Companheiros e companheiras, 1
Antes de mais, gostaria de expressar minha satisfação por me somar a amigos e amigas
da paz comprometidos com a nossa luta comum por um mundo mais justo, de respeito,
soberania e justiça entre as nações, solidariedade entre os povos, e por uma região de
paz e progresso compartilhado.
Realizar a reunião regional neste momento de tão graves desafios aos povos do
mundo e da nossa América é um feito de enorme importância. Nossa presença aqui,
apesar das dificuldades que enfrentamos, atesta o compromisso com a nossa luta. Aos
que não puderam somar-se a nós neste momento específico por circunstâncias e
motivos que escapam à sua vontade também enviamos nossa saudação.
Amigos e amigas,
crescentes agressões por parte das forças retrógradas e belicistas, cujo objetivo central
é impor é as suas agendas de dominação e saque de povos e nações.
Estas potências ingerem nos assuntos internos das nações; promovem invasões,
ofensivas militares ou golpes de Estado de variada natureza, instrumentalizam
campanhas midiáticas, mobilizam recursos financeiros para apoiar guerras devastadoras
que acarretam extremo sofrimento à humanidade.
Por exemplo, a Colômbia, que já era um dos países com o maior número de bases
militares estadunidenses em nosso continente e que sempre se alinhou estreitamente
aos planos e políticas imperialistas, não só passou a integrar a OTAN como seu “parceiro
global” como também anuncia sua retirada da União de Nações Sul-Americanas
(Unasul), hostilizando assim a justa política de integração regional tão cara aos povos e
nações. Após tantas décadas de um brutal conflito armado que vitimou milhões de
pessoas, que os colombianos lutam arduamente por superar em prol da construção da
paz com justiça social, o Uribismo retorna à Presidência da República, prometendo
colocar o esforço de anos de diálogo e conquistas diplomáticas a perder, garantindo a
continuidade do paramilitarismo e a volta do terrorismo de Estado. Centenas de líderes
populares e militantes de partidos progressistas e movimentos sociais já foram
assassinados e a perseguição, a censura e a intimidação persistem como tática da
oligarquia nacional, amparada no paramilitarismo e cada vez mais na política de
retrocessos anunciada pelo governo de Iván Duque.
Não é de surpreender que tal política nacional tivesse também sua componente
regional, em que a Colômbia é usada como um grande posto avançado dos Estados
Unidos na região para ameaçar e agredir os povos que lutam pelo progresso soberano e
solidário, pela segunda e definitiva independência. Assim, o antagonismo ao legítimo
governo bolivariano da Venezuela se expressa, desempenhando a Colômbia o triste
papel de colaborador dos EUA para a desestabilização desse país.
4
Mais recentemente, o mundo assistiu ao atentado contra a vida do presidente
Nicolás Maduro (que denunciamos com toda indignação e revolta), demonstração do
caráter da intentona golpista no país, tramado e respaldado pela ingerência dos Estados
Unidos contra um governo legitimamente eleito, promovendo o uso da guerra
midiática e destruição econômica associada à disseminação de atos terroristas,
causando a profunda grande crise política e social que assola o país. E ainda há poucos
dias foi revelado através do próprio The New York Times, citando fontes oficiais do
governo estadunidense, o encontro entre funcionários do governo Trump com militares
venezuelanos supostamente rebeldes e dispostos a organizar um golpe de estado contra
o presidente Maduro. Como em outros momentos e outras regiões, o cínico e falso
discurso dos EUA é o mesmo, que tais encontros e alianças visam ao “restabelecimento
da democracia”. Esta é mais uma afronta e mais um crime que devemos denunciar! Já
temos evidências demasiadas da catástrofe criada por tais intromissões; a persistente
ingerência nos assuntos domésticos da Venezuela parece buscar provocar uma guerra
civil para destruir a soberania nacional. Os povos serão “danos colaterais”, no linguajar
do império.
Mas o povo brasileiro resiste na luta por sua liberdade, pela democracia e contra
os efeitos nefastos do golpe e da agenda servil que este reintroduziu para tentar acabar
com a esperança de um futuro melhor. Aproveito a oportunidade e com a licença do
CMP agradeço a inesgotável solidariedade que os brasileiros e brasileiras temos
recebido dos movimentos de paz da região e do mundo.
Para seguir ameaçando Cuba e Venezuela, assim como a qualquer outro governo
progressista na América, um dos principais instrumentos institucionais é a Organização
dos Estados Americanos, que em seu tempo o diplomata cubano Raúl Roa García
denunciou como o “ministério das colônias” dos EUA. De forma apropriada, a expressão
foi retomada pelo presidente Maduro para confirmar a saída da Venezuela desta
organização.
A paz, para nós, não é um ideal etéreo a ser introduzido em discursos cínicos
proferidos pelos que se dizem guardiães da civilização e da democracia, mas não
medem as consequências das suas políticas para garantir o abastecimento das suas
máquinas de guerra e consumo às custas do espólio dos recursos dos povos, do seu
sofrimento, da sua opressão e da destruição do planeta.
Por isso, também rechaçamos as teses que outrora declaravam o fim da história e
hoje declaram o fim do progresso, ou a derrota das forças progressistas e do ciclo
soberano e solidário que tanto inspirou os povos a acreditar que juntos conseguimos
resistir às agressões imperialistas e construir um futuro de paz, justiça social e
independência nacional, de amizade e solidariedade internacional. As conquistas que
acumulamos nas últimas décadas e a certeza de que há alternativa a uma ordem
mundial de exploração e dominação são os principais alvos das forças reacionárias que
retornam ao poder em alguns países através do golpe e da guerra midiática e
crescentemente fascista, respaldadas, como sempre, pelo imperialismo estadunidense.