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MINISTÉRIODAEDUCAÇÃO

UNIVERSIDADEFEDERALDOPIAUI
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
Projeto de extensão "Família, Território e Intergeracionalidade"

GT1: Formação profissional e


cotidiano acadêmico-
institucional
GT2: Processos de trabalho e
garantia de direitos
GT3 - Problematizando as
relações sociais: questões
étnicas
GT4 - Problematizando a
violência de gênero
Trabalhando com
históó rias de vida

Teresina
2018
Trabalhando com histórias de vida

A história oral pode ser utilizada como estratégia para captação de experiências
vividas (pessoais e sociais), “pressupõe o apoio de um referencial que não se alicerce na
história tradicional dos fatos, das datas, dos personagens e dos heróis, mas na história
como fruto de vivências de uma sociedade, onde cada um possa ter voz e vez, onde cada um
pode ser protagonista, interlocutor e membro ativo” (OSINAGA, 2000, p. 402).
A história oral, fundamentada na História Nova, que, conforme BURKE (1992), baseia-
se no fato de que ela pode ser contada também a partir dos homens comuns, é uma
"construção cultural, sujeita a variações, tanto no tempo quanto no espaço". Ela se
afirma, ainda segundo LE GOFF (1995), como uma história processual, de bastidores,
construída, uma história das massas que leva em conta o contexto, as estruturas e a
cultura dos povos.
Nesta perspectiva, a história pessoal, configura-se como parte da história social e
serve de articulação para o entendimento de fatos e vivências de indivíduos e grupos,
relativos às categorias
subjetivas em estudo.
A utilização da história oral teve início na década de 40, nos Estados Unidos, e tomou
impulso na década de 60. No Brasil, sua experiência de consolidação iniciou-se na
década de 70 e tem tomado impulso nos últimos cinco anos (MEIHY, 1996).
O mesmo autor descreve três modalidades de história oral, das quais a primeira é
denominada história oral de vida, que "diz respeito ao conjunto da experiência de vida
de uma pessoa"(p.35), devendo o pesquisador colocar as perguntas ou temas de forma
ampla, indicativa e em blocos. A segunda é a história oral temática onde se busca "o
esclarecimento ou opinião do entrevistado sobre algum evento definido". A terceira é a
tradição oral onde se buscam informações sobre "questões do passado longínquo que
se manifestam pelo chamado folclore e pela transmissão geracional, de pais para filhos
ou de indivíduos para indivíduos".
QUEIROZ (1983, 1988) refere-se à história de vida como situada na interface entre o
individual e
o social já que cada indivíduo que faz seu relato, tem não só a sua história pessoal,
mas também uma percepção e uma representação próprias, sendo ainda um reflexo
de seu tempo e espaço, com influências
as mais diversas, constituindo, portanto, "uma unidade dentro da coletividade"
(OSINAGA, 2000, p. 402).

Existem três modalidades de história oral: a) história oral de vida, caracterizada pelo resgate do “conjunto da
experiência de vida de uma pessoa”, devendo “”o pesquisador colocar as perguntas ou temas de forma ampla,
indicativa e em blocos. A segunda é a história oral temática onde se busca ‘o esclarecimento ou opinião do
entrevistado sobre algum evento definido’”. Nesse sentido, a “terceira é a tradição oral onde se buscam
informações sobre ‘questões do passado longínquo que se manifestam pelo chamado folclore e pela
transmissão geracional, de pais para filhos ou de indivíduos para indivíduos’ “ " (OSINAGA, 2000, p. 402).

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Trabalhando com
histórias de vida:
compreendendo as
perspectivas de
classe, direitos, etnia
e gênero
MINISTÉRIODAEDUCAÇÃO
UNIVERSIDADEFEDERALDOPIAUI
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
Projeto de extensão "Família, Território e Intergeracionalidade"

Trabalhando com histórias de vida: compreendendo as perspectivas de


classe, direitos, etnia e gênero

Local: Centro de Convivência Marly Sarney


Maio e junho/2018

Percurso I e II - Aproximação com a realidade e coleta de dados :


compreendendo a construção do sujeito e a expressão/pertinência da memória no grupo

Quadro I – Trabalhando com a história oral dos(as) idosos(as) do Centro de Convivência Marly Sarney

TEMA: Importância da Pessoa Idosa na Família 23/08/2018

 Todos os nomes usados são fictícios.

Apreensão do vivido social do sujeito e suas práticas Análises


(dados coletados)
Dona Flor: “Eu vivia muito triste, deprimida, apesar de Muitos idosos mesmos com famílias grandes e
a família ser muito grande. Criei muitos sobrinhos, tendo participado da criação de outros
porque filhos eu nunca tive a felicidade de ter. Mais familiares, se sentem sozinhos. E relatam a falta
ou menos uns 5 sobrinhos. Eu fui, eu fui tia deles. Fui da “felicidade de ter filhos”, talvez seja por que
professora deles, incentivei e hoje continuo filhos são os familiares mais próximos que
incentivando.” podem ter e tão são os que cuidam na velhice.

A relação com os filhos talvez seja um dos


Dona Esmeralda: “Eu me sinto tão feliz, pontos cruciais para a vida plena na velhice.
principalmente agora que tem um bebezinho, isso ai é
minha vida e minha família também. Minha família é
muito grande, eu tenho 16 filhos, mas se eu faltar lá
em casa todo mundo sente falta. Eu tenho uma
família maravilhosa, não falta nada.”

Mais uma percepção de como filhos afetam a


Dona Caju: “Eu me sinto muito feliz de estar no meio vida na terceira idade. 30 anos sozinha.
das minhas colegas. Eu não tenho família, não tenho
irmã, não tenho pai e nem mãe, não tive filhos. Moro
com uma prima e o filho dela. Sou madrinha dele. Ele
convive comigo desde bebe. O filho que eu considero
é ele. Ela mora de um lado e eu do outro. Passei uns
30 anos sozinha dentro de casa, solitária
praticamente, sem ter com que conversar.”
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A relação com os filhos ou a falta deles é um dos


Dona Maria: “Eu to criando a segunda filha. Meu filho pontos de destaque da discursão do tema, mas
se separou da mulher e eu to criando a segunda filha. o papel e a presença dos idosos na família
Tenho 5 netos. E eu me acho importante por isso, também , muitas vezes acabam não sendo
uma guerreira, por criar um neto. A função que eu valorizados dentro de suas próprias famílias e
faço em casa ninguém da valor. Eu levanto faço café por seus filhos.
da manha, faço almoço quando eu to em casa, lavo as
roupas grandes, a menina vem cozinhando e leva as
roupas pequenas. E eu me sinto orgulhosa,
maravilhada. E outra coisa eu amo todos vocês. To
aqui porque eu me sinto em outra família.”

REFERÊNCIAS

OSINAGA, Vera Lúcia Mendiondo e et. al. Trabalhando com histórias de


vida de familiares de pacientes psiquiátricos. Rev.Esc.Enf. USP, v.34, n.4,
p. 401-6,dez. 2000.

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