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Rede Globo de Televisão - “Que Rei sou eu?” – CAP. 157 pág.

NOVELA: “QUE REI SOU EU?”

AUTOR: CASSIANO GABUS MENDES

REDE GLOBO

CAPÍTULO Nº : 157

PERSONAGENS:

MADELEINE VANOLI

RAVENGAR MARIPOSA

FANNY SUZANNE

LOULOU JEAN PIERRE

DENISE JULIETTE

LILY INGRID

ALINE COZETTE

GABY PICHOT

GASTON BERGERON

ROLAND MICHEL

GERARD CHARLOTTE

BIDET LUCY

RAINHA ROGER

ZMIRÁ FIGURANTES -
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CENA 1 – INTERIOR – SALA DO REINO – MANHÃ

VANOLI E ROGER – SEQUÊNCIA DO CAP. ANTERIOR

ROGER com papel na mão, trêmulo e suando frio.

VANOLI (calmo) Então, Roger... Quem é o homem?

ROGER (tremendo) Excelência... eu temo pela vida de Suzanne!

VANOLI (calmo) Não tema! Nada acontecerá a ela, já disse!


Quero pegar o... o cavalheiro! Só ele!

ROGER (tremendo sempre) Mas, excelência... eu nem sei se ela


ainda está saindo... com esse homem!!!

VANOLI (calmo) Ela ontem foi ao dentista, Roger! O que você


acha?

ROGER É? Bem... eu não sei, Vanoli... Eu... eu estaria traindo


minha própria filha...

VANOLI Não, Roger... você estaria prestando um favor à ela... e


à mim! Com o afastamento desse homem... o nosso
casamento poderia renascer!!! E a família, a nossa
família voltaria a viver em paz! (T) Você não é a favor
da família, Roger?

ROGER Claro, excelência...

VANOLI (calmo) Então vamos, Roger... Estou esperando!

ROGER Bem, excelência... eu sei apenas um nome... mais


nada. Não sei o que ele faz... onde está... nada...

VANOLI O nome é o suficiente, Roger! Me diga!

ROGER (hesita mais um pouco e manda ver) Jean Pierre!

VANOLI (frio-quieto-não tem reação) Jean Pierre?

ROGER Jean Pierre!


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VANOLI (levanta calmo) E me diga, Roger... Há quanto tempo


eles... se encontram? (dá a volta e vai perto dele)

ROGER Eu não sei exatamente, excelência... mas já tem um


bom tempo!

VANOLI (em pé ao lado dele) E onde se encontram?

ROGER Também não sei exatamente o lugar... mas acho que...


que é no bosque!

VANOLI No bosque?

ROGER No bosque!

VANOLI (olhando ROGER calmo) (T) Você reparou na


assinatura dessa carta, Roger?

ROGER (nervoso) Ein? Não... Não é sua? (olha)

VANOLI Leia bem!

ROGER (olha no papel) Mas espera... será que eu estou lendo


errado?

VANOLI Será?

ROGER (lendo) Esperidião Amim... (Olha Vanoli) Mas quem é?


Eu não conheço!

VANOLI (sorri) Nem eu! Inventei esse nome! (sorri)

ROGER (treme todo) Vanoli... Vanoli... o que você fez comigo?

VANOLI (voltando pro seu lugar e gritando) Guardas!!!


Guardas!!!

Dois soldados entrando.

VANOLI (sentando) Tirem esse velho daqui!!!

ROGER (desesperado) Vanoli, seu canalha... Você não pode


fazer isso comigo... A proposta foi sua...

Já vai sendo carregado pra fora gritando.


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ROGER (gritando e sumindo) Você é mentiroso, cínico...


Canalha...

Silêncio. VANOLI está pensativo na mesa.

VANOLI (após pausinha – murmura) Jean Pierre!!!

CENA 2 – INTERIOR – APOSENTOS DE GERARD - MANHÃ

LUCY cansada, sentada na cama. GERARD caído ao lado, suando pra xuxu e
desanimado.

LUCY Será possível, Gerard? Nem com o pozinho?

GERARD E tomei direitinho... duas vezes por dia! Nada! Meu


Deus... eu não entendo! A vontade vem, feroz, cresce
violentamente e.... e nada!

LUCY (respira cansada) Gerard... de hoje em diante, pra você


não perder mais tempo, nem eu... o melhor é a gente
fingir que é irmão! Somos irmãos, pronto! Vamos
esquecer essa parte do casamento... ficamos com as
outras e pronto! Não é melhor?

GERARD Mas como esquecer, idolatrada? Eu só penso nisso!

LUCY Pensar não adianta nada, Gerard... Você não consegue.


Todo dia é a mesma batalha e nada! Ah, isso cansa...

GERARD Perdão, idolatrada... perdão! Sei que você deve estar


sofrendo muito...

LUCY Demais!

GERARD Pois é... Me sinto tão culpado!!! Não sei! Ravengar me


garantiu o pozinho... a não ser que.... o rinoceronte
esteja velho demais... Tem rinoceronte que vive 120
anos! Com 120 anos, o pozinho não pode funcionar
mesmo!

LUCY Ravengar não deu outra saída pra você?


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GERARD (olha ela – certa vergonha) Deu...

LUCY É? Qual?

GERARD (vergonha) Taberna de Loulou Lion!

LUCY Como?

GERARD (vergonha) Ele... ele quer que eu... eu tente por lá...

LUCY (gosta) Mas claro... É isso que você deve fazer!

GERARD (espanto) Como? Você não liga? Não tem ciúmes?

LUCY Tenho, Gerard... Vou morrer de ciúmes... mas faço um


sacrifício! Você deve tentar...

GERARD Idolatrada... como você é boa!

LUCY Quero o melhor pra você, Gerard! Tente... Mesmo que o


sangue me ferva nas veias, de ciúmes... eu vou
entender! (meiga) Pode tentar, Gerard! Você merece!!!

GERARD Obrigado, idolatrada... Você é a melhor esposa do


mundo.

CENA 3 – INTERIOR – CABANA DO BATOT - MANHÃ

MICHEL tomando um belo café matinal. Charlotte ali.

CHARLOTTE O que você ficou falando tanto com papai?

MICHEL (comendo) Ah, esqueci de te contar... (sorri) Ele me fez


uma proposta terrível...

CHARLOTTE É?

MICHEL Você não vai acreditar! Ele quer que eu seja espião do
palácio.

CHARLOTTE Espião? Como assim?


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MICHEL Quer que eu meta no meio dos rebeldes... e leve


informações pra ele!

CHARLOTTE (sorri) Ah... essa não...

MICHEL E tem uma bela grana na parada!

CHARLOTTE Ofereceu dinheiro?

MICHEL Claro, minha filha... Naquele conselho, só se trata de


assuntos com dinheiro em cima... 12 milhões de ducas!

CHARLOTTE Meu Deus!!! (T) Mas você não vai fazer nada disso, não
é?

MICHEL Claro que não... você acha que eu vou trair os


rebeldes? Quero que o reino despenque!

CHARLOTTE E que resposta você deu?

MICHEL Disse que topava!

CHARLOTTE Michel, você ficou maluco?

MICHEL Você acha que o velho é difícil de se tapear?

CHARLOTTE Olha... é perigoso! Eu, se fosse você, não me metia


nessa! (T) Eu sei porque ele fez essa proposta! Eles
ficaram louquinhos com o roubo do ouro... o conselheiro
Roland, comentou comigo!

MICHEL É mesmo... que tanto você ficou conversando com esse


cara?

CHARLOTTE Ah... ele me ligou... É um idiota perfeito! Nunca vi um


cara tão chato na minha vida.

MICHEL (pensa) Preciso pensar bem... Tenho que inventar


informações mas que não sejam totalmente falsas.
Deve haver um jeito.

CHARLOTTE (muda) Não soube nada de Bergeron... E você?

MICHEL Nada! Não tive chance de perguntar!

CHARLOTTE (preocupada) Meu Deus, o que será que fizeram com


ele?
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CENA 4 – INTERIOR – APOSENTOS DA RAINHA – MANHÃ

RAINHA e BERGERON – Seqüência

BERGERON (calmo) Eu estou sabendo que a Rainha gosta muito do


bobo da corte!

RAINHA Gosto! Gosto mesmo... mas não admito comentários


maliciosos!

BERGERON (T) Bem... posso ir, majestade? (Levanta)

RAINHA Claro que não! (Vai nele) (amor) Bergeron... olhe nos
meus olhos! Você não vê a sede que eu tenho?

BERGERON Majestade... não insista... Eu não posso!

RAINHA (pega a mão dele) Claro que pode! (T) Olha... eu tenho
uma idéia! Faço de conta que você ainda está sem
memória! (Vai levando ele pra cama) Assim... você não
é Bergeron Bouchet, um homem casado... e sim... um
simples varão da corte... (se deita e puxa ele) Vem cá,
benzinho...

BERGERON (trêmulo) (caiu lá) Por favor, majestade... Não faça isso!

RAINHA (dá um golpe de judô nele e o deita ficando por cima)


(faminta) E agora, Bergeron... a onça vai beber água!!!

CENA 5 – INTERIOR – CORREDORES DO PALÁCIO – MANHÃ

Aline vem vindo, de repente a segura por Roland.

ROLAND Minha deusa...


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ALINE (está cheia dele) Por favor, conselheiro! Eu estou


trabalhando! Acabei de entregar uma bandeja... Preciso
voltar à cozinha!

ROLAND Espere um minuto só... Me diga, como estão as nossas


relações?

ALINE Péssimas!

ROLAND Como péssimas?

ALINE Claro... o senhor representa perigo de vida pra mim.

ROLAND Como?

ALINE Zmirá me mata se essa história continuar!

ROLAND Eu a mato antes, meu tesouro!!!

ALINE (sem paciência) Olha, conselheiro... não dá!

ROLAND Não dá?

ALINE Não! Não tenho tempo pra namoricos...

ROLAND Mas nem dez minutos?

ALINE Desiste, ta?

ROLAND (aflito) Olha, Aline... agora eu não tenho tempo! Fui


convocado para uma reunião... mas no fim da tarde
quero ver você na sala de música, dançando o minueto
comigo...

ALINE (cheia) Pode tirar o minueto da chuva!

ROLAND Por quê?

ALINE Eu não sei dançar...

ROLAND Mas você está diante de um professor!

ALINE Ótimo! Abra uma escola! (tenta ir)

ROLAND (segura ela) Aline, não me despreze... Eu sou um


homem violento...
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ALINE (brava) Roland Barral... minha paciência se esgotou!


Não me enche, ta?

Aline sai rápida dali – ROLAND olhando admirado.

ROLAND Meu Deus... É a própria fúria dos ventos!!!

CENA 6 – INTERIOR – SALA DO REINO – MANHÃ

BIDET, GERARD, VANOLI, GASTON e PICHOT sentado no meio, bravo.

PICHOT Cambada de incompetentes... inúteis! O Reino não


pode ser roubado em dois bilhões de dólares... e 300
quilos de ouro! (duro) Quero providencias... e imediatas!
Se esse dinheiro não voltar aos cofres do tesouro...
vocês terão de repor todo o valor!!! Ouviram bem?

VANOLI (discreto) Majestade... os dois bilhões de dólares não


eram do tesouro!

PICHOT Ah, não? Eram de quem?

GASTON (por baixo) Era um suprimento que o Conselho


reservava para suas despesas!!!

PICHOT Não me interessa! Estava depositado em nome do


Reino de Avilon!!!

ROLAND está entrando.

ROLAND Desculpem o atraso.

PICHOT (duro) Quem é você?

ROLAND Majestade... sou o conselheiro das Armas!

PICHOT (duro) Então como você explica uma assinatura do


Conselheiro Crespy na retirada do dinehiro da Suíça?

ROLAND (não sabe nada) Ein?


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BIDET (por baixo) O conselheiro Crespy morreu, majestade.


Sua assinatura deve ter sido falsificada...

PICHOT (duro) Não foi! Pedi comprovantes no exterior... A


assinatura é perfeita!

VANOLI É justamente o que eu quero perguntar! Os senhores


tiveram provas que o conselheiro Crespy realmente
faleceu?

GERARD Mas claro, majestade... Encontramos o corpo com suas


roupas e até alguns documentos!

PICHOT Mas me consta que o falecido tinha o rosto


irreconhecível!

VANOLI É verdade, majestade!

PICHOT Algo me diz que esse homem não morreu... e aplicou


um belo golpe!!! (pro Roland) Você, idiota...

BIDET Eu?

PICHOT Não, o outro!

ROLAND Eu?

PICHOT É... Trate de investigar isso! (T) E agora, senhores, o


mais grave... Emissários de minha confiança
constataram que Salsaparrilha vendeu grande
carregamento de armas e recebeu... EM OURO!!!

GERARD Oh!

Um por vez.

BIDET Oh!

ROLAND Oh!

VANOLI (bravo) Parem com isso! (T) V.M. acha que essas
armas vão chegar para os rebeldes?

PICHOT É claro que vão! Mas eu saberei a hora do embarque e


a hora da chegada! Eu mesmo vou tomar conta disso...
Não confio em mais ninguém! 300 quilos de ouro,
senhores... é muito dinheiro... que vai ser transformado
em um belo arsenal!!! Estão entendendo???
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VANOLI Mas isso é muito grave, majestade!

PICHOT E mais... Os rebeldes estão formando um verdadeiro


exército com o agrupamento diário de mais homens...
Hoje, eles formam um contingente de cerca de 300
homens.

BIDET Meu Deus!

GERARD Meu Deus!

PICHOT Minhas ordens são: coloquem no tesouro o equivalente


aos 300 quilos de ouro! Abram um novo alistamento de
voluntários da guarda... Quero em um mês mais 500
homens!

GASTON Mas isso vai ser muito difícil, majestade!

PICHOT Por quê?

GASTON O soldo é muito pequeno... os Camponeses preferem


trabalhar no campo!

PICHOT Ah é? Pois alistem à força...

GASTON Não prefere aumentar o soldo, majestade?

PICHOT Não! O alistamento passa a ser obrigatório...

GASTON E quem não aceitar?

PICHOT Prenda e meta na cadeia! (levanta) É só, senhores.

E PICHOT sai dali. Eles se olham.

GASTON A situação é grave!

VANOLI Gravíssima!

BIDET Muito séria!

GERARD Como vamos fazer?


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GASTON Não sei... Só sei que os 300 quilos de ouro, vão sair do
nosso bolso.

MÚSICA

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 7 – EXTERNA – JARDINS DO PALACIO – DIA

JULIETTE, pensativa, sentada sozinha. COZETTE vem vindo com INGRID num
passeio. JULIETTE olha. Chegam.

COZETTE Alteza... esta é a princesa Juliette!

JULIETTE (se toca e levanta) Alteza?

COZETTE Esta é a princesa Ingrid!

JULIETTE (vai aprontar) Ah, que maravilha... Como vai, princesa?

INGRID Prazer em conhecê-la, princesa!

JULIETTE Soube que sua recepção ontem foi muito bonita,


princesa!

INGRID Ah, linda, princesa! Nunca esperei que fosse tão bem
recebida, alteza!

JULIETTE Cozette... me deixe com ela! Nós temos muito que


conversar!

COZETTE Eu vou esperar ali, alteza!

COZETTE vai sentar mais além.


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JULIETTE E então, alteza?

INGRID Estou muito feliz, alteza! Conheci o Rei Petrus III

JULIETTE Não diga... E que tal, alteza?

INGRID Ah... nem me conte... Eu esperava um velho barrigudo


e de repente... vejo um rei jovem, bonito e forte como
um touro! Foi uma surpresa, alteza!

JULIETTE (T) Não vá muito nessa, alteza. Ele não é tão forte
assim...

INGRID Não, alteza?

JULIETTE Não, princesa! Ele é fraco, tem asma e os entes estão


para cair!

INGRID (espanto) Não é possível... Eu estive com ele a noite


toda e... o homem é perfeito!!!

JULIETTE (se toca) A noite toda como?

INGRID A noite toda mesmo... Ele dormiu no meu quarto!

JULIETTE (pasma) Já???

INGRID Por que esse espanto, alteza? Em minha terra é comum


a gente testar o noivo antes!

JULIETTE Ah, é? E você já testou muitos?

INGRID Uns sete. Nenhum me agradou! (T) (sorri) Mas o Rei


Petrus... é divino!!!

JULIETTE (por dentro furiosa) Você achou, é?

INGRID Terrível, princesa!

JULIETTE E o que vai acontecer agora... princesa???

INGRID (natural) Vou me casar com ele... apesar do Visconde


de Blautz!

JULIETTE Ah, vai mesmo? E quem é esse visconde?

INGRID Meu primo... minha paixão!


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JULIETTE (pasma) Você tem uma paixão... e vai se casar assim


mesmo?

INGRID Papai quer...

JULIETTE (levanta brava) Cozette...

COZETTE vem.

JULIETTE (seca) Desinfete esse verme daqui...

COZETTE (susto) Alteza!!!

JULIETTE Vamos... Já!

INGRID O que está acontecendo???

COZETTE (sem jeito) Não é nada, alteza... é que a princesa está


indisposta.

JULIETTE Indisposta uma conversa... estou P da vida mesmo.


Vamos...

COZETTE Princesa Ingrid... vamos continuar o passeio?

INGRID (sem saber o que está ocorrendo) Vamos... mas... eu


disse alguma coisa que não devia???

COZETTE leva ela – JULIETTE tremendo de raiva.

JULIETTE Desgraçado... continua o mesmo mulherengo de


sempre!!!

CENA 8 – EXTERNA – MATO – LUGAR BONITO – DIA

ALINE aguarda - JEAN PIERRE aparece com sua máscara – chega ali.

JEAN Você está bem?

ALINE (olhando) É tão estranho falar com você com essa


máscara!

JEAN É um horror!
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ALINE (T) CORCORAN me deu o seu recado! Aconteceu


alguma coisa?

JEAN Uma coisa que talvez me ajude a tirar esta máscara!

ALINE O que foi?

JEAN Um detalhe que minha mãe lembrou...

ALINE Onde está MARIA FROMET?

JEAN Com o marido, na caverna...

ALINE Me conte então!

JEAN (T) Quando você revistou o quarto de Pichot... você viu


livros?

ALINE Claro... Há muitos livros por ali! Pichot vive lendo.

JEAN Examinou os livros?

ALINE Não, por quê?

JEAN Minha mãe me disse que os nobres costumam usar


livros com fundo falso... para guardar segredos!

ALINE É mesmo? Eu não toquei nos livros de Pichot...

JEAN Quem sabe, Aline?

ALINE Acho difícil, Jean Pierre... Ele não deixaria a chave


dentro de um livro… Qualquer um pode pegar!

JEAN Sei lá… foi uma idéia de minha mãe... Mas você podia
conferir, não é?

ALINE (olhando) Está te incomodando, não é?

JEAN Minha barba está crescendo aqui dentro... Não pensei


que esta máscara fosse tão angustiante...

ALINE (meiga) Nós vamos achar aquela chave, Jean...

JEAN Mas cuidado, Aline... Não se arrisque muito! Entrar nos


aposentos de Pichot é sempre perigoso!
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ALINE Basta que ele não esteja lá... Eu entro. Não tenho
medo.

JEAN (sorri) Você não tem medo de nada...

ALINE (tristonha) Tenho sim... Já fui mais arrojada!

JEAN (T) O que que há?

ALINE (não encara ele) (com jeito) Você continua amando


aquela mulher?

JEAN (sem jeito) Aline... foi uma paixão repentina... Eu não sei
direito! Hoje... ela é uma mulher que precisa muito de
mim... Ela sofre!

ALINE Quem ama, sofre!

JEAN (chega nela) (meigo) Olha... eu jamais quis magoar


você! Apesar de tudo que aconteceu... eu jamais deixei
de pensar em você!

ALINE (olha meiga) Não mesmo?

JEAN Nunca

ALINE Por quê?

JEAN Não sei... acho que nós temos muita coisa em comum.
Acho que... convivemos muito e... nos entregamos um
ao outro com grande sinceridade! Isso marca muito...
Não é assim?

ALINE (meiga) É... (T) (tímida) Você sabe que... eu te amo


ainda, não?

JEAN (toca nela)

ALINE (engasga) Amo muito... e sinto demais a sua falta.

JEAN (puxa ela pra abraço) Minha querida... a vida é cheia de


espinhos... A gente erra... a gente confunde
sentimentos... a gente se engana! (T) Quem sabe um
dia... tudo se esclarece!!! (T) Aline... te peço, por favor...
Ainda não. Ela... ela precisa de mim... muito... e eu
quero ajudá-la. Você entende?

ALINE (suave) Pensa em mim... é só o que te peço...


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JEAN (sim com a máscara)

E os dois ali abraçados.

CENA 9 – INTERIOR – APOSENTOS DE VANOLI - TARDE

SUZANNE ali triste costurando sentadinha – VANOLI abre a porta entrando.

SUZANNE (fecha os olhos e murmura) Meu Deus... Vai começar.

VANOLI (vem) (desligado) Você fez seu lanche?

SUZANNE (que costurava, olha espantada) Como?

VANOLI Perguntei se você se alimentou!

SUZANNE (Por dentro muita surpresa com o jeito dele) Sim...Su...


eu tomei um lanche!

VANOLI (anda tirando a túnica) Tenho outra reunião daqui a


meia hora! Vou tomar um banho rápido... Está muito
calor, não acha?

SUZANNE (parou de costurar e fica só olhando ele) É... Está sim!

VANOLI (ajeitando a túnica por ali) Você... se sente muito


fechada aqui, não é?

SUZANNE (olhando surpresa)

VANOLI Suzanne... resolvi mudar de atitude com você, minha


querida! Não podemos mais viver dentro desta casa,
como inimigos mortais! Faz mal à mim... e muito mal à
você.

SUZANNE (pasma com a mudança dele)

VANOLI Eu acho que... está na hora de passarmos uma


borracha em tudo que aconteceu! Não quero mais
atormentá-la. Também sinto remorsos... (se mexe)
Estou ficando velho e cansado... Você é jovem. Merece
desfrutar mais da vida.

SUZANNE (baixo) Não acredito, Vanoli...

VANOLI (sorri bonzão) Pois pode acreditar, Suzanne! Resolvi ser


um homem diferente! Vou mudar, te prometo! (indo) E
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pra começar... não quero mais vê-la presa neste


quarto... Saia... vá pra onde quiser. Respire ar puro...

SUZANNE (séria-dramática) (um pouco mais alto) Vanoli...

VANOLI (para quando ia pro interior) Sim?

SUZANNE (trêmula) Você está brincando comigo, não está?

VANOLI (sincero) Não estou não, Suizanne... Estou falando


sério! É o que eu penso! Já disse, resolvi mudar...
Espero que... ainda esteja em tempo!

SUZANNE Mas eu não entendo!

VANOLI (sorri) Eu sei que é difícil, Suzanne... mas com o tempo,


você verá que eu estou sendo sincero! (T) Falo sério...
não quero que você fique trancada neste quarto... De
hoje em diante, tem liberdade pra fazer o que quiser!
Peça o que quiser... e faça o que quiser... Eu
entenderei!

Batidinhas na porta.

VANOLI (indo) Deixe... Eu vejo! (vai abrir)

MARIPOSA aparece sorrindo

MARIPOSA Boa tarde, excelência... Estou aqui!

VANOLI (se atrapalha um pouco) Pode ir saindo... Ninguém te


chamou aqui!

MARIPOSA (espanto) Mas como...? O senhor marcou hoje à tarde!

VANOLI É... pode ser... Mas não quero. Suma daqui... e


desapareça da minha vida! Não tenho mais nada com
você... (T) Espere um pouco... (vai até sua túnica)

SUZANNE pasma olhando tudo aquilo – VANOLI tira saquinho de moedas da


túnica e volta e dando pra ela fala –

VANOLI Fique com esse dinheiro, pelos transtornos que fiz você
passar... Tem 200 ducas aí! Agora vá...

MARIPOSA (pasma) (pegou o dinheiro) Está bem... se o senhor


quer assim... Boa tarde!

VANOLI Boa tarde... e seja feliz...


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MARIPOSA olha pasma e são – ele fecha a porta – sorri pra SUZANNE.

VANOLI (indo pro interior) Vamos mudar de vida, Suzanne... Eu


já comecei. (Olha ela sorrindo) Espero que você me
perdoe.

E vai pro interior – SUZANNE está parada pasma pensando que tudo aquilo é um
sonho. Vamos nela

CENA 10 – INTERIOR – APOSENTOS DA RAINHA – TARDE

RAINHA sozinha ainda mas já vestida e toda satisfeita. ZMIRÁ entra.

ZMIRÁ Majestade... já posso fazer companhia?

RAINHA (no céu) Claro, Zmirá... Ahnnn... Nunca me senti tão


feliz, como hoje! Que coisa divina que é o amor, não?

ZMIRÁ (assanhada mas discreta) Deu certo, majestade?

RAINHA (suave) Na mosca...

ZMIRÁ E ele?

RAINHA (sempre no céu) Já foi pro seu quarto de hóspedes!


Que pena manter esse homem prisioneiro...

ZMIRÁ Fico feliz, por você, V.M.

RAINHA (sonha) Bergeron... traiu Madeleine, com todo


respeito!!! (sorri) A vida é assim mesmo, Zmirá... uns
ganham, outros perdem!

ZMIRÁ V.M. sempre consegue o que quer...

RAINHA Mas não foi fácil, Zmirá! Ele resistiu até onde pode...
mas... os homens sempre se perdem nos braços
femininos!!!

ZMIRÁ (sorrindo) Que bom, majestade... Quer tomar o seu


lanche agora?

RAINHA (felina mas feliz) Não, Zmirá... Primeiro, faça Ravengar


trazer Madeleine Bergeron à minha presença... (calma)
Vou acabar com aquela petulência!!!

MÚSICA
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2º INTERVALO COMERCIAL

CENA 11 – INTERIOR – SALA DO REINO – TARDE

GERARD, GASTON, BIDET e ROLAND – DENISE servindo bebidas para eles.

GERARD Ele ficou maluco...Não tem a menor consideração pelo


Conselho!

ROLAND (irritado) É um estúpido! Não pode me tratar desse jeito!

BIDET Isso não é nada... Estou pensando no dinheiro que


temos de devolver ao tesouro! Vai ser um rombo
daqueles.

GASTON Eu nem sei se tenho esse total...

GERARD E eu? Há duas semanas que não fecho nenhum


negócio.

ROLAND Não podemos processá-lo?

GASTON Processar o Rei, moleque... Onde você está com a


cabeça?

ROLAND Ele ofendeu gravemente o conselho...

GASTON E daí? Se quiser, acaba com o conselho amanhã!

GERARD Olha aqui, Roland... Não provoque o Rei! Temos que


ficar bem quietinhos aqui... Se ele acaba com o
Conselho, onde vamos ganhar dinheiro?

ROLAND Bem... eu posso dividir o monopólio da banana!

GASTON Banana não dá pra nada, Roland. Não seja burro!

BIDET O Rei Petrus está completamente louco... Dizer que


Crespy ainda está vivo... é uma neurose!

GERARD Alguém falsificou a assinatura de Crespy...

GASTON Isso não interessa agora, senhores! Temos que ajudá-lo


a interceptar o carregamento de armas de
Salsaparrilha!

DENISE de ouvido atento, servindo –


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GASTON E brevemente eu serei muito útil ao Rei... Vou ter um


homem infiltrado entre os rebeldes...

BIDET Você, Gaston!

GASTON Contratei ontem!

GERARD Mas isso é ótimo! E quem é esse homem?

GASTON Isso é segredo, senhores... Só eu poderei ter contato


com ele!

ROLAND Quanto a essas armas de Salsaparrilha, deixem por


minha conta... Eu apreendo tudo!

GASTON Você fique bonzinho aí, Roland! Você não é de nada.


Até agora não fez nada que prestasse...

Risos...

GERARD Isso não... (taça na mão) Este vinho que nos ofereceu
do seu estoque... é divino!

BIDET (sorri) (copo) Pra isso você serviu, Roland...

ROLAND Obrigado, senhores...

Eles bebem e riem – Vamos em Denise, atenta, observando tudo –

CENA 12 – INTERIOR – COZINHA DO PALÁCIO – TARDE

ALINE vem entrando apressada – GABY fala.

GABY Onde você andou, menina...

ALINE Bem... eu fui respirar um pouco, madame!

GABY Sozinha?

ALINE (sorri) Sozinha, madame!

GABY Bem, vá lavar seu rosto... você está transpirando.


Depois precisa levar umas frutas para madame Berval...
Ela quer você!

ALINE Está bem, madame... Num minuto!


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ALINE sai dela e muda de lugar – Bacia com água etc – Cantinho, GABY olha e
continua seu trabalho – ALINE chega ali – joga água, molha o rosto e aí dá um
papel ali – Ela estranha – pega e abre.

ALINE (lê baixo) Breve... quando escurecer... Você estará na


estrada comigo!!! (Ela fica cismada) (T) Mas que
droga... Esse Roland está ficando maluco? (e enxuga o
rosto)

CENA 13 – INTERIOR – SALA DE LOULOU LION – TARDE

LULU e LILY

LULU Não fique tão aflita, calma... Vamos recapitular! (T) Você
recebeu uma mensagem secreta de Crespy, não é?

LILY (sempre tensa) Foi... Naquela tarde um garotinho me


trouxe um papel... Lá dizia onde deveria encontrá-lo à
noite!

LULU Ai você foi...Crespy estava bem?

LILY Ela já estava lá quando cheguei... Parecia que estava


bem!

LULU Não havia ninguém por perto?

LILY Só o cavalo dele!

LULU E depois?

LILY Madame... eu cheguei... estava no auge da felicidade e


me atirei nos seus braços... Morria de saudades dele!

LULU E aí, o que aconteceu?

LILY (fecha a cara) Ele queria que eu fosse ao palácio levar


uma mensagem pra Aline... Queria que eu a tirasse de
lá e a trouxesse pra ele!

LULU Você poderia ter feito isso...

LILY Mas o sangue me subiu, Lulu... Ele queria Aline... não


eu...

LULU Ciúmes...

LILY Fiquei maluca!


Rede Globo de Televisão - “Que Rei sou eu?” – CAP. 157 pág. 23

LULU (T) E a pistola... onde estava?

LILY Na cintura do conselheiro Crespy! Ai, eu fiquei cega de


ódio...

LULU Arrancou a pistola da cintura dele e atirou...

LILY (engasga) Foi...

LULU Ele caiu?

LILY Caiu morto, ali na minha frente... Eu gritei... fiquei


desesperada e saí chorando e correndo pra longe...

LULU Lily... pense bem... Lembre-se da cena! Você viu


sangue no corpo dele?

LILY Vi, cigana... Perto do peito um pouco de sangue...

LULU (se mexe) Ai, meu Deus... sei lá... Eu não consigo
entender porque estão querendo te matar. Só Crespy
gostaria de fazer isso, porque você atirou nele...

LILY (apavorada) Lulu, por favor... Ele está morto!

LULU É, eu sei... Mas alguém te atirou uma faca, não foi?

LILY (se encolhe)

LULU (T) Você não voltou ao lugar?

LILY Deus me livre!

LULU (T) Está bem... Você agora, dorme, come e vive aqui na
taberna! Só saia acompanhada, entendeu bem???

LILY (faz que sim apavorada)

CENA 14 – INTERIOR – APOSENTOS DE RAVENGAR – TARDE

RAVENGAR está entrando da escada. FANNY ali.

RAVENGAR Como está ele?

FANNY Quieta, mestre! É diferente de MARIA FROMET! Não se


desespera... até parece meio conformada... Mas triste,
é claro!
Rede Globo de Televisão - “Que Rei sou eu?” – CAP. 157 pág. 24

RAVENGAR Ela se alimentou?

FANNY Sim. Mandei vir uma bandeja e eu mesma levei...

RAVENGAR (sombrio) Bergeron não pediu ainda minha presença?

FANNY Não, mestre... Quem pede a sua presença é a Rainha.


Quer que leve Madeleine Bergeron até os aposentos
dela...

RAVENGAR Maldita.... Pensei que tivesse esquecido!

FANNY Zmirá já esteve aqui duas vezes!

RAVENGAR (se mexe) Está bem... Eu cuido disso! (T) Abre a porta...

Ele vai pra entrada e FANNY abre a porta do quarto – RAVENGAR entra.

CENA 15 – INTERIOR – QUARTO ANTIGO DE PICHOT – TARDE

MADELEINE sentada por ali abatida e quieta – A bandeja de alimentos intacta na


mesa – RAVENGAR entrando – MADELEINE olha sem reação – RAVENGAR nota
a bandeja.

RAVENGAR Você não comeu, Madeleine?

MADELEINE (fria) Não tenho fome!

RAVENGAR Vai se enfraquecer!

MADELEINE (tristíssima) Ravengar... por que não me mata de uma


vez?

RAVENGAR (calmo) Mortos não servem para nada, Madeleine. Só


para a memória! (T) Eu quero você viva... (se mexe)
Quer se arrumar um pouco?

MADELEINE (estranha) Arrumar? Pra quê? Pra você?

RAVENGAR (quieto) Para a Rainha!

MADELEINE (levanta) Eu vou falar com a Rainha?

RAVENGAR Ela insiste em vê-la!

MADELEINE (ódio) Ótimo! Isso eu quero mesmo!

RAVENGAR Madeleine, cuidado... eu não posso entrar em confronto


com a Rainha por sua causa! Use a astúcia... Comigo,
Rede Globo de Televisão - “Que Rei sou eu?” – CAP. 157 pág. 25

você estará viva... com ela... você morrerá de qualquer


maneira! Por isso... não a provoque!

MADELEINE (quieta) Eu quero morrer, Ravengar...

RAVENGAR Ainda não! Eu sei que você ainda vai viver muitos anos!
(se mexe) Gostaria que você se apresentasse a ela,
firme, tranqüila... e bem postada!!! Não quero que ela
humilhe você, minha flor...

MADELEINE (raiva) Pare com isso, Ravengar! Você me trata como


se eu fosse propriedade sua... E não sou! (grita) Não
sou, ouviu? Eu pertenço a Bergeron! Ele é meu dono!!!

RAVENGAR (suave) Você devia ter vários donos, Madeleine... Você


é única!!!

MADELEINE (furiosa) Ravengar... você só me dobra sob hipnose,


Só... mais nada! Quando você não usa esse poder...
você não me dobra! Não vê que é tudo falso? Não
sente que eu tenho asco de você??? Eu, Madeleine...
com minha mente limpa... jamais serei sua... Jamais!!!
(respira) Isso não fere o seu orgulho?

RAVENGAR (parado-calmo) O desejo é muito mais forte que o


orgulho, minha querida!!! Por isso... eu posso dizer à
você com toda sinceridade... que nunca me senti viver...
a não ser perto de voe... do seu aroma... e do seu
frescor! (suave) Você... é a minha vida, Madeleine...
Não posso abrir mão dela!!!

MADELEINE (se mexe durinha) Vamos... Eu quero ver a Rainha!

RAVENGAR (passa na frente falando) Siga-me...

E os dois vão saindo dali.

MÚSICA

FIM DO 157º CAPÍTULO DE “QUE REI SOU EU”

13/07/89 CGM

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