem a possibilidade de interagir com objetos culturais, com
outras crianças e com diferentes adultos, todos importantes para o seu
processo de humanização.
Assim, ao refletirmos sobre o espaço físico que compõem as
escolas, Rinaldi (2002) diz que,
[...] O ambiente escolar deve ser um lugar que acolha o
indivíduo e o grupo, que propicie a ação e a reflexão. Uma
escola ou uma creche é antes de tudo, um sistema de relações
em que as crianças e os adultos não são apenas formalmente
apresentados a organizações, que são uma forma da nossa
cultura, mas também a possibilidade de criar uma cultura. [...] É
essencial criar uma escola ou creche em que todos os
integrantes sintam-se acolhidos, um lugar que abra espaço às
relações (p. 77).

Analisando as contribuições de Rinaldi (2002) percebemos que


quase nunca ou dificilmente a escola tem esta compreensão sobre o espaço
físico que a constitui. Até hoje a escola não é pensada e nem organizada

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fisicamente para acolher a criança e integrá-la a este ambiente que também é
seu, dando a mesma o sentimento de pertencimento. Assim, o que
normalmente acontece é que os alunos são apresentados a uma estrutura
física escolar de padrão nacional, a qual se espera que todas as crianças se
adaptem, sem levar em consideração as suas individualidades.
Por outro lado, na tentativa de ressignificar esta prática
Galardini e Giovannini (2002) defende a ideia de que os espaços escolares são
grandes parceiros no processo de ensino e aprendizagem, ao afirmarem que,
[...] A qualidade e a organização do espaço e do tempo dentro
do cenário educacional podem estimular a investigação,
incentivar o desenvolvimento das capacidades de cada criança,
ajudar a manter a concentração, fazê-la sentir-se parte
integrante do ambiente e dar-lhe uma sensação de bem-estar
(p. 118).

Diante desta afirmativa, é urgente que a escola organize


espaços flexíveis e versáteis, compostos por ambientes que possibilitem a
criação de novos saberes e novas experiências, espaços que favorecem o
autoconhecimento, a autonomia e o desenvolvimento de habilidades tais como:
cognitivas, afetivas, social e cultural.
Tudo isso, deve ser pensado junto a uma rotina escolar
desafiadora, sendo contrária a uma rotina autoritária que limita pelo seu
autoritarismo, os processos de desenvolvimento e aprendizagem infantil.
É fato que o espaço físico por si só não é capaz de sozinho
alterar o ambiente escolar dando à criança a sensação de acolhimento e
pertencimento, a ele devesse incorporar as ações do professor e sua relação
com o aluno.
Vale destacar que o espaço escolar deve ser acolhedor e
prazeroso, deve trazer a sensação de abrigo que possibilite outras sensações,
de autoconfiança, como o bem estar. Portanto, “Toda relação humana é
educativa. Todo contato com criança deixa marcas que define posições”
(REDIN, 1998, P 49). E por meio desta relação construída no espaço escolar
que acreditamos que a criança se desenvolve, aprende e se prepara para vida.
Mas, é preciso destacar que, por mais que estamos falando de
um espaço físico e coletivo que é o espaço escolar, não podemos perder de
vista que cada criança é única e tem sua particularidade, seus desejos e

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principalmente um processo particular de construção de novos conhecimentos.
Para tanto é necessário que “experiências que estimulem à criatividade, a
experimentação, a imaginação, e desenvolvam as distintas linguagens
expressivas e possibilitem a interação com outras pessoas” (BARBOSA;
HORN, 2001, p. 68).
No entanto, mais complexa se torna a discussão sobre a
organização do espaço físico escolar, quando voltamos nosso olhar para o
Ensino Fundamental, principalmente aquele relacionado ao 1º ano, cujos
alunos possuem apenas seis anos de idade, pois, entendemos que o espaço
que se destina ao ensino fundamental deva ser preparado e pensado para as
crianças de seis a dez anos respeitando as suas especificidades.
Mas, infelizmente, as escolas brasileiras do Ensino
Fundamental são organizadas fisicamente para crianças que não crescem,
pois, o tamanho da carteira das crianças com seis anos é o mesmo para as
crianças de dez anos que já são pré-adolescentes. São organizadas para
crianças consideradas adulto em miniatura, por que a sua estrutura física
desconsidera a presença do Parque, e os Jogos e as Brincadeiras tem seu
tempo cada vez mais reduzido ou quase nulo.
A importância do mobiliário e suas influências na aprendizagem
quando se pensa em espaço e como o utiliza-lo e de como esse espaço se dá,
primeiro por que esse espaço gera autonomia na criança, elas têm que saber
onde procurar os materiais que necessita e saber onde eles estão dispostos, e
assim poder otimizar o tempo das atividades, o tempo tem que ser gasto com
atividades e diversão.
Esse espaço também tem que ser organizado de acordo com a
identidade de grupo de alunos, assim quando se entra em uma sala, e a partir
das coisas e materiais que estão expostos, pode se identificar o que o grupo
esta aprendendo, e com essa exposição as crianças podem expor suas
criações e assim valorizam suas próprias produções e também as dos colegas
o que influencia muito no processo aprendizagem das crianças
A delimitação do espaço da sala de aula por áreas ou cantos
permite a desconcentração da figura do adulto e uma maior autonomia por
parte das crianças. O espaço e o tempo são elementos pedagógicos

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importantes que precisam ser pensados e organizados para a participação
ativa das crianças.
Como afirma Ana Lúcia Goulart
[...] Um espaço e o modo como é organizado resulta sempre
das idéias, das opções, dos saberes das pessoas que nele
habitam. Portanto, o espaço de um serviço voltado para as
crianças traduz a cultura da infância, a imagem da crianças,
dos adultos que a organizaram; é uma poderosa mensagem do
projeto educativo concebido para aquele grupo de crianças.

Um espaço cercado por mesas e cadeiras enfileiradas revela


que o movimento das crianças não é considerado e que as propostas estão na
mão do adulto que é o único que precisa ser visto e ouvido. A própria decoração
do ambiente é reveladora. Muitas vezes, o adulto no desejo de deixar o espaço
bonito, o decora com cartazes e enfeites que não tem significado para aquele
grupo de crianças e que é um referencial apenas para ele. Muitas revistas
“pedagógicas” em especial aquelas destinadas a educação infantil infelizmente
apresentam alguns desses modelos.
Quanto à organização das salas, Barbosa e Horn (2001)
afirmam ser fundamental que se considere a sala como parte integrante da
ação pedagógica e destacam que são fatores determinantes desta organização
o número de crianças, as faixas etárias, as características do grupo e a parceria
entre professores e aluno.
Ainda segundo as autoras Barbosa e Horn (2001), a
organização adequada do espaço e dos materiais disponíveis na sala de aula
será fator decisivo na construção da autonomia intelectual e social das crianças.
Para a delimitação dos espaços podem ser usados diversos materiais, como
panos, tapetes, estantes, cortinas e outros.
Zabalza e Fornero (appud HORN,2004,P.35) fazem uma
interessante distinção entre espaço e ambiente, apesar de terem a clareza de
que são conceitos intimamente ligados. Afirmam que esse termo espaço refere-
se a locais onde as atividades são realizadas e caracterizam-se pelos objetos,
moveis, materiais e por sua decoração já o ambiente diz respeito ao conjunto
desse espaço físico e as relações que se estabelecem no mesmo, as quais
envolvem os fatos e as relações envolvidas entre crianças e adultos.

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Antes de projetas um ambiente ou um espaço, trago esse
discussão para caracterizar e definir o conceito de espaço e ambiente.
Pensar o espaço é, portanto, compreender as questões físico-
materiais como os elementos de cor, texturas, piso, altura de janelas, altura das
maçanetas das portas, os móveis, a louça do banheiro (torneira, cuba, vaso
sanitário, porta toalhas, entre outros), a dimensão métrica das salas,
corredores, refeitórios, banheiros, hall de entrada; a interligação entre estes
espaços; o desenho arquitetônico e suas formas.
Essas dimensões estão implicadas, segundo os autores, no
trabalho pedagógico dos professores e na aprendizagem e no desenvolvimento
das crianças.
[...] O espaço acaba tornando-se uma condição básica para
poder levar adiante muitos dos outros aspectos-chave. As
aulas convencionais com espaços indiferenciados são cenários
empobrecidos e tornam impossível (ou dificultam seriamente)
uma dinâmica de trabalho baseada na autonomia e na atenção
individual de cada criança (ZABALZA, 1998, p. 50).

Pensar o ambiente, por outro lado, é considerar as interações:


criança/criança, criança/adulto, criança/espaço, criança/tempo de permanência
na instituição de educação nesse caso de do ensino fundamental,
criança/relação com os elementos do espaço. As questões que envolvem o
espaço têm influência sobre o ambiente e este, por sua vez, incide sobre o
espaço.
Acredito ser fundamental o entendimento tanto das
especificidades de cada conceito em sua dimensão teórico-prática, quanto das
relações e implicações que se estabelecem ente eles. Essa diferenciação
possibilita aprofundar compreensões que podem resultar na adequação do
espaço projetado.

CAMINHO METODOLÓGICO

A presente pesquisa tem como delimitação científica uma


pesquisa qualitativa. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, a
observação a Campo e o Diário de campo. O Campo delimitado para o nosso
olhar, foi uma sala de aula do 1º ano do Ensino Fundamental, pertencente a

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uma Escola Municipal localizada na zona Oeste de Londrina, Paraná.
Participaram desta pesquisa 25 alunos, com idade cronológica de seis anos e
uma Professora. Após a análise dos dados coletados fizemos uma discussão
que será apresentada a seguir.

PENSANDO O ESPAÇO ESCOLAR


A Partir das observações realizadas em uma sala de aula do
primeiro ano do Ensino Fundamental, foi possível constatar que não existe um
olhar atento para a organização funcional e sensorial dos espaços e da
distribuição das mobílias existente neste espaço escolar, uma vez que são tão
importantes para as vivencias acadêmicas, bem como, para a apropriação do
saber aluno de seis anos.
Segundo a Diretora da escola, a inadequação do espaço se dá
por causas político-administrativas, uma vez que a escola que é considerada
de porte pequeno no ano de 2014 aumentou número de alunos, fazendo com
que, no período matutino a mesma sala atendesse os alunos do quarto ano e
no período vespertino alunos do primeiro ano. Deste modo, segundo a fala da
Diretora, a organização da sala de aula não poderia ser pensada para
privilegiar apenas um grupo de alunos em detrimento do outro, a ponto de
limitar a utilização da sala apenas para uma faixa etária, pois, a escola tinha
que acomodar todos os alunos e isso era prioridade.
A fim de iniciarmos a nossa discussão apresentaremos a seguir
a primeira imagem atual do espaço escolar.
Foto – 01: Sala de Aula

Como podemos observar na imagem acima, a organização do


espaço desta sala de aula é composta por vários armários no seu lado direito.
Estes armários pertencem à antiga Biblioteca Escolar que, por falta de espaço

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para abrir novas salas de aula foi desativada e seus armários foram
distribuídos entre as salas já existentes.
Se olharmos mais atentamente é possível verificar que junto a
este amontoado de armários, existem também prateleiras que diminuem ainda
mais o espaço da sala e consequentemente ocupam as paredes, deixando
praticamente nula a possibilidade de serem usadas as paredes para a
exposição dos trabalhos dos alunos.
Sabemos que todo espaço escolar organizado para as crianças
deve propor desafios cognitivos, sociais, emocionais e motores que farão o
aluno a avançar no seu processo de humanização, uma vez que, este espaço
contenha objetos que relatem a sua cultura, o seu meio social, a sua identidade
e suas aprendizagens. Assim, toda sala de aula precisa ter visivelmente
marcas da identidade de seus alunos, expressas em diferentes produções
expostas nas paredes que indicam quem são eles; o que estão aprendendo;
além destas exposições valorizarem as produções dos alunos, os ensina a
respeitar uns aos outros em diferentes formas de aprender.
Horn (2004, p. 28):

É no espaço físico que a criança consegue estabelecer


relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o em um
pano de fundo no qual se inserem emoções [...] nessa
dimensão o espaço é entendido como algo conjugado ao
ambiente e vice-versa. Todavia é importante esclarecer que
essa relação não se constitui de forma linear. Assim sendo, em
um mesmo espaço podemos ter ambientes diferentes, pois a
semelhança entre eles não significa que sejam iguais. Eles se
definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e
o espaço organizado.

De acordo com a citação de Horn (2004), consideramos


também que um mesmo espaço como é o da sala de aula, podemos ter
diferentes ambientes que atenderão a necessidades dos alunos. A fim de
contribuir com este pensamento e materializarmos as possibilidades de
organização, a seguir apresentaremos uma sugestão de espaço escolar onde a
parede torna-se a extensão do planejamento docente e parte da atividade do
aluno
A sala de aula é o espaço de referencia para o aluno e precisa
ter identidade, e foi que as observações feitas na sala de primeiro anos do
fundamental que pude perceber quais eram suas necessidades, tanto da
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professora quanto dos alunos, e a partir dessa percepção projetei o mesmo
espaço da sala de aula, com as mesmas caracterizas arquitetônicas, mas de
maneira diferente, tirando alguns mobiliários que se encontravam em excesso,
como os armários, algumas cadeiras e estantes, priorizei o uso de materiais
recicláveis como tapumes, que viraram bancadas e estantes, e caixas de frutas
que se transformaram em estantes para os livros, jogos e televisão.
Foto 02: projeto sala de aula Sketchup

Podemos observar na imagem acima que na parede que havia


vários armários e uma TV que não funcionava ambos foram descartados.
No projeto foi utilizado uma prateleira de amadeira na cor amarela sem portas,
onde será colocado os cadernos das crianças, pois, durante as minhas
observações notei que os cadernos eram sempre as crianças que
manuseavam, eram elas que guardavam após corrigir, e eram elas que
pegavam para guardar na mochila, então, sugeri uma prateleira sem portas, a
prateleira tem uma tamanho suficiente para a turma dos dois períodos.
Os três armários azuis, são para guardar matérias que não
serão usados de imediato, como folha sulfite, cadernos novos, lápis de cor, giz
de cera etc, os armários são baixo, onde as crianças podem ter acesso e
também ter autonomia na escolha do material.
Próximo à porta foi colocado duas bancadas azuis escuras,
com quatro cadeiras brancas, denominado de cantinho da criatividade. Nessa
bancada está disponível tintas, pinceis, folhas sulfite e diversos desenhos para
colorir. A professora fazia atividades onde as crianças tinham liberdade para
escolher do que gostaria de brincar, mas, notei que não havia um lugar onde
elas pudessem direcionar a atividade, um lugar próprio para cada atividades.
Segundo Ceppi e Zin (2013 p48) “É importante que todos os
espaços da escola, de acordo com suas características especificas, estejam

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abertos e acessíveis as crianças, para que elas possam lá permanecer e
utiliza-los.”
No projeto as paredes estão livres para que a professora
possa expor as produções dos alunos, o que antes com as paredes cheias de
armários não ocorria.
Segundo Ceppi e Zini(2013 p51) “O espaço deve ser
organizado de maneira eficiente para arquivamentos da documentação dos
trabalhos e projetos realizados pelas crianças.”
Foto – 03: Sala de Aula

Na imagem a cima, podemos notar que a lousa é para uso


apenas da professora, pois uma crianças de 6 anos não alcança. No canto
esquerdo, tem um computador que não tem utilidade nenhuma, pois, não
funciona, e o alfabeto a cima da lousa é muito pequeno difícil de visualizar.
Há também um excesso de carteiras na sala, o que deixa o
ambiente apertado e sem possibilidade de outras organizações para as
atividades, tais como: como duplas, círculos, equipes, etc.
Foto 04: projeto sala de aula Sketchup

No projeto sugerido tanto a lousa como as carteiras,


foram modificadas, pois, durante as observações pude perceber que as

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crianças tinham uma necessidade enorme de escrever na lousa, de interagir
com o que a professora escrevia, e de ter a percepção de que a lousa não era
restrita apenas a professora. Mas, uma das impossibilidades era o fato de não
alcançarem, então no projeto busquei colocar um quadro que ocupasse
praticamente toda a parede tanto de largura quanto de altura, o que torna mais
acessível aos alunos, e o alfabeto em cima da lousa é grande e pode ser
visualizado tranquilamente e sem dificuldade, e as crianças terão uma copia
desse alfabeto para que ele possa ser manuseado.
Sobre este aspecto Ceppi e Zini(2013 p46) dizem que “O
ambiente escolar deve er passível de receber manipulações e transformações
tanto de adultos como de crianças, e deve estar aberto para diferentes usos.”
Foto – 05: Sala de Aula

Quanto a área da janela, pudemos observar que é muito boa,


pois, tem uma iluminação adequada. Mas em alguns horários a iluminação é
intensa, e com o mau funcionamento das cortinas se torna um problema.
Foto -06:projeto sala de aula Sketchup.

No projeto da janela, as cortinas foram trocadas por persianas,


o que possibilita abrir e fechar a liberando a luz que for necessária para uma
iluminação adequada.

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Deste modo Cippi e Zini(2013 p61) afirmam que ”A quantidade
de luz natural é uma das características mais importantes da iluminação de
interiores. Concordando com o autor é que sugerimos a persiana nas janelas,
uma vez que elas não tiraram a iluminação natural da sala, e esta iluminação
fez com a crianças pudessem ter a percepção de tempo. Ceppi e Zini(2013
p61)” É importante que as crianças sintam se em harmonia com o ambiente do
lado de fora da escola e que elas estejam cientes das mudanças que ocorrem.”
Foto-07:projeto sala de aula Sketchup.

Atualmente o fundo da sala foi usado como deposito, tudo o


que não coube na Biblioteca e em outros setores da escola, foi para na sala do
primeiro ano, o que torna o espaço apertado e sem possibilidade para usar as
paredes, há também um excesso de aparelhos de televisão na sala de aula
que na tem uso.
O espaço entre a televisão e as carteiras é pequeno, o que não
possibilita que as crianças possam ficar confortáveis, elas acabam ficando em
suas carteiras quando ocorre alguma atividade de multimídia.
Foto 08: projeto sala de aula Sketchup

No projeto sugerido para este espaço, no fundo da sala foi


usados caixas de frutas de feira, elas foram usadas como armários, é uma

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alternativa barata e que da muito certo, pois todas DVD, livros e jogos podem
ser organizados de maneira que as crianças tenham acesso.
No canto esquerdo uma fita métrica gigante instiga as crianças a
quer saber quanto elas cresceram, o que possibilita a interação com a
matemática de uma maneira divertida, e do lado uma pequena biblioteca, onde
a professora poderá colocar em destaque os livros novos ou mais lidos, e em
baixo organizar o restante.
Uma bancada azul, entre a mini biblioteca e a televisão foi
projetada para que as crianças pudessem ter essa sensação de mudança de
ambiente, e que também possibilita um lugar para os jogos ou ate mesmo para
a leitura de um livro. Segundo Ceppi e Zini(2013 p46)”Transformabilidade a
curto prazo pode ser obtida através de divisórias, mobília, painéis”.
O ambiente possibilita inúmeras sensações, como na área
projetada para a televisão, um tapete e milhares de travesseiros bem macio,
em forma de nuvem para a criança poder deitar e se sentir confortável, a
prateira de caixa de frutas, deixa os DVDs e jogos acessíveis às crianças.
E as cores usadas sem exageros, assim as paredes ficaram
na cor branca para deixar o ambiente mais claro, iluminado, e as cores ficaram
no mobiliário para assim compor um ambiente mais agradável e apropriado
para as crianças.
Segundo Ceppi e Zini(2013 p)” O cenário cromático deve ser
rico, envolvendo todas as variantes de identidade das cores sem, contudo criar
um efeito “cacofônico”;em vez disso um resultado equilibrado, que crie
harmonia.”

Considerações Finais
Concluo essa pesquisa, respondendo algumas inquietações
que trouxe no inicio nesse trabalho, e fica assim a certeza de que ainda se tem
muito a ser pesquisado sobre esse assunto.
O espaço físico da escola do ensino fundamental hoje, não é adequado para as
crianças de seis anos, essa preocupação de adequar o ambiente para a
criança que acabou de sair da educação infantil, ficou como um segundo plano
nas escolas ou ate mesmo nunca existiu.

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Na maioria das escolas o espaço da sala de aula é usado por
crianças de idades diferentes em turnos diferentes, o que faz com que as salas
acabem não tendo a possibilidade de variação no mobiliário, e também faz com
as salas tenham um grande acumulo matérias e mobília desnecessária.
E por fim, a escola deve garantir a qualidade de
ensino para os alunos, oportunizando um bom espaço, que possa promover a
autonomia à criatividade e que desperte os sentidos para diferentes linguagens
nos anos inicias.

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