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Curso de Prática em Capelania Hospitalar

Conceito de Capelania / Saúde Integral


Prof. Bruno Oliveira

“Pregue o Evangelho; havendo necessidade use as palavras.”


São Fco de Assis

Capelania: Origem

Para entendermos melhor o significado da palavra CAPELANIA, temos que


compreender a origem da palavra CAPELA. Essa palavra deriva-se do latim capella,
uma capa. Existem duas versões para a mesma história. Uma delas diz que esse termo
foi inicialmente aplicado ao lugar onde São Martinho guardava a sua capa. Veio
significar, então, um pequeno trecho, ou ala subordinada ao edifício principal, embora
contendo o seu próprio altar. Mas também dava a entender um lugar onde se efetuava
adoração particular, a parte da Igreja organizada. Assim, os lugares de adoração
existentes nos lares, escolas e outros lugares fora da Igreja, receberam esse nome.
Uma outra versão remete às forças armadas do exército francês no século XVIII,
em 1776, quando, conta-se, que um sargento chamado Martinho, ao encontrar um
homem ferido e abandonado na chuva e no frio, cortou a sua capa e o cobriu, num ato
de amor, cuidado e solidariedade. Quando o mesmo morreu, esta capa foi levada para
uma igreja, a fim de que servisse como lembrança do amor e cuidado ao próximo. A
igreja passou a ser conhecida como “Igreja da Capa”. Daí a expressão Capelania e
Capelão.
Quando desenvolveram-se vários tipos de capela, o ofício de capelão (o ministro
religioso da capela) expandiu-se, e alguns deles passaram a exercer grande poder
eclesiástico. Antes da era contemporânea, esse ofício incluía homens nomeados para
servira à realeza, à nobreza e outros clérigos da hierarquia eclesiática. Finalmente, os
capelães passaram a ser nomeados para servir em quartéis, hospitais, prisões e
instituições de educação.
O berço da Capelania hospitalar nacional é o Rio de Janeiro. Os primeiro
registros são do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro, em 1934. A capelania do
Hospital das Clinicas de São Paulo surgiu em 1950. Nesse período a Capelania se
resumiu ao eixo Rio - São Paulo, sem se expandir para outros estados. Até que em 1982,
assumiu a capelania do Hospital das Clínicas a Capelã Eleny Vassão, que mudou a
história da Capelania do País. Ela criou a ACEH (Associação de Capelania Evangélica
Hospitalar) que implantou capelania em todos os estados do Brasil e em mais 13 países.
Nesse início de século a capelania se destaca não só como ministério de
assistência institucional, mas como um ministério que expande a partir das necessidades
espirituais de nosso tempo, apresentando um cristianismo mais pessoal, ativo e
consciente das responsabilidades do cristão diante das adversidades de nossa época.
Creio que, por ser um ministério onde o corpo a corpo é requerido, e consequentemente
a relação amigável e sincera, ele tenha se destacado tanto no mundo atual.

Tipologias das Capelanias

A Capelania nunca cresceu tanto em diversificação de sua prática quanto em


nosso tempo. Onde se possa imaginar a Capelania estará atuando, apresentando sempre
o amor de Cristo. Hoje temos registrados alguns campos de atuação da Capelania.
a) Capelania Hospitalar
b) Capelania Militar
c) Capelania Escolar (Estudantil)
d) Capelania Universitária
e) Capelania Industrial
f) Capelania Empresarial
g) Capelania com Enlutados (Mortuária)
h) Capelania Prisional (Carcerária)
i) Capelania de Rua
j) Capelania Portuária
k) Capelania Aeroportuária
l) Capelania com Turistas
m) Capelania Pós-desastre

Capelania Hospitalar

Por alguns momentos na história a fé era tida como um instrumento de cura. O


primeiro concílio ecumênico, realizado 325 dC em Nicéia, na Ásia Menor, determinou
que os bispos deveriam organizar suas comunidades de forma que nenhum doente
ficasse sem assistência espiritual e material. Os primeiros grandes hospitais europeus
surgidos a partir do Séc. XIII, eram construídos sempre em forma de cruz. Todas as
enfermarias convergiam para o altar, instalado no centro do edifício. Era um tempo em
que a doença se traduzia por castigo divino. Antes de ser submetido a qualquer
tratamento o enfermo era obrigado a se confessar.
A noção de que o sofrimento orgânico não decorria do pecado se consolidou
somente entre os séculos XVI e XIX, quando a distinção entre cuidados médicos e
espirituais começou a ser feita. Chegamos a um extremo da medicina desconsiderar a
espiritualidade e vice-versa. Hoje vivemos o melhor momento na história no que diz
respeito ao cuidado ao paciente, onde num trabalho de parceria nos unimos as demais
áreas para o bem-estar integral do homem.
Nos Estados Unidos há pesquisas que comprovam que 82% das melhoras dos
pacientes devem-se a orações e crenças destes. A espiritualidade em nossos dias começa
a ocupar o seu espaço, ganhando respeito de áreas que antes a desprezava. É
importantíssimo que saibamos aproveitar o nosso espaço, interagindo com as demais
áreas, reconhecendo as nossas limitações e abrangências, nos submetendo sempre ao
Espírito Santo para eficácia da nossa abordagem.
A Capelania hospitalar é a capelania que tem maior abrangência de atuação, por
isso, é considerada o laboratório das demais capelanias. Num hospital se encontram as
mais variadas faixas etárias, raças, classes, problemas que não encontraríamos em tanta
diversidade em outro local.

Qual é o nosso conceito de Capelania Hospitalar?

Capelania Hospitalar é
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Organização da Capelania Hospitalar

A organização de uma Capelania Hospitalar é basicamente dividida em três


funções:
Capelão Titular – É um capelão com características de liderança que coordena a
Capelania. Divide os capelães por setores, organiza as atividades da Capelania, aprova a
literatura, regulamenta as visitas externas, dirige ofícios fúnebres a pedido da família ou
do hospital, representa o hospital em atividades externas.
Capelães – Trabalha junto com o Capelão Titular nas visitações e aconselhamentos de
funcionários, ajudam no treinamento das equipes de visita, ajudam na expansão do
trabalho para outros setores do hospital e/ou outros hospitais, realiza o trabalho de apoio
ao Capelão Titular.
Visitadores – Trabalham sobre a supervisão dos capelães, visitam leito a leito,
participam dos cultos, fazem distribuição de literaturas para os pacientes e funcionários,
trabalham com artesanato dentro do hospital, informam o capelão sobre os pacientes
mais graves.

A Atuação da Capelania Hospitalar

A atuação da prática da Capelania Hospitalar é basicamente:


 Visitas leito à leito;
 Apoio pré e pós cirúrgico;
 Terapias de urgência (UTI / Emergência);
 Assistência à pacientes terminais e em cuidados paliativos;
 Assistência à família e/ou cuidadores (Também no luto);
 Assistência à funcionários;
 Atividades relacionadas à arte dentro do hospital;
 Realização de atividades religiosas.

Tipos de Capelães Hospitalares

 Capelão Bondoso - Tudo que quero é ser bom com todos. Se sou com eles, eles
serão comigo. (Me darão atenção e me suportarão)
 Capelão “é isso ai” – Não quero molestar os pacientes com o tema de religião ou
com coisas profundas. Não quero que ele chore ou viva a realidade, a sua atual
situação. “É isso ai” é a minha posição. Para que falar de coisas sérias? Faço de
conta que está tudo bem. “É isso ai.”
 Capelão Mosquito – Passeia pelo hospital, fala com quem estiver em seu caminho,
não importa o assunto. Sempre falando “fique calmo, no final tudo ficará bem.”
 Capelão Papa-Defuntos – Sempre busca pacientes a beira da morte. Se não são
salvas tenho que me apressar para salvá-las, senão vão para o inferno. Meu
ministério é levar todos para o céu. Tenho que alertá-los antes que entrem para a
sala de cirurgia.
 Capelão Deixa Comigo – Deixa comigo, estou aqui para servir, não precisa fazer
nada, eu faço tudo, fique tranquilo. Me realizo quando as pessoas dependem de mim
e ficam dependentes.
 Capelão Palhaço – Não suporto pessoas tristes, depressivas, em tormento. Sempre
diz que apesar de tudo temos que ver o lado bom e esquecer o mau. A vida continua.
Alegria, alegria... Sempre tenho uma piada pra contar.
 Capelão Super Homem – Eu tenho a solução para seu problema. Não há problema
que eu não tenha resposta. Fala aí e eu te ajudarei.
 Capelão Bule – Está nessa situação por “pouca fé”. Creia em Deus e todos os
problemas serão solucionados. A fé remove tudo, tudo contribui para o bem. Deus
não lhe deixará sofrer. Toma posse da saúde, tudo depende da fé.
 Capelão Linha Direta – Não me importa o problema que tenha, eu tenho acesso
direto. Quero orar pelos meus pacientes. Não importa o que o médico ou a medicina
digam. Vou orar.
 Capelão Proselitista – Minha igreja é o local que você precisa conhecer. Poderá me
escutar falando a mensagem, ouvindo o coro, fazendo parte das uniões, lá você
encontrará a solução para o seu problema. Quero batizá-lo.
 Capelão Cronômetro – Meu tempo é curto. Tenho que salvar o máximo de almas
que puder. Não posso ficar muito tempo em um só lugar. Necessito ver todos, todos
os dias. Eu marco o tempo.
 Capelão Cafezinho – Eu gosto de pessoas que me tenham por igual a elas. Não me
chame de capelão, pastor, etc. O importante é sentar à roda com elas e tomar um
cafezinho.

Quem é o Capelão?

O Capelão é
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Cristo, o Capelão dos Capelães

 Cristo é o Capelão dos capelães por promover a saúde integral na vida do homem
(Jo 10:10; Lc 2:52; Mt 9:35)
 Cristo é o Capelão dos capelães por ser exemplo e consolador dos que sofrem (II Co
1:4; Lc 7:13)
 Cristo é o Capelão dos capelães por ser o confortador das almas (Mt 11:28-30)
 Cristo é o Capelão dos capelães por ser solidário com o sofrimento alheio (Mt
11:33,35; 25:36)

Bruno Oliveira
bruno.oliveira@cpb-rj.com.br
jbrunomail@yahoo.com.br

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